segunda-feira , 23 dezembro , 2024

‘Cats’: “Beautiful Ghosts” tem uma poderosa letra, mas falha em ser original

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Enquanto a onda de remakes e adaptações em live-action de diversos clássicos continua, há diversos artistas que estão aproveitando esse momento para se investir em novas camadas de suas habilidades. E depois que Lady Gaga fez um enorme sucesso com a terceira releitura de Nasce Uma Estrela, ficando responsável pela incrível trilha sonora, chegou a vez de Taylor Swift se aventurar na esfera cinematográfica com Cats.

A cantora e compositora, que já levou para casa dez estatuetas do Grammy Awards, dará vida à Bombalurina no novo longa-metragem de Tom Hooper – mas isso não é tudo: Swift também ficou responsável pela nova canção original do icônico musical, trabalhando ao lado de Andrew Lloyd Webber para trazer Beautiful Ghosts à vida. E, apesar da frustrante e extremamente familiar construção musical da qual a dupla se vale, a poderosa letra fala mais alto – o que não é surpresa, visto que Taylor é uma das maiores compositoras de sua geração e divide os holofotes com lendários nomes da indústria fonográfica.



A balada carrega um tom dark, quase assustador, ao longo de seus primeiros vintes segundos, cujos versos são carregados pelos belíssimos vocais da performer. Esse obscurantismo estrutural, entretanto, é mesclado com a fantasiosa e onírica ambientação instrumental do piano, que é guiado pelo pano de fundo acertado em cheio pelos violinos e violoncelos – uma marca clássica da própria peça original da Broadway. O grande obstáculo enfrentado aqui é a forma como Swift e Webber iriam contribuir para que, além de colocar a faixa em congruência com o estilo fabulesco da trilha sonora, a canção tivesse sua identidade própria. E, no caso, eles apenas cumprem um dos requisitos.

É inegável dizer que a nova entrada da soundtrack mantém inúmeras referências com outras poderosas baladas, correndo o risco de ser ofuscada. Temos, por exemplo, a clássica “Memory”, que desta vez será abraçada pelas aplaudíveis habilidades de Jennifer Hudson como a ressentida gata-glamour Grizabella, que empresta sua epopeica jornada para que Taylor encontre seu caminho. Porém, a artista se nutre praticamente de toda o delineamento sonoro para, em vão, buscar um patamar considerável.

Assista também:
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Se Swift e Webber falham em se afastar de quaisquer outras baladas musicais dos últimos trinta anos, ao menos imprimem marcas próprias de sua parceria, traduzidas para o liricismo da track: entre o verso-titular que se repete ao término de cada refrão até as emocionante metáforas exaladas com a exultação de “eu me sinto tão viva com esses fantasmas da noite”, Taylor se rende a um envolvente coming-of-age que resulta em liberdade e reencontro consigo mesma.

Entre altos e baixos, os vocais da lead singer são embebidos em uma espécie de redundância sonora, na qual a melodia segue à risca as oscilações performáticas – o que também contribui para que a faixa perca seu brilho. E, dentro dessa mesma perspectiva, percebe-se que a fluidez entre os atos é posta em xeque, transformando a investida em três diferentes blocos (e nem mesmo o bridge consegue unir suas partes). Ademais, a conclusão da jornada se volta para o épico que, apesar de ser próprio de narrativas do gênero, é previsível.

Ouça Beautiful Ghosts:

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Thiago Nollahttps://www.editoraviseu.com.br/a-pedra-negra-prod.html
Em contato com as artes em geral desde muito cedo, Thiago Nolla é jornalista, escritor e drag queen nas horas vagas. Trabalha com cultura pop desde 2015 e é uma enciclopédia ambulante sobre divas pop (principalmente sobre suas musas, Lady Gaga e Beyoncé). Ele também é apaixonado por vinho, literatura e jogar conversa fora.

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A cantora e compositora, que já levou para casa dez estatuetas do Grammy Awards, dará vida à Bombalurina no novo longa-metragem de Tom Hooper – mas isso não é tudo: Swift também ficou responsável pela nova canção original do icônico musical, trabalhando ao lado de Andrew Lloyd Webber para trazer Beautiful Ghosts à vida. E, apesar da frustrante e extremamente familiar construção musical da qual a dupla se vale, a poderosa letra fala mais alto – o que não é surpresa, visto que Taylor é uma das maiores compositoras de sua geração e divide os holofotes com lendários nomes da indústria fonográfica.

A balada carrega um tom dark, quase assustador, ao longo de seus primeiros vintes segundos, cujos versos são carregados pelos belíssimos vocais da performer. Esse obscurantismo estrutural, entretanto, é mesclado com a fantasiosa e onírica ambientação instrumental do piano, que é guiado pelo pano de fundo acertado em cheio pelos violinos e violoncelos – uma marca clássica da própria peça original da Broadway. O grande obstáculo enfrentado aqui é a forma como Swift e Webber iriam contribuir para que, além de colocar a faixa em congruência com o estilo fabulesco da trilha sonora, a canção tivesse sua identidade própria. E, no caso, eles apenas cumprem um dos requisitos.

É inegável dizer que a nova entrada da soundtrack mantém inúmeras referências com outras poderosas baladas, correndo o risco de ser ofuscada. Temos, por exemplo, a clássica “Memory”, que desta vez será abraçada pelas aplaudíveis habilidades de Jennifer Hudson como a ressentida gata-glamour Grizabella, que empresta sua epopeica jornada para que Taylor encontre seu caminho. Porém, a artista se nutre praticamente de toda o delineamento sonoro para, em vão, buscar um patamar considerável.

Se Swift e Webber falham em se afastar de quaisquer outras baladas musicais dos últimos trinta anos, ao menos imprimem marcas próprias de sua parceria, traduzidas para o liricismo da track: entre o verso-titular que se repete ao término de cada refrão até as emocionante metáforas exaladas com a exultação de “eu me sinto tão viva com esses fantasmas da noite”, Taylor se rende a um envolvente coming-of-age que resulta em liberdade e reencontro consigo mesma.

Entre altos e baixos, os vocais da lead singer são embebidos em uma espécie de redundância sonora, na qual a melodia segue à risca as oscilações performáticas – o que também contribui para que a faixa perca seu brilho. E, dentro dessa mesma perspectiva, percebe-se que a fluidez entre os atos é posta em xeque, transformando a investida em três diferentes blocos (e nem mesmo o bridge consegue unir suas partes). Ademais, a conclusão da jornada se volta para o épico que, apesar de ser próprio de narrativas do gênero, é previsível.

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Em contato com as artes em geral desde muito cedo, Thiago Nolla é jornalista, escritor e drag queen nas horas vagas. Trabalha com cultura pop desde 2015 e é uma enciclopédia ambulante sobre divas pop (principalmente sobre suas musas, Lady Gaga e Beyoncé). Ele também é apaixonado por vinho, literatura e jogar conversa fora.

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