“Eu odeio nazistas!”
Existem momentos em que a nossa vida passa por um verdadeiro plot twist, bom, estou vivendo um deles agora. As palavras a seguir foram ditas poucas vezes durante essas poucas décadas que vivo na Terra (seria a nossa a Terra 1?), se duvidar, elas nunca foram ditas, entretanto, a reviravolta foi feita e agora preciso admitir: a CW acertou. “Crisis On Earth X” são quatro episódios da porra! É, de fato, um supercrossover, ou melhor ainda, um megacrossover.
É tanta gente trabalhando tanto por trás das câmeras, quanto na frente delas, que é preciso parar e refletir sobre tanto nome em um lugar só. Mas vamos lá, vamos tentar falar de tudo que fez destes quatro episódios algo tão bom, a nível surpreendente.
Para começar é preciso elogiar o roteiro que soube ter começo, meio e fim. Em primeiro lugar, a parte um consegue apresentar muito bem as quatro séries que estarão presentes dentro do crossover e os personagens principais que serão vistos durante este período. A Terra X é o último lugar na contagem de universos que qualquer um gostaria de ir, afinal, é onde os nazistas venceram a Segunda Guerra Mundial. E é com ela que o episódio se inicia, já mostrando a ameaça que os heróis e as lendas terão que enfrentar.
Além de construir uma história bem fundamentada, os roteiristas fizeram com que os personagens não perdessem a essência que possuem, realizou uma dinâmica agradável, real e gostosa de assistir, além, claro, de criarem uma ligação de deixar o público desejando por mais momentos assim. É preciso destacar Sara Lance (Caity Lotz) e Alex Danvers (Chyler Leigh) que protagonizaram cenas inesperadamente (ou não) bem realizadas. As conversas após as duas terem uma relação casual (quem nunca se pegou em um casamento enquanto alguém fazia um discurso, certo?), as conversas que se originaram disso e o compartilhamento de histórias foram essenciais para ambas. Agora a nossa querida Agente Danvers é parte do time também (já queremos no próximo crossover – e vai que rola um rematch, não reclamaríamos).
É claro que não posso deixar de citar a amizade entre Barry Allen (Grant Gustin), Kara Danvers (Melisa Benoist) e Oliver Queen (Stephen Amell) que também realizaram cenas divertidas e tensas. Especialmente o momento em que os dois chegam primeiro ao local e esperam pelo Arqueiro que não possui super velocidade. Como não rir com a Supergirl assoviando enquanto espera o tempo passar? Até agora já ficou claro que “Crisis On Earth X” fez o público rir e refletir, só que ainda nem cheguei a parte em que fez o telespectador chorar e ficar na beira da sofá roendo as unhas.
Não perdendo aqueles que assistiam em momento algum, os quatro episódios trouxeram personagens que já haviam morrido ou desaparecido, em versões da Terra X ou, como no caso do Eobard Thawne (Tom Cavanagh), como ele mesmo fazendo o que não deve mais uma vez (um já basta, certo?). Enquanto a atuação de Amell não surpreende como o Dark Arrow, já que não se diferencia muito, a ex-Glee Melissa Benoist faz um trabalho excelente como Overgirl e mostra, mais uma vez, versatilidade. O mesmo vale para Jeremy Jordan, o Winn Schott, numa versão general e totalmente confiante, e Wentworth Miller, o Citizen Cold, que possui uma personalidade mais dócil.
Preciso salientar a representatividade também proporcionada, afinal, estamos falando sobre o tema nazismo aqui. Primeiro, para aqueles que não lembram, Felicity Smoak (Emily Bett Rickards) é judia e em determinado ponto esta sidekick do Arqueiro Verde e Iris West (Candice Patton), uma negra, se unem para salvar uma alienígena e chutar uns nazistas. Sem contar que o Snart da Terra X namora Ray Terrill (Russell Tovey), O Ray, só para lembrar que os dois atores são gays assumidos. Dois diálogos interessantes merecem entrar em destaque: quando eles estão dentro do campo de concentração e questionam Terrill sobre o símbolo na roupa dele, que diz estar ali por amar a pessoa errada e a câmera foca nos rostos de Sara Lance e Alex Danvers. Outro ponto é quando a Canário Branco se depara com o pai, Quentin Lance (Paul Blackthorne), também da terrinha 53 e ele diz que eliminou a própria filha que tinha as “mesmas tendências” que a dela. Nem acredito que vou dizer isso, mas palmas para a CW e que soco no estômago ao pensar na situação dos EUA com os movimentos dos neonazistas.
E “quem precisa de um exército quando se tem lendas?” Infelizmente, era óbvio que “Crisis On Earth X” teria uma baixa e a mesma foi de DC’s Legends Of Tomorrow. O Dr. Martin Stein (Victor Garber) que teve participação na vida de quase todos os personagens vistos não resistiu às feridas provocadas pelos tiros. Foi triste e ao mesmo tempo reconfortante ver o tamanho do laço de pai e filho compartilhado entre ele e o Jefferson (Franz Drameh), algo a mais para se incluir quando o tema é nazismo e se tem uma relação deste tipo entre um homem branco e um homem negro. Aparentemente, a partir de agora o telespectador verá um Jax mais humano já que a outra metade do Firestorm se foi.
A direção das quatro produções audiovisuais merecem palmas também considerando o espetacular trabalho feito. As coreografias das lutas, a explosão de cores, a quantidade absurda de personagem para dirigir dentro de uma só cena deve ter sido algo surreal, que no fim saiu absurdamente bem feito para o orçamento que possuem. É um acerto de dar gosto!
Como não querer soltar gritinhos de alegria ao ver Supergirl e Overgirl lutando? Na quantidade de referências fantásticas quando entra o episódio de DC’s Legends Of Tomorrow (reconhecem? http://www.youtube.com/watch?v=GBZH6u9sSW0)? Com as lutas bem conduzidas? Ou com a Killer Frost (Danielle Panabaker) construindo um caminho de gelo para a Amaya (Maisie Richardson-Sellers) e a Zari (Tala Ashe) chegarem a Waverider nazista? E os momentos de tensão em que a certeza que aquele momento era o fim para os nossos heróis e não tinha mais jeito? As risadas dadas com as cenas de Mick Rory (Dominic Purcell), as caras e bocas da Alex Danvers e a risada do Cisco (Carlos Valdes) em plena luta com o Metallo (Frederick Schmidt/voz). E não podemos esquecer a participação do Red Tornado (Iddo Goldberd).
Queria ter mais espaço para citar todos os elementos que tornam “Crisis On Earth X” um dos melhores crossovers que tive a permissão de assistir. O roteiro, a direção, a arte, a trilha sonora, as atuações, é o alívio que o público precisava mediante as histórias que tem deixado a desejar nas séries da DCTV dentro da CW. É uma pena ter que esperar por essa reunião de família por mais um ano. Mas está aí, acertaram e foi em grande estilo. Todos os envolvidos merecem parabéns! Foi empolgante, emocionante, reflexivo, divertido e com ação para agradar até os que preferem cenas mais dramáticas.