quinta-feira , 14 novembro , 2024

Cidade Invisível | Conheça as lendas brasileiras que inspiraram a nova produção da Netflix

CUIDADO: Spoilers à frente.

‘Cidade Invisível’ estreou há poucos dias na plataforma da Netflix e já conquistou os fãs ao redor do mundo. A série ganhou popularidade por trazer um elenco renomado às telinhas e por explorar versões mais obscuras das clássicas lendas folclóricas do Brasil – arquitetando uma história diferente aos moldes de ‘Once Upon a Time’ e ‘Grimm’, que tanto cativaram o público na década passada.

Mas você sabe quais foram as histórias que inspiraram a produção? E a origem dessas narrativas tão icônicas da cultura nacional? Afinal é quase redundante dizer que a infância de boa parte dos brasileiros foi pautada em enredos envolvendo o Saci-Pererê, a Cuca, o Lobisomem e tantos outros – através da adorada série ‘Sítio do Pica-Pau Amarelo’ ou de outros meios.



Para celebrar a importância de tais lendas, o CinePOP separou uma breve lista explorando as narrativas e os personagens que ganharam uma roupagem totalmente nova em ‘Cidade Invisível’.

Confira:

SACI-PERERÊ

Apesar de não ser um dos grandes protagonistas da série, o travesso personagem foi remodelado para a contemporaneidade através do alter-ego Isac (Wesley Guimarães). Surgida na região Sul entre os indígenas da etnia guarani, a influente lenda se espalhou pelos países vizinhos ao Brasil e foi caracterizado das mais diversas formas.

A versão mais famosa é a de um menino negro que habita as florestas e tem um apreço por pregar peças nas pessoas. Dotado de apenas uma perna, ele veste uma falda e um gorro vermelhos que gosta de incomodar cavalos, invadir casas e fazer um inferno da vida de quem bem entender. Conta-se que o Saci consegue viver até 77 anos e, quando está prestes a morrer, transforma-se em um cogumelo venenoso conhecido como orelha-de-pau (aqueles que é encontrado nos troncos das árvores.

Historiadores acreditam que a origem da lenda remonta a uma raiz antiga do Curupira, visto que ambos são considerados protetores da floresta.

CUCA

Um dos principais seres do folclore nacional, a Cuca (que foi levada às telinhas através de Alessandra Negrini) é derivada de uma lenda galego-portuguesa chamada Coca, uma bruxa com cabeça de abóbora que assustava criancinhas.

A lenda brasileira se popularizou com diversas similaridades. A mítica criatura, aqui, também é uma velha feiticeira com garras, cabeça de jacaré e uma voz horripilante, temida por raptar crianças que desobedecem a seus pais. Dormindo apenas uma noite a cada sete anos, sua vida se estende por um milênio, até o momento em que bota um ovo e dele surge outra Cuca, ainda mais malvada e mais perigosa que a anterior.

IARA

A rainha das águas brasileiras foi interpretada por Jessica Cores em ‘Cidade Invisível’ – e as semelhanças são bem claras em relação à milenar história. Também fazendo parte da cultura europeia, o mítico conto da sereia foi introduzida pelos portugueses aos povos indígenas que habitavam aqui no século XVI, os quais adaptaram a lenda a seu bel-prazer.

Filha de um pajé e uma poderosa guerreira, Iara era invejada pelos irmãos mais velhos, que decidiram se reunir para matá-la. Entretanto, ao resistir e acabar assassinando seus algozes, seu pai a jogou entre os rios Negro e Solimões para morrer – eventualmente sendo salva pelos peixes e se transformado na criatura como a conhecemos.

Iara usa de sua beleza e de suas habilidades vocais para seduzir homens que navegam pelo rio ou que passeiam por suas margens, arrastando-os para o fundo das águas até afogarem.

BOTO COR-DE-ROSA

Interpretado por Victor Sparapane na série da Netflix, o Boto Cor-de-Rosa faz parte das tribos indígenas da região amazônica. O personagem é um inteligente animal que se assemelha muito ao golfinho e que se transforma em um belo e sedutor jovem nas noites de lua cheia.

Reza a lenda que ele sai das águas durante as festividades de junho, mais precisamente nas comemorações de Santo Antonio e de São João, vestido de branco e com um grande chapéu para esconder as feições animalescas. Seu desejo? Escolher a moça solteira mais linda das festas, engravidá-la e abandoná-la – o que, nas crenças populares, era um argumento utilizado para explicar a gravidez fora do casamento.

Apesar de ser um devasso incontrolável, o Boto também entra como vigilante dos rios, ajudando trabalhadores a terem sorte na temporada de pesca e a conduzi-los pelas traiçoeiras águas em noites de tempestade. Mais do que isso, ele também salva aqueles que, por infortúnio, caem de suas embarcações.

