As ladeiras de São Paulo estão sendo preparadas para a mais ousada e criativa edição do Red Bull Ladeira Abaixo, que acontece neste domingo (16) na Avenida Brigadeiro Luís Antônio, esquina com a Avenida Paulista. A partir das 10h, os corredores mais malucos de todo o Brasil vão se reunir para uma prova de velocidade, habilidade – e por que não um pouco de sorte? – para ir ladeira abaixo em carrinhos construídos especialmente para o evento.
E pela primeira vez na história da competição, uma edição será temática. E o tema desse ano é o mais divertido possível: cultura Geek. Com acesso a diversas obras da Cultura Pop mundial, os competidores construíram seus carrinhos e estão fazendo hoje (15), até às 16h, um Garage Day aberto ao público para conferirem os carrinhos antes da prova – e dos eventuais capotamentos que possam ocorrer amanhã – na Alameda Santos, 637 – Cerqueira César, São Paulo.
Quem vier ao evento, poderá conferir os carrinhos, jogar videogames em carros incríveis e até mesmo conhecer alguns streamers e nomes do E-Sport, como a galera da Tribo, da Furia e do Hero Base.
Mas, caso você não consiga comparecer ao Garage Day, o CinePOP marcou presença e vai mostrar um pouquinho do que o público pode esperar da corrida deste domingo (16). Confira!
Verdadeiro AranhaVerso
Quem entra na garagem da Red Bull se surpreende com os mais diversos carrinhos, mas o da Red Reverse é um dos mais chamativos. Com acabamento impecável, a equipe se inspirou no Porco-Aranha, de Homem-Aranha no Aranhaverso. Composto por quatro amigos de Curitiba, o time Red Reverse prepara uma surpresa ainda mais especial para quem for ver a corrida: eles vão descer a ladeira vestidos de Homens-Aranhas.
“A gente participa desse evento desde 2009, desde a época do Red Bull Flugtag. Mas não teve mais, então a gente passou a frequentar quase todos os eventos do Red Bull Ladeira Abaixo. Nesse ano, nós vamos correr vestidos de Homem-Aranha, sim. Vamos usar o macacão e a máscara, né? Vamos para a pista com piloto e copiloto e mais dois que vão empurrar o carrinho ladeira abaixo”, explicou Ditmar Gunter Litter.
A vez delas
E apesar de ser um evento que inicialmente atraia mais o público masculino, a equipe Ladies Letais chegou para mostrar que o lugar da mulher é onde ela quiser, incluindo pilotando um carrinho ladeira abaixo.
Em conversa com o CinePOP, Gisele Queiroz contou que a ideia surgiu justamente de não ter conseguido pilotar em outra edição.
“A primeira vez que a gente correu na nossa cidade, lá em Paranavaí, no Paraná, a gente participou de uma equipe com pilotos masculinos. A gente ficou com muita vontade de descer, só que meu irmão não deixou. No ano seguinte, por essa nossa vontade, a gente decidiu fazer uma equipe de mulheres, porque aí ninguém ia nos impedir de descer a ladeira. Então pensamos para tentar descobrir que elementos poderiam ser inseridos no carrinho para mostrar que a gente é mulher e pode fazer tudo. Na época, a Barbie estava em evidência no cinema e foi daí que veio a ideia de fazer o carrinho em forma de salto-alto rosa. A gente está em um ambiente que inicialmente é mais masculino, né? Mas vamos usar nossa feminilidade para demonstrar nossa força e que nosso espaço é nas corridas também”, disse.
E como o torneio é uma grande celebração da criatividade, a galera se aventura na construção desses modelos incríveis. O “Lethal Shoe” das Ladies Letais foi um desafio, principalmente na hora de dosar a rotina de emprego com a construção do carrinho.
Não deixe de assistir:
“O desafio de construir o carrinho é muito grande. Pra gente que trabalha durante a semana, ter que desenvolver e fazer virar realidade esse projeto, saindo da nossa zona de conforto, é dificultoso, mas é uma alegria imensa. E é uma emoção muito grande estar aqui na expectativa pela corrida de amanhã (16). Esse evento é muito maior que o da nossa cidade e tem muitos carros excelentes, espetaculares. Mas nossa expectativa é muito grande. A gente quer fazer o povo se divertir”, concluiu Giselle, que está acompanhada da irmã e das sobrinhas.
Mad Max paulista
Outro carro extremamente criativo e surpreendente é a plataforma musical de Mad Max: Estrada da Fúria. Inspirado no sucesso de George Miller, o carrinho vai descer a ladeira com um piloto no controle e um copiloto que ficará o tempo inteiro tocando guitarra.
Ao CinePOP, o guitarrista Zé Papa, que vai descer a ladeira fazendo música, contou que a ideia surgiu numa roda de bar e que não dá para pensar muito em como vai ser a prova, senão bate o receio de capotar com a guitarra.
“É aquela velha história. Sentamos todo mundo no bar, que é de onde sempre saem essas presepadas, e começamos a ver os temas disponíveis. Então pensamos em como juntar a temática Geek em um carrinho que permitisse a gente a fazer um som enquanto descia. Como a gente gosta de Mad Max, acabou sendo a escolha ideal. Eu vou descer amanhã tocando guitarra. E para ter uma ideia dessas é melhor não se preparar, porque senão você começa a pensar no que pode dar errado, aí fica meio tenso”, explicou.
Guerra nas pistas
Fenômeno de audiência no Disney+, The Mandalorian será homenageado com um carrinho inspirado no berço do Grogu, o Bebê Yoda.
Com direito a capacetes e sabres de luz, feitos pela própria equipe, o carro deu bastante trabalho para ser construído e pretende ir bem na prova.
