quarta-feira , 20 novembro , 2024

Conheça os títulos BRASILEIROS presentes no Festival de Berlim 2024

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Do dia 15 ao 25 de fevereiro, o Festival de Cinema de Berlim invade as ruas da Potsdamer Platz, na capital da Alemanha. Com mais de 200 títulos no catálogo, o evento apresenta quatro produções e duas coproduções brasileiras em mostras paralelas. 

Dando início a temporada de grandes premiações internacionais na indústria cinematográfica, a Berlinale deixou mais uma vez o Brasil de fora da competição do Urso de Ouro. A última disputa nacional ao prêmio foi em 2020, com o filme Todos os mortos, escrito e dirigido por Caetano Gotardo e Marcos Dutra. Celebramos a vitória apenas duas vezes, com Tropa de Elite (2007), de José Padilha e Central do Brasil (1998), de Walter Salles.



Leia também: Conheça os Filmes Brasileiros no Festival de Berlim 2023

Os selecionados de 2024

O país é representado por dois longas-metragens Betânia, de Marcelo Botta, e Cidade; Campo, de Juliana Rojas, nas respectivas mostras Panorama e Encounters. Além dos curtas-metragens Lapso, de Caroline Cavalcanti, e Quebrante, de Janaina Wagner

Para completar a seleção, o Brasil também aparece em duas co-produções internacionais, são elas Shikun, de Amos Gitai, como a produtora brasileira Ventre Studio; e Dormir de olhos abertos, de Nele Wohlatz, com a produção da Cinemascópio, fundada por Kleber Mendonça Filho.

Conheça abaixo os detalhes de cada produção no Festival de Berlim 2024

Longas-Metragens Nacionais

Betânia, de Marcelo Botta

Betânia (Diana Mattos) tem 65 anos e é uma matriarca de família robusta. Após a morte do marido, as filhas convencem-na a regressar à aldeia onde nasceu e reencontrar-se com o resto da família. Ela deixa para trás o seu estilo de vida simples, agrário e sem eletricidade e chega a um local onde a convivem tradição e modernidade.

A vila fica à beira das dunas do parque nacional dos Lençóis Maranhenses, no estado brasileiro do Maranhão, em uma região recentemente desertificada não muito longe da Amazônia. Em 2018, Marcelo Botta filmou um documentário na região e ele volta ao local com o seu longa-metragem de estreia.

A expectativa é de belas paisagens e uma história emocionante ao longo de duas horas de projeção. Além de uma reflexão sobre as questões ecológicas e socioculturais. 

Cidade; Campo, de Juliana Rojas

Com o reconhecimento internacional de As Boas Maneiras (2018) e Trabalhar Cansa (2011) — ambos em parceria com Marco Dutra —, Juliana Rojas tem um promissor currículo no cinema fantástico. Depois da série da Netflix, Boca a Boca, ao lado de Esmir Filho, ela volta às discussões de luta de classe e os fantasmas que assombram a nossa realidade.

Cidade; Campo conta duas histórias de migração, memória e fantasmas entre a cidade e o campo. Após enchentes devastadoras em sua cidade natal, a trabalhadora rural Joana (Fernanda Vianna) se muda para São Paulo para encontrar sua irmã Tânia (Andrea Marquee), que mora com o neto Jaime (Kalleb Oliveira). Em um segundo momento, Flávia (Mirella Façanha) e Mara (Bruna Linzmeyer) lutam para recomeçar a vida em uma casa abandonada, mas a primeira desconfia haver algo na mata ao redor da residência.

Assim como em Sinfonia da Necrópole (2014), Juliana Rojas dirige sozinha o longa, sendo este a segunda iniciativa solo da cineasta de Campinas (SP).

Curtas-metragens Nacionais

Lapso, de Caroline Cavalcanti

Após serem flagrados em atos de vandalismo, Bel (Beatriz Oliveira) e Juliano (Juan Queiroz) se conhecem na biblioteca pública, onde realizam medidas socioeducativas. Prestes a completar 18 anos, Bel é surda, gosta de andar de skate e desenhar, mas enfrenta os desafios da comunicação por língua de sinais. Já Juliano é um jovem apaixonado por rap, registra seu cotidiano em áudio, porém não tem perspectivas para o futuro. 

