sábado , 23 novembro , 2024

Crítica 2 | Manchester À Beira Mar

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Destaque de festivais em 2016 e trazendo um postulante ao Oscar de Melhor Ator, ‘Manchester À Beira Mar‘ é um melodrama contado de uma forma diferente do que a maioria dos filmes do gênero, e acaba provocando reações inusitadas perante os seus acontecimentos.

Casey Affleck vive um personagem apático, que perdeu o carisma e carrega uma carga dramática enorme em seus ombros. O perfil do protagonista combina com a proposta visual do longa: uma fotografia gélida, com o tempo sempre nublado e frio. Vendo assim, parece que não há nenhuma ligação entre o personagem e essas especificações visuais, mas conceitualmente é tudo encaixado perfeitamente.



O filme carrega o peso do personagem junto com ele, ao contrário do que seria normal em ver o protagonista explodindo aos berros e se mostrando totalmente perturbado. Acontece que ele mostra o retrato de alguém que aprisiona todas essas perturbações em um coração de gelo, mas que bate e continua sentindo um trauma que nunca será superado.

Lee Chandler (Affleck) precisa voltar à sua cidade natal depois da morte do irmão, interpretado por Kyle Chandler (da série ‘Bloodline‘), e com isso precisa cuidar do sobrinho, o qual herdou a tutela. A história se apresenta bem, lhe dá todas as cartas necessárias para acompanhá-la, o que não significa que é possível entendê-la desde o início. Há elementos confusos que prejudicam esse mesmo entendimento, porém, se explicar não está dentro da proposta da trama. Ainda assim, o longa consegue apresentar respostas para aquilo que faltava no início, mas de forma totalmente involuntária.

Kenneth Lonergan traz uma direção diferente, com um formato indie, usando ângulos que privilegiam os personagens, deixando a câmera imóvel e com poucas variações na filmagem. A escolha do diretor foi correta porque o conceito da filmagem combina com o drama, não há aqui uma câmera dinâmica e sim uma apática, que reforça o conceito do filme e do seu protagonista. Isso afeta até mesmo a forma como os personagens lidam com a morte, que parece algo tão natural e até mesmo normal, sem demonstrar a dor habitual que uma notícia como essa costuma causar.

O longa ainda consegue dar atenção a outros acontecimentos, como as situações da adolescência de Patrick (Lucas Hedges). O personagem é bem desenvolvido e apresenta situações que quebram a dureza do filme com momentos de alívio e até mesmo ternura. É o personagem capaz de envolver o público, de fazer as pessoas relembrarem das imprudências da juventude, seguindo a proposta de provocar no espectador diversas reações diferentes para cada acontecimento apresentado na película.

Michelle Williams faz jus as suas indicações em premiações e aos elogios da imprensa internacional. A atriz tem pouquíssimas aparições no filme, mas uma, em especial, mostra uma das cenas mais marcantes e fortes do longa. O acontecimento do passado, que perturba totalmente Randi (Williams) e Lee (Affleck) fica em evidência e demonstra muito bem a fragilidade escondida em ambos os personagens. Resumindo, Michelle Williams precisa de uma única participação para roubar a cena no filme, que tem boas atuações de modo geral. Casey Affleck consegue passar bem os sentimentos do personagem, que precisa de um contato “olho no olho” para mostrar as suas perturbações. Mesmo assim há momentos que a história cria expectativas de algo grandioso para os olhos do público, e isso Affleck não demonstra.

Manchester À Beira Mar‘ é um longa-metragem bem feito, que precisa ser entendido e sentido. Não é o tipo de filme que mostrará seus sentimentos, pois sua proposta é mostrar que nem tudo que acontece as pessoas conseguem superar, há feridas que nunca curam, há momentos que nunca serão esquecidos. Trata-se, na verdade, de um homem incapaz de superar suas perdas, incapaz de aliviar a sua culpa, e mostrar como isso afetou e afetará para sempre o seu modo de vida.

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Casey Affleck vive um personagem apático, que perdeu o carisma e carrega uma carga dramática enorme em seus ombros. O perfil do protagonista combina com a proposta visual do longa: uma fotografia gélida, com o tempo sempre nublado e frio. Vendo assim, parece que não há nenhuma ligação entre o personagem e essas especificações visuais, mas conceitualmente é tudo encaixado perfeitamente.

O filme carrega o peso do personagem junto com ele, ao contrário do que seria normal em ver o protagonista explodindo aos berros e se mostrando totalmente perturbado. Acontece que ele mostra o retrato de alguém que aprisiona todas essas perturbações em um coração de gelo, mas que bate e continua sentindo um trauma que nunca será superado.

Lee Chandler (Affleck) precisa voltar à sua cidade natal depois da morte do irmão, interpretado por Kyle Chandler (da série ‘Bloodline‘), e com isso precisa cuidar do sobrinho, o qual herdou a tutela. A história se apresenta bem, lhe dá todas as cartas necessárias para acompanhá-la, o que não significa que é possível entendê-la desde o início. Há elementos confusos que prejudicam esse mesmo entendimento, porém, se explicar não está dentro da proposta da trama. Ainda assim, o longa consegue apresentar respostas para aquilo que faltava no início, mas de forma totalmente involuntária.

Kenneth Lonergan traz uma direção diferente, com um formato indie, usando ângulos que privilegiam os personagens, deixando a câmera imóvel e com poucas variações na filmagem. A escolha do diretor foi correta porque o conceito da filmagem combina com o drama, não há aqui uma câmera dinâmica e sim uma apática, que reforça o conceito do filme e do seu protagonista. Isso afeta até mesmo a forma como os personagens lidam com a morte, que parece algo tão natural e até mesmo normal, sem demonstrar a dor habitual que uma notícia como essa costuma causar.

O longa ainda consegue dar atenção a outros acontecimentos, como as situações da adolescência de Patrick (Lucas Hedges). O personagem é bem desenvolvido e apresenta situações que quebram a dureza do filme com momentos de alívio e até mesmo ternura. É o personagem capaz de envolver o público, de fazer as pessoas relembrarem das imprudências da juventude, seguindo a proposta de provocar no espectador diversas reações diferentes para cada acontecimento apresentado na película.

Michelle Williams faz jus as suas indicações em premiações e aos elogios da imprensa internacional. A atriz tem pouquíssimas aparições no filme, mas uma, em especial, mostra uma das cenas mais marcantes e fortes do longa. O acontecimento do passado, que perturba totalmente Randi (Williams) e Lee (Affleck) fica em evidência e demonstra muito bem a fragilidade escondida em ambos os personagens. Resumindo, Michelle Williams precisa de uma única participação para roubar a cena no filme, que tem boas atuações de modo geral. Casey Affleck consegue passar bem os sentimentos do personagem, que precisa de um contato “olho no olho” para mostrar as suas perturbações. Mesmo assim há momentos que a história cria expectativas de algo grandioso para os olhos do público, e isso Affleck não demonstra.

Manchester À Beira Mar‘ é um longa-metragem bem feito, que precisa ser entendido e sentido. Não é o tipo de filme que mostrará seus sentimentos, pois sua proposta é mostrar que nem tudo que acontece as pessoas conseguem superar, há feridas que nunca curam, há momentos que nunca serão esquecidos. Trata-se, na verdade, de um homem incapaz de superar suas perdas, incapaz de aliviar a sua culpa, e mostrar como isso afetou e afetará para sempre o seu modo de vida.

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