domingo , 22 dezembro , 2024

Crítica | 12 Horas para Sobreviver: O Ano da Eleição

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Estado de Anarquia

Um pouco de contextualização. O cineasta James DeMonaco, mais conhecido como roteirista de thrillers emocionantes como A Negociação (1998) e Assalto à 13ª DP (2005), levou às telas em 2013 – como roteirista e diretor – sua visão de uma América anárquica, na qual durante uma única noite no ano todo e qualquer tipo de crime é permitido. A proposta incentivada pelos novos fundadores do país (leia-se o novo senado) se mostrou eficiente e diminuiu a criminalidade nos demais dias do ano. Dessa forma, se você vai mal financeiramente, pode se preparar para roubar um banco ou pessoas ricas, tudo dentro da lei, ou se aquele desafeto te importuna o ano inteiro, é a hora da vingança, por exemplo.

A proposta do roteiro de DeMonaco é criativa, soando no papel forte o suficiente para anunciar-se como única, e render um longa metragem chamado Uma Noite de Crime, bancado pela Universal e protagonizado por Ethan Hawke (Sete Homens e um Destino) e Lena Headey (Game of Thrones). Meu pensamento sobre o filme original foi que embora a ideia seja interessante, pouco é feito ou discutido com ela. Ao contrário, temos o típico filme de terror e suspense, que em sua estrutura central se assemelha mais com Os Estranhos (2008), no qual sádicos mascarados invadem (ou tentam) uma casa, prontos para massacrar uma família.



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A sequência ampliou a ideia, tirou os personagens de dentro de um único ambiente e os levou para usar a cidade inteira como cenário. Foi o passo além necessário para nos centralizar mais eficientemente na loucura que consiste o infame dia do Expurgo. Diversas vertentes e possibilidades são apresentadas em Uma Noite de Crime: Anarquia (2014), que explora bem situações como “o que acontece quando não chegamos em casa antes do início do evento maligno”, ou a visão de um protagonista em busca de vingança por um mal que lhe foi causado. A continuação assume formas de Fuga de Nova York (1981), onde personagens se veem soltos no ambiente mais hostil imaginável, no qual tudo e todos são perigos iminentes.

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Agora chegamos a esta terceira parte na franquia imaginada por DeMonaco, que demorou um pouco mais para sair do papel e tenta, ao menos no Brasil, de certa forma se desassociar dos filmes anteriores. O esperado seria o título Uma Noite de Crime: Ano da Eleição, mas o que ganhamos foi este 12 Horas para Sobreviver. A estratégia da Universal Brasil visa gerar mais público ao não anunciar o filme como uma continuação, fato ao qual grande parte dos desavisados estará alheio. Na trama, a noite do Expurgo pode finalmente estar com os dias contados, quando uma vítima do cruel dia sobrevive após ter sua família massacrada e se torna uma senadora dos EUA. Interpretada por Elizabeth Mitchell (Lost), a tal senadora lança sua campanha à presidência, que tem como principal proposta o fim da desumana noite sancionada por lei.

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O elo de ligação é o ex-policial interpretado por Frank Grillo (Capitão América: Guerra Civil), que volta a protagonizar a série, desta vez trabalhando como chefe da segurança pessoal da senadora. Obviamente, um plano de governo que visa abolir uma decisão imposta pelo senado, será combatida severamente pelos próprios, e a candidata se torna o alvo principal desta nova noite de Expurgação. Mais uma vez na franquia, o novo filme consegue explorar ângulos não abordados anteriormente, dando um detalhamento maior desta realidade.

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O interessante de ficções científicas que criam um novo mundo é nos mostrar como funciona este mundo, nos inserindo em seu dia a dia. Boas ficções são as que nos transportam, vide Blade Runner (1982), Aliens – O Resgate (1986), Brazil – O Filme (1985) e Minority Report (2002), só para citar alguns. Já as ruins, correm conosco pelo local sem que possamos contemplá-lo, vide o remake de O Vingador do Futuro (2012). 12 Horas para Sobreviver fica no meio termo. Aborda ângulos diferentes, somando subtramas que envolvem um dono de mercearia precisando proteger seu negócio de clientes indesejados, após a seguradora remover sua apólice, e uma jovem (papel de Betty Gabriel) que faz o trabalho que ninguém quer nesta noite, arrisca-se para salvar vidas em uma ambulância improvisada.

Além disso, existe um grupo clandestino que planeja o assassinato de um ministro, visando pôr fim no Expurgo através de seus próprios métodos ilegais. Tudo isso é muito curioso e funciona bem, o problema é a estrutura que precisa existir para levar a grande massa aos cinemas de shopping, que transforma a produção em um filme de sobrevivência, no qual um grupo de pessoas precisa lutar por sua vida. Essa estrutura poderia vir servida na forma de combate a qualquer tipo de ameaça, sejam zumbis, criminosos ou criaturas. O que vemos é apenas a ação. Em resumo, DeMonaco tem ótimas ideias, que seus filmes infelizmente não acompanham.