CURUPIRA

Com sua identidade escondida por um tempo consideravelmente longo em ‘Cidade Invisível’, são poucas as pessoas que nunca ouviram falar do temível Curupira. A controversa figura é caracterizado como uma espécie de anão de cabelos vermelhos, corpo peludo, dentes pontiagudos e pés virados para trás, os quais usa para enganar aqueles que o caçam.

O protetor das florestas não pensa duas vezes antes de defender seu lar e a fauna e a flora que lá habitam, utilizando os mais diversos artifícios para enganar os caçadores, deixando-os perdidos e amedrontados na densa mata, sem saberem por onde entraram e como sair. Com assovios enregelantes e uivos que se assemelham aos de lobos, não é por qualquer razão que ele é chamado de demônio.

CORPO-SECO

O Corpo-Seco não é um dos contos mais conhecidos do panteão nacional – ao menos não tão conhecido quanto a Mula-Sem-Cabeça e o Boitatá, que não foram trazidos para a primeira temporada da série. Entretanto, a criatura é uma das mais amedrontadoras do folclore.

Aparecendo a qualquer hora do dia ou da noite, o Corpo-Seco é um suposto garoto que passou a vida inteira desobedecendo os pais, se envolvendo com brigas e batendo em pessoas. Ao morrer, nem o Céu, nem o Inferno o aceitaram; após ser enterrado, a própria terra o cuspiu de volta, fazendo-o se transformar em uma criatura maligna que se camufla nas árvores e aterroriza os infelizes que cruzam seu caminho com seu corpo putrefado, abraçando-os com unhas compridas e arrastando-os para dentro da mata para matá-los.

TUTU MARAMBÁ

O nome Tutu Marambá provavelmente não é familiar – mas a variante Bicho-Papão com certeza é. Assolador dos sonhos das crianças, a horrenda criatura é um fantasma que aparece em diversas cantigas folclóricas. Disforme, sua figura é constantemente acompanhada da escuridão e sua origem provém das lendas africanas sobre ogros.

O monstro é o senhor dos terrores noturnos e habita os estados da Bahia, do Pernambuco, do Rio de Janeiro e de Minas Gerais.

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Thiago Nollahttps://www.editoraviseu.com.br/a-pedra-negra-prod.html
Em contato com as artes em geral desde muito cedo, Thiago Nolla é jornalista, escritor e drag queen nas horas vagas. Trabalha com cultura pop desde 2015 e é uma enciclopédia ambulante sobre divas pop (principalmente sobre suas musas, Lady Gaga e Beyoncé). Ele também é apaixonado por vinho, literatura e jogar conversa fora.

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‘Cidade Invisível’ estreou há poucos dias na plataforma da Netflix e já conquistou os fãs ao redor do mundo. A série ganhou popularidade por trazer um elenco renomado às telinhas e por explorar versões mais obscuras das clássicas lendas folclóricas do Brasil – arquitetando uma história diferente aos moldes de ‘Once Upon a Time’ e ‘Grimm’, que tanto cativaram o público na década passada.

Mas você sabe quais foram as histórias que inspiraram a produção? E a origem dessas narrativas tão icônicas da cultura nacional? Afinal é quase redundante dizer que a infância de boa parte dos brasileiros foi pautada em enredos envolvendo o Saci-Pererê, a Cuca, o Lobisomem e tantos outros – através da adorada série ‘Sítio do Pica-Pau Amarelo’ ou de outros meios.

Para celebrar a importância de tais lendas, o CinePOP separou uma breve lista explorando as narrativas e os personagens que ganharam uma roupagem totalmente nova em ‘Cidade Invisível’.

Confira:

SACI-PERERÊ

Apesar de não ser um dos grandes protagonistas da série, o travesso personagem foi remodelado para a contemporaneidade através do alter-ego Isac (Wesley Guimarães). Surgida na região Sul entre os indígenas da etnia guarani, a influente lenda se espalhou pelos países vizinhos ao Brasil e foi caracterizado das mais diversas formas.

A versão mais famosa é a de um menino negro que habita as florestas e tem um apreço por pregar peças nas pessoas. Dotado de apenas uma perna, ele veste uma falda e um gorro vermelhos que gosta de incomodar cavalos, invadir casas e fazer um inferno da vida de quem bem entender. Conta-se que o Saci consegue viver até 77 anos e, quando está prestes a morrer, transforma-se em um cogumelo venenoso conhecido como orelha-de-pau (aqueles que é encontrado nos troncos das árvores.