Através das suas experiências partilhadas de repressão às mãos das autoridades estatais, os dois se aproximam. Juntos, eles encontram formas de resistir à dureza das suas vidas e à ignorância e negligência do sistema. Diretora estreante, Caroline Cavalcanti é uma pessoa com deficiência auditiva há 5 anos e vivenciou diferentes tipos de relacionamento com o som. Em 2020, recebeu o prêmio Cardume Cabíria pelo roteiro Zero Decibel, de Bernardo Silvino.

Quebrante, de Janaina Wagner

Apresentado na mostra Forum Expanded, Quebrante acompanha Dona Erismar, conhecida na região como A Mulher das Cavernas. A professora aposentada do ensino fundamental foi quem descobriu as cavernas na pequena cidade de Rurópolis, no Pará. Ela entrava nos buracos escuros e desconhecidos e explorava suas extensões com apenas uma vela nas mãos e um isqueiro amarrado nas calças.

Desde 2011, a artista e cineasta Janaina Wagner trabalha com vídeo, desenho e instalação. De acordo com a diretora, Quebrante é uma conversa entre a lua e as pedras, livremente inspirada no projeto The Truly Underground Cinema (O cinema verdadeiramente underground, 1971) de Robert Smithson e no filme The Very Eye of Night (O próprio olho da noite, 1958) de Maya Deren

Coproduções Nacionais 

Dormir de olhos abertos, de Nele Wohlatz

Com a produção da Cinemascópio, fundada por Kleber Mendonça Filho, o longa Dormir de olhos abertos tem como cenário uma quente cidade costeira do Brasil e será apresentado na mostra Encounters. Sem atores nacionais no elenco principal, o longa é uma mistura cultural entre Brasil, China e Argentina, além de falado em quatro idiomas: madarim, português, espanhol e inglês. 

Na trama, Kai (Liao Kai Ro) chega de férias de Taiwan com o coração partido e conhece Fu Ang (Wang Shin-Hong) e Xiao Xin (Chen Xiao Xin). Nesta comédia de mal-entendidos, os protagonistas são interpretados por atores estreantes, tendo como pano de fundo o trabalho e as relações delicadas entre eles.

O caráter multicultural do projeto é assinado pela cineasta Nele Wohlatz, nascida na Alemanha, mas com vivência de 12 anos em Buenos Aires, na Argentina. Este é seu segundo longa, após a obra O Futuro Perfeito, lançada no Festival de Locarno 2016.

Shikun, de Amos Gitai

Produção da companhia brasileira Ventre Studio com outras cinco empresas internacionais, Shikun é uma comovente metáfora inspirada na famosa peça Rinoceronte, do romano Eugène Ionesco, conhecido por fazer o teatro do absurdo. 

Na trama, um setor diversificado da sociedade israelense converge em um único edifício multiuso, chamado Shikun. À medida que pessoas de diferentes línguas, origens e gerações se reúnem em encontros altamente teatrais, elas enfrentam a situação de maneira surpreendente. Destaque para a presença da atriz suíça Irène Jacob, famosa pelos filmes A Dupla Vida de Véronique (1991) e A Fraternidade é Vermelha (1994), de Krzysztof Kieslowski

Nascido em Israel, o cineasta Amós Gitai estreou em 1980 com o documentário House. Desde então, ele dirigiu inúmeros filmes e participou da competição do Festival de Cannes e de Veneza. Fora de competição, Shikun será apresentado na mostra Berlinale Special este ano. 

Empolgado(a) com algum desses títulos? O CinePOP realiza a cobertura direta do Festival de Berlim, do dia 15 ao 25 de fevereiro de 2024. Acompanhe! 

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Letícia Alassë
Crítica de Cinema desde 2012, jornalista e pesquisadora sobre comunicação, cultura e psicanálise. Mestre em Cultura e Comunicação pela Universidade Paris VIII, na França e membro da Associação Brasileira de Críticos de Cinema (Abraccine). Nascida no Rio de Janeiro e apaixonada por explorar o mundo tanto geograficamente quanto diante da tela.

