terça-feira , 5 novembro , 2024

Crítica 2 | Velozes e Furiosos 8 – Franquia megalomaníaca só faz crescer

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Um Limite Entre Nós

A esta altura nem precisa ser dito que a franquia de filmes Velozes e Furiosos não pode ser levada a sério. Mas se mesmo assim, existe algum ressentimento de sua parte por estes filmes, por serem muito fantasiosos, exagerados e sem compromisso algum com as leis da física, entre outras coisas, bem, então é certo afirmar que você não possui gosto para o cinema blockbuster pipoca e de entretenimento. Tais filmes vêm sendo produzidos desde a década de 1970, tomando corpo na década de 1980, para chegar até aqui. Renegar isso é renegar de certa forma os alicerces da maior indústria do cinema mundial.

Uma vez tendo dito isso, vale dizer também que nem toda superprodução criada unicamente como forma de escapismo é ouro. A própria franquia Velozes e Furiosos só se descobriu e assumiu de vez as tintas que possui hoje nos últimos exemplares. O primeiro filme, datando de 2001, exibia certo realismo, se comportando como um remake não declarado de Caçadores de Emoção (1991) – troque apenas surfistas por corredores de racha. Quando o protagonista Vin Diesel retornou para a série em 2009, com o quarto exemplar, aos poucos a Universal e os envolvidos foram entendendo e moldando o que temos hoje.

E o que temos hoje? Filmes de ação megalomaníacos, com orçamentos que não ficam devendo para os maiores da atualidade, cujo espetáculo visual e valor de entretenimento é comparável ao de gigantescas franquias como 007, Missão: Impossível, Indiana Jones, Star Wars e os filmes da Marvel. Não é exagero! A coisa é grande neste nível. Para a Universal, o entusiasmo para estas continuações não poderia ser maior, afinal, a série enche os caixas do estúdio de dinheiro, se comportando como uma verdadeira galinha dos ovos de ouro.

Tamanho investimento precisa fazer por onde, entregando algo mais para o público, além da adrenalina da confecção de exímias cenas que desafiam nossos olhos e mentes, entregando a cada novo exemplar algo nunca tentado, e mantendo para os fãs o padrão de qualidade. No quesito ação, Velozes e Furiosos se comporta mais como os arrasa-quarteirões do passado, aqueles que minha geração cresceu assistindo na década de 1980, na qual reinavam brucutus como Arnold Schwarzenegger e Sylvester Stallone – não sei como as duas lendas ainda não foram compilados para a saga – do que os filmes de efeitos especiais de super-heróis e cia., de telas verde e pouco feito na frente das câmeras.

A franquia faz questão de ser da velha guarda neste sentido, entregando façanhas inacreditáveis bem na frente de nossos olhos e apostando no carisma dos astros musculosos ao invés de confiar todas as suas fichas em um personagem que a cada filme assume nova identidade. É o resgate da era dos astros ao invés das marcas – recrutando alguns dos maiores nomes do gênero para figurar em sua enorme lista de elenco, vide Dwayne Johnson, Jason Statham e Kurt Russell, e o melhor, dando espaço para cada um deles ter o seu momento de brilho.

Outro diferencial, em comparação com franquias como Transformers e Piratas do Caribe – igualmente objetos de afeição do grande público – é o roteiro. Existe um esforço (mesmo que mínimo, dependendo do seu ponto de vista) em criar bons personagens, desenvolvê-los, dar-lhes motivações convincentes e criar conflitos interessantes e identificáveis o suficiente, para depois encaixar as situações inacreditáveis. Isso é mais do que podemos dizer da maioria dos blockbusters, que apenas criam fábricas de frases feitas, sem qualquer conexão humana em seus personagens.

Na trama, Toretto (Vin Diesel) vira renegado e se volta contra o que mais valoriza no mundo, sua família. O motivo é a chegada da vilã hipnótica Cipher (Charlize Theron), uma cyber terrorista temida mundialmente, ao ponto de ser considerada apenas uma lenda, que está na cola do troglodita careca há muito tempo. Ela chantageia o sujeito e o faz trair as pessoas que mais ama, para concluir sua missão. O motivo… Bem, não cabe contar aqui e vocês terão que assistir ao filme. A partir daí, como em todos os filmes da série, tudo se torna apenas uma desculpa para as mais estrondosas cenas de ação, conectadas por um ótimo timing cômico, personagens cativantes, e a adição de nomes pra lá de inusitados ao elenco.

