O Menino do Espelho e Os Anos Felizes conquistam o público presente do festival.
Numa quarta-feira chuvosa em Olinda e Recife, que ocasionou inúmeros transtornos no trânsito, o Cine PE deu continuidade a Mostra Internacional de Cinema, onde são passados os longas-metragens de ficção. Tivemos a exibição do novo filme de Daniele Luchetti, Os Anos Felizes, e do mineiro O Menino no Espelho, de Guilherme Fiúza Zenha, que subiu ao palco do evento ao lado de Mateus Solano e os dois garotos que estrelam a fita.
Os Anos Felizes conta a história de um casal, Guido (Kim Rossi Stuart) e Serena (Micaela Ramazzotti), que vive entre tapas-e-beijos, devido ao lado um tanto liberal do marido, que se mostra cada vez mais atraído por suas modelos. Serena também se ver no direito de aventurar-se com outros homens, devido a despretensão do sujeito. Em meio a isso, os filhos do casal presenciam todas as desavenças e picuinhas. Os garotos que dão vida aos personagens Dario (Samuel Garofalo) e Paolo (Niccolò Calvagna) são os grandes destaques do longa e acabam roubando a cena. A película imprime perfeitamente o clima e estilo italiano que vimos em tantos títulos do país. Elementos familiares, brigas e paixões são latentes no troço, que, por assim, mostra-se bem interessante.
Não por coincidência, O Menino no Espelho tem também como foco principal as crianças. Baseado no livro do saudoso Fernando Sabino, que é quase uma autobiografia da infância do autor, nos anos 20, o filme exala um ar nostálgico de um tempo que infelizmente não volta mais. Digo isso por Guilherme Fiúza fazer questão transmitir, através de brincadeiras, clubinhos e romances colegiais, toda inocência e espirito aventureiro que as crianças tinham na época. Zenha, que já havia, em Batismo de Sangue, trabalhado ao lado do mestre Helvécio Ratton, diretor do jovem clássico Menino Maluquinho – O Filme, transporta a essência do personagem de Ziraldo para o garoto Fernando (Lino Facioli). E até tem como plano de fundo um tom político, no caso dos Camisas Verde.
Logo de início, ficamos encantados pela abertura cativante, que mesclada à animação, retrata o que vem pela frente. Bem como a trilha sonora dá um toque cômico e de aventura ao universo. As lentes claras do fotografo José Roberto Eliezer evidenciam a alma dos personagens e reversa entre momentos de magia e tensão. Talvez o desempenho de alguns atores mirins tenha prejudicado, um pouco, as intenções em algumas cenas, mas nada que venha empalidecer a obra como um todo. Em meio à explosão digital, algo como O Menino no Espelho é fundamental no intuito de apresentar novo-antigos mundos ao público infantil contemporâneo.