O cinema norte-americano é sem dúvidas o maior expoente da indústria quando se fala de números e popularidade, até por todo investimento de marketing e pelas estrelas presentes no elenco que, por si só, são capazes de captar o público mundial. Nas bilheterias então vemos que isso é bem destacado, até pelos números históricos dos filmes que mais deram lucro na história do cinema.
Grandes franquias e os famosos filões vivem quebrando, anualmente, um recorde atrás do outro, com casos de termos anos que exibem dois ou mais filmes que faturaram o sonhado bilhão de dólares. A Disney, então, que hoje detém grande parte da fonte do entretenimento global, após absorver a Century Fox, possui na lista dos dez principais simplesmente oito títulos presentes.
Mas, e o mercado estrangeiro, que chega agora em vários lugares através dos meios digitais, será que de fato vem ganhando espaço e penetrando em barreiras que nunca conseguiram chegar? Bom, para ter essa resposta, a Preply, uma plataforma online que conecta alunos e tutores nativos em todo o mundo inteiro, analisou diversos filmes e séries e descobriu uma grande popularidade de obras fora da indústria estadunidense.
Vale destacar que o levantamento analisou diversos filmes e as séries em língua estrangeira mais populares através do IMDB. Além de obras em inglês, o intuito era saber quais obras de diferentes idiomas são famosas entre o grande público.
Nessa lista, um dos casos mais curiosos foi o do filme brasileiro ‘Cidade de Deus‘, que aparece logo na segunda posição dos mais assistidos do mundo, atrás apenas do francês ‘Intocáveis‘. Já em terceiro está o filme ‘O Fabuloso Destino de Amélie Poulain‘, outro filme francês. Enfim, vamos a lista de todos os citados.
1º. Intocáveis (2011, francês)
Para quem não sabe, ‘Intocáveis‘ foi o filme mais visto na França em 2011, com cerca de 19,385 milhões em bilheteria, sendo a terceira maior francesa da história, com o primeiro lugar sendo ocupado por ‘Titanic’ (1997) e o segundo por ‘A Riviera Não é Aqui‘ (2008). Foi, também, o segundo filme mais visto na Alemanha na sua estreia, tendo alcançado o primeiro lugar na quarta semana de exibição nesse país. Também é o filme francês mais lucrativo da história, com uma taxa de rentabilidade de 602%.
Na trama, vemos que Philippe (François Cluzet) é um aristocrata rico que, após sofrer um grave acidente, fica tetraplégico. Precisando de um assistente, ele decide contratar Driss (Omar Sy), um jovem problemático que não tem a menor experiência em cuidar de pessoas no seu estado.
Aos poucos, Driss aprende a função, apesar das diversas gafes que comete. Philippe, por sua vez, se afeiçoa cada vez mais ao jovem por ele não o tratar como um pobre coitado. De pouco em pouco a amizade entre ambos vai se estabelecendo, conhecendo melhor um o mundo do outro.
2º. Cidade de Deus (2002, português)
Hoje em dia isso não é tão lembrado, mas ‘Cidade de Deus’ foi por muitos anos a maior referência do cinema brasileira não só nos EUA, mas no mundo todo. O filme que fez um sucesso imenso, e também junto a crítica, fez tudo isso também se refletir nos prêmios recebidos. O filme não conseguiu uma indicação ao Óscar no ano em que foi lançado, pois não tinha entrado em circuito internacional, sendo lançado na Europa e Estados Unidos apenas em janeiro de 2003. Não à toa, é tão visto e lembrado pelo mundo.
Já em janeiro de 2004, o longa foi indicado a quatro categorias no Oscar, de melhor direção, melhor roteiro adaptado, melhor edição e melhor fotografia. O filme também conseguiu diversas indicações no Grande Prêmio do Cinema Brasileiro, vencendo nas categorias melhor filme, melhor diretor (Fernando Meirelles), melhor roteiro adaptado (Bráulio Mantovani), melhor fotografia (Cesár Charlone), melhor som e melhor edição (Daniel Rezende).
A história traz Buscapé (Alexandre Rodrigues), um jovem pobre, negro e muito sensível, que cresce em um universo de muita violência. Buscapé vive na Cidade de Deus, favela carioca conhecida por ser um dos locais mais violentos da cidade. Amedrontado com a possibilidade de se tornar um bandido, Buscapé acaba sendo salvo de seu destino por causa de seu talento como fotógrafo, o qual permite que siga carreira na profissão. É através de seu olhar atrás da câmera que Buscapé analisa o dia-a-dia da favela onde vive, onde a violência aparenta ser infinita.
