quarta-feira , 25 dezembro , 2024

Crítica 2 | Homem-Aranha: De Volta ao Lar – É o filme do herói que você queria

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Curtindo a Vida Adoidado

Talvez vocês não saibam, mas o Homem-Aranha nem sempre teve essa vida fácil no cinema. A epopeia para tirar o herói aracnídeo do papel foi tortuosa e rendeu décadas de intensa vontade. Se a Marvel Studios hoje é esse dínamo comercial de ideias, a empresa penou durante as décadas de 1970, 1980 e 1990, quando a rival DC reinava, para conseguir emplacar suas propriedades em outras mídias. Para uma investida mais detalhada, recomendo o livro Marvel Comics, a História Secreta (2014), de Sean Howe, que abre sem pudor as cortinas da casa, relembrando seus altos e baixos.

O Homem-Aranha é para a companhia, o que o Mickey é para a Disney, a face, o garoto propaganda. Logo, ter o personagem como carro chefe em uma produção cinematográfica era essencial. Entre tantas idas e vindas e chutes na trave, o que inclui ter Leonardo DiCaprio como Peter Parker num filme dirigido por James Cameron na década de 1990, o herói finalmente dava certo em 2002, com Sam Raimi na direção e Tobey Maguire no papel principal. Com todos os seus defeitos (contrabalanceados com o dobro ou triplo de qualidades), Homem-Aranha serviu com fundação para o que temos hoje – a orgia anual de diversos filmes do gênero.



Novos veículos surgiram para dedicarem-se exclusivamente ao universo dos super-heróis no cinema. Mais uma vez, é preciso agradecer ao longa de Raimi. Depois de cinco filmes, dos quais apenas os dois primeiros são verdadeiramente cultuados, o Homem-Aranha volta a protagonizar uma superprodução (sem contar a ponta de Guerra Civil ano passado), três anos depois de sua última investida. Este, porém, não é somente mais um filme do personagem, trata-se do primeiro incluído no universo cinematográfico da Marvel – feito que os fãs julgavam impossível. O fato demonstra que o longa, ao menos nos bastidores, é muito mais do que um filme.

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Com os diretos na Sony, o personagem se via distante de qualquer possibilidade de aparecer ao lado dos bem sucedidos heróis Homem de Ferro e Capitão América, por exemplo. Mostrando o poder da internet e das mídias sociais, os fãs chiaram em grande comoção e antes que Andrew Garfield e o diretor Marc Webb pudessem concluir sua malfadada trilogia do Espetacular Homem-Aranha, o plugue foi puxado, um acordo foi feito e o personagem dividido entre os estúdios para, agora sim, aparecer ao lado dos Vingadores. É dar ao povo, ou os fãs, o que eles querem.

Quem comanda agora é Jon Watts, jovem cineasta cujo currículo hospeda o terror eficiente Clown (sobre um sujeito que aos poucos se torna um palhaço-demônio) e A Viatura, sucesso em festivais sobre uma história de amadurecimento, bem violenta, de duas crianças. No comando de sua primeira superprodução, Watts entrega o desejado, caprichando nas cenas de ação, mas igualmente apreciando momentos calmos, nos quais os personagens podem se estabelecer. Uma cena em especial, no fim do filme, entre o protagonista e seu principal antagonista é minuciosamente detalhada e tensa, mostrando que apesar de todo o barulho, Watts se importa com os pormenores.

Em sua essência, Homem-Aranha: De Volta ao Lar é um filme adolescente de colégio. A decisão sábia do roteiro traz Peter Parker (Tom Holland, o terceiro intérprete do personagem e o mais jovem) de volta aos 14 – 15 anos de idade. E aqui funciona muito bem. Suas desventuras não são tão típicas quanto as de Tobey Maguire – a melhor encarnação do cerne do personagem, com falta de dinheiro, problema com as garotas, tia idosa. O Homem-Aranha de Holland é apadrinhado pelo bilionário (ou seria trilionário?) Tony Stark (Robert Downey Jr.), chega a recusar certas investidas da gracinha Liz (Laura Harrier), por quem nutre paixão, e sua tia, agora nas formas da estonteante Marisa Tomei, bem, curte dançar e uma cervejinha na janta.