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Um pouco de contextualização. O cineasta James DeMonaco, mais conhecido como roteirista de thrillers emocionantes como A Negociação (1998) e Assalto à 13ª DP (2005), levou às telas em 2013 – como roteirista e diretor – sua visão de uma América anárquica, na qual durante uma única noite no ano todo e qualquer tipo de crime é permitido. A proposta incentivada pelos novos fundadores do país (leia-se o novo senado) se mostrou eficiente e diminuiu a criminalidade nos demais dias do ano. Dessa forma, se você vai mal financeiramente, pode se preparar para roubar um banco ou pessoas ricas, tudo dentro da lei, ou se aquele desafeto te importuna o ano inteiro, é a hora da vingança, por exemplo.

A proposta do roteiro de DeMonaco é criativa, soando no papel forte o suficiente para anunciar-se como única, e render um longa metragem chamado Uma Noite de Crime, bancado pela Universal e protagonizado por Ethan Hawke (Sete Homens e um Destino) e Lena Headey (Game of Thrones). Meu pensamento sobre o filme original foi que embora a ideia seja interessante, pouco é feito ou discutido com ela. Ao contrário, temos o típico filme de terror e suspense, que em sua estrutura central se assemelha mais com Os Estranhos (2008), no qual sádicos mascarados invadem (ou tentam) uma casa, prontos para massacrar uma família.

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A sequência ampliou a ideia, tirou os personagens de dentro de um único ambiente e os levou para usar a cidade inteira como cenário. Foi o passo além necessário para nos centralizar mais eficientemente na loucura que consiste o infame dia do Expurgo. Diversas vertentes e possibilidades são apresentadas em Uma Noite de Crime: Anarquia (2014), que explora bem situações como “o que acontece quando não chegamos em casa antes do início do evento maligno”, ou a visão de um protagonista em busca de vingança por um mal que lhe foi causado. A continuação assume formas de Fuga de Nova York (1981), onde personagens se veem soltos no ambiente mais hostil imaginável, no qual tudo e todos são perigos iminentes.

Agora chegamos a esta terceira parte na franquia imaginada por DeMonaco, que demorou um pouco mais para sair do papel e tenta, ao menos no Brasil, de certa forma se desassociar dos filmes anteriores. O esperado seria o título Uma Noite de Crime: Ano da Eleição, mas o que ganhamos foi este 12 Horas para Sobreviver. A estratégia da Universal Brasil visa gerar mais público ao não anunciar o filme como uma continuação, fato ao qual grande parte dos desavisados estará alheio. Na trama, a noite do Expurgo pode finalmente estar com os dias contados, quando uma vítima do cruel dia sobrevive após ter sua família massacrada e se torna uma senadora dos EUA. Interpretada por Elizabeth Mitchell (Lost), a tal senadora lança sua campanha à presidência, que tem como principal proposta o fim da desumana noite sancionada por lei.

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O elo de ligação é o ex-policial interpretado por Frank Grillo (Capitão América: Guerra Civil), que volta a protagonizar a série, desta vez trabalhando como chefe da segurança pessoal da senadora. Obviamente, um plano de governo que visa abolir uma decisão imposta pelo senado, será combatida severamente pelos próprios, e a candidata se torna o alvo principal desta nova noite de Expurgação. Mais uma vez na franquia, o novo filme consegue explorar ângulos não abordados anteriormente, dando um detalhamento maior desta realidade.

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O interessante de ficções científicas que criam um novo mundo é nos mostrar como funciona este mundo, nos inserindo em seu dia a dia. Boas ficções são as que nos transportam, vide Blade Runner (1982), Aliens – O Resgate (1986), Brazil – O Filme (1985) e Minority Report (2002), só para citar alguns. Já as ruins, correm conosco pelo local sem que possamos contemplá-lo, vide o remake de O Vingador do Futuro (2012). 12 Horas para Sobreviver fica no meio termo. Aborda ângulos diferentes, somando subtramas que envolvem um dono de mercearia precisando proteger seu negócio de clientes indesejados, após a seguradora remover sua apólice, e uma jovem (papel de Betty Gabriel) que faz o trabalho que ninguém quer nesta noite, arrisca-se para salvar vidas em uma ambulância improvisada.

Além disso, existe um grupo clandestino que planeja o assassinato de um ministro, visando pôr fim no Expurgo através de seus próprios métodos ilegais. Tudo isso é muito curioso e funciona bem, o problema é a estrutura que precisa existir para levar a grande massa aos cinemas de shopping, que transforma a produção em um filme de sobrevivência, no qual um grupo de pessoas precisa lutar por sua vida. Essa estrutura poderia vir servida na forma de combate a qualquer tipo de ameaça, sejam zumbis, criminosos ou criaturas. O que vemos é apenas a ação. Em resumo, DeMonaco tem ótimas ideias, que seus filmes infelizmente não acompanham.

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