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    ‘Coringa 2’, ‘Megalópolis’, ‘Transformers’ e os maiores fracassos da segunda metade de 2024

    Todo ano o cinema nos apresenta grandes sucessos inesquecíveis que carregaremos para toda a vida. No entanto, para existir equilíbrio no universo, precisamos ter também os fracassos retumbantes. Afinal, o que seria do sucesso sem o fracasso? É claro que com o streaming, depois a pandemia, e os dois combinados (a pandemia só fortaleceu essa forma de se relacionar com os filmes, de casa), tirou muitos espectadores das salas, inviabilizando alguns sucessos em potencial.

    Na primeira metade de 2024 conhecemos alguns desastres de trem como ‘Madame Teia’ e ‘Argylle’, por exemplo, filme problemáticos, que ninguém colocava muita fé, e que se mostraram fiascos de crítica e público. Mas além destes filmes que ninguém dava muita confiança, também tivemos fracassos de bilheteria que surpreenderam, porque o público e a crítica realmente gostaram. Filmes como ‘Furiosa – Uma Saga Mad Max’ e ‘O Dublê’ eram dois dos mais esperados de 2024, mas que o grande público simplesmente não se deu ao trabalho de ir assistir nos cinemas – garantindo assim o fracasso de bilheteria a eles.

    Confira abaixo um novo lote de superproduções que não atingiram o esperado nas bilheterias, incluindo alguns dos filmes mais aguardados de 2024, que todos juravam que iriam arrecadar US$1 bilhão. Aliás, esse ano só tivemos dois longas a atingir tal marca. Será que algum outro ainda se juntará ao seletíssimo clube?

    Leia também: Os 10 Maiores Fracassos de Bilheteria de 2024 (Até o Momento)!

    Harold e o Lápis Mágico

    O ator Zachary Levi parecia ter um futuro brilhante pela frente, após o sucesso de seu maior filme, ‘Shazam!’, de 2019. Mostrando como o meio artístico pode ser ingrato, a decisão de reiniciar o universo DC no cinema causou o abandono do público aos filmes que já estavam engatilhados para 2023. Assim, não tinha como ‘Flash’, ‘Besouro Azul’ e ‘Aquaman 2’ se darem bem, seria um investimento à toa. No lote entrou também ‘Shazam 2’.

    Desmoralizado, Levi ainda tentou dar uma de Ryan Reynolds no infantil ‘Harold e o Lápis Mágico’, cuja única vantagem foi ter o brasileiro Carlos Saldanha no comando de seu primeiro live-action. Mas se nem o “original” ‘Amigos Imaginários’ cativou (o filme entrou na lista dos fracassos da primeira metade do ano). ‘Harold’ não custou caro para os padrões de Hollywood, US$40 milhões, mas sequer conseguiu se pagar com US$29 milhões mundiais.

    Leia também: ‘Borderlands’, ‘Furiosa’, ‘O Dublê’ e os maiores FRACASSOS de bilheteria de 2024 (até o momento)!

    Borderlands

    Com um dos subtítulos mais “trocaralhos do cadilho”, ‘O Destino do Universo está em Jogo’ deu alguns passos para trás em relação ao que projetos como ‘Super Mario Bros’, ‘Sonic’ e principalmente ‘The Last of Us’ conquistaram no terreno das adaptações de videogames para o cinema. ‘Borderlands’ foi uma produção problemática, mudou de diretor, ficou engavetado e quando finalmente estreou, muitos acharam que já havia sido lançado. Resultado, com um orçamento de US$115 milhões, e a presença de estrelas do time A, como Cate Blanchett e Jamie Lee Curtis, o pretenso blockbuster não conseguiu nem fazer US$35 milhões ao redor do mundo – se tornando um dos maiores fiascos da última década.

    O Corvo

    O remake de ‘O Corvo’ se encaixa perfeitamente na categoria de filmes “natimortos”, cuja simples menção do projeto bem antes do início das filmagens já causava repulsa aos fãs. Das muitas formas que o projeto teve em seus estágios iniciais, a que causou mais atração foi a que teria o grandalhão Jason Momoa como o protagonista – era a chance de algo diferente. A versão que ganhamos, com o esforçado Bill Skarsgard, encontrou grande resistência, reforçada após as primeiras imagens e o primeiro trailer. Não ajudou o fato de os críticos o terem massacrado. Com US$50 milhões de orçamento, o filme não fez sequer a metade mundialmente.

    AfrAID

    Que filme é este, você pergunta? Pois bem, querido leitor. Se trata da mais recente investida da Blumhouse em abordar o tema da inteligência artificial como fonte de um filme de terror – depois do sucesso de ‘M3GAN’ (que ganhará continuação ano que vem). Você poderia até descartar o longa como uma obra do cinema B, mas é preciso levar em conta que na direção temos Chris Weitz (‘Um Grande Garoto’ e ‘Uma Vida Melhor’) e estrelando, Katherine Waterston (‘Vício Inerente’, ‘Animais Fantásticos’ e ‘Alien Convenant’). É dito que os filmes de terror custam pouco e arrecadam muito. Bem, nem todos. No caso de ‘AfrAID’, o filme apenas conseguiu se pagar, o que com o resto desta lista talvez seja uma vantagem. O orçamento foi de US$12 milhões e o filme fez US$12.5 milhões mundialmente.

