quarta-feira , 18 dezembro , 2024

Crítica 2 | Independence Day: O Ressurgimento

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Nem a nostalgia consegue salvar o desastre que é o novo filme-catástrofe de Roland Emerich

O experiente cineasta Roland Emmerich é conhecido mundialmente por sempre realizar ou estar envolvido com o subgênero chamado de filme-catástrofe. Desde o início da carreia suas produções bastante calcadas na ficção cientifica, mas geralmente escapistas, despertavam o interesse do espectador médio e conseguiam atrair uma boa média de público. Algumas delas eram deveras intragáveis – Godzilla (1998), 10.000 A.C. (2008) e 2012 (2009) – e outras cumpriam bem o papel de entreter – Soldado Universal (1992), Stargate – A Chave para o Futuro da Humanidade (1994) e O Dia Depois de Amanhã (2004) – no entanto a que mais chamava atenção era Independence Day (1996), pois, apesar do orçamento médio para um blockbuster, o longa trabalhava maravilhosamente bem com seus efeitos visuais e possuía personagens cheios de carisma.

Mesmo faturando bastante, é curioso que tenha demorado tanto para que uma continuação saísse do papel. O próprio diretor cogitou a possibilidade de lançar mais dois filmes chamados de Independence Day: Forever – Part 1 e Part 2, algo que foi solenemente ignorado pela Fox, que nem sequer ventilou a possibilidade de uma terceira parte. Aliás, o roteirista Dean Devlin foi contratado para escrever a então aguardada sequência, porém não gostou do trabalho que fez e decidiu devolver o valor que ganhou à produtora. E só após quinze anos, quando Emmerich o chamou para trabalhar na continuação, Devlin sentiu ter a trama perfeita, ledo engano.



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Reunindo praticamente todo elenco do anterior – menos o protagonista Will Smith, por questões orçamentarias – chega ao cinema Independence Day: O Ressurgimento, agora três vezes mais caro que o original e com a promessa de trazer sequências de ação tão marcantes quanto as que vimos no longa anterior. A trama é de fato uma continuação direta do primeiro evento e ocorre exatamente vinte anos depois – não no ponto de vista dos alienígenas, onde foram passadas apenas algumas semanas. Estes que atacam a Terra novamente com armas ainda mais poderosas e em maior número. Onde o então exercito americano e um grupo de jovens pilotos irá defender o planeta a fim de atacar o ponto fraco e acabar com a ameaça.

Obviamente a plot simplória e batida já faria qualquer espectador pensar estar diante de mais uma grande e boba produção hollywoodiana, onde primeiramente imaginam-se as cenas de batalhas e explosões para depois se pensar na história que irá amarrar tais andamentos. E provavelmente devam estar certos, já que é exatamente essa a impressão que se tem ao assistir essa segunda parte. Em dado momento, depois de tantos ataques aéreos e embates com infindáveis trocas de tiros, não se sabe ao certo o que está acontecendo em tela, somente que são humanos lutando contra extraterrestres invasores.

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Sensação esta que vem sendo recorrente em produções como Transformers: O Lado Oculto da Lua (2011), Battleship – A Batalha dos Mares (2012) e Invasão do Mundo: Batalha de Los Angeles (2011), onde cenas megalomaníacas isoladas se sobrepõem à trama contada. Não que os efeitos visuais sejam ruins e a direção de arte deixe a desejar, pelo contrário, pois são eficientes e em muitos momentos impressionam. O caso aqui é justamente a utilização vazia destes artifícios, que se bem encaixados poderiam gerar sensações impactantes.

Outro ponto a se destacar é a falta de noção nas gags de alivio cômico. As piadas ou as tiradas são por sua maioria sem graça ou aparecem fora de tempo, não conseguindo assim cativar a plateia. Somente quando surgem os antigos personagens como o presidente canastrão Whitmore de Bill Pullman, o ranzinza cientista David Levinson (Jeff Goldblum) ou Brent Spiner com o hilário Dr. Brakish Okun é que nos salta a nostalgia e de certa forma matamos saudades – algo que o público mais novo não deve sentir. Talvez a boa presença da dupla de pilotos interpretada por Liam Hemsworth e Maika Monroe traga um frescor ao time. Mas se no primeiro filme tínhamos personagens queridos por ter um bom tempo de tela e serem desenvolvidos, aqui só os vemos em combate e no geral pouco nos importamos com eles.

