A franquia ‘Maze Runner’ surgiu num contexto em que as adaptações de livros infanto-juvenis estavam em alta nos cinemas, legado deixado por Harry Potter após seu fim. Essa febre rendeu alguns fracassos, como a série ‘Divergente’ e ‘Os Instrumentos Mortais’, porém teve também sucessos como, ‘Jogos Vorazes’ e, claro, o próprio ‘Maze Runner’.
Foram muitos os atrasos na produção desse último filme, como o acidente grave que o protagonista Dylan O’Brien sofreu no set durante as filmagens de uma cena de ação (que o deixou no hospital por meses) e a gravidez de Kaya Scodelario, o que levou o longa a chegar aos cinemas quase dois anos após o planejado. Esse atraso deixou a franquia como uma das remanescentes da “febre das adaptações”, afinal, ou todas já acabaram ou foram canceladas.
E é exatamente esse o primeiro fator que pesa a favor de ‘Maze Runner: A Cura Mortal’, produção da 20th Century Fox que encerra com chave de ouro a trilogia que começou em 2014 e continuou com ‘Maze Runner: Prova de Fogo’, de 2015, adaptados dos bestsellers do autor James Dashner. O contexto da distopia funciona perfeitamente agora, em 2018, já que muitas obras, tanto nos cinemas quanto na TV, estão abordando o assunto.
A trama gira, basicamente, em torno do resgate de Minho, vivido pelo ator Ki Hong Lee, capturado para ser usado como cobaia em novos testes que buscam a cura para o vírus que trouxe o apocalipse ao mundo, o que acaba fazendo com que os jovens cobaias tenham que retornar para a fortaleza que tanto lutaram para fugir. Nesse meio, o filme ganha ares emocionais e também proporciona ótimas cenas de ação, como a cena de abertura, por exemplo, deixando o espectador na ponta da cadeira.
O elenco jovem mantém a boa atuação, destaque para o Dylan O’Brien, que tenta dar o melhor de si após todas as dificuldades que passou na vida real com seu acidente, fazendo valer à pena ter retornado para concluir a franquia que basicamente sustenta. Thomas Brodie-Sangster, que vive o Newt, também proporciona bons momentos. Talvez esse tenha sido o filme que mais teve espaço para se destacar. O elenco feminino está bem representado pela Rosa Salazar, que interpreta novamente uma mulher badass e determinada, apesar do pouco espaço em cena.
Outro ponto positivo do longa fica por conta do contexto que se esconde por trás da franquia, principalmente pesando mais nessa última parte, que é a divisão social da sociedade, a colocação do “muro” para separar os menos privilegiados dos que estão, tecnicamente, buscando uma sociedade pura, livre do vírus que dezimou o mundo, mas que na realidade estão ali apenas pensando em benefício próprio, como é o caso do vilão interpretado mais uma vez por Aidan Gillen, o Mindinho de ‘Game of Thrones’, que mantém sua cara de cínico típica da série, mas entrega um vilão fraco e que não mete medo nenhum.
Além disso, o ponto fraco fica por conta do roteiro, muitas vezes apresentando soluções fáceis demais para momentos complexos da trama. Primeiro, a entrada na cidade era impossível, depois, um plano simples e estúpido acaba tornando tudo extremamente fácil. Igualmente para diversos outros momentos da trama cheios de personagem que surgem do nada para salvar o dia. Somando isso ao fato do filme ser demasiadamente longo demais, (com suas duas horas e vinte e dois minutos) causando certo cansaço na trama, que caminha para o fim, mas nunca chega lá.
Apesar da longa duração e do roteiro fraco, o filme proporciona bons momentos de entretenimento e, até mesmo, emoção e medo. ‘Maze Runner: A Cura Mortal’ não consegue ser melhor que seu primeiro filme, mas encerra a trilogia de forma digna e impactante, tudo no filme apresenta uma sensação de final, o que satisfaz. Com certeza vai agradar os fãs e aqueles que estão buscando um bom filme de ação. A tão esperada “guerra” que sempre existe em finais de trilogias, aqui, é espetacular e empolgante, encerrando com muitas explosões uma franquia que sempre manteve sua qualidade.