Série de jogos irá ganhar uma adaptação para os cinemas em breve
O crime organizado tem servido de pauta criativa para jogos há muito tempo; municiando o desenvolvimento não só de grandes nomes da indústria como a série GTA ou Drive mas também alguns que se perderam ao longo do tempo como a franquia True Crime ou que gradativamente foram mudando sua abordagem e tom como o que ocorreu com Saints Row. Porém, o cenário do crime organizado japonês também tem seu quinhão de representação; seja em um jogo único como Sleeping Dogs (sucessor espiritual da já mencionada franquia True Crime) ou como em uma saga como Yakuza.
O recente anúncio de uma adaptação live action de Yakuza representa mais uma franquia de jogos a ir para os cinemas, no que parece ser o início de um novo movimento da indústria após o sucesso das adaptações de quadrinhos. Mesmo com poucas informações técnicas disponíveis até o momento em que o texto é escrito além da confirmação do projeto especula-se qual será o caminho que a versão cinematográfica irá tomar, visto que os jogos da série possuem variedades de momentos bastante significativos.
Como em muitos outros jogos voltados para retratar em partes o contexto social diário do Japão (um exemplo é o gênero JRPG e mais especificamente o jogo Persona 5) a estrutura de missões que compõem Yakuza oferece uma grande pluralidade entre situações que retratam toda a violência inerente ao que é de fato o submundo do crime, à outras que são puxadas para a comédia total e até a galhofa.
Essa variedade funciona muito bem para um jogo, principalmente um que possui uma longa duração de gameplay, pois dificulta que as coisas se tornem monótonas. Porém, tem despertado certo descrédito na comunidade quando se trata de uma vindoura adaptação, uma vez que para um filme quanto mais unificado for a pegada da obra melhor desenvolvida ela pode ser.
O enredo dos jogos segue o protagonista Kazuma Kiryu em sua jornada para subir nos degraus hierárquicos da Yakuza, precisando realizar trabalhos básicos como leva e traz de pessoas e itens, até homicídios. A ambientação da história é a cidade de Kamuroch, uma representação fictícia do distrito de Kabukicho em Tóquio; uma localidade famosa por conter casas de entretenimento adulto, além de ruas e becos iluminados como na área de Shinjuku Golden Gai.
Desenvolvido pela Sega, o primeiro Yakuza saiu em 2005 com o título no Japão de Ryu Ga Gotoku lançado para o Playstation 2. O enredo segue o momento de soltura de Kazuma Kiryu que esteve preso por um homicídio que ele não cometeu, mas que assumiu a autoria para proteger seu melhor amigo Akira Nishikiyama. A decisão não só lhe privou da liberdade como também lhe valeu um expulsão da organização criminosa a qual ele pertencia, o Tojo Clan, uma vez que a vítima foi seu então chefe Sohei Dojima. Logo após sua liberdade ele descobre que uma grande quantia de ienes foi roubada do Tojo Clan, iniciando assim uma caçada ao tesouro envolvendo todas as gangues da cidade.
Em diversos pontos, Yakuza demonstra grande similaridades com GTA 3, título que quatro anos antes havia consolidado o gênero sandbox como modelo padrão para jogos single-player. Não só por apresentar um mapa de mundo aberto bastante detalhado junto a escolha de uma câmera em terceira pessoa, como também pela história envolver um protagonista que passou um tempo preso e que possui um conhecido ligado diretamente a sua prisão.
Yakuza recebeu boas notas na época de seu lançamento, principalmente em sites de avaliações conhecidos. No agregador de notas Metacritic ele atingiu uma pontuação de 75\100, enquanto que no site IGN ele obteve um desempenho ainda melhor com 8.2\10. A boa recepção do público (principalmente o japonês) junto ao bom número de vendas garantiram a vinda de uma sequência.
Em 2006 (no Japão e em 2008 para o resto do mundo) foi lançado Yakuza 2, novamente desenvolvido e distribuído pela Sega. A trama da vez colocava Kazuma no epicentro da tensão entre o Tojo Clan e a Aliança Omi, sendo necessário que o protagonista lidere as conversações entre ambas as facções para evitar uma guerra de gangues em larga escala. Desde o início do desenvolvimento o objetivo declarado da Sega foi o de aperfeiçoar o sistema de combate, além de oferecer um número maior de atividades para o jogador disponíveis no mapa.
As melhorias agradaram os fãs e novamente o jogo correspondeu em número de vendas. Foram 201.866 unidades vendidas, tornando Yakuza 2 o 98º jogo mais vendido no Japão em 2008. No Metacritic ele recebeu boas avaliações de profissionais da imprensa especializada, resultando em uma nota de 77, enquanto que popularmente a aclamação foi ainda maior com uma nota final de 8.7.
O lançamento de Yakuza 3, em 2009 no Japão e 2010 no resto do mundo, foi a estreia da série na então nova geração de consoles representados pelo Playstation 3. Na história Kiryu está administrando um orfanato nas ilhas Ryukyu em Okinawa. A vida bucólica, porém, sofre um fim abrupto e ele é forçado a voltar para o mundo de violência que lhe é bem familiar.
O jogo coletou algumas críticas negativas vindo do público ocidental, a maioria delas sendo sobre conteúdos extras presentes na versão japonesa que haviam sido cortados daquela distribuída no ocidente. Fora isso o jogo mantém as boas notas que já são características da saga; tendo no Metacritic uma nota 79 da crítica especializada e 8.2 do público.
Quando Yakuza 4 começou seu processo de desenvolvimento o que se teve de primeira foi uma mudança na equipe técnica. Daisuke Sato, um dos produtores líderes da franquia desde o jogo original anunciou que não participaria do desenvolvimento do novo capítulo, o que não foi bem aceito pela comunidade. O jogo também teria a novidade de incluir três novos protagonistas junto com o já tradicional Kazuma Kiryu, cada um adicionando um novo ponto de vista ao enredo.
O jogo obteve nota 78 no Metacritic e uma relativa boa recepção dos fãs. Logo no lançamento, foram contabilizadas 384.000 unidades vendidas só no Japão representando assim um sucesso. Em 2012 e 2015 (Japão e resto do mundo respectivamente) foi lançado Yakuza 5, jogo esse que prometia mudar a franquia do ponto de vista técnico com um novo motor gráfico.
A nova aventura, ou desventura, de Kazuma tentando evitar uma guerra de gangues vendeu 590.000 cópias no Japão e manteve a boa linha de avaliações na crítica especializada, que a essa altura já se tornou tradicional da série. Com a chegada da oitava geração de consoles (PS4 e XBOX One) veio Yakuza 6, jogo cuja premissa veio carregada com um senso de conclusão para a jornada de Kazuma Kiryu.
Depois de terminados os eventos do jogo anterior, o protagonista é detido e preso. Alguns anos após o ocorrido ele descobre que sua amada está em coma; ele então parte com seu filho para Hiroshima em busca de respostas sobre o que levou sua esposa ao atual estado debilitado. Ao longo do jogo, ele precisará fazer escolhas entre ser um pai decente para seu filho e seu passado para com o crime organizado.
Uma sequência está planejada para ser lançada em 2020 com a premissa de introduzir um novo protagonista, de modo que a franquia possa vir a tomar novos rumos. A longevidade da saga também implicou no lançamento de um bom número de spin-offs e uma prequel tornando Yakuza um dos grandes títulos do mercado japonês de games (principalmente aqueles de mundo aberto como Shenmue) de todos os tempos.