Não é de hoje que as produções polonesas andam fazendo sucesso na Netflix. Vira e mexe há uma série ou filme, em qualquer gênero, figurando entre os mais vistos no Top 10 da plataforma. Isso indica não só um grande investimento da plataforma de streaming naquele país, mas também (ou acima de tudo) um grande interesse do público em (continuar a) assistir o que anda sendo produzido por lá. O mais recente sucesso polonês atende pelo nome ‘O Monastério’, que, embora repugnante, não sai das primeiras posições dentre os mais assistidos pelo público.
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Nos anos 1950, um padre em um isolado monastério no interior da Polônia foi impedido pela polícia de sacrificar um bebê em um ritual bizarro. Trinta anos depois, desde esse incidente, a polícia local tenta não interferir mais nos assuntos do monastério, porém, após denúncias anônimas, Marek (Piotr Zurawski) se infiltra no ambiente como um padre disfarçado, na tentativa de investigar o desaparecimento repentino de jovens mulheres da vila. Entretanto, o que ele não esperava era que seus colegas de batina fossem se comportar de maneira tão bizarra, levantando a suspeita de tudo e de todos.
De início, ‘O Monastério’ não parece o filme que vai te pegar. Com uma cena inicial interessante, em poucos minutos o longa recai numa mesmice que parece que vai se arrastar ao longo de suas uma hora e trinta de duração. Porém, o roteiro de Bartosz M. Kowalski e Mirella Zaradkiewicz segura a grande reviravolta para o último ato, inserindo, com entusiasmo, sequências de terror que certamente causam, no mínimo, repulsa, um ímpeto de vômito pelo que estamos assistindo. Não que ao longo da trama isso não aconteça – acontece, mas paulatinamente, apenas como consequência de um determinado ato, e quase sempre de maneira inesperada, uma vez que, salvo estas cenas, não acontece muita coisa no enredo até o supramencionado terceiro ato.
Partindo de um roteiro interessante, o longa de Bartosz M. Kowalski se vale de uma ideia cada vez mais holofotada de um puritanismo social alcançado por aqueles que se comportam dentro das normas especificadas por um seleto grupo, e aqueles que não se encaixam automaticamente se tornam párias e, portanto, objetos de uso e descarte. Bartosz parte desse mote e o insere dentro de um contexto católico extremista, elevando-o à potência máxima do embate bem versus mal, que é o grande dilema da humanidade desde o surgimento das religiões.
Desse panorama, as cenas de terror são moldadas a partir dessa proposta, misturando jump scares mais leves com closes de horror da mais genuína repugnância, desde consumo de alimentos estragados e asquerosos a corpos sendo mutilados explicitamente. Soma-se, ainda, a uma rápida demonstração de possessão demoníaca envolvido em fanatismo religioso com doses de satanismo e está servido o prato principal de ‘O Monastério’, e seu consequente sucesso na Netflix nesse mês de outubro.