Parece inacreditável, mas eles conseguiram. Depois de surpreender o mundo, em 2023, com um filme de terror envolvendo o Ursinho Pooh e sua turma (uma vez que os direitos autorais do personagem caíram de domínio público naquele ano), poucos meses depois o restrito público que se aventurou a assistir àquela produção foi surpreendido pelo anúncio de uma inacreditável sequência. E era verdade, tanto, que a partir dessa quinta-feira estreia no circuito exibidor brasileiro o longa ‘Ursinho Pooh: Sangue e Mel 2’, a surpreendente (em todos os sentidos) continuação daquele projeto inicial.
Após sobreviver aos ataques terríveis do Bosque dos 100 Acres, Christopher Robin (Scott Chambers) se tornou uma pessoa mal-quisto na cidade onde vive, de pouco menos de dois mil habitantes. Sem amigos e isolado socialmente, ele frequenta terapia de hipnose para tentar lembrar do que ocorreu quando seu irmão fora sequestrado, e, ao mesmo tempo, tenta superar os horrores que vivera no bosque. Porém, quando novos casos de assassinato brutais recomeçam a surgir na cidade, todos parecem desconfiar dele, mas Christopher Robin sabe que a culpa é dos seus antigos amigos de infância, Pooh (Ryan Oliva), Leitão (Eddy Mackenzie), Corujão (Marcus Massey) e Tigrão (Lewis Santer). Agora, mais do que tudo, Christopher Robin precisa se lembrar do que acontecera no passado para proteger sua irmã (Thea Evans) e a todos da cidade.
Dá quase pra esquecer completamente o filme anterior com este ‘Ursinho Pooh: Sangue e Mel 2’. Se antes o orçamento fora de milagrosos $40 mil, dessa vez a verba é bem maior, e dá pra reparar que a produção não poupou centavo para investir em qualidade em todos os aspectos nesta continuação. Assim, ‘Ursinho Pooh: Sangue e Mel 2’ é um desses raros casos do cinema em que a sequência é melhor (bem melhor) do que o original.
Novamente escrito por Matt Leslie e Rhys Frake-Waterfield, com direção deste, o novo filme recupera o formato anterior: temos um prólogo feito em animação, que conta basicamente a sinopse do filme, e um pós-créditos que dá o gancho para o próximo (que já está confirmado). Além disso, temos a introdução de “novos” personagens (os direitos do Tigrão caíram este ano), o que amplia a trama, mesmo que seu eixo principal esteja centrado no par Pooh-Christopher Robin. Mas dessa vez os roteiristas decidiram (acertadamente) a focar nas inspirações e homenagens aos filmes de terror; assim, o longa fica recheado de easter-eggs e pequenas celebrações dos clássicos undergrounds, como matança com motosserra tal qual ‘O Massacre da Serra Elétrica’; um jovem super-fã de Jason, usando a máscara; uma baby-sitter bonitona que vai cuidar de uma criança justo no dia que um assassino invade a casa e decide subir as escadas pra se salvar; temos assassinato com bastão de beisebol; há matança estilo ‘Halloween’ e até mesmo uma loira bonitona correndo em câmera lenta toda coberta de sangue no meio de uma festa de gente como nos clássicos de terror dos anos 80. Nesse quesito, os fãs realmente serão fartamente contemplados.
Agora, é preciso ter estômago. As cenas caminham entre o terror slasher e o gore, e tudo muito evidente (é pra ver faca no olho, tripa explodindo, cabeças voando etc), e isso ocorre desde literalmente a primeira cena. E são muitas, muitas mesmo. Mas, como todo bom filme, ‘Ursinho Pooh: Sangue e Mel 2’ não se resume só à matança e à tortura, e traz uma explicação coerente e bem interessante na sua proposta.
Dentre os últimos lançamentos do gênero, ‘Ursinho Pooh: Sangue e Mel 2’ é realmente uma grande e inacreditável surpresa, desbancando fácil muitos desses outros que andam figurando nas listas por aí. É terror raiz puro, que por acaso tem personagens famosinhos no enredo. Diversão garantida para os de estômago forte.