sábado , 21 dezembro , 2024

Crítica 2 | PÂNICO 6 é apenas bom e não possui o mesmo charme de seus antecessores…

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Ghostface está de volta, desta vez, bastante diferente dos padrões realizados anteriormente na franquia. Em críticas, geralmente nos embasamos para reflexão com uma abordagem contextual da produção, para depois, analisa os seus pormenores e estabelecer uma tese. Aqui, farei um percurso inverso. Pânico 6, caro leitor, não é nem de longe um filme indigno. Ao contrário, possui direção firme, roteiro amarrado, painel considerável de referências visuais e sonoras, elenco empenhado, no entanto, é o menos empolgante de todos os episódios envolvendo o assassino mascarado em suas investidas sanguinárias metalinguísticas. Sem Sidney Prescott, a final girl interpretada por Neve Campbell, o sexto filme da franquia não possui o mesmo charme de seus antecessores, tampouco consegue se justificar como um filme realmente necessário para uma saga slasher que, desde sempre, podia se gabar de entregar ao público, narrativas que mesclavam entretenimento e reflexão contemporânea.

Apesar da sufocante sequência de perseguição com a repórter Gale Weathers, personagem forte e firme, desde o ponto de partida de 1996, nós temos por aqui a presença de uma figura ficcional subaproveitada. Kirby (Hayden Panettiere), sobrevivente da chacina de Pânico 4, também está de volta, utilizada de maneira brilhante, mas ainda assim, não consegue creditar para este universo slasher um selo de espetacular. É apenas bom. E, para Pânico, ser apenas bom não é algo que nos acostumamos. Geralmente são ótimos.



As irmãs Tara (Jenna Ortega) e Sam (Melissa Barrera) continuam sendo o alvo. Desta vez, a figura mascarada retorna para mais uma saga de vingança, motivada por questões do passado. Metalinguístico, Ghostface investe mais uma vez em suas ligações, interpelando as possíveis vítimas e deixando um rastro de dúvidas para todos os envolvidos. Qual o interesse em reviver Woodsboro?

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Esta também é uma questão norteadora em Pânico 6. Depois da revelação dos assassinos do filme anterior, alguém parece muito focado em retaliação. As irmãs, então, precisam lutar mais uma vez pela sobrevivência. Desta vez, em Nova York. E sem o luxo de confiar definitivamente em ninguém. Paqueras, colegas de faculdades, terapeuta, os policiais investigadores das últimas cenas de assassinato: qualquer um pode ser um suspeito em potencial. E esse é o charme que sempre esteve presente na franquia, perspectiva ainda presente, mas como já mencionado anteriormente, elementos que integram um filme bom, mas que não faria diferença para a franquia se não existisse. Basicamente, é o padrão industrial do cinema. Está rendendo? Que novas investidas surjam, algo que pelo lado financeiro se justifica, mas também nos permite entender a necessidade de reapresentação destes personagens clássicos para as novas plateias.

Sobre a trama se situar em Nova York, temos aqui um ponto muito positivo para o filme. Não é a primeira vez que um antagonista slasher sai de sua cidade para cometer atrocidades em outros lugares. Jason, o icônico monstro da franquia Sexta-Feira 13, entrou em 1989 num navio situado perto de Crystal Lake e foi para nas ruas da grande metrópole estadunidense. Ciente de sua abordagem metalinguística, os realizadores referenciam esta passagem logo nos primeiros minutos do filme, com um personagem diante da exibição deste clássico na televisão. Sair de Woodsboro para Nova York, então, permitiu um frescor para a narrativa. Ampliou, ainda, as suas possibilidades narrativas: a direção de fotografia de Brett Jutkiewicz aproveita ao máximo a geografia nova-iorquina e faz uso pontual de cada beco, rua, estação de metrô…

É um setor que também conta com a colaboração do ótimo design de produção de Michele Laliberte, profissional responsável por supervisionar cenários, direção de arte e seus adereços, bem como os figurinos que resgatam a memória dos crimes de Woodsboro. Em linhas gerais, uma narrativa esteticamente envolvente, repleta de referências para o deleite dos fãs. Assistir ao filme numa sala de cinema relativamente vazia, mas apenas com cinéfilos empolgados com cada menção ao universo em questão foi uma experiência mais empolgante que o filme em si. De novo, em repetição, este sempre foi o charme e ponto máximo de Pânico, estratégia que reaparece neste capítulo, uma trama que tira todos da zona de conforto, reforça a irrelevância dos personagens-legado para o slasher contemporâneo, figuras que podem morrer depois de batalharem tanto em circunstâncias anteriores. Em suma, heróis passíveis de eliminação sem piedade. Ainda sobre as questões estéticas, tenho alguns pontos para ressaltar.

Com o design de som supervisionado por Karen Baker Landers, o filme consegue a maestria de potencializar a brutalidade vista em cena. Os assassinatos, cada vez mais sangrentos, expõem a fúria de Ghostface, mais frenético e endiabrado do que nunca. Brian Tyler, no âmbito da trilha sonora, entrega uma textura percussiva eficiente, mesmo que um pouco distante do tom assertivo adotado por Marco Beltrami nos quatro primeiros capítulos da saga, dirigida na época por Wes Craven, cineasta que se estivesse vivo, se orgulharia do legado deixado para as novas gerações de realizadores. Com roteiro de James Vanderbilt e Guy Busick, dupla inspirada nos personagens criados por Kevin Williamson, Pânico 6 traz de volta dos diretores Matt Bettinelli-Olpin e Tyler Gillett, todos profissionais muito competentes, diante da difícil missão de manter a relevância de uma franquia que acabou de chegar em seu sexto filme e precisa oxigenar propostas para conseguir aderência dos espectadores novos e também dos fãs.

Em seus 123 minutos, longos, mas que acreditem, não são sentidos com pesar por quem assiste com determinação e interesse, a narrativa traz mais uma vez a voz assustadora de Roger L. Jackson como Ghostface, bem como os irmãos Chad (Mason Gooding) e Mindy (Jasmin Savoy-Brown), sobreviventes do massacre do antecessor, além de adicionar o Detetive Bailey (Dermot Mulroney) e o terapeuta Dr. Christopher Stone (Henry Czar), figuras ficcionais que acrescentam bons novos olhares para a franquia que dialoga também com os desdobramentos do trauma, conectando-se com o legado deste universo para justificar os crimes realizados por quem está por detrás da icônica máscara. Pânico 6 traz  reviravoltas orgânicas e apesar de encerrar com um ciclo bem amarrado, aparentemente não se cansará por aqui. É provável que tenhamos continuação.

Assista a entrevista e siga o CinePOP no YouTube:

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Crítica 2 | PÂNICO 6 é apenas bom e não possui o mesmo charme de seus antecessores…

Ghostface está de volta, desta vez, bastante diferente dos padrões realizados anteriormente na franquia. Em críticas, geralmente nos embasamos para reflexão com uma abordagem contextual da produção, para depois, analisa os seus pormenores e estabelecer uma tese. Aqui, farei um percurso inverso. Pânico 6, caro leitor, não é nem de longe um filme indigno. Ao contrário, possui direção firme, roteiro amarrado, painel considerável de referências visuais e sonoras, elenco empenhado, no entanto, é o menos empolgante de todos os episódios envolvendo o assassino mascarado em suas investidas sanguinárias metalinguísticas. Sem Sidney Prescott, a final girl interpretada por Neve Campbell, o sexto filme da franquia não possui o mesmo charme de seus antecessores, tampouco consegue se justificar como um filme realmente necessário para uma saga slasher que, desde sempre, podia se gabar de entregar ao público, narrativas que mesclavam entretenimento e reflexão contemporânea.

Apesar da sufocante sequência de perseguição com a repórter Gale Weathers, personagem forte e firme, desde o ponto de partida de 1996, nós temos por aqui a presença de uma figura ficcional subaproveitada. Kirby (Hayden Panettiere), sobrevivente da chacina de Pânico 4, também está de volta, utilizada de maneira brilhante, mas ainda assim, não consegue creditar para este universo slasher um selo de espetacular. É apenas bom. E, para Pânico, ser apenas bom não é algo que nos acostumamos. Geralmente são ótimos.

As irmãs Tara (Jenna Ortega) e Sam (Melissa Barrera) continuam sendo o alvo. Desta vez, a figura mascarada retorna para mais uma saga de vingança, motivada por questões do passado. Metalinguístico, Ghostface investe mais uma vez em suas ligações, interpelando as possíveis vítimas e deixando um rastro de dúvidas para todos os envolvidos. Qual o interesse em reviver Woodsboro?

Esta também é uma questão norteadora em Pânico 6. Depois da revelação dos assassinos do filme anterior, alguém parece muito focado em retaliação. As irmãs, então, precisam lutar mais uma vez pela sobrevivência. Desta vez, em Nova York. E sem o luxo de confiar definitivamente em ninguém. Paqueras, colegas de faculdades, terapeuta, os policiais investigadores das últimas cenas de assassinato: qualquer um pode ser um suspeito em potencial. E esse é o charme que sempre esteve presente na franquia, perspectiva ainda presente, mas como já mencionado anteriormente, elementos que integram um filme bom, mas que não faria diferença para a franquia se não existisse. Basicamente, é o padrão industrial do cinema. Está rendendo? Que novas investidas surjam, algo que pelo lado financeiro se justifica, mas também nos permite entender a necessidade de reapresentação destes personagens clássicos para as novas plateias.

Sobre a trama se situar em Nova York, temos aqui um ponto muito positivo para o filme. Não é a primeira vez que um antagonista slasher sai de sua cidade para cometer atrocidades em outros lugares. Jason, o icônico monstro da franquia Sexta-Feira 13, entrou em 1989 num navio situado perto de Crystal Lake e foi para nas ruas da grande metrópole estadunidense. Ciente de sua abordagem metalinguística, os realizadores referenciam esta passagem logo nos primeiros minutos do filme, com um personagem diante da exibição deste clássico na televisão. Sair de Woodsboro para Nova York, então, permitiu um frescor para a narrativa. Ampliou, ainda, as suas possibilidades narrativas: a direção de fotografia de Brett Jutkiewicz aproveita ao máximo a geografia nova-iorquina e faz uso pontual de cada beco, rua, estação de metrô…

É um setor que também conta com a colaboração do ótimo design de produção de Michele Laliberte, profissional responsável por supervisionar cenários, direção de arte e seus adereços, bem como os figurinos que resgatam a memória dos crimes de Woodsboro. Em linhas gerais, uma narrativa esteticamente envolvente, repleta de referências para o deleite dos fãs. Assistir ao filme numa sala de cinema relativamente vazia, mas apenas com cinéfilos empolgados com cada menção ao universo em questão foi uma experiência mais empolgante que o filme em si. De novo, em repetição, este sempre foi o charme e ponto máximo de Pânico, estratégia que reaparece neste capítulo, uma trama que tira todos da zona de conforto, reforça a irrelevância dos personagens-legado para o slasher contemporâneo, figuras que podem morrer depois de batalharem tanto em circunstâncias anteriores. Em suma, heróis passíveis de eliminação sem piedade. Ainda sobre as questões estéticas, tenho alguns pontos para ressaltar.

Com o design de som supervisionado por Karen Baker Landers, o filme consegue a maestria de potencializar a brutalidade vista em cena. Os assassinatos, cada vez mais sangrentos, expõem a fúria de Ghostface, mais frenético e endiabrado do que nunca. Brian Tyler, no âmbito da trilha sonora, entrega uma textura percussiva eficiente, mesmo que um pouco distante do tom assertivo adotado por Marco Beltrami nos quatro primeiros capítulos da saga, dirigida na época por Wes Craven, cineasta que se estivesse vivo, se orgulharia do legado deixado para as novas gerações de realizadores. Com roteiro de James Vanderbilt e Guy Busick, dupla inspirada nos personagens criados por Kevin Williamson, Pânico 6 traz de volta dos diretores Matt Bettinelli-Olpin e Tyler Gillett, todos profissionais muito competentes, diante da difícil missão de manter a relevância de uma franquia que acabou de chegar em seu sexto filme e precisa oxigenar propostas para conseguir aderência dos espectadores novos e também dos fãs.

Em seus 123 minutos, longos, mas que acreditem, não são sentidos com pesar por quem assiste com determinação e interesse, a narrativa traz mais uma vez a voz assustadora de Roger L. Jackson como Ghostface, bem como os irmãos Chad (Mason Gooding) e Mindy (Jasmin Savoy-Brown), sobreviventes do massacre do antecessor, além de adicionar o Detetive Bailey (Dermot Mulroney) e o terapeuta Dr. Christopher Stone (Henry Czar), figuras ficcionais que acrescentam bons novos olhares para a franquia que dialoga também com os desdobramentos do trauma, conectando-se com o legado deste universo para justificar os crimes realizados por quem está por detrás da icônica máscara. Pânico 6 traz  reviravoltas orgânicas e apesar de encerrar com um ciclo bem amarrado, aparentemente não se cansará por aqui. É provável que tenhamos continuação.

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