    The Killer’s Game

    O resultado de um filme em seu país de origem afeta a estreia dele nos cinemas do Brasil, se não for uma superprodução com uma campanha de marketing massiva. Se for um filme “médio”, muitas vezes ele não passa pelos cinemas, sendo lançado direto no streaming. Esse foi o caso com ‘Guerra sem Regras’ no início do ano, e muito provavelmente será o caso com ‘AfrAID’ e com esse ‘The Killer’s Game’. Ninguém dava muito por esse novo veículo de ação da dupla Dave Bautista e Sofia Boutella, mas sempre existe a esperança de ser o novo ‘John Wick’, ou ao menos o novo ‘Anônimo’. ‘Killer’s Game’ não foi nenhum dos dois e arrecadou US$5.9 milhões mundiais. Não foi revelado o seu orçamento, mas duvidamos que tenha sido menos que a arrecadação.

    Transformers: O Início

    Como os poderosos caíram! Nos anos 80, os ‘Transformers’ já foram a linha de brinquedos mais vendidas do mundo, que ganhou um desenho animado febre com a molecada. O título foi ressuscitado em 2007 pelas mãos de Steven Spielberg e Michael Bay. Mas a mesma dupla tiraria até a última gota da marca com a chegada de 2017, com cinco filmes. Duas tentativas de sacudir a poeira falharam, em 2018 e 2023. Enquanto a insana ideia de unir os robozões com os Comandos em Ação não sai, a proposta foi pela primeira animação dos personagens no cinema desde a década de 1980. E apesar dos fãs e dos críticos terem aprovado o resultado, o grande público simplesmente não se importou ao ponto de pagar o ingresso do cinema. Resultado:  com orçamento de US$75 milhões, ficou bem longe do esperado, com menos de US$100 milhões em bilheteria mundial.

    Não Solte!

    Não Solte!’ pode até parecer um lançamento pequeno. Mas contando com uma das maiores estrelas de Hollywood como protagonista (Halle Berry é até hoje a única atriz negra a ter vencido na categoria de atriz principal no Oscar) e a direção do conceituado Alexandre Aja (especialista em filmes de terror chamativos), o longa estreou em nada menos do que 2.667 salas ao redor dos EUA – e poderia ter se tornado o sucesso cult para a época do dia das bruxas. Afinal, está em cartaz por lá há um pouco mais de vinte dias. No entanto, em sua estreia o filme fez US$4.4 milhões domesticamente. Seria um valor bom para um filme pequeno, caso o orçamento não tivesse sido de US$25 milhões. Até o momento o longa fez US$13 milhões mundialmente.

    Megalópolis

    Carinhosamente apelidado de “Megaflópolis”, não nos dá alegria nenhuma fazer essa brincadeira com um dos maiores diretores de cinema vivos. Mas também não podemos ignorar os fatos. E eles são o seguinte: uma lição aprendida pelos poderosos da indústria este ano foi não colocar seu próprio dinheiro em suas produções. Bem, isso deveria ser o certo, mas resultou em fiascos tanto para Kevin Costner em ‘Horizon’, quanto para Francis Ford Coppola em ‘Megalópolis’. Coppola vendeu parte de sua vinícola para financiar seu sonho ambicioso de US$120 milhões. Um filme que penou para encontrar distribuidor porque a maioria acreditava que vender o longa ao público seria impossível. Até o momento, ‘Megalópolis’ fez mundialmente US$10 milhões, se tornando um dos maiores desastres financeiros da história. É triste.

    Pássaro Branco

    Um raio não cai no mesmo lugar duas vezes. ‘Pássaro Branco’ é uma prova disso. Acontece que o filme é uma espécie de continuação ou derivado do sucesso ‘Extraordinário’, de 2017, com Julia Roberts e Jacob Tremblay interpretando um menino com deformidade facial. ‘Pássaro Branco’ é a continuação dessa história, mas não da família principal, e sim de Julian (Bryce Gheisar), o menino que fazia bullying com o protagonista. Ele foi expulso do colégio e agora cresceu, mas se tornou incapaz de se adaptar na nova escola. O filme se desenrola com sua avó (Helen Mirren) lhe contando sobra sua infância durante a Segunda Guerra Mundial e os nazistas. Quem diria que ‘Extraordinário’ iria se transformar em um filme sobre esse tema?! Talvez por isso tenha sido engavetado por um tempo, e agora que foi lançado recuperou apenas US$5 milhões (até o momento) de seu valor de produção de US$40 milhões.

    Coringa: Delírio a Dois

    Não tem como evitar, ‘Coringa 2’ é uma das maiores decepções de 2024. Você pode dizer o que quiser: que as pessoas não entenderam a proposta do filme, que criaram expectativa demais, seja o que for. O resumo dessa ladainha é: a grande maioria que havia feito do primeiro ‘Coringa’ um sucesso retumbante (com mais de US$1 bilhão ao redor do mundo) deu de ombros após ouvir tantos comentários negativos sobre o filme. A pergunta que fica, no entanto, é: como a continuação de um dos maiores sucessos dos últimos cinco anos, e um dos, senão o filme mais esperado de 2024, conseguiu ir do céu ao inferno tão rapidamente?

    A resposta para isso pode estar sendo desvendada agora. Com notícias de que o diretor Todd Phillips recebeu carta branca do estúdio para criar o que quisesse, sem interferência e, o mais absurdo, sem exibições-teste. Fora isso, o filme foi concebido de um sonho que Joaquin Phoenix teve. Tamanho preciosismo fica parecendo realmente uma grande trolada nos fãs. O resultado veio a galope, já que nos EUA até o momento, o filme, que teve o absurdo orçamento de US$200 milhões, somou apenas US$40 milhões. Ao redor do mundo, o longa deverá ao menos se pagar, já que soma US$119 milhões após uma semana de estreia. Mas não fará nem de perto o mesmo barulho do original e não deverá chegar sequer aos US$500 milhões mundiais, para obter algum lucro.

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