3º. O Fabuloso Destino de Amélie Poulain (2001, francês)
‘O Fabuloso Destino de Amélie Poulain‘ deixou todo mundo apaixonado ao trazer uma das personagens mais curiosas, carismáticas e fofas, que virou tendência não só no cinema, mas também na moda e nas tendências de estilo. Conseguiu cinco indicações ao Oscar, como Melhor Filme Estrangeiro, Melhor Direção de Arte, Melhor Fotografia, Melhor Som e Melhor Roteiro Original.
Teve também uma indicação ao Globo de Ouro, na categoria de Melhor Filme Estrangeiro. E dois prêmios no BAFTA como Melhor Roteiro Original e Melhor Desenho de Produção, sendo ainda indicada em outras 7 categorias, como Melhor Filme, Melhor Diretor, Melhor Atriz (Audrey Tautou), Melhor Filme Estrangeiro, Melhor Fotografia, Melhor Trilha Sonora e Melhor Edição.
Na trama, após deixar a vida de subúrbio que levava com a família, a inocente Amélie (Tautou) muda-se para o bairro parisiense de Montmartre, onde começa a trabalhar como garçonete. Certo dia encontra uma caixa escondida no banheiro de sua casa e, pensando que pertencesse ao antigo morador, decide procurá-lo e é assim que encontra Dominique (Maurice Bénichou).
Ao ver que ele chora de alegria ao reaver o seu objeto, a moça fica impressionada e adquire uma nova visão do mundo. Então, a partir de pequenos gestos, ela passa a ajudar as pessoas que a rodeiam, vendo nisto um novo sentido para sua existência. Contudo, ainda sente falta de um grande amor.
4º. A Viagem de Chihiro (2001, japonês)
‘A Viagem de Chihiro‘ começou a ser exibido nos cinemas do Japão em Julho de 2001, e desde então conseguiu arrecadar 230 milhões de dólares, sendo o filme de maior bilheteria da história do cinema japonês. Também teve uma bilheteria mundial de 275 milhões de dólares, sendo o primeiro filme que ganhou mais de 200 milhões de dólares a nível mundial antes de estrear nos Estados Unidos. Além de também ser aclamado pela crítica. No Rotten Tomatoes, o filme possui 97% de aceitação entre os críticos, com um total de 152 comentários e com uma qualificação média de 8,5/10.
O filme ganhou trinta e cinco prêmios ao todo, entre os quais incluem o Oscar de Melhor Animação em 2003. Assim, se tornou o segundo filme a receber esta condecoração, pois a categoria se iniciou em 2002, sendo o único filme em língua não-inglesa a ganhar o prêmio. Na vigésima quinta premiação dos Prêmios da Academia Japonesa – o equivalente japonês do óscar – recebeu os prêmios de melhor filme do ano e melhor canção.
Chihiro é uma garota de 10 anos que acredita que todo o universo deve atender aos seus caprichos. Ao descobrir que vai se mudar, ela fica furiosa. Na viagem, Chihiro percebe que seu pai se perdeu no caminho para a nova cidade, indo parar defronte um túnel aparentemente sem fim, guardado por uma estranha estátua. Curiosos, os pais de Chihiro decidem entrar no túnel e Chihiro vai com eles.
Chegam numa cidade sem nenhum habitante e os pais de Chihiro decidem comer a comida de uma das casas, enquanto a menina passeia. Ela encontra com Haku, garoto que lhe diz para ir embora o mais rápido possível e ao reencontrar seus pais, Chihiro fica surpresa ao ver que eles se transformaram em gigantescos porcos. É o início da jornada de Chihiro por um mundo fantasma, povoado por seres fantásticos, no qual humanos não são bem-vindos.
5º. Parasita (2019, coreano)
‘Parasita‘ estreou no Festival de Cannes de 2019, onde se tornou o primeiro filme sul-coreano a ganhar a Palma de Ouro. O longa faturou US$ 20,8 milhões durante o fim de semana de abertura na Coreia do Sul. Desde então, arrecadou um total de US$ 70,9 milhões a nível nacional e US$ 19,2 milhões internacionalmente, totalizando US$ 90,1 milhões. No Rotten Tomatoes, mantém uma taxa de aprovação de 99%, com uma classificação média de 9,39/10.
