domingo , 22 dezembro , 2024

Conheça a Franquia Desejo de Matar – Um dos primeiros e mais famosos justiceiros do cinema

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Aproveitando o lançamento do remake de Desejo de Matar estrelado por Bruce Willis na Netflix, resolvemos lembrar para você, ou quem sabe apresentar, a longa trajetória do vigilante Paul Kersey no cinema. O filme foi pioneiro no quesito “homem comum resolve fazer justiça com as próprias mãos após o sistema falhar com ele”. Desejo de Matar pode não ter sido o primeiro do subgênero, mas sem dúvida foi o que se tornou mais icônico, despertando inúmeros seguidores de tal feitio.

Kersey é um personagem interessante, e um protagonista do qual não falamos o suficiente. Se formos levar em conta que os filmes protagonizados pelo imortal Charles Bronson são bem antigos, é mais fácil entender porque a nova geração não tem tanto contato com as obras. Bem, esperamos que o novo filme, dirigido por Eli Roth, faça o trabalho de uma boa ponte para que a garotada de hoje descubra estes verdadeiros clássicos do cinema de gênero – ação e suspense. E esperamos com esta matéria ter um pouquinho deste mérito também.



Crítica | Desejo de Matar – Bruce Willis e Eli Roth no remake do clássico de Charles Bronson

Desejo de Matar

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Em 1974, Charles Bronson já era um senhor de 53 anos, e um ator veterano pra lá de estabelecido. Quando aceitou protagonizar a adaptação cinematográfica do livro de Brian Garfield, dirigido por Michael Winner (Assassino à Preço Fixo, 1972), o ator, que fez carreira em faroestes, como o clássico absoluto Era uma Vez no Oeste (1968), não imaginava que viveria aqui um dos maiores sucessos de sua filmografia. Sem dúvidas as intermináveis reprises em programas noturnos da TV aberta ajudaram com a popularidade do longa, ao menos em nosso país.

A trama simples e direta, mostra o arquiteto Kersey (Bronson) sofrendo após um ataque a sua mulher e filha, que termina por tirar a vida de sua esposa, em uma Nova York pra lá de violenta, propícia das décadas de 1970 e 1980. Após o trauma, o então pacato cidadão decide que precisa fazer algo, já que as autoridades não conseguem. E como uma droga para curar sua dor, o sujeito compra uma arma e sai distribuindo um pouco de sua própria justiça aos vagabundos e meliantes.

Kersey, porém, por pouco não ficou imortalizado na pele de outros atores. Steve McQueen e Clint Eastwood (saído do sucesso de Dirty Harry, 1971) recusaram o papel. Este é o único filme da série produzido pelo lendário Dino De Laurentiis. O longa fez tanto sucesso no cinema, que a Paramount decidiu aumentar o valor do ingresso para arrecadar mais, de US$ 3.50 para US$4 – no passado apenas O Poderoso Chefão e O Grande Gatsby haviam rendido ingressos mais caros para o estúdio.

O primeiro Desejo de Matar também marca a estreia no cinema do carismático ator Jeff Goldblum, que interpreta um dos marginais responsáveis pelo crime principal. Apesar do intenso tema armamentista do longa, Charles Bronson repudiava tal comportamento, e disse em certa ocasião que tais filmes violentos protagonizados por ele apenas serviam para apontar que a violência não compensa. Que a violência apenas gera mais violência.

Conheça a franquia Evil Dead – A Morte do Demônio / Uma Noite Alucinante

Desejo de Matar 2

Quase dez anos depois dos eventos apresentados no primeiro filme, Hollywood já demonstrava a ganância de continuar obras que não pediam, simplesmente pelo lucro. O sucesso falava mais alto e assim Paul Kersey retornava para mais um round de muitos tiros e combate de um homem à criminalidade.

