domingo , 22 dezembro , 2024

Crítica 2 | Mulher-Maravilha – Patty Jenkins, a super-heroína salvadora da DC

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Feminilidade dentro e fora das telas

Existe o cinema e existe o cinema de super-heróis. O segundo vem dominando o mercado há pelo menos dez anos (para ser generoso). E tal segmento fez nascer veículos especializados não em cinema, mas em cinema para este gigantesco nicho. “DCnautas” e “Marvetes” (sim, o termo existe) exteriorizam suas paixões de forma fervorosa como nunca anteriormente – afinal, imagine discussões acaloradas sobre quadrinhos, eram só para meia dúzia. Imagine torcedores do Vasco e Flamengo brigando por seus times. É mais ou menos a mesma coisa, só que com pessoas mais novas e sem namoradas.

Nessa disputa os fãs da DC vinham perdendo claramente, já que a Marvel construiu seu universo cinematográfico ao longo de quinze filmes (contando com o recém-lançado Guardiões da Galáxia Vol.2) e já tem engatilhado para este ano Thor: Ragnarok (estreia em novembro) e a coprodução de Homem-Aranha: De Volta ao Lar (lançamento em julho), enquanto a rival sob a tutela da Warner amargava os fracassos de crítica Batman Vs Superman e Esquadrão Suicida, ambos de 2016.



“Bem, parece que o jogo mudou, não é mesmo queridinha?”. Essa frase poderia ser proferida por Gal Gadot, Patty Jenkins ou a própria personagem título. Mulher-Maravilha, o filme, não é só a salvação da lavoura para a DC no cinema, é responsável por inúmeras outras conquistas que tentarei argumentar aqui. A começar pelo tom, teor e estética totalmente afastados do que deveria ser a atmosfera das produções da casa. A velha máxima da fórmula Marvel, que inclui visual pra lá de colorido, tem a sua contraparte na DC, soturna, extremamente sóbria e carregada. Mulher-Maravilha não é nada disso, o que é um baita alívio e serve para mostrar que as obras podem pertencer ao mesmo universo sem serem cópias carbono em seu design.

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Outro grande mérito aqui é a direção de Patty Jenkins. A cineasta, responsável pelo filme que deu o Oscar para a musa Charlize Theron (Monster: Desejo Assassino, 2003), entrega um blockbuster enérgico, harmonioso, belo e recheado de representatividade, exatamente como todos nós queríamos.  Se formos levar em conta que esta é apenas sua segunda produção cinematográfica, o feito se torna ainda mais impressionante. Jenkins, que a certa altura esteve vinculada à direção de Thor: O Mundo Sombrio (2013), exibe segurança no comando desta produção de centenas de milhões, acertando todas as notas e inclusive as transições: ação – humor – drama.

Jenkins acerta onde seus companheiros de estúdio (Snyder e Ayer) erram. A cineasta não se apressa no desenvolvimento de seus personagens, dando ênfase a momentos mais calmos, nos quais duas pessoas apenas conversam, expõem suas visões e são construídas. Ao mesmo tempo suas cenas de ação empolgam, mesclando o típico slow-motion das lutas, aqui realizado de forma limpa e clara, sem o uso excessivo de efeitos computadorizados, com a trilha sonora eufórica de Rupert Gregson-Williams, que rendem os já icônicos rifs de guitarra.

A história escrita a três mãos, incluindo a de Zack Snyder, é simples e sem grandes novidades, a força está mesmo nos diálogos do roteiro de Allan Heinberg. A sinopse mistura Thor e Capitão América: O Primeiro Vingador, apresentando um local místico, saído diretamente da mitologia grega, no qual numa ilha povoada por amazonas, as tais mulheres se mantêm alheias ao mundo real. Com a chegada de um piloto da Primeira Guerra, as coisas mudam de figura e Diana (Gal Gadot), herdeira do reino e exímia guerreira, decide se aliar ao sujeito (papel de Chris Pine) para pôr fim ao horror no mundo dos homens. Ao contrário dos filmes do Thor, por exemplo, Temiscera (o tal lugar), serve apenas como prelúdio. Mulher-Maravilha é em seu núcleo um filme de matinê, revitalizados por Indiana Jones na década de 1980, e se sai muito bem em sua proposta.

Finalizando, os louros devem ir para a protagonista Gal Gadot. A atriz israelense, que até o momento não havia capturado minha atenção (nem mesmo vivendo a mesma personagem em BVS, e sendo uma das melhores coisas de lá), esbanja carisma e nos desafia a não sermos completamente arrebatados. Gadot, até o momento, não é uma atriz dramática e sentimos certa deficiência na área, mas para a ingenuidade, honra e alívio cômico pedidos por sua Diana Prince, a israelense é a intérprete ideal. Gadot é simplesmente apaixonante no papel, além de uma tremenda badass, ao ponto de nos fazer acreditar que ninguém mais ficaria tão bem como a personagem.

