sexta-feira , 21 fevereiro , 2025

Conheça ‘Suspiria’ (1977), de Dario Argento, e a trilogia das Mães


YouTube video

Você já ouviu falar em Dario Argento? O cineasta italiano é motivo de culto para os fãs de terror mais antigos e por seus próprios colegas de ramo. O diretor foi um dos responsáveis por implementar na década de 1970 (onde verdadeiramente ganhou força) o movimento giallo, uma vertente do cinema de horror italiano que privilegia o grafismo, o exagero e o nonsense. Outros artistas que trabalham em tal gênero e cinéfilos apaixonados por todo o universo em torno de tais produções cinematográficas conhecem o valor que Argento possui na indústria e sua contribuição, até hoje muito influente.

suspiria1977 cinepop5



Dario Argento começou a carreira bem afastado do gênero que o imortalizaria, no entanto. Seu primeiro trabalho de grande relevância foi como parte do trio criativo que assinou o roteiro do faroeste dos faroestes: Era uma Vez no Oeste (1968), de Sergio Leone. Ao lado de Argento e do próprio Leone, a história contou ainda com outro lendário cineasta na confecção, Bernardo Bertolucci (O Último Tango em Paris).

suspiria1977 cinepop8

Com uma carreira de 25 créditos como diretor, entre filmes, séries, documentários e filmes para a TV, Argento estreou no comando de uma obra em 1970, já no gênero que nunca viria a abandonar durante toda a sua filmografia: o horror giallo. Logo em seu primeiro longa, O Pássaro das Plumas de Cristal, seu estilo ficaria cimentado e ditaria regra para seu modus operandi nas telas – um assassino à solta, um herói ou heroína em perigo (o único capaz de resolver o mistério), polícia inoperante ou completamente ineficiente, teor alucinógeno de eterno pesadelo e violência extrema ao ponto do grotesco caricatural e histérico.


suspiria1977 cinepop3

O diretor já tinha quatro filmes do gênero no currículo quando lançou Suspiria (1977), seu primeiro horror sobrenatural. Suspiria foi um divisor de águas na carreira do cineasta, vindo a se tornar sua obra mais celebrada. Esta era a primeira vez em que Argento deixava de lado o tema até então recorrente dos serial killers para investir em algo realmente sem explicação (e assim acompanhar o teor de seus primeiros filmes). O sentimento alucinógeno e onírico era justificado quando o diretor resolveu investir em sua primeira história de assombrações, entidades, espíritos malignos e bruxaria.

inferno cinepop1

Assista também: 
YouTube video



Suspiria – que ganhou remake este ano pelas mãos de Luca Guadagnino (Me Chame pelo seu Nome) – funciona de duas maneiras. Por um lado, é o avô de Cisne Negro (2010), de Darren Aronofsky, e fala sobre uma jovem bailarina chamada Suzy Bannion (Jessica Harper) ingressando numa prestigiada escola de dança e balé na Alemanha. Suzy chega como a promissora nova estrela da instituição, mas logo descobre estranhos acontecimentos e mortes de outras alunas – todas receosas com os eventos no local. Por outro lado, Argento investe num verdadeiro covil de bruxas enterrado abaixo da escola. Nesta camada paralela, Suspiria ganha contornos de O Bebê de Rosemary (1968), de Roman Polanski, no qual um cenário aparentemente acolhedor esconde terríveis segredos do passado, mantidos vivos até hoje.

inferno cinepop2

Com Suspiria, inadvertidamente, Dario Argento dava início a sua chamada trilogia das Mães. E a primeira apresentada é justamente esta que ficou conhecida como a Mãe dos Suspiros (daí “suspiria”, ou “suspiro”, “Falta de Ar”). A ideia ficou na cabeça do diretor e ele seguiu adiante com ela em seu filme seguinte. A Mansão do Inferno (Inferno), de 1980, move a trama da Alemanha para Nova York e Roma. Rose Elliot (Irene Miracle) encontra o livro ancestral explicando sobre as três entidades conhecidas como As Três Mães. Logo, cabe a seu irmão Mark Elliot (Leigh McCloskey) evitar o apocalipse e impedir que a força conhecida como Mãe das Trevas cause um cataclismo.

inferno cinepop

Depois de um grande hiato, causado pela falta do mesmo impacto que Inferno causou em relação à Suspiria, Dario Argento finalmente revisitou a lenda das três mães de novo, para – ao que tudo indica – encerrar de maneira propícia sua trilogia. O Retorno da Maldição: A Mãe das Lágrimas (The Mother of Tears), de 2007, incluiu sua filha, Asia Argento, com quem o diretor já vinha trabalhando desde Trauma (1993), pela primeira vez num filme das três mães. Asia protagoniza como Sarah Mandy, funcionária de um museu em Roma que sem querer desperta a terceira mãe: a Mãe das Lágrimas. Como diz o título.