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Do dia 15 ao 25 de fevereiro, o Festival de Cinema de Berlim invade as ruas da Potsdamer Platz, na capital da Alemanha. Com mais de 200 títulos no catálogo, o evento apresenta quatro produções e duas coproduções brasileiras em mostras paralelas. 

Dando início a temporada de grandes premiações internacionais na indústria cinematográfica, a Berlinale deixou mais uma vez o Brasil de fora da competição do Urso de Ouro. A última disputa nacional ao prêmio foi em 2020, com o filme Todos os mortos, escrito e dirigido por Caetano Gotardo e Marcos Dutra. Celebramos a vitória apenas duas vezes, com Tropa de Elite (2007), de José Padilha e Central do Brasil (1998), de Walter Salles.

Leia também: Conheça os Filmes Brasileiros no Festival de Berlim 2023

Os selecionados de 2024

O país é representado por dois longas-metragens Betânia, de Marcelo Botta, e Cidade; Campo, de Juliana Rojas, nas respectivas mostras Panorama e Encounters. Além dos curtas-metragens Lapso, de Caroline Cavalcanti, e Quebrante, de Janaina Wagner

Para completar a seleção, o Brasil também aparece em duas co-produções internacionais, são elas Shikun, de Amos Gitai, como a produtora brasileira Ventre Studio; e Dormir de olhos abertos, de Nele Wohlatz, com a produção da Cinemascópio, fundada por Kleber Mendonça Filho.

Conheça abaixo os detalhes de cada produção no Festival de Berlim 2024

Longas-Metragens Nacionais

Betânia, de Marcelo Botta

Betânia (Diana Mattos) tem 65 anos e é uma matriarca de família robusta. Após a morte do marido, as filhas convencem-na a regressar à aldeia onde nasceu e reencontrar-se com o resto da família. Ela deixa para trás o seu estilo de vida simples, agrário e sem eletricidade e chega a um local onde a convivem tradição e modernidade.

A vila fica à beira das dunas do parque nacional dos Lençóis Maranhenses, no estado brasileiro do Maranhão, em uma região recentemente desertificada não muito longe da Amazônia. Em 2018, Marcelo Botta filmou um documentário na região e ele volta ao local com o seu longa-metragem de estreia.

A expectativa é de belas paisagens e uma história emocionante ao longo de duas horas de projeção. Além de uma reflexão sobre as questões ecológicas e socioculturais. 

Cidade; Campo, de Juliana Rojas

Com o reconhecimento internacional de As Boas Maneiras (2018) e Trabalhar Cansa (2011) — ambos em parceria com Marco Dutra —, Juliana Rojas tem um promissor currículo no cinema fantástico. Depois da série da Netflix, Boca a Boca, ao lado de Esmir Filho, ela volta às discussões de luta de classe e os fantasmas que assombram a nossa realidade.

Cidade; Campo conta duas histórias de migração, memória e fantasmas entre a cidade e o campo. Após enchentes devastadoras em sua cidade natal, a trabalhadora rural Joana (Fernanda Vianna) se muda para São Paulo para encontrar sua irmã Tânia (Andrea Marquee), que mora com o neto Jaime (Kalleb Oliveira). Em um segundo momento, Flávia (Mirella Façanha) e Mara (Bruna Linzmeyer) lutam para recomeçar a vida em uma casa abandonada, mas a primeira desconfia haver algo na mata ao redor da residência.

Assim como em Sinfonia da Necrópole (2014), Juliana Rojas dirige sozinha o longa, sendo este a segunda iniciativa solo da cineasta de Campinas (SP).

Curtas-metragens Nacionais

Lapso, de Caroline Cavalcanti

Após serem flagrados em atos de vandalismo, Bel (Beatriz Oliveira) e Juliano (Juan Queiroz) se conhecem na biblioteca pública, onde realizam medidas socioeducativas. Prestes a completar 18 anos, Bel é surda, gosta de andar de skate e desenhar, mas enfrenta os desafios da comunicação por língua de sinais. Já Juliano é um jovem apaixonado por rap, registra seu cotidiano em áudio, porém não tem perspectivas para o futuro. 