Mulher-Maravilha ainda arruma tempo para levantar questões mais atuais impossíveis, necessárias e, de certa forma, indispensáveis para um filme como este, como o feminismo, por exemplo, colocando uma mulher dona de seu próprio arco dramático, e rendendo interessantes discussões quando a protagonista adentra o mundo machista dos anos 1910. Jenkins e Gadot assumem o controle do filme mais girl power do ano e podem quebrar mais paradigmas do que imaginam. Para a continuação, por favor, o jato invisível e a rodadinha na transformação. Warner, nunca te pedi nada.

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Nessa disputa os fãs da DC vinham perdendo claramente, já que a Marvel construiu seu universo cinematográfico ao longo de quinze filmes (contando com o recém-lançado Guardiões da Galáxia Vol.2) e já tem engatilhado para este ano Thor: Ragnarok (estreia em novembro) e a coprodução de Homem-Aranha: De Volta ao Lar (lançamento em julho), enquanto a rival sob a tutela da Warner amargava os fracassos de crítica Batman Vs Superman e Esquadrão Suicida, ambos de 2016.

“Bem, parece que o jogo mudou, não é mesmo queridinha?”. Essa frase poderia ser proferida por Gal Gadot, Patty Jenkins ou a própria personagem título. Mulher-Maravilha, o filme, não é só a salvação da lavoura para a DC no cinema, é responsável por inúmeras outras conquistas que tentarei argumentar aqui. A começar pelo tom, teor e estética totalmente afastados do que deveria ser a atmosfera das produções da casa. A velha máxima da fórmula Marvel, que inclui visual pra lá de colorido, tem a sua contraparte na DC, soturna, extremamente sóbria e carregada. Mulher-Maravilha não é nada disso, o que é um baita alívio e serve para mostrar que as obras podem pertencer ao mesmo universo sem serem cópias carbono em seu design.

Outro grande mérito aqui é a direção de Patty Jenkins. A cineasta, responsável pelo filme que deu o Oscar para a musa Charlize Theron (Monster: Desejo Assassino, 2003), entrega um blockbuster enérgico, harmonioso, belo e recheado de representatividade, exatamente como todos nós queríamos.  Se formos levar em conta que esta é apenas sua segunda produção cinematográfica, o feito se torna ainda mais impressionante. Jenkins, que a certa altura esteve vinculada à direção de Thor: O Mundo Sombrio (2013), exibe segurança no comando desta produção de centenas de milhões, acertando todas as notas e inclusive as transições: ação – humor – drama.

Jenkins acerta onde seus companheiros de estúdio (Snyder e Ayer) erram. A cineasta não se apressa no desenvolvimento de seus personagens, dando ênfase a momentos mais calmos, nos quais duas pessoas apenas conversam, expõem suas visões e são construídas. Ao mesmo tempo suas cenas de ação empolgam, mesclando o típico slow-motion das lutas, aqui realizado de forma limpa e clara, sem o uso excessivo de efeitos computadorizados, com a trilha sonora eufórica de Rupert Gregson-Williams, que rendem os já icônicos rifs de guitarra.

A história escrita a três mãos, incluindo a de Zack Snyder, é simples e sem grandes novidades, a força está mesmo nos diálogos do roteiro de Allan Heinberg. A sinopse mistura Thor e Capitão América: O Primeiro Vingador, apresentando um local místico, saído diretamente da mitologia grega, no qual numa ilha povoada por amazonas, as tais mulheres se mantêm alheias ao mundo real. Com a chegada de um piloto da Primeira Guerra, as coisas mudam de figura e Diana (Gal Gadot), herdeira do reino e exímia guerreira, decide se aliar ao sujeito (papel de Chris Pine) para pôr fim ao horror no mundo dos homens. Ao contrário dos filmes do Thor, por exemplo, Temiscera (o tal lugar), serve apenas como prelúdio. Mulher-Maravilha é em seu núcleo um filme de matinê, revitalizados por Indiana Jones na década de 1980, e se sai muito bem em sua proposta.

Finalizando, os louros devem ir para a protagonista Gal Gadot. A atriz israelense, que até o momento não havia capturado minha atenção (nem mesmo vivendo a mesma personagem em BVS, e sendo uma das melhores coisas de lá), esbanja carisma e nos desafia a não sermos completamente arrebatados. Gadot, até o momento, não é uma atriz dramática e sentimos certa deficiência na área, mas para a ingenuidade, honra e alívio cômico pedidos por sua Diana Prince, a israelense é a intérprete ideal. Gadot é simplesmente apaixonante no papel, além de uma tremenda badass, ao ponto de nos fazer acreditar que ninguém mais ficaria tão bem como a personagem.

Mulher-Maravilha ainda arruma tempo para levantar questões mais atuais impossíveis, necessárias e, de certa forma, indispensáveis para um filme como este, como o feminismo, por exemplo, colocando uma mulher dona de seu próprio arco dramático, e rendendo interessantes discussões quando a protagonista adentra o mundo machista dos anos 1910. Jenkins e Gadot assumem o controle do filme mais girl power do ano e podem quebrar mais paradigmas do que imaginam. Para a continuação, por favor, o jato invisível e a rodadinha na transformação. Warner, nunca te pedi nada.

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