A trama, embora simplista, é eficiente. Na história, Adrian Toomes (Michael Keaton) após ser tirado de jogada pela empresa de Tony Stark, começa a utilizar as peças e partes da tecnologia alienígena, ainda ligada ao primeiro Os Vingadores (2012) – o grande marco zero, ainda ecoando para o núcleo da Terra do MCU – para fabricar armas superpoderosas e vendê-las a criminosos. O vilão utiliza um maquinário na forma de grandes asas e um capacete. Embora saibamos que se trata do Abutre (inimigo clássico dos quadrinhos), o nome não é utilizado por ele, mas o detalhe das penugens no casaco ficou legal. Toomes também não age sozinho, e a seu lado, algumas versões de outro conhecido vilão, o Shocker.

Michael Keaton consegue humanizar o personagem, em especial devido a uma guinada do roteiro, nos quarenta e cinco do segundo tempo, que de tão bem bolada se torna a cereja no bolo, e a ideia mais interessante de todo o filme. Fora isso, existe muito humor na dinâmica de Peter e seus colegas. De Volta ao Lar também consegue se sustentar como filme próprio, evitando equívocos recentes de filmes do gênero cujo único propósito parece ser criar conexão com outras produções vindouras.

Holland é carismático e se encaixa como uma luva no papel. Keaton e Downey Jr. não chegam a roubar a cena, mas possuem inserções estratégicas, e sendo atores do porte que são, tiram de letra a brincadeira. Outros dois nomes no elenco que devem ser mencionados são os de Zendaya e Jacob Batalon, enquanto o segundo serve de alívio cômico máximo na pele do melhor amigo Ned, a exótica jovem atriz soa relativamente sem propósito, até a revelação final de quem sua Michelle é na realidade (o que irá deixar os fãs tão abobalhados como quando aquela menina linda lhes sorri).

Homem-Aranha: De Volta ao Lar, assim como Batman Begins (2005), deixa todo o resto de lado (no bom sentido) para dar ênfase a seu personagem principal. O filme de Watts se propõe a investir na figura jovial do protagonista, deixando o foco total em Holland, que segura bem as rédeas da situação. Talvez o novo filme do aracnídeo não esteja lá em cima junto com as melhores produções da casa, mas demonstra mais graça e consistência que os filmes estrelados por Andrew Garfield, e bem menos pretensão que outras obras do estúdio, vide Homem de Ferro 3 (2013) e Vingadores: Era de Ultron (2015). Assim como o ótimo e subestimado Homem-Formiga (2015), Homem-Aranha: De Volta ao Lar funciona em menor escala, sem propensões megalômanas ou raios no céu. E isso é um grande alívio. Fiquem paras as duas cenas pós-créditos. E um brinde para novas parcerias entre estúdios.

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O Homem-Aranha é para a companhia, o que o Mickey é para a Disney, a face, o garoto propaganda. Logo, ter o personagem como carro chefe em uma produção cinematográfica era essencial. Entre tantas idas e vindas e chutes na trave, o que inclui ter Leonardo DiCaprio como Peter Parker num filme dirigido por James Cameron na década de 1990, o herói finalmente dava certo em 2002, com Sam Raimi na direção e Tobey Maguire no papel principal. Com todos os seus defeitos (contrabalanceados com o dobro ou triplo de qualidades), Homem-Aranha serviu com fundação para o que temos hoje – a orgia anual de diversos filmes do gênero.

Novos veículos surgiram para dedicarem-se exclusivamente ao universo dos super-heróis no cinema. Mais uma vez, é preciso agradecer ao longa de Raimi. Depois de cinco filmes, dos quais apenas os dois primeiros são verdadeiramente cultuados, o Homem-Aranha volta a protagonizar uma superprodução (sem contar a ponta de Guerra Civil ano passado), três anos depois de sua última investida. Este, porém, não é somente mais um filme do personagem, trata-se do primeiro incluído no universo cinematográfico da Marvel – feito que os fãs julgavam impossível. O fato demonstra que o longa, ao menos nos bastidores, é muito mais do que um filme.

Com os diretos na Sony, o personagem se via distante de qualquer possibilidade de aparecer ao lado dos bem sucedidos heróis Homem de Ferro e Capitão América, por exemplo. Mostrando o poder da internet e das mídias sociais, os fãs chiaram em grande comoção e antes que Andrew Garfield e o diretor Marc Webb pudessem concluir sua malfadada trilogia do Espetacular Homem-Aranha, o plugue foi puxado, um acordo foi feito e o personagem dividido entre os estúdios para, agora sim, aparecer ao lado dos Vingadores. É dar ao povo, ou os fãs, o que eles querem.

