A espera foi longa, mas finalmente chegou o dia! ‘Barbie’ estreia a partir dessa semana nos cinemas nacionais – e é tudo isso mesmo que a gente esperava!
Barbie Estereotipada (Margot Robbie) está feliz e contente em seu mundo perfeito e de plástico. Sua vidinha se resume em acordar bela todos os dias, cumprimentar todas as Barbies da Barbilândia e passar o dia com Ken (Ryan Gosling). Todos os dias são iguais para a bela Barbie… até, de repente, ela começar a ter pensamentos estranhos sobre morte. Diante de uma sequência de fatos esquisitos, Barbie decide procurar a Barbie Estranha (Kate McKinnon), que lhe diz que para resolver todas as esquisitices que estão ocorrendo em sua vida ela deverá sair da Barbilândia e ir para o Mundo Real, atrás da criança que brinca com ela para, assim, recolocar no lugar o véu que separa ambos os mundos. Confusa sobre todos os sentimentos que repentinamente está sentindo, Barbie embarca nessa aventura junto com seu companheiro Ken, sem imaginar as consequências dessa viagem para os dois.
Em duas horas de filme, a diretora e roteirista Greta Gerwig entrega absolutamente tudo que poderíamos esperar de um projeto como esse em pleno 2023 – e, ainda por cima, o melhora. Porque, sejamos realistas: em 2023, quem gostaria de ver um filme da ‘Barbie’? Quem compra essa boneca ou brinca com ela? A boneca é um símbolo de um tempo e se tornou um modelo estético a ser seguido por diversas gerações – e criticado pelas que vieram depois. Como criar um filme sobre este objeto, ainda mais quando o projeto é dado nas mãos de uma diretora como Greta Gerwig, uma mulher declaradamente feminista, vencedora do Oscar e que faz filmes justamente sobre empoderamento e universo feminino?
A resposta é simples: subvertendo a boneca. E é exatamente isso que ‘Barbie’, o filme, faz com o produto.
Para o seu ‘Barbie’ os roteiristas Greta Gerwig e Noah Baumbach (atual marido de Greta) ressignificam as críticas feitas à boneca ao longo do tempo e a empoderam com consciência, sentimentos e feminismo. Vemos isso desde o início, na cena de abertura maravilhosa que introduz a boneca à história (com maiúsculo e minúsculo) através de uma paródia com ‘2001: Uma Odisseia no Espaço’ – que, no original, traz escrito “A aurora do homem”. Nada é à toa.
No contexto de ‘Barbie’, há, talvez pela primeira vez, espaço para falar do Ken. Aliás, até Ryan Gosling está bem no filme, entregando caretas ótimas para as mudanças que seu personagem enfrenta ao longo da jornada. No universo colorido, divertido e plástico de Barbilândia, há espaço também para participação luxuosa de um elenco com nomes como Dua Lipa, Emma MacKey, Will Ferrell, John Cena, Kingsley Ben-Adir, Michael Cera, Helen Mirren, Kate McKinnon e Simu Liu. Há espaço até para a Mattel, empresa que fabrica os bonecos, fazer um mea-culpa de produtos que não foram boa ideia!
Greta faz de ‘Barbie’ uma ferramenta contra o patriarcado e o falocentrismo que domina o mundo real. Para isso, foi fundamental a escolha perfeita de Margot Robbie no papel principal – ela, que já se objetificou em papeis como ‘O Lobo de Wall Street’ e que ganhou o coração da meninada como a Arlequina. Margot e Greta constroem juntas o mundo feminino e divertido da Barbilândia que, certamente, ambas desejam ver no mundo real, através da mensagem direta e clara que o filme busca levar para os espectadores – mais especificamente, às espectadoras.
Mercadologicamente, ‘Barbie’ é um ótimo produto de marketing que consegue com louvor ressignificar a marca para o pensamento contemporâneo. Cinematograficamente, o longa é bem-feito, bem produzido, bem atuado e bem dirigido. Para o público, é diversão-pipocão, com muita risada, uma excelente mensagem de fundo e uma sensação de bem-estar ao final. Só não vai gostar do filme quem se identifica com o mundo que ‘Barbie’ critica… Paciência, pois o filme conquistará indicações ao Oscar esse ano.