Bong Joon Ho estava bem feliz com as indicações ao Oscar de Melhor Edição e Melhor Design de Produção, pois sentiu que os grandes técnicos e mestres da indústria cinematográfica coreana estavam sendo reconhecidos pela primeira vez.
Em ‘Parasita‘, toda a família de Ki-taek está desempregada, vivendo num porão sujo e apertado. Uma obra do acaso faz com que o filho adolescente da família comece a dar aulas de inglês à garota de uma família rica. Fascinados com a vida luxuosa destas pessoas, pai, mãe, filho e filha bolam um plano para se infiltrarem também na família burguesa, um a um. No entanto, os segredos e mentiras necessários à ascensão social custarão caro a todos.
6º. A Vida É Bela (1997, italiano)
‘A Vida É Bela‘ foi comercialmente muito bem-sucedido, faturando US$ 48,7 milhões na Itália. Foi a maior bilheteria do cinema italiano em seu país natal até 2011, quando foi ultrapassado por Che bella giornata. O filme arrecadou um faturamento mundial de US$ 230 milhões. Foi o filme de língua estrangeira de maior bilheteria nos Estados Unidos até o lançamento de ‘O Tigre e o Dragão‘, lançado em 2000.
Foi aclamado pela imprensa italiana, com Benigni sendo tratado como um “herói nacional”. O Papa João Paulo II, que assistiu a uma exibição privada do filme com o próprio Benigni, nomeou ‘A Vida É Bela‘ como um dos seus cinco filmes favoritos da vida. Foi exibido no Festival de Cannes de 1998 e ganhou o Grand Prix, ao receber o prêmio, Roberto Benigni beijou os pés do presidente do júri, Martin Scorsese.
Na história, durante a Segunda Guerra Mundial na Itália, o judeu Guido (Benigni) e seu filho Giosué são levados para um campo de concentração nazista. Afastado da mulher, ele tem que usar sua imaginação para fazer o menino acreditar que estão participando de uma grande brincadeira, com o intuito de protegê-lo do terror e da violência que os cercam.
7º. O Labirinto do Fauno (2006, mexicano)
Durante suas primeiras três semanas nas bilheterias americanas ‘O Labirinto do Fauno‘ arrecadou US$ 5,4 milhões. No mundo todo somou US$ 83,9 milhões. Na Espanha, por exemplo, arrecadou quase US$ 12 milhões, e é o quinto filme estrangeiro de maior bilheteria nos Estados Unidos. Estreou no Festival de Cinema de Cannes em 2006. Seu primeiro lançamento geral foi na Espanha em outubro de 2006, seguido por um lançamento no México nove dias depois.
O Rotten Tomatoes dá ao filme uma pontuação de 95% com base em 236 comentários e uma classificação média de 8,61/10. O Labirinto do Fauno foi escolhido como representante do México para o Oscar de melhor filme estrangeiro.
‘O Labirinto do Fauno‘ se passa na Espanha, 1944. Oficialmente a Guerra Civil já terminou, mas um grupo de rebeldes ainda luta nas montanhas ao norte de Navarra. Ofelia (Ivana Baquero), de 10 anos, muda-se para a região com sua mãe, Carmen (Ariadna Gil). Lá as espera seu novo padrasto, um oficial fascista que luta para exterminar os guerrilheiros da localidade.
Solitária, a menina logo descobre a amizade de Mercedes (Maribel Verdú), jovem cozinheira da casa, que serve de contato secreto dos rebeldes. Além disso, em seus passeios pelo jardim da imensa mansão em que moram, Ofelia descobre um labirinto que faz com que todo um mundo de fantasias se abra, trazendo consequências para todos à sua volta.
8º. Oldboy (2003, coreano)
‘OldBoy’ venceu o Grand Prix na edição de 2004 do Festival de Cannes, e foi muito elogiado pelo presidente do júri naquele ano, o diretor americano Quentin Tarantino. Também recebeu elogios da crítica especializada nos Estados Unidos, conquistando uma qualificação de 81% “Certified Fresh” no Rotten Tomatoes. Na Coreia do Sul, o filme foi visto por 3.260.000 espectadores e ocupa o quinto lugar como o filme de maior bilheteria de 2003. Ele arrecadou um total de US $ 14.980.005 em todo o mundo.
Em vários países gerou controvérsia a cena em que o ator Choi Min-sik come um polvo vivo. Para a realização desta cena foram usados 4 polvos, até que se chegasse à tomada final. Ele treinou por 6 semanas e perdeu cerca de 12 quilos para interpretar o protagonista de ‘Old Boy‘.
Na trama, Oh Dae-su (Choi Min-sik) é um homem comum, bem casado e pai de uma garota de 3 anos, que é levado a uma delegacia por estar alcoolizado. Ao sair ele liga para casa de uma cabine telefônica, para logo em seguida desaparecer, deixando como pista apenas o presente de aniversário que havia comprado para a filha.
Pouco depois, ele percebe estar em uma estranha prisão, onde há apenas uma TV ligada, no qual ele recebe pouca comida e respira um gás que o faz dormir diariamente. Através do noticiário da TV ele descobre que é o principal suspeito do assassinato brutal de sua esposa e sem ter outra opção, ele passa a se adaptar à escuridão de seu quarto e a preparar seu corpo e sua mente para sobreviver à pena que está sendo obrigado a cumprir sem saber o porquê.
9º. A Vida dos Outros (2006, alemão)
Com ‘A Vida dos Outros‘, Henckel von Donnersmarck se tornou o terceiro cineasta alemão a receber o Oscar de melhor filme estrangeiro. Também foi indicado ao Globo de Ouro de melhor filme em língua estrangeira. O custo de produção foi de apenas dois milhões de dólares, mas seu lucro mundial foi de mais de 77 milhões. Antes de sua morte, Sydney Pollack estava considerando fazer um remake estadunidense do filme. Só para se ter noção, em 2009, a revista estadunidense National Review nomeou A Vida dos Outros o melhor filme dos últimos 25 anos.
A história traz Georg Dreyman (Sebastian Koch), que é o maior dramaturgo da Alemanha Oriental, sendo por muitos considerado o modelo perfeito de cidadão para o país, já que não contesta o governo nem seu regime político. Apesar disto o ministro Bruno Hempf (Thomas Thieme) acha por bem acompanhar seus passos, para descobrir se Dreyman tem algo a esconder.
Ele passa esta tarefa para Anton Grubitz (Ulrich Tukur), que a princípio não vê nada de errado com Dreyman mas é alertado por Gerd Wiesler (Ulrich Mühe), seu subordinado, de que ele deveria ser vigiado. Grubitz passa a tarefa a Wiesler, que monta uma estrutura em que Dreyman e sua namorada, a atriz Christa-Maria Sieland (Martina Gedeck), são vigiados 24 horas. Simultaneamente o ministro Hempf se interessa por Christa-Maria, passando a chantageá-la em troca de favores sexuais.
10º. Princesa Mononoke (1997, japonês)
‘A Princesa Mononoke‘ foi um grande sucesso mundial arrecadando cerca de US$158 milhões, além de ter conseguido inúmeras críticas positivas. Foi o filme com a maior bilheteria da historia no Japão até a estreia de ‘Titanic‘. Custou cerca de US$20 milhões figurando como uma das animações mais caras já produzidas da história do cinema animado japonês para a época em que foi feito.
A Disney/Miramax, que lançou o filme nos Estados Unidos, estava obrigada por contrato a não editar nenhuma parte do filme para a estreia americana. Apesar deles terem mantido a acordo de não mudar nada, eles lançaram o filme em bem menos cinemas do que o prometido e depois expressaram surpresa porque o filme fez pouco dinheiro nas bilheterias. Hayao Miyazaki pretendia que esse filme fosse seu último antes de se aposentar. O enorme sucesso da animação incentivou ele a fazer outro, ‘A Viagem de Chihiro‘. Depois ele ainda fez alguns outros filmes.
A aldeia de Ashitaka é invadida por um estranho demônio, e quem resolve enfrentá-lo é o corajoso príncipe. Ele luta com o bicho e consegue matá-lo, mas antes fica com o braço ferido e é contaminado por uma maldição. Ele irá se corroer pelo ódio até se tornar um demônio igual ao outro e morrer, a não ser que ele vá atrás da cura na floresta proibida. É aí que começa a jornada de Ashitaka, que vai enfrentar animais fantásticos, princesas amaldiçoadas e os mistérios da natureza. O príncipe vai conhecer também os homens que querem destruir a floresta e a pequena San, ou Princesa Mononoke.