Largando o dedo pelas ruas perigosas de Los Angeles ao invés de Nova York, o arquiteto justiceiro mostra-se um grande azarado, perseguido aonde estiver pela violência e o crime. Assim, é hora de se vingar da morte da filha, que havia sobrevivido ao ataque no original de 1974. Como estes já eram os anos 1980 – precisamente 1982 – a produção ficou a cargo da extinta Cannon, maior representante do cinema de ação para consumo rápido durante tal década.

Apesar de a esta altura já ter mais de 60 longas no currículo, Desejo de Matar 2 marca a primeira sequência na carreira de Charles Bronson. O diretor Michael Winner retornou para a continuação, e comparou o segundo longa a Rocky II – A Revanche (1979), definindo ambos os filmes como “iguais, mas diferentes”. Fora isso, o diretor, tentando se livrar da polêmica envolvendo o teor violento e justiceiro da obra, disse que a violência sempre existiu no mundo, antes mesmo de tais formas de arte, como o cinema.

Segundo reza a lenda, o prestigiado Stanley Kubrick, um dos maiores gênios da sétima arte, teria contratado o ator Kevyn Major Howard para seu filme de guerra Nascido para Matar (1987), após vê-lo em cena aqui. Natalie Wood, uma das mais inesquecíveis estrelas de Hollywood, indicada para três Oscar, seria a protagonista feminina do longa. A atriz faleceu no dia 29 de novembro de 1981, aos 43 anos (de forma bem misteriosa). As filmagens do segundo Desejo de Matar aconteceram por 44 dias, com lançamento no dia 11 de fevereiro de 1982 no Reino Unido, e 19 do mesmo mês e ano nos EUA.

Conheça a Franquia O Massacre da Serra Elétrica

Desejo de Matar 3

Aqui Kersey não demorou muito para novamente se sentir ‘trigger happy’. A diferença foi apenas de 3 anos entre o segundo e o terceiro filme. Retornando para Nova York, Kersey é recrutado por policiais corruptos para eliminar uma gangue de criminosos que está aterrorizando uma vizinhança. Ou seja, ao invés de perseguido, Paul Kersey é “contratado” pela polícia para continuar agindo de sua forma errática.

Como não se mexe em time vencedor, ao menos é o que pensavam os produtores e envolvidos, o diretor Michael Winner dá as caras de novo no comando da obra. Apesar de continuar voltando a estrelar tais filmes, Bronson se mostrou descontente com o resultado do terceiro episódio, e em raras entrevistas apontava que o diretor filmou cenas extras de violência e mortes sem que ele estivesse no set.

Mesmo este sendo o terceiro longa, a popularidade da franquia não estava em declínio. Uma novelização do filme foi planejada – mas não chegou a sair do papel, impedido pelo autor Brian Garfiled, que detinha os direitos da história. No entanto, um vídeo game foi produzido com base em Desejo de Matar 3 e lançado em 1987. Apesar de irredutível com sua obra literária, duas das ideias originalmente planejadas para o primeiro filme, e contidas no livro, foram utilizadas nesta continuação –como quando Paul Kesrey usa um carro como isca para criminosos, e a aparição de um personagem porto-riquenho risonho.

Anunciado no festival de Cannes de 1984, um ano antes de sua estreia, muitos afirmam que o filme capitalizou seu lançamento em cima da polêmica envolvendo o vigilante da vida real, Bernhard Goetz, acusado de atirar e ferir quatro jovens durante uma tentativa de assalto no metrô de Nova York. O fato rendeu ao homem o apelido de “O justiceiro do metrô”, fazendo dele um herói para muitos habitantes. Depois da estreia do filme, Charles Bronson veio a público pedir para que as pessoas não agissem como Paul Kersey na vida real.

Desejo de Matar 4 – Operação Crackdown

Dois anos depois e adivinhem! Sim, Paul Kersey e Charles Bronson estavam de volta. O primeiro para jogar no saco a bandidagem e o segundo pelo ganha-pão. Aqui, o protagonista matador volta mais uma vez para Los Angeles – já deu para perceber que o sujeito se divide na ponte-aérea entre as costas dos EUA. Seria legal, tê-lo visto em outras cidades americanas. Fora isso, como o título entrega, dessa vez é o combate às drogas que motiva o controverso herói, após a morte por overdose da filha de sua namorada. Ô sujeito azarado.

Aqui, no entanto, uma troca significativa nos bastidores. Sai pela primeira vez da direção na série Michael Winner, cedendo o lugar para J. Lee Thompson. Afinal, uma hora algum dos dois ia cansar, e antes de Bronson, Winner pulou fora. O roteiro original de Gail Morgan Hickman exibia um teor mais existencialista, negado pela Cannon que exigia conexão com o público acostumado a receber sempre o mesmo da série.

Este é o único filme da franquia que não contém cenas de nudez, e o único no qual Paul Kersey volta ao trabalho como justiceiro não devido à morte de um ente ou uma pessoa querida. Aqui, o motivo que faz o protagonista matar de novo é a overdose da filha de sua namorada. A trama do quarto Desejo de Matar já foi comparada a de Yojimbo – O Guarda-Costas (1961), de Akira Kurosawa, aonde Kersey elimina estrategicamente membros de gangues rivais, até que elas se voltem uma contra a outra, acreditando serem as responsáveis.

Segundo reportado, Charles Bronson teve problemas com alguns diálogos do filme e algumas cenas de ação. Desta forma, o roteirista mudava o texto de maneira quase diária no set. A Cannon também desejava dar uma forma mais recheada de adrenalina e testosterona ao filme, e para isso utilizou uma trilha sonora bem parecida com as de Braddock – O Super Comando (1984) e Invasão USA (1985), dois sucessos do estúdio protagonizados por Chuck Norris.

Desejo de Matar 5

Intitulado The Face of Death, ou a Face da Morte, no original, foi aqui que a franquia perdeu de vez o gás e chegou ao seu ponto final. Os dois últimos exemplares são os menos apreciados pelos fãs, e o quinto longa é o que menos ressonância teve. A série iniciada em 1974, havia se prolongado ao longo da década de 1980 com os três episódios seguintes, e agora com exatos 20 anos de existência, adentrava em sua terceira década.

Como de costume nos episódios ímpares da franquia, Kersey retorna para Nova York, e por lá realiza sua nova “limpeza”. A cada filme o “desejo de matar” do sujeito parece aumentar e o motivo é cada vez menos justificável. Se nos primeiros, a vingança e o desespero vinham em primeiro lugar, nos últimos filmes o personagem já havia se tornado um matador frio, quase um robô exterminador. No quarto, o motivo para as chacinas foi a morte por overdose (?!) de sua enteada, já neste, Kersey sai largando o dedo na vagabundagem quando sua namorada tem o negócio ameaçado por mafiosos.

No terceiro filme, Londres dublou por Nova York, enquanto aqui a “grande maçã” era na realidade Toronto, no Canadá. Curiosamente, este novo exemplar só foi lançado no cinema nos EUA, e por um breve período. Ao redor do mundo, em países como o Reino Unido, o longa teve destino direto nas locadoras. Novamente para este novo filme, houve troca de diretor, e quem assumiu foi Allan A. Goldstein. Segundo relatos, a relação do astro Charles Bronson com o produtor palestino Menahem Golan, dono da produtora Cannon, azedou de tal forma, que o ator só se comunicava com ele através do diretor Goldstein.

Existiam inclusive planos de Golan para um sexto Desejo de Matar, sem Charles Bronson. O título propriamente seria The New Vigilante e iria apresentar um novo justiceiro. Mas a esta altura a relação do astro com o produtor estava tão ruim que, percebendo a barreira que Bronson colocaria para a produção do longa, Golan desistiu da ideia. Vinte e quatro anos depois, e finalmente ganhamos um novo exemplar – na verdade, o remake protagonizado por Bruce Willis.

Desejo de Matar 5 marcaria o último filme de Charles Bronson lançado nos cinemas. Depois disso, o ator estrelaria somente a série de ação À Queima Roupa, cujos três exemplares foram lançados direto em vídeo, respectivamente em 1995, 1997 e 1999. Charles Bronson faleceu em 2003, aos 81 anos.

Desejo de Matar

Quatro décadas depois do lançamento do Desejo de Matar original, e ganhamos a volta de Paul Kersey, numa era politicamente correta, pronta a rejeitar automaticamente as ações do justiceiro. Bem, se levarmos em conta a polêmica e os protestos que todos os filmes da franquia sofreram, nem tudo está tão diferente assim. O curioso é notar a participação de Bruce Willis, ícone do cinema de ação das décadas de 1980 e 1990, cuja carreira teve inicio graças ao pontapé dado por Bronson no filme original. Este é, de certa forma, o ciclo completo para Willis.

Desta vez, Kersey troca de profissão e de arquiteto se torna médico cirurgião. A família aumenta também, e agora o sujeito possui um irmão, pronto a acobertar por ele, papel de Vincent D´Onofrio. O roteiro é do diretor Joe Carnahan, um especialista no gênero, e a direção é do sangrento Eli Roth. O astro Sylvester Stallone esteve vinculado e iria protagonizar o longa, mas terminou se afastando por diferenças criativas.

A ideia da ação se passar em outra cidade, fora Nova York e Los Angeles da série original, foi atendida pelos produtores, e assim o novo Desejo de Matar se passa em Chicago. Curiosamente, ao final do filme, o Kersey de Willis se muda para Nova York. No filme do original, o nova iorquino Kersey de Bronson, se muda para Chicago no desfecho. Como o livro no qual os filmes foram baseados possui uma continuação, intitulada Death Sentence, quem sabe os produtores não se animam.

Ps. Lembrando que uma versão de Death Sentence já foi produzida em 2007, intitulada Sentença de Morte no Brasil, baseado no livro do mesmo Brian Garfield, e protagonizada por Kevin Bacon, John Goodman e Kelly Preston. A direção é de ninguém menos que James Wan.

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Aproveitando o lançamento do remake de Desejo de Matar estrelado por Bruce Willis na Netflix, resolvemos lembrar para você, ou quem sabe apresentar, a longa trajetória do vigilante Paul Kersey no cinema. O filme foi pioneiro no quesito “homem comum resolve fazer justiça com as próprias mãos após o sistema falhar com ele”. Desejo de Matar pode não ter sido o primeiro do subgênero, mas sem dúvida foi o que se tornou mais icônico, despertando inúmeros seguidores de tal feitio.

Kersey é um personagem interessante, e um protagonista do qual não falamos o suficiente. Se formos levar em conta que os filmes protagonizados pelo imortal Charles Bronson são bem antigos, é mais fácil entender porque a nova geração não tem tanto contato com as obras. Bem, esperamos que o novo filme, dirigido por Eli Roth, faça o trabalho de uma boa ponte para que a garotada de hoje descubra estes verdadeiros clássicos do cinema de gênero – ação e suspense. E esperamos com esta matéria ter um pouquinho deste mérito também.

Crítica | Desejo de Matar – Bruce Willis e Eli Roth no remake do clássico de Charles Bronson

Desejo de Matar

Em 1974, Charles Bronson já era um senhor de 53 anos, e um ator veterano pra lá de estabelecido. Quando aceitou protagonizar a adaptação cinematográfica do livro de Brian Garfield, dirigido por Michael Winner (Assassino à Preço Fixo, 1972), o ator, que fez carreira em faroestes, como o clássico absoluto Era uma Vez no Oeste (1968), não imaginava que viveria aqui um dos maiores sucessos de sua filmografia. Sem dúvidas as intermináveis reprises em programas noturnos da TV aberta ajudaram com a popularidade do longa, ao menos em nosso país.

