O episódio ‘A felicidade de toda a humanidade’, da série ‘Chernobyl’, provavelmente foi o mais sombrio da série, mostrando as tentativas de limpeza das áreas contaminadas através do uso de robôs. No entanto, essa ponta de esperança desaparece rapidamente e, enquanto a série mostra a triste verdade de como as autoridades procederam após o fracasso do robôs, a história real é ainda mais triste.
Após a explosão do reator número 4 de Chernobyl, grandes quantidades de detritos – incluindo pedaços de grafite radioativos – invadiram o teto da instalação. Os humanos só poderiam suportar 90 segundos expostos ao material, então a solução foi enviar sondas russas e um robô emprestado da Alemanha Ocidental – o Joker. Infelizmente, isso não funcionou da maneira que planejaram. A radiação naquele telhado era tão extrema que até mesmo os robôs foram danificados quase que imediatamente.
“Os soviéticos se recusaram a dizer a qualquer um o quão ruim era a situação. Mesmo assim, meses depois, depois que o mundo soube de Chernobyl, eles ainda estavam escondendo os riscos, a ponto de se recusarem a dizer aos alemães ocidentais quanta radiação havia naquele telhado.”, comentou Craig Mazin, o criador da série, durante um bate-papo com o The Chernobyl Podcast. “Foi 600% ou 700% a mais do que conseguiam suportar. E o que me surpreende é que o sistema de poder soviético achou que estava tudo bem.”
Com o fracasso de Joker e dos outros robôs, a União Soviética não teve escolha se não enviar seres humanos para fazer o trabalho. Mais de 3.000 soldados serviam como biorrobôs, limpando os escombros como um sarcófago improvisado no reator, além de lidar com outros elementos da contaminação radioativa, incluindo animais de estimação deixados para trás.
Para quem se pergunta qual o destino de Joker, ele ainda existe. Fotografias da máquina amarela, com o nome ainda intacto, mostram o robô descartado em um ferro-velho na zona de exclusão, extremamente radioativa até hoje.
Assista ao trailer: