quarta-feira , 20 novembro , 2024

Crítica 2 | ‘O Exorcista – O Devoto’ é um ATENTADO ao clássico de 1973

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Em 1973, o mundo era chacoalhado com o lançamento do filme ‘O Exorcista’, dirigido pelo recém-falecido William Friedkin e baseado no livro de William Peter Blatty. Vencedor de 2 Oscars, o longa foi consagrado como um marco no terror e é lembrado até hoje como um dos filmes mais icônicos de todos os tempos. Agora, 50 anos depois, a história é retomada com uma “sequência retroativa” (ou retcon) intitulada ‘O Exorcista – O Devoto’, sob a produção da Blumhouse e direção de David Gordon Green (da recente trilogia ‘Halloween’).

Na trama, Victor (Leslie Odom Jr.) cuida sozinho de sua filha de 13 anos, Angela (Lidya Jewett), após perder sua esposa em um terremoto no Haiti. Quando Angela e sua amiga, Katherine, desaparecem na floresta e retornam após 3 dias, Victor percebe que há algo de errado com o comportamento de sua filha. Após presenciar eventos sinistros em torno das crianças, Victor suspeita de que ambas foram possuídas por algo maligno e decide buscar ajuda de alguém que já lidou com isso antes: Chris MacNeil (Ellen Burstyn), cuja filha, Regan, havia passado pela mesma situação há 50 anos.



É importante ressaltar que ‘O Exorcista – O Devoto’ não é a primeira sequência do clássico de 73 a ser produzida, tendo ganhado uma em 1977, ‘O Exorcista II – O Herege’ e depois em 1990 com ‘O Exorcista 3’, dirigido pelo próprio William Peter Blatty, adaptando seu livro, também sequência, “Legião”. Além disso, houveram duas prequelas, ‘Exorcista – O Início’ e ‘Domínio – Prequela do Exorcista’, de 2004 e 2005, respectivamente.

Após um licenciamento custado em torno de US$ 400 milhões, chegou a vez da produtora Blumhouse explorar essa nova franquia, mas o resultado inicial já não é nada positivo. O diretor David Gordon Green ficou encarregado para comandar o primeiro filme da trilogia de sequências de ‘O Exorcista, e diferente do que o cineasta fez com o primeiro filme de ‘Halloween’, lançado em 2018, aqui, ele não consegue capturar a essência do que torna ‘O Exorcista de 1973 tão assustador e único no gênero. Na verdade, não parece nem que ele tentou.

Ao se escorar na participação especial (e breve) de Ellen Burstyn, que funciona apenas como validador para atrair os fãs do clássico, David Gordon Green não consegue equilibrar os pontos abordados pelo precário roteiro de forma concisa. Ora o longa quer ser um terror assustador, ora quer ser um drama de fé e superação. Em nenhum desses lados o filme consegue algum êxito.

O terror mais parece algo saído do universo de qualidade “fast-food” dos filmes de ‘Invocação do Mal’, onde jumpscares baratos e trilhas sonoras batidas funcionam em prol de apenas assustar o espectador ao invés de movimentar a narrativa. A parte dramática, que envolve toda a crença do personagem de Leslie Odom Jr. e os eventos perturbadores que ocorrem ao seu redor, não passam de frases de superação genéricas proferidas pela personagem coadjuvante de Ann Dowd e pela Ellen Burstyn.

E por falar em Burstyn, seu retorno à personagem da Chris MacNeil após 50 anos não se justifica dentro da narrativa. A atriz, que já está na casa dos 90 anos, é desperdiçada em diálogos meia-boca e possui um desfecho de seu arco que, além de breve, soa como um desrespeito tanto à profissional quanto ao seu legado deixado em ‘O Exorcista’. Quanto a Leslie Odom Jr., um ator muito talentoso que se destacou na Broadway ao ganhar o Tony por ‘Hamilton’ em 2016, além de também ser indicado ao Oscar por ‘Uma Noite em Miami’ em 2021, está totalmente no piloto automático, sem conseguir passar nenhuma reação ou emoção ao certo. Não se engane, isso é resultado de um personagem mal escrito e de uma má direção que não favorece o ator em quaisquer aspectos.

Apesar dos inúmeros pontos negativos, que também abrangem a falta de uma atmosfera palpável e diálogos risíveis, vale destacar que as atrizes mirins Lidya Jewett e Olivia O’Neill até conseguem ser relativamente boas ao interpretarem as crianças possuídas, com suas movimentações e trejeitos que impressionam quando bem utilizadas, mesmo que suas personagens sejam totalmente unidimensionais. A revisitação da icônica e arrepiante trilha sonora clássica “Tubular Bells” também é de bom grado, apesar de ser usada para valer apenas durante os créditos finais.

Em suma, ‘O Exorcista – O Devoto’ não se esforça nem para ser um bom filme de terror, visto que para chegar perto da qualidade e relevância do clássico de 1973 seria necessário uma força de vontade tão grande ou até maior do que William Friedkin teve décadas atrás. Este que, por sinal, deve estar se revirando no caixão neste momento por ter sua obra atrelada à esta versão de 2023. A parte mais assustadora realmente é o fato de que há mais dois filmes planejados para serem lançados eventualmente. Boa sorte aos próximos envolvidos, esses sim vão precisar de muita fé.

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Na trama, Victor (Leslie Odom Jr.) cuida sozinho de sua filha de 13 anos, Angela (Lidya Jewett), após perder sua esposa em um terremoto no Haiti. Quando Angela e sua amiga, Katherine, desaparecem na floresta e retornam após 3 dias, Victor percebe que há algo de errado com o comportamento de sua filha. Após presenciar eventos sinistros em torno das crianças, Victor suspeita de que ambas foram possuídas por algo maligno e decide buscar ajuda de alguém que já lidou com isso antes: Chris MacNeil (Ellen Burstyn), cuja filha, Regan, havia passado pela mesma situação há 50 anos.

É importante ressaltar que ‘O Exorcista – O Devoto’ não é a primeira sequência do clássico de 73 a ser produzida, tendo ganhado uma em 1977, ‘O Exorcista II – O Herege’ e depois em 1990 com ‘O Exorcista 3’, dirigido pelo próprio William Peter Blatty, adaptando seu livro, também sequência, “Legião”. Além disso, houveram duas prequelas, ‘Exorcista – O Início’ e ‘Domínio – Prequela do Exorcista’, de 2004 e 2005, respectivamente.

Após um licenciamento custado em torno de US$ 400 milhões, chegou a vez da produtora Blumhouse explorar essa nova franquia, mas o resultado inicial já não é nada positivo. O diretor David Gordon Green ficou encarregado para comandar o primeiro filme da trilogia de sequências de ‘O Exorcista, e diferente do que o cineasta fez com o primeiro filme de ‘Halloween’, lançado em 2018, aqui, ele não consegue capturar a essência do que torna ‘O Exorcista de 1973 tão assustador e único no gênero. Na verdade, não parece nem que ele tentou.

Ao se escorar na participação especial (e breve) de Ellen Burstyn, que funciona apenas como validador para atrair os fãs do clássico, David Gordon Green não consegue equilibrar os pontos abordados pelo precário roteiro de forma concisa. Ora o longa quer ser um terror assustador, ora quer ser um drama de fé e superação. Em nenhum desses lados o filme consegue algum êxito.

O terror mais parece algo saído do universo de qualidade “fast-food” dos filmes de ‘Invocação do Mal’, onde jumpscares baratos e trilhas sonoras batidas funcionam em prol de apenas assustar o espectador ao invés de movimentar a narrativa. A parte dramática, que envolve toda a crença do personagem de Leslie Odom Jr. e os eventos perturbadores que ocorrem ao seu redor, não passam de frases de superação genéricas proferidas pela personagem coadjuvante de Ann Dowd e pela Ellen Burstyn.

E por falar em Burstyn, seu retorno à personagem da Chris MacNeil após 50 anos não se justifica dentro da narrativa. A atriz, que já está na casa dos 90 anos, é desperdiçada em diálogos meia-boca e possui um desfecho de seu arco que, além de breve, soa como um desrespeito tanto à profissional quanto ao seu legado deixado em ‘O Exorcista’. Quanto a Leslie Odom Jr., um ator muito talentoso que se destacou na Broadway ao ganhar o Tony por ‘Hamilton’ em 2016, além de também ser indicado ao Oscar por ‘Uma Noite em Miami’ em 2021, está totalmente no piloto automático, sem conseguir passar nenhuma reação ou emoção ao certo. Não se engane, isso é resultado de um personagem mal escrito e de uma má direção que não favorece o ator em quaisquer aspectos.

Apesar dos inúmeros pontos negativos, que também abrangem a falta de uma atmosfera palpável e diálogos risíveis, vale destacar que as atrizes mirins Lidya Jewett e Olivia O’Neill até conseguem ser relativamente boas ao interpretarem as crianças possuídas, com suas movimentações e trejeitos que impressionam quando bem utilizadas, mesmo que suas personagens sejam totalmente unidimensionais. A revisitação da icônica e arrepiante trilha sonora clássica “Tubular Bells” também é de bom grado, apesar de ser usada para valer apenas durante os créditos finais.

Em suma, ‘O Exorcista – O Devoto’ não se esforça nem para ser um bom filme de terror, visto que para chegar perto da qualidade e relevância do clássico de 1973 seria necessário uma força de vontade tão grande ou até maior do que William Friedkin teve décadas atrás. Este que, por sinal, deve estar se revirando no caixão neste momento por ter sua obra atrelada à esta versão de 2023. A parte mais assustadora realmente é o fato de que há mais dois filmes planejados para serem lançados eventualmente. Boa sorte aos próximos envolvidos, esses sim vão precisar de muita fé.

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