Através das suas experiências partilhadas de repressão às mãos das autoridades estatais, os dois se aproximam. Juntos, eles encontram formas de resistir à dureza das suas vidas e à ignorância e negligência do sistema. Diretora estreante, Caroline Cavalcanti é uma pessoa com deficiência auditiva há 5 anos e vivenciou diferentes tipos de relacionamento com o som. Em 2020, recebeu o prêmio Cardume Cabíria pelo roteiro Zero Decibel, de Bernardo Silvino.

Quebrante, de Janaina Wagner

Apresentado na mostra Forum Expanded, Quebrante acompanha Dona Erismar, conhecida na região como A Mulher das Cavernas. A professora aposentada do ensino fundamental foi quem descobriu as cavernas na pequena cidade de Rurópolis, no Pará. Ela entrava nos buracos escuros e desconhecidos e explorava suas extensões com apenas uma vela nas mãos e um isqueiro amarrado nas calças.

Desde 2011, a artista e cineasta Janaina Wagner trabalha com vídeo, desenho e instalação. De acordo com a diretora, Quebrante é uma conversa entre a lua e as pedras, livremente inspirada no projeto The Truly Underground Cinema (O cinema verdadeiramente underground, 1971) de Robert Smithson e no filme The Very Eye of Night (O próprio olho da noite, 1958) de Maya Deren

Coproduções Nacionais 

Dormir de olhos abertos, de Nele Wohlatz

Com a produção da Cinemascópio, fundada por Kleber Mendonça Filho, o longa Dormir de olhos abertos tem como cenário uma quente cidade costeira do Brasil e será apresentado na mostra Encounters. Sem atores nacionais no elenco principal, o longa é uma mistura cultural entre Brasil, China e Argentina, além de falado em quatro idiomas: madarim, português, espanhol e inglês. 

Na trama, Kai (Liao Kai Ro) chega de férias de Taiwan com o coração partido e conhece Fu Ang (Wang Shin-Hong) e Xiao Xin (Chen Xiao Xin). Nesta comédia de mal-entendidos, os protagonistas são interpretados por atores estreantes, tendo como pano de fundo o trabalho e as relações delicadas entre eles.

O caráter multicultural do projeto é assinado pela cineasta Nele Wohlatz, nascida na Alemanha, mas com vivência de 12 anos em Buenos Aires, na Argentina. Este é seu segundo longa, após a obra O Futuro Perfeito, lançada no Festival de Locarno 2016.

Shikun, de Amos Gitai

Produção da companhia brasileira Ventre Studio com outras cinco empresas internacionais, Shikun é uma comovente metáfora inspirada na famosa peça Rinoceronte, do romano Eugène Ionesco, conhecido por fazer o teatro do absurdo. 

Na trama, um setor diversificado da sociedade israelense converge em um único edifício multiuso, chamado Shikun. À medida que pessoas de diferentes línguas, origens e gerações se reúnem em encontros altamente teatrais, elas enfrentam a situação de maneira surpreendente. Destaque para a presença da atriz suíça Irène Jacob, famosa pelos filmes A Dupla Vida de Véronique (1991) e A Fraternidade é Vermelha (1994), de Krzysztof Kieslowski

Nascido em Israel, o cineasta Amós Gitai estreou em 1980 com o documentário House. Desde então, ele dirigiu inúmeros filmes e participou da competição do Festival de Cannes e de Veneza. Fora de competição, Shikun será apresentado na mostra Berlinale Special este ano. 

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Crítica de Cinema desde 2012, jornalista e pesquisadora sobre comunicação, cultura e psicanálise. Mestre em Cultura e Comunicação pela Universidade Paris VIII, na França e membro da Associação Brasileira de Críticos de Cinema (Abraccine). Nascida no Rio de Janeiro e apaixonada por explorar o mundo tanto geograficamente quanto diante da tela.

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