Quem comanda agora é Jon Watts, jovem cineasta cujo currículo hospeda o terror eficiente Clown (sobre um sujeito que aos poucos se torna um palhaço-demônio) e A Viatura, sucesso em festivais sobre uma história de amadurecimento, bem violenta, de duas crianças. No comando de sua primeira superprodução, Watts entrega o desejado, caprichando nas cenas de ação, mas igualmente apreciando momentos calmos, nos quais os personagens podem se estabelecer. Uma cena em especial, no fim do filme, entre o protagonista e seu principal antagonista é minuciosamente detalhada e tensa, mostrando que apesar de todo o barulho, Watts se importa com os pormenores.

Em sua essência, Homem-Aranha: De Volta ao Lar é um filme adolescente de colégio. A decisão sábia do roteiro traz Peter Parker (Tom Holland, o terceiro intérprete do personagem e o mais jovem) de volta aos 14 – 15 anos de idade. E aqui funciona muito bem. Suas desventuras não são tão típicas quanto as de Tobey Maguire – a melhor encarnação do cerne do personagem, com falta de dinheiro, problema com as garotas, tia idosa. O Homem-Aranha de Holland é apadrinhado pelo bilionário (ou seria trilionário?) Tony Stark (Robert Downey Jr.), chega a recusar certas investidas da gracinha Liz (Laura Harrier), por quem nutre paixão, e sua tia, agora nas formas da estonteante Marisa Tomei, bem, curte dançar e uma cervejinha na janta.

A trama, embora simplista, é eficiente. Na história, Adrian Toomes (Michael Keaton) após ser tirado de jogada pela empresa de Tony Stark, começa a utilizar as peças e partes da tecnologia alienígena, ainda ligada ao primeiro Os Vingadores (2012) – o grande marco zero, ainda ecoando para o núcleo da Terra do MCU – para fabricar armas superpoderosas e vendê-las a criminosos. O vilão utiliza um maquinário na forma de grandes asas e um capacete. Embora saibamos que se trata do Abutre (inimigo clássico dos quadrinhos), o nome não é utilizado por ele, mas o detalhe das penugens no casaco ficou legal. Toomes também não age sozinho, e a seu lado, algumas versões de outro conhecido vilão, o Shocker.

Michael Keaton consegue humanizar o personagem, em especial devido a uma guinada do roteiro, nos quarenta e cinco do segundo tempo, que de tão bem bolada se torna a cereja no bolo, e a ideia mais interessante de todo o filme. Fora isso, existe muito humor na dinâmica de Peter e seus colegas. De Volta ao Lar também consegue se sustentar como filme próprio, evitando equívocos recentes de filmes do gênero cujo único propósito parece ser criar conexão com outras produções vindouras.

Holland é carismático e se encaixa como uma luva no papel. Keaton e Downey Jr. não chegam a roubar a cena, mas possuem inserções estratégicas, e sendo atores do porte que são, tiram de letra a brincadeira. Outros dois nomes no elenco que devem ser mencionados são os de Zendaya e Jacob Batalon, enquanto o segundo serve de alívio cômico máximo na pele do melhor amigo Ned, a exótica jovem atriz soa relativamente sem propósito, até a revelação final de quem sua Michelle é na realidade (o que irá deixar os fãs tão abobalhados como quando aquela menina linda lhes sorri).

Homem-Aranha: De Volta ao Lar, assim como Batman Begins (2005), deixa todo o resto de lado (no bom sentido) para dar ênfase a seu personagem principal. O filme de Watts se propõe a investir na figura jovial do protagonista, deixando o foco total em Holland, que segura bem as rédeas da situação. Talvez o novo filme do aracnídeo não esteja lá em cima junto com as melhores produções da casa, mas demonstra mais graça e consistência que os filmes estrelados por Andrew Garfield, e bem menos pretensão que outras obras do estúdio, vide Homem de Ferro 3 (2013) e Vingadores: Era de Ultron (2015). Assim como o ótimo e subestimado Homem-Formiga (2015), Homem-Aranha: De Volta ao Lar funciona em menor escala, sem propensões megalômanas ou raios no céu. E isso é um grande alívio. Fiquem paras as duas cenas pós-créditos. E um brinde para novas parcerias entre estúdios.

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