“A gente teve que fazer algumas mudanças no nome, mas ficou um carrinho bem promissor e estruturado. Estou confiante. Fizemos as máscaras também, o capacete. Estamos tentando incorporar os personagens ao máximo e se divertir na corrida. Porque a gente quer ganhar, óbvio, mas queremos a diversão. A parte mais difícil de fazer o carrinho é adaptá-lo ao regulamento. Ajustar o chassi, questão de freio, trabalhar o peso. É uma parte bem difícil. Fora isso, a maior dificuldade é conseguir incorporar o personagem ao carrinho de forma que fique divertida e funcional. Mas todo mundo é amigo, então a gente se divertiu muito já fazendo o projeto”, afirmou Danilo Porto.
Busão do Totoro
Outro carrinho que chama atenção pelo acabamento espetacular é o Busão Gatão. Inspirado no Catbus de Meu Amigo Totoro, clássico Ghibli, o carrinho parece um brinquedo de parque temático.
Com uma equipe composta inteiramente por mulheres que se uniram pela faculdade, o Busão Gatão é um xodó que deu bastante trabalho.
“Foi difícil fazer o Busão Gatão. A gente passou várias semanas com três integrantes que não trabalhavam meio período, então elas ficavam mais tempo trabalhando no carrinho. Minha amiga e eu trabalhávamos no carro no sábado para ajudar. E a gente não sabia muito bem como fazer, porque essa é nossa primeira vez no Red Bull Ladeira Abaixo. Foi difícil!”, revelou Beatriz Tieko Ito.
Sobre as expectativas para a corrida, Beatriz deu uma resposta inusitada, mas completamente coerente com o histórico dos carrinhos que costumam encarar o desafio das ladeiras.
“A gente espera que dê tudo certo e que o carrinho termine inteiro. A gente capotar é o de menos, nós só queremos que ele termine inteiro, porque deu muito trabalho”, comentou.
Oldschool
Um dos carrinhos mais inusitados é o da equipe ET – O Extraterrestre. Quatro amigos de infância se juntaram para construir a bicicleta do Elliot para levar o ET ladeira abaixo.
“Nós somos de Ribeirão Preto e já participamos anteriormente com um carrinho de nuvens, o Nimbus, vestidos de anjos da Reb Bull. Nesse ano agora, com a temática Geek, como eu já tenho um pouco mais de idade, veio em mente a nossa infância com o ET. E tem isso das ladeiras, né? Do ET usando as ruas para voar com as bicicletas, então foi daí que veio a ideia”, disse Otavio Escobar, que também revelou que o carrinho veio desmontado até São Paulo. “Como nós somos de Ribeirão, o carrinho teve de vir desmontado por conta da estrutura. E agora nós estamos finalizando a alegoria para descer. Fizemos até a cabeça do ET para descer amanhã”, continuou.
Sobre a prova, que terá obstáculos e rampas inspiradas em elementos da Cultura Pop, Otavio revelou que ficou preocupado e vai torcer para a sorte estar ao seu lado amanhã.
“Rapaz, tivemos uma reunião agora para discutir a descida amanhã e estou um pouco preocupado. Porque se você olhar bem, nosso peso todo do carrinho está na frente, que é onde vai o ET. E tem algumas rampas no trajeto que a gente vai precisar mais de sorte do que de habilidade, mas vai ser bem legal. É um evento radical mesmo”, afirmou.
Lição de vida
E o grande astro desse Garage Day é o carrinho Casa Flutuante, do time UP – Loucas Aventuras. Construído de forma completamente sustentável, o carrinho nasceu das cinzas de um outro veículo utilizado por eles na edição de 2022.
“A gente já tinha participado da edição 2022 com um carro-capivara. Aí nos transformamos o que sobrou do carrinho, que bateu e quebrou, e fizemos toda a parte mecânica nova. O Eduardo Larrubia, que é nosso idealizador, nos motivou a fazer tudo reciclável, com cano de PVC, papelão e EVA, e foi ele quem desenhou, construiu e passou cerca de dois meses pintando a casa”, revelou Silvero, o simpático Russell dessa aventura.
Mais do que a casa, o time se inspirou e veio com o figurino completo de um filme que influenciou diretamente na vida dessa família de Varginha.
“A gente viu que a mensagem do filme é muito positiva, porque ela resgata uma ideia de vida. O Friedricksen está viúvo, já debilitado, e quando ele pega o livro de aventuras, vê que não realizou muitas coisas na vida. E ele procura realizar um dos últimos sonhos que teve com a Ellie, sua falecida esposa, que era chegar no Paraíso das Cachoeiras. E o filme nos ensina que é importante ter três coisas na vida: saúde, dinheiro e tempo. Quando o Friedricksen percebe isso, ele já está em uma situação crítica de estar sendo movido para um asilo. E a lição que fica é que o ideal na vida é aproveitar esse espírito de aventura a vida toda. É um filme que nos encantou pela história dele”, contou Silvero.
E assim como no próprio filme, essa família de aventureiros mostra que nunca é tarde para se divertir com quem se ama.
“A alegria de estar aqui é nossa grande meta. As equipes têm um senso de cooperação e de integração. Não é aquela ideia de ganhar, de vencer. Basta estar junto. Para você ter uma ideia, nós estamos aqui em família. São quatro da família, mais a nora, que está com o nosso netinho, e um amigão que embarcou no projeto. Esse momento de confraternização, os quatro dias de momentos únicos e a alegria de estar aqui. É isso que faz valer a pena. E também deixar os meninos aprontarem, porque só estudaram até hoje. Dava até dó”, concluiu.
“Vale a pena participar. É uma experiência única. Para quem gosta de adrenalina, um pouco de engenharia e comunicação visual, não tem nada melhor. Vale a pena participar, até porque é um evento bem organizado”, recomenda Otavio, da equipe ET.