A trama simples e direta, mostra o arquiteto Kersey (Bronson) sofrendo após um ataque a sua mulher e filha, que termina por tirar a vida de sua esposa, em uma Nova York pra lá de violenta, propícia das décadas de 1970 e 1980. Após o trauma, o então pacato cidadão decide que precisa fazer algo, já que as autoridades não conseguem. E como uma droga para curar sua dor, o sujeito compra uma arma e sai distribuindo um pouco de sua própria justiça aos vagabundos e meliantes.

Kersey, porém, por pouco não ficou imortalizado na pele de outros atores. Steve McQueen e Clint Eastwood (saído do sucesso de Dirty Harry, 1971) recusaram o papel. Este é o único filme da série produzido pelo lendário Dino De Laurentiis. O longa fez tanto sucesso no cinema, que a Paramount decidiu aumentar o valor do ingresso para arrecadar mais, de US$ 3.50 para US$4 – no passado apenas O Poderoso Chefão e O Grande Gatsby haviam rendido ingressos mais caros para o estúdio.

O primeiro Desejo de Matar também marca a estreia no cinema do carismático ator Jeff Goldblum, que interpreta um dos marginais responsáveis pelo crime principal. Apesar do intenso tema armamentista do longa, Charles Bronson repudiava tal comportamento, e disse em certa ocasião que tais filmes violentos protagonizados por ele apenas serviam para apontar que a violência não compensa. Que a violência apenas gera mais violência.

Conheça a franquia Evil Dead – A Morte do Demônio / Uma Noite Alucinante

Desejo de Matar 2

Quase dez anos depois dos eventos apresentados no primeiro filme, Hollywood já demonstrava a ganância de continuar obras que não pediam, simplesmente pelo lucro. O sucesso falava mais alto e assim Paul Kersey retornava para mais um round de muitos tiros e combate de um homem à criminalidade.

Largando o dedo pelas ruas perigosas de Los Angeles ao invés de Nova York, o arquiteto justiceiro mostra-se um grande azarado, perseguido aonde estiver pela violência e o crime. Assim, é hora de se vingar da morte da filha, que havia sobrevivido ao ataque no original de 1974. Como estes já eram os anos 1980 – precisamente 1982 – a produção ficou a cargo da extinta Cannon, maior representante do cinema de ação para consumo rápido durante tal década.

Apesar de a esta altura já ter mais de 60 longas no currículo, Desejo de Matar 2 marca a primeira sequência na carreira de Charles Bronson. O diretor Michael Winner retornou para a continuação, e comparou o segundo longa a Rocky II – A Revanche (1979), definindo ambos os filmes como “iguais, mas diferentes”. Fora isso, o diretor, tentando se livrar da polêmica envolvendo o teor violento e justiceiro da obra, disse que a violência sempre existiu no mundo, antes mesmo de tais formas de arte, como o cinema.

Segundo reza a lenda, o prestigiado Stanley Kubrick, um dos maiores gênios da sétima arte, teria contratado o ator Kevyn Major Howard para seu filme de guerra Nascido para Matar (1987), após vê-lo em cena aqui. Natalie Wood, uma das mais inesquecíveis estrelas de Hollywood, indicada para três Oscar, seria a protagonista feminina do longa. A atriz faleceu no dia 29 de novembro de 1981, aos 43 anos (de forma bem misteriosa). As filmagens do segundo Desejo de Matar aconteceram por 44 dias, com lançamento no dia 11 de fevereiro de 1982 no Reino Unido, e 19 do mesmo mês e ano nos EUA.

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Desejo de Matar 3

Aqui Kersey não demorou muito para novamente se sentir ‘trigger happy’. A diferença foi apenas de 3 anos entre o segundo e o terceiro filme. Retornando para Nova York, Kersey é recrutado por policiais corruptos para eliminar uma gangue de criminosos que está aterrorizando uma vizinhança. Ou seja, ao invés de perseguido, Paul Kersey é “contratado” pela polícia para continuar agindo de sua forma errática.

