Hollywood é conhecida como a maior indústria de cinema do mundo. O local é sinônimo de fama e sucesso, a terra dos ricos e famosos. Em meio a todo este glamour e esta verdadeira fábrica de astros e estrelas também se faz filmes. E de lá saíram as maiores produções que todos nós amamos e não cansamos de assistir e citar. Para muitos, o cinema está no DNA. É dito que em 1903 surgiu Hollywood, e desde então uma verdadeira casta comanda este império do cinema: ou seja, os maiores estúdios de filmes, considerados os majors. Entre eles temos a Warner, por exemplo, criada em 1923 e ainda hoje uma das maiores produtoras e distribuidoras do mundo. Ou quem sabe a Paramount Pictures, criada em 1912.
Temos ainda a Universal Pictures (também criada em 1912), a extinta 20th Century Fox (criada em 1935) e a Walt Disney Pictures (criada em 1923). A Columbia Pictures e a MGM (Metro Goldwyn Mayer) foram criadas em 1924. Todos estes estúdios constituem o que podemos chamar de majors. Mas ao longo da história de Hollywood tivemos e temos também os estúdios de porte médio e os pequenos. Tudo isso para chegarmos ao tema da matéria, que é o oposto da trajetória de sucesso. Como você pode ter percebido pelo título, aqui falaremos dos filmes que foram fracassos tão grandes, que terminaram por pura e simplesmente falir seus estúdios. Confira abaixo.
A Ilha da Garganta Cortada (1995)
Faliu a Carolco
Começamos com o que ainda hoje é considerado o maior desastre financeiros de todos os tempos: ‘A Ilha da Garganta Cortada’, de 1995. O filme estrelado por Geena Davis e Matthew Modine era para ter ressuscitado o gênero dos piratas – que só ocorreria em 2003 com ‘Piratas do Caribe’. De acordo com o ‘Guinness – O Livro dos Recordes’, o longa é a maior perda financeira da história do cinema, com orçamento de US$115 milhões e bilheteria de US$10 milhões. O estúdio em questão era a Carolco, responsável por sucessos como ‘Rambo 2’, ‘O Exterminador do Futuro 2’, ‘O Vingador do Futuro’ e ‘Instinto Selvagem’. Ajustado para a inflação, o filme de piratas perdeu US$147 milhões – a Carolco pediria falência seis semanas antes da estreia do longa.
Marte Precisa de Mães (2011)
Faliu a ImageMovers Digital
A maioria das pessoas talvez nunca tenha ouvido falar da produtora ImageMovers Digital. Mas esse não foi um estúdio qualquer, já que se tratava de uma subdivisão dentro da Disney – um dos maiores estúdios do mundo (quiçá o maior) – de propriedade de Robert Zemeckis, o diretor da trilogia ‘De Volta para o Futuro’ e ‘Forrest Gump’. O estúdio foi responsável por animações como ‘O Expresso Polar’, ‘A Casa Monstro’, ‘A Lenda de Beowulf’ e ‘Os Fantasmas de Scrooge’. Mas foi obrigado a encerrar suas atividades em 2011, após o fracasso de ‘Marte Precisa de Mães’, que resultou em um dos maiores prejuízos para a Disney, tendo arrecadado US$39 milhões em um orçamento de US$150 milhões.
Superman IV – Em Busca da Paz (1987)
Faliu a Cannon Films
Recentemente, falei sobre a história da Cannon Films em uma matéria que você pode conferir abaixo no link. O estúdio era um dos mais promissores de Hollywood nos anos 80, mas ficaria carinhosamente conhecido por ser também um dos mais “picaretas” a ter passado pela maior indústria de cinema do mundo. Isso porque a Cannon constantemente dava passos maiores que as pernas. Foi o que levou o estúdio à falência, culminando no fatídico ano de 1987. No ano citado, a Cannon investiu em três grandes produções, que deveriam alavancar o estúdio para a nova década se dessem certo. Mas não deram. Com os fracassos consecutivos de ‘Falcão – O Campeão dos Campeões’, ‘Mestres do Universo’ (o filme do He-Man) e principalmente ‘Superman IV – Em Busca da Paz’, a Cannon foi obrigada a fechar as portas.
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A Bússola de Ouro (2007)
Faliu a New Line Cinema
Esse foi um material que conseguiu redenção e que anos mais tarde seria adaptado na série da HBO ‘His Dark Materials – Fronteiras do Universo’. Baseado nos livros de Philip Pullman, ‘A Bússola de Ouro’ era um projeto para lá de ambicioso da New Line Cinema, que muitos julgavam inadaptável em um único filme. E a ideia certamente era por uma série cinematográfica. Mas o fracasso de bilheteria do original colocou um ponto final nesta pretensão – ao menos nos cinemas. A New Line, por sua vez, nasceu como estúdio independente cujos maiores sucessos eram os filmes da franquia de terror ‘A Hora do Pesadelo’ nos anos 80. Justamente por isso, o estúdio ficaria conhecido pelo apelido de “A Casa que Freddy Construiu”.