Historiadores acreditam que a origem da lenda remonta a uma raiz antiga do Curupira, visto que ambos são considerados protetores da floresta.

CUCA

Um dos principais seres do folclore nacional, a Cuca (que foi levada às telinhas através de Alessandra Negrini) é derivada de uma lenda galego-portuguesa chamada Coca, uma bruxa com cabeça de abóbora que assustava criancinhas.

A lenda brasileira se popularizou com diversas similaridades. A mítica criatura, aqui, também é uma velha feiticeira com garras, cabeça de jacaré e uma voz horripilante, temida por raptar crianças que desobedecem a seus pais. Dormindo apenas uma noite a cada sete anos, sua vida se estende por um milênio, até o momento em que bota um ovo e dele surge outra Cuca, ainda mais malvada e mais perigosa que a anterior.

IARA

A rainha das águas brasileiras foi interpretada por Jessica Cores em ‘Cidade Invisível’ – e as semelhanças são bem claras em relação à milenar história. Também fazendo parte da cultura europeia, o mítico conto da sereia foi introduzida pelos portugueses aos povos indígenas que habitavam aqui no século XVI, os quais adaptaram a lenda a seu bel-prazer.

Filha de um pajé e uma poderosa guerreira, Iara era invejada pelos irmãos mais velhos, que decidiram se reunir para matá-la. Entretanto, ao resistir e acabar assassinando seus algozes, seu pai a jogou entre os rios Negro e Solimões para morrer – eventualmente sendo salva pelos peixes e se transformado na criatura como a conhecemos.

Iara usa de sua beleza e de suas habilidades vocais para seduzir homens que navegam pelo rio ou que passeiam por suas margens, arrastando-os para o fundo das águas até afogarem.

BOTO COR-DE-ROSA

Interpretado por Victor Sparapane na série da Netflix, o Boto Cor-de-Rosa faz parte das tribos indígenas da região amazônica. O personagem é um inteligente animal que se assemelha muito ao golfinho e que se transforma em um belo e sedutor jovem nas noites de lua cheia.

Reza a lenda que ele sai das águas durante as festividades de junho, mais precisamente nas comemorações de Santo Antonio e de São João, vestido de branco e com um grande chapéu para esconder as feições animalescas. Seu desejo? Escolher a moça solteira mais linda das festas, engravidá-la e abandoná-la – o que, nas crenças populares, era um argumento utilizado para explicar a gravidez fora do casamento.

Apesar de ser um devasso incontrolável, o Boto também entra como vigilante dos rios, ajudando trabalhadores a terem sorte na temporada de pesca e a conduzi-los pelas traiçoeiras águas em noites de tempestade. Mais do que isso, ele também salva aqueles que, por infortúnio, caem de suas embarcações.

CURUPIRA

Com sua identidade escondida por um tempo consideravelmente longo em ‘Cidade Invisível’, são poucas as pessoas que nunca ouviram falar do temível Curupira. A controversa figura é caracterizado como uma espécie de anão de cabelos vermelhos, corpo peludo, dentes pontiagudos e pés virados para trás, os quais usa para enganar aqueles que o caçam.

O protetor das florestas não pensa duas vezes antes de defender seu lar e a fauna e a flora que lá habitam, utilizando os mais diversos artifícios para enganar os caçadores, deixando-os perdidos e amedrontados na densa mata, sem saberem por onde entraram e como sair. Com assovios enregelantes e uivos que se assemelham aos de lobos, não é por qualquer razão que ele é chamado de demônio.

CORPO-SECO

O Corpo-Seco não é um dos contos mais conhecidos do panteão nacional – ao menos não tão conhecido quanto a Mula-Sem-Cabeça e o Boitatá, que não foram trazidos para a primeira temporada da série. Entretanto, a criatura é uma das mais amedrontadoras do folclore.

Aparecendo a qualquer hora do dia ou da noite, o Corpo-Seco é um suposto garoto que passou a vida inteira desobedecendo os pais, se envolvendo com brigas e batendo em pessoas. Ao morrer, nem o Céu, nem o Inferno o aceitaram; após ser enterrado, a própria terra o cuspiu de volta, fazendo-o se transformar em uma criatura maligna que se camufla nas árvores e aterroriza os infelizes que cruzam seu caminho com seu corpo putrefado, abraçando-os com unhas compridas e arrastando-os para dentro da mata para matá-los.

TUTU MARAMBÁ

O nome Tutu Marambá provavelmente não é familiar – mas a variante Bicho-Papão com certeza é. Assolador dos sonhos das crianças, a horrenda criatura é um fantasma que aparece em diversas cantigas folclóricas. Disforme, sua figura é constantemente acompanhada da escuridão e sua origem provém das lendas africanas sobre ogros.

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