Como não se mexe em time vencedor, ao menos é o que pensavam os produtores e envolvidos, o diretor Michael Winner dá as caras de novo no comando da obra. Apesar de continuar voltando a estrelar tais filmes, Bronson se mostrou descontente com o resultado do terceiro episódio, e em raras entrevistas apontava que o diretor filmou cenas extras de violência e mortes sem que ele estivesse no set.

Mesmo este sendo o terceiro longa, a popularidade da franquia não estava em declínio. Uma novelização do filme foi planejada – mas não chegou a sair do papel, impedido pelo autor Brian Garfiled, que detinha os direitos da história. No entanto, um vídeo game foi produzido com base em Desejo de Matar 3 e lançado em 1987. Apesar de irredutível com sua obra literária, duas das ideias originalmente planejadas para o primeiro filme, e contidas no livro, foram utilizadas nesta continuação –como quando Paul Kesrey usa um carro como isca para criminosos, e a aparição de um personagem porto-riquenho risonho.

Anunciado no festival de Cannes de 1984, um ano antes de sua estreia, muitos afirmam que o filme capitalizou seu lançamento em cima da polêmica envolvendo o vigilante da vida real, Bernhard Goetz, acusado de atirar e ferir quatro jovens durante uma tentativa de assalto no metrô de Nova York. O fato rendeu ao homem o apelido de “O justiceiro do metrô”, fazendo dele um herói para muitos habitantes. Depois da estreia do filme, Charles Bronson veio a público pedir para que as pessoas não agissem como Paul Kersey na vida real.

Desejo de Matar 4 – Operação Crackdown

Dois anos depois e adivinhem! Sim, Paul Kersey e Charles Bronson estavam de volta. O primeiro para jogar no saco a bandidagem e o segundo pelo ganha-pão. Aqui, o protagonista matador volta mais uma vez para Los Angeles – já deu para perceber que o sujeito se divide na ponte-aérea entre as costas dos EUA. Seria legal, tê-lo visto em outras cidades americanas. Fora isso, como o título entrega, dessa vez é o combate às drogas que motiva o controverso herói, após a morte por overdose da filha de sua namorada. Ô sujeito azarado.

Aqui, no entanto, uma troca significativa nos bastidores. Sai pela primeira vez da direção na série Michael Winner, cedendo o lugar para J. Lee Thompson. Afinal, uma hora algum dos dois ia cansar, e antes de Bronson, Winner pulou fora. O roteiro original de Gail Morgan Hickman exibia um teor mais existencialista, negado pela Cannon que exigia conexão com o público acostumado a receber sempre o mesmo da série.

Este é o único filme da franquia que não contém cenas de nudez, e o único no qual Paul Kersey volta ao trabalho como justiceiro não devido à morte de um ente ou uma pessoa querida. Aqui, o motivo que faz o protagonista matar de novo é a overdose da filha de sua namorada. A trama do quarto Desejo de Matar já foi comparada a de Yojimbo – O Guarda-Costas (1961), de Akira Kurosawa, aonde Kersey elimina estrategicamente membros de gangues rivais, até que elas se voltem uma contra a outra, acreditando serem as responsáveis.

Segundo reportado, Charles Bronson teve problemas com alguns diálogos do filme e algumas cenas de ação. Desta forma, o roteirista mudava o texto de maneira quase diária no set. A Cannon também desejava dar uma forma mais recheada de adrenalina e testosterona ao filme, e para isso utilizou uma trilha sonora bem parecida com as de Braddock – O Super Comando (1984) e Invasão USA (1985), dois sucessos do estúdio protagonizados por Chuck Norris.

Desejo de Matar 5

Intitulado The Face of Death, ou a Face da Morte, no original, foi aqui que a franquia perdeu de vez o gás e chegou ao seu ponto final. Os dois últimos exemplares são os menos apreciados pelos fãs, e o quinto longa é o que menos ressonância teve. A série iniciada em 1974, havia se prolongado ao longo da década de 1980 com os três episódios seguintes, e agora com exatos 20 anos de existência, adentrava em sua terceira década.