mother of tears cinepop

O curioso do encerramento é que o roteiro cria um forte vínculo com os outros filmes, em especial Suspiria, citando os feitos da bailarina Suzy – num momento expositivo no qual um padre conta para a personagem de Asia sobre as bruxas e seus perigos para o mundo caso não sejam impedidas. Este é também o filme mais apocalíptico da trilogia, cujas ameaças foram se intensificando em escala – em Suspiria tudo era centrado num único prédio, em Inferno existia a possibilidade de se espalhar, e em A Mãe das Lágrimas vemos em primeira mão a coisa se alastrar e tomar as ruas, com chacinas públicas. Esta é a entidade mais sedutora de todas. Enquanto nos filmes anteriores as mães assumiam formas decrépitas em recuperação, aqui a Mãe das Lágrimas já chega ao mundo nas belíssimas e jovens formas da israelense Moran Atis, dona de trajes reveladores e hiper sexualizados ao longo de suas aparições.

mother of tears cinepop4

Durante o Festival de Toronto 2007, onde o longa fez sua estreia, Dario Argento chegou a dizer que não descarta um quarto filme abordando “as três mães”. Asia brincou sobre a possibilidade de se tratar de uma “pré-sequência”. No ano em que o novo Suspiria chega para celebrar o cineasta, não seria nada mal que o lendário diretor começasse a pensar seriamente nesta ideia.

mother of tears cinepop2

Agora, resta esperar para saber se o novo Suspiria aborda tais questões, se de cara abre espaço para as continuações – ou se funciona como obra única, com começo, meio e fim, esquecendo qualquer possibilidade de ampliar este universo como Argento fez.


IMPERDÍVEL! Você vai VICIAR nessa história de Vingança à moda antiga....

Siga-nos!

2,000,000FãsCurtir
372,000SeguidoresSeguir
1,620,000SeguidoresSeguir
200,000SeguidoresSeguir
162,000InscritosInscrever

ÚLTIMAS NOTÍCIAS

MATÉRIAS

CRÍTICAS

Conheça ‘Suspiria’ (1977), de Dario Argento, e a trilogia das Mães

Você já ouviu falar em Dario Argento? O cineasta italiano é motivo de culto para os fãs de terror mais antigos e por seus próprios colegas de ramo. O diretor foi um dos responsáveis por implementar na década de 1970 (onde verdadeiramente ganhou força) o movimento giallo, uma vertente do cinema de horror italiano que privilegia o grafismo, o exagero e o nonsense. Outros artistas que trabalham em tal gênero e cinéfilos apaixonados por todo o universo em torno de tais produções cinematográficas conhecem o valor que Argento possui na indústria e sua contribuição, até hoje muito influente.

suspiria1977 cinepop5

Dario Argento começou a carreira bem afastado do gênero que o imortalizaria, no entanto. Seu primeiro trabalho de grande relevância foi como parte do trio criativo que assinou o roteiro do faroeste dos faroestes: Era uma Vez no Oeste (1968), de Sergio Leone. Ao lado de Argento e do próprio Leone, a história contou ainda com outro lendário cineasta na confecção, Bernardo Bertolucci (O Último Tango em Paris).

suspiria1977 cinepop8

Com uma carreira de 25 créditos como diretor, entre filmes, séries, documentários e filmes para a TV, Argento estreou no comando de uma obra em 1970, já no gênero que nunca viria a abandonar durante toda a sua filmografia: o horror giallo. Logo em seu primeiro longa, O Pássaro das Plumas de Cristal, seu estilo ficaria cimentado e ditaria regra para seu modus operandi nas telas – um assassino à solta, um herói ou heroína em perigo (o único capaz de resolver o mistério), polícia inoperante ou completamente ineficiente, teor alucinógeno de eterno pesadelo e violência extrema ao ponto do grotesco caricatural e histérico.

suspiria1977 cinepop3

O diretor já tinha quatro filmes do gênero no currículo quando lançou Suspiria (1977), seu primeiro horror sobrenatural. Suspiria foi um divisor de águas na carreira do cineasta, vindo a se tornar sua obra mais celebrada. Esta era a primeira vez em que Argento deixava de lado o tema até então recorrente dos serial killers para investir em algo realmente sem explicação (e assim acompanhar o teor de seus primeiros filmes). O sentimento alucinógeno e onírico era justificado quando o diretor resolveu investir em sua primeira história de assombrações, entidades, espíritos malignos e bruxaria.