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O roteiro é um verdadeiro desastre e possui diálogos vexatórios. Ufanista por si só, não é surpresa vermos repetidos discursos falando da importância da nação na guerra e que esta deverá “enfrentar o inimigo” até o último suspiro. Alegorias visuais como um prédio desabar e a bandeira dos EUA continuar firme e tremulando são exemplos claros da pieguice em questão. E quando aborda personagens de outras nações, o faz da forma mais caricatural possível, a exemplos de arquétipos chineses, franceses e africanos – este em especial, com tecnologia rudimentar, consegue decifrar o idioma dos alienígenas, quando os maiores físicos do mundo desconhecem completamente. Ou quando o velho e ex-presidente, visualmente doente, decide pilotar uma aeronave e embarcar numa espécie de missão suicida, evidenciando o “amor patriótico” que tem. Ainda é machista ao ponto de colocar uma mulher como presidente tomando inúmeras decisões erradas e sendo salva por dois ex-presidentes homens.

Enfim, é um apanhando de bobagens que só deve divertir por seus efeitos visuais criarem situações megalomaníacas, já que investe muito pouco nos dilemas de suas figuras humanas e nada relata sobre o impacto que tal invasão está causando em meio à sociedade. Independence Day: O Ressurgimento é um filme sem alma, sem coração, sem emoção. Uma produção que facilmente poderia ser resumida como esquecível.

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Wilker Medeiroshttps://www.youtube.com/imersaocultural
Wilker Medeiros, com passagem pela área de jornalismo, atuou em portais e podcasts como editor e crítico de cinema. Formou-se em cursos de Fotografia e Iluminação, Teoria, Linguagem e Crítica Cinematográfica, Forma e Estilo do Cinema. Sempre foi apaixonado pela sétima arte e é um consumidor voraz de cultura pop.

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O experiente cineasta Roland Emmerich é conhecido mundialmente por sempre realizar ou estar envolvido com o subgênero chamado de filme-catástrofe. Desde o início da carreia suas produções bastante calcadas na ficção cientifica, mas geralmente escapistas, despertavam o interesse do espectador médio e conseguiam atrair uma boa média de público. Algumas delas eram deveras intragáveis – Godzilla (1998), 10.000 A.C. (2008) e 2012 (2009) – e outras cumpriam bem o papel de entreter – Soldado Universal (1992), Stargate – A Chave para o Futuro da Humanidade (1994) e O Dia Depois de Amanhã (2004) – no entanto a que mais chamava atenção era Independence Day (1996), pois, apesar do orçamento médio para um blockbuster, o longa trabalhava maravilhosamente bem com seus efeitos visuais e possuía personagens cheios de carisma.

Mesmo faturando bastante, é curioso que tenha demorado tanto para que uma continuação saísse do papel. O próprio diretor cogitou a possibilidade de lançar mais dois filmes chamados de Independence Day: Forever – Part 1 e Part 2, algo que foi solenemente ignorado pela Fox, que nem sequer ventilou a possibilidade de uma terceira parte. Aliás, o roteirista Dean Devlin foi contratado para escrever a então aguardada sequência, porém não gostou do trabalho que fez e decidiu devolver o valor que ganhou à produtora. E só após quinze anos, quando Emmerich o chamou para trabalhar na continuação, Devlin sentiu ter a trama perfeita, ledo engano.

082656.jpg-r_1920_1080-f_jpg-q_x-xxyxx

Reunindo praticamente todo elenco do anterior – menos o protagonista Will Smith, por questões orçamentarias – chega ao cinema Independence Day: O Ressurgimento, agora três vezes mais caro que o original e com a promessa de trazer sequências de ação tão marcantes quanto as que vimos no longa anterior. A trama é de fato uma continuação direta do primeiro evento e ocorre exatamente vinte anos depois – não no ponto de vista dos alienígenas, onde foram passadas apenas algumas semanas. Estes que atacam a Terra novamente com armas ainda mais poderosas e em maior número. Onde o então exercito americano e um grupo de jovens pilotos irá defender o planeta a fim de atacar o ponto fraco e acabar com a ameaça.