Depois disso veio outro grande sucesso nos anos 90, os filmes em live-action do fenômeno ‘As Tartarugas Ninja’. O auge, no entanto, seria atingido com o financiamento milionário de ‘O Senhor dos Anéis’, uma trilogia que quebrou recordes de bilheteria e elogios da crítica. Pensando em repetir o feito, a New Line investiu pesado em ‘A Bússola de Ouro’, com orçamento de US$180 milhões – rendendo de volta apenas US$70 milhões nos EUA. Assim, pouco depois da estreia, a New Line pediria as contas e seria incorporada à Warner Bros. – posição na qual permanece até hoje.
Portal do Paraíso (1980)
Faliu a United Artists
Agora voltamos para um longa clássico, do início dos anos 80. A United Artists foi um dos grandes estúdios que ajudaram a fundar Hollywood – uma das companhias mais tradicionais da terra do cinema. Ela fazia parte do que podemos chamar de majors na época. No entanto, tudo mudaria quando o estúdio decidiu investir pesado numa aposta arriscada, um faroeste épico dirigido por Michael Cimino. A aposta parecia ser certeira, apesar da trama sobre a batalha de fazendeiros americanos contra imigrantes europeus que chegavam aos EUA, não parecer um tema que arrastaria multidões.
Acontece que Cimino tinha acabado de sair de um grande sucesso com ‘O Franco Atirador’, e estava no topo do mundo, inspirando confiança a qualquer investidor. Fora isso, o filme contava com um elenco renomado, de nomes como Kris Kristofferson, Christopher Walken, Jeff Bridges, Isabelle Huppert e John Hurt. O filme teve muitos problemas de bastidores, como acusações de maus tratos a animais, refilmagens e um orçamento inflacionado para US$44 milhões – seis vezes mais do que o original. O retorno foi apenas de US$3.5 milhões nas bilheterias, causando a United Artists ser vendida para a MGM. Anos depois, o filme ressurgiria como cult.
A Reconquista (2000)
Faliu a Franchise Pictures
Aqui temos um dos casos mais curiosos da lista. Considerado um dos piores filmes de todos os tempos, e recordista de indicações ao Framboesa de Ouro, ‘A Reconquista’ foi um projeto dos sonhos do astro John Travolta, em uma espécie de “carta de amor” à sua religião, a Cientologia. O resultado terminou manchando severamente a reputação então recuperada há pouco tempo do astro. A ficção científica mequetrefe foi um fiasco, mas o que faliu a produtora Franchise Pictures foi o processo que enfrentou da outra produtora do filme, a Intertainment. Essa segunda processou a Franchise por fraude, alegando uma disparidade do orçamento clamado (de US$75 milhões) para o orçamento real (US$44 milhões). A Intertainment ganhou a ação e a Franchise foi obrigada a pagar US$121.7 milhões ao estúdio parceiro, decretando falência logo em seguida.
Titan A.E. (2000)
Faliu a Fox Animation Studios
Nos anos 90, diversos estúdios de Hollywood lançaram suas divisões de animação – visando competir com a nova fase bastante lucrativa da Disney neste segmento. Após o sucesso fenomenal de ‘A Pequena Sereia’ (1989), a Disney viu o ressurgimento de uma excelente fase de seus desenhos, emplacando alguns dos filmes mais queridos no estilo, vide ‘A Bela e a Fera’, ‘Aladdin’ e ‘O Rei Leão’. Assim, outros estúdios começaram a se ajeitar para investir no segmento, como a Warner e a recém-criada Dreamworks.
A hoje extinta 20th Century Fox também resolvia entrar forte no mercado, para isso criando sua própria divisão de desenhos, chamada Fox Animation Studios. A Fox já lançava animações desde a década de 1960, mas sempre em parceria com outros estúdios menores, especializados no gênero. Foi só em 1997, que a Fox lançaria uma animação produzida pela nova divisão, com selo próprio. O filme em questão, ‘Anastasia’ (1997), com as vozes de Meg Ryan e John Cusack, sobre uma princesa russa, se mostrou um sucesso que animou o recente estúdio. Mas logo em sua segunda produção, a ambiciosa ficção científica ‘Titan A.E.’, com as vozes de Matt Damon e Drew Barrymore, o estúdio enfrentaria um fracasso tão grande (com uma perda de US$100 milhões) que precisaria fechar as portas prematuramente. Quantos outros estúdios você conhece que encerraram suas atividades após somente dois filmes?