inferno cinepop1

Suspiria – que ganhou remake este ano pelas mãos de Luca Guadagnino (Me Chame pelo seu Nome) – funciona de duas maneiras. Por um lado, é o avô de Cisne Negro (2010), de Darren Aronofsky, e fala sobre uma jovem bailarina chamada Suzy Bannion (Jessica Harper) ingressando numa prestigiada escola de dança e balé na Alemanha. Suzy chega como a promissora nova estrela da instituição, mas logo descobre estranhos acontecimentos e mortes de outras alunas – todas receosas com os eventos no local. Por outro lado, Argento investe num verdadeiro covil de bruxas enterrado abaixo da escola. Nesta camada paralela, Suspiria ganha contornos de O Bebê de Rosemary (1968), de Roman Polanski, no qual um cenário aparentemente acolhedor esconde terríveis segredos do passado, mantidos vivos até hoje.

inferno cinepop2

Com Suspiria, inadvertidamente, Dario Argento dava início a sua chamada trilogia das Mães. E a primeira apresentada é justamente esta que ficou conhecida como a Mãe dos Suspiros (daí “suspiria”, ou “suspiro”, “Falta de Ar”). A ideia ficou na cabeça do diretor e ele seguiu adiante com ela em seu filme seguinte. A Mansão do Inferno (Inferno), de 1980, move a trama da Alemanha para Nova York e Roma. Rose Elliot (Irene Miracle) encontra o livro ancestral explicando sobre as três entidades conhecidas como As Três Mães. Logo, cabe a seu irmão Mark Elliot (Leigh McCloskey) evitar o apocalipse e impedir que a força conhecida como Mãe das Trevas cause um cataclismo.

inferno cinepop

Depois de um grande hiato, causado pela falta do mesmo impacto que Inferno causou em relação à Suspiria, Dario Argento finalmente revisitou a lenda das três mães de novo, para – ao que tudo indica – encerrar de maneira propícia sua trilogia. O Retorno da Maldição: A Mãe das Lágrimas (The Mother of Tears), de 2007, incluiu sua filha, Asia Argento, com quem o diretor já vinha trabalhando desde Trauma (1993), pela primeira vez num filme das três mães. Asia protagoniza como Sarah Mandy, funcionária de um museu em Roma que sem querer desperta a terceira mãe: a Mãe das Lágrimas. Como diz o título.

mother of tears cinepop

O curioso do encerramento é que o roteiro cria um forte vínculo com os outros filmes, em especial Suspiria, citando os feitos da bailarina Suzy – num momento expositivo no qual um padre conta para a personagem de Asia sobre as bruxas e seus perigos para o mundo caso não sejam impedidas. Este é também o filme mais apocalíptico da trilogia, cujas ameaças foram se intensificando em escala – em Suspiria tudo era centrado num único prédio, em Inferno existia a possibilidade de se espalhar, e em A Mãe das Lágrimas vemos em primeira mão a coisa se alastrar e tomar as ruas, com chacinas públicas. Esta é a entidade mais sedutora de todas. Enquanto nos filmes anteriores as mães assumiam formas decrépitas em recuperação, aqui a Mãe das Lágrimas já chega ao mundo nas belíssimas e jovens formas da israelense Moran Atis, dona de trajes reveladores e hiper sexualizados ao longo de suas aparições.

mother of tears cinepop4

Durante o Festival de Toronto 2007, onde o longa fez sua estreia, Dario Argento chegou a dizer que não descarta um quarto filme abordando “as três mães”. Asia brincou sobre a possibilidade de se tratar de uma “pré-sequência”. No ano em que o novo Suspiria chega para celebrar o cineasta, não seria nada mal que o lendário diretor começasse a pensar seriamente nesta ideia.

mother of tears cinepop2

Agora, resta esperar para saber se o novo Suspiria aborda tais questões, se de cara abre espaço para as continuações – ou se funciona como obra única, com começo, meio e fim, esquecendo qualquer possibilidade de ampliar este universo como Argento fez.

Mais notícias...

Siga-nos!

2,000,000FãsCurtir
372,000SeguidoresSeguir
1,620,000SeguidoresSeguir
195,000SeguidoresSeguir
162,000InscritosInscrever

ÚLTIMAS NOTÍCIAS

MATÉRIAS

CRÍTICAS