Obviamente a plot simplória e batida já faria qualquer espectador pensar estar diante de mais uma grande e boba produção hollywoodiana, onde primeiramente imaginam-se as cenas de batalhas e explosões para depois se pensar na história que irá amarrar tais andamentos. E provavelmente devam estar certos, já que é exatamente essa a impressão que se tem ao assistir essa segunda parte. Em dado momento, depois de tantos ataques aéreos e embates com infindáveis trocas de tiros, não se sabe ao certo o que está acontecendo em tela, somente que são humanos lutando contra extraterrestres invasores.

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Sensação esta que vem sendo recorrente em produções como Transformers: O Lado Oculto da Lua (2011), Battleship – A Batalha dos Mares (2012) e Invasão do Mundo: Batalha de Los Angeles (2011), onde cenas megalomaníacas isoladas se sobrepõem à trama contada. Não que os efeitos visuais sejam ruins e a direção de arte deixe a desejar, pelo contrário, pois são eficientes e em muitos momentos impressionam. O caso aqui é justamente a utilização vazia destes artifícios, que se bem encaixados poderiam gerar sensações impactantes.

Outro ponto a se destacar é a falta de noção nas gags de alivio cômico. As piadas ou as tiradas são por sua maioria sem graça ou aparecem fora de tempo, não conseguindo assim cativar a plateia. Somente quando surgem os antigos personagens como o presidente canastrão Whitmore de Bill Pullman, o ranzinza cientista David Levinson (Jeff Goldblum) ou Brent Spiner com o hilário Dr. Brakish Okun é que nos salta a nostalgia e de certa forma matamos saudades – algo que o público mais novo não deve sentir. Talvez a boa presença da dupla de pilotos interpretada por Liam Hemsworth e Maika Monroe traga um frescor ao time. Mas se no primeiro filme tínhamos personagens queridos por ter um bom tempo de tela e serem desenvolvidos, aqui só os vemos em combate e no geral pouco nos importamos com eles.

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O roteiro é um verdadeiro desastre e possui diálogos vexatórios. Ufanista por si só, não é surpresa vermos repetidos discursos falando da importância da nação na guerra e que esta deverá “enfrentar o inimigo” até o último suspiro. Alegorias visuais como um prédio desabar e a bandeira dos EUA continuar firme e tremulando são exemplos claros da pieguice em questão. E quando aborda personagens de outras nações, o faz da forma mais caricatural possível, a exemplos de arquétipos chineses, franceses e africanos – este em especial, com tecnologia rudimentar, consegue decifrar o idioma dos alienígenas, quando os maiores físicos do mundo desconhecem completamente. Ou quando o velho e ex-presidente, visualmente doente, decide pilotar uma aeronave e embarcar numa espécie de missão suicida, evidenciando o “amor patriótico” que tem. Ainda é machista ao ponto de colocar uma mulher como presidente tomando inúmeras decisões erradas e sendo salva por dois ex-presidentes homens.

Enfim, é um apanhando de bobagens que só deve divertir por seus efeitos visuais criarem situações megalomaníacas, já que investe muito pouco nos dilemas de suas figuras humanas e nada relata sobre o impacto que tal invasão está causando em meio à sociedade. Independence Day: O Ressurgimento é um filme sem alma, sem coração, sem emoção. Uma produção que facilmente poderia ser resumida como esquecível.

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Wilker Medeiros, com passagem pela área de jornalismo, atuou em portais e podcasts como editor e crítico de cinema. Formou-se em cursos de Fotografia e Iluminação, Teoria, Linguagem e Crítica Cinematográfica, Forma e Estilo do Cinema. Sempre foi apaixonado pela sétima arte e é um consumidor voraz de cultura pop.

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