Como de costume nos episódios ímpares da franquia, Kersey retorna para Nova York, e por lá realiza sua nova “limpeza”. A cada filme o “desejo de matar” do sujeito parece aumentar e o motivo é cada vez menos justificável. Se nos primeiros, a vingança e o desespero vinham em primeiro lugar, nos últimos filmes o personagem já havia se tornado um matador frio, quase um robô exterminador. No quarto, o motivo para as chacinas foi a morte por overdose (?!) de sua enteada, já neste, Kersey sai largando o dedo na vagabundagem quando sua namorada tem o negócio ameaçado por mafiosos.

No terceiro filme, Londres dublou por Nova York, enquanto aqui a “grande maçã” era na realidade Toronto, no Canadá. Curiosamente, este novo exemplar só foi lançado no cinema nos EUA, e por um breve período. Ao redor do mundo, em países como o Reino Unido, o longa teve destino direto nas locadoras. Novamente para este novo filme, houve troca de diretor, e quem assumiu foi Allan A. Goldstein. Segundo relatos, a relação do astro Charles Bronson com o produtor palestino Menahem Golan, dono da produtora Cannon, azedou de tal forma, que o ator só se comunicava com ele através do diretor Goldstein.

Existiam inclusive planos de Golan para um sexto Desejo de Matar, sem Charles Bronson. O título propriamente seria The New Vigilante e iria apresentar um novo justiceiro. Mas a esta altura a relação do astro com o produtor estava tão ruim que, percebendo a barreira que Bronson colocaria para a produção do longa, Golan desistiu da ideia. Vinte e quatro anos depois, e finalmente ganhamos um novo exemplar – na verdade, o remake protagonizado por Bruce Willis.

Desejo de Matar 5 marcaria o último filme de Charles Bronson lançado nos cinemas. Depois disso, o ator estrelaria somente a série de ação À Queima Roupa, cujos três exemplares foram lançados direto em vídeo, respectivamente em 1995, 1997 e 1999. Charles Bronson faleceu em 2003, aos 81 anos.

Desejo de Matar

Quatro décadas depois do lançamento do Desejo de Matar original, e ganhamos a volta de Paul Kersey, numa era politicamente correta, pronta a rejeitar automaticamente as ações do justiceiro. Bem, se levarmos em conta a polêmica e os protestos que todos os filmes da franquia sofreram, nem tudo está tão diferente assim. O curioso é notar a participação de Bruce Willis, ícone do cinema de ação das décadas de 1980 e 1990, cuja carreira teve inicio graças ao pontapé dado por Bronson no filme original. Este é, de certa forma, o ciclo completo para Willis.

Desta vez, Kersey troca de profissão e de arquiteto se torna médico cirurgião. A família aumenta também, e agora o sujeito possui um irmão, pronto a acobertar por ele, papel de Vincent D´Onofrio. O roteiro é do diretor Joe Carnahan, um especialista no gênero, e a direção é do sangrento Eli Roth. O astro Sylvester Stallone esteve vinculado e iria protagonizar o longa, mas terminou se afastando por diferenças criativas.

A ideia da ação se passar em outra cidade, fora Nova York e Los Angeles da série original, foi atendida pelos produtores, e assim o novo Desejo de Matar se passa em Chicago. Curiosamente, ao final do filme, o Kersey de Willis se muda para Nova York. No filme do original, o nova iorquino Kersey de Bronson, se muda para Chicago no desfecho. Como o livro no qual os filmes foram baseados possui uma continuação, intitulada Death Sentence, quem sabe os produtores não se animam.

Ps. Lembrando que uma versão de Death Sentence já foi produzida em 2007, intitulada Sentença de Morte no Brasil, baseado no livro do mesmo Brian Garfield, e protagonizada por Kevin Bacon, John Goodman e Kelly Preston. A direção é de ninguém menos que James Wan.

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