As adições mais surpreendentes e chamativas aqui são Charlize Theron, a Dama Helen Mirren e o novato Scott Eastwood, filho do lendário Clint Eastwood. A musa Theron, como dito, vive Cipher, a primeira vilã da franquia e titereira mestra por trás do oitavo longa. Se me dissessem há dez anos que a vencedora do Oscar estaria neste filme, seria difícil acreditar. Mas aqui está ela. Apesar de não haver muito esforço para tentarmos entender quem é de fato a personagem misteriosa, ou olharmos por trás de sua fachada, se mostra como ponto a favor ela ser uma vilã inteligente, afastada da usual chuva de sopapos que permeia a série. Theron a interpreta de forma calma e minimalista, diferente da deliciosa canastrice over the top confeccionada para a Rainha Ravenna de Branca de Neve e o Caçador (2012) – sua outra vilã. Cipher está mais para Vickers, de Prometheus (2012).

Scott Eastwood entra na pele do Ninguenzinho, agente federal sidekick do Sr. Ninguém (Kurt Russell), cuja proposta parece ser ocupar o lugar deixado pelo saudoso Paul Walker e seu Brian O´Connor. E veterana Helen Mirren, igualmente vencedora do Oscar, vive… Revelar seu papel talvez seja entregar uma das reviravoltas mais divertidas aqui. Vale dizer que sua ajuda é necessária, e que Toretto a procura em um momento de desespero, muito útil para a resolução do grande dilema.

O clima cartoon impera aqui. Velozes e Furiosos 8 se assume mais como galhofa, como um desenho animado, no qual os personagens não morrem de verdade ou sequer sangram. Adentrar uma sessão do filme é estar disposto a aceitar que carros possam ser controlados à distância, realizando façanhas que talvez um motorista experiente não conseguisse. É aceitar que carros possam correr lado a lado com um imenso submarino, se comportando como uma baleia faminta e assassina. É aceitar que alguém possa duelar à base de tiros com um bebê no colo e tudo acabar bem. É aceitar que mocinhos virem bandidos e criminosos altamente cruéis virem amistosos aliados como quem troca de roupa. É aceitar que Velozes e Furiosos chegou ao seu oitavo exemplar com mais fôlego do que nunca e pronto para novas incursões. E que venha Os Furiosos Espaciais.

 

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Uma vez tendo dito isso, vale dizer também que nem toda superprodução criada unicamente como forma de escapismo é ouro. A própria franquia Velozes e Furiosos só se descobriu e assumiu de vez as tintas que possui hoje nos últimos exemplares. O primeiro filme, datando de 2001, exibia certo realismo, se comportando como um remake não declarado de Caçadores de Emoção (1991) – troque apenas surfistas por corredores de racha. Quando o protagonista Vin Diesel retornou para a série em 2009, com o quarto exemplar, aos poucos a Universal e os envolvidos foram entendendo e moldando o que temos hoje.

E o que temos hoje? Filmes de ação megalomaníacos, com orçamentos que não ficam devendo para os maiores da atualidade, cujo espetáculo visual e valor de entretenimento é comparável ao de gigantescas franquias como 007, Missão: Impossível, Indiana Jones, Star Wars e os filmes da Marvel. Não é exagero! A coisa é grande neste nível. Para a Universal, o entusiasmo para estas continuações não poderia ser maior, afinal, a série enche os caixas do estúdio de dinheiro, se comportando como uma verdadeira galinha dos ovos de ouro.

Tamanho investimento precisa fazer por onde, entregando algo mais para o público, além da adrenalina da confecção de exímias cenas que desafiam nossos olhos e mentes, entregando a cada novo exemplar algo nunca tentado, e mantendo para os fãs o padrão de qualidade. No quesito ação, Velozes e Furiosos se comporta mais como os arrasa-quarteirões do passado, aqueles que minha geração cresceu assistindo na década de 1980, na qual reinavam brucutus como Arnold Schwarzenegger e Sylvester Stallone – não sei como as duas lendas ainda não foram compilados para a saga – do que os filmes de efeitos especiais de super-heróis e cia., de telas verde e pouco feito na frente das câmeras.

A franquia faz questão de ser da velha guarda neste sentido, entregando façanhas inacreditáveis bem na frente de nossos olhos e apostando no carisma dos astros musculosos ao invés de confiar todas as suas fichas em um personagem que a cada filme assume nova identidade. É o resgate da era dos astros ao invés das marcas – recrutando alguns dos maiores nomes do gênero para figurar em sua enorme lista de elenco, vide Dwayne Johnson, Jason Statham e Kurt Russell, e o melhor, dando espaço para cada um deles ter o seu momento de brilho.

Outro diferencial, em comparação com franquias como Transformers e Piratas do Caribe – igualmente objetos de afeição do grande público – é o roteiro. Existe um esforço (mesmo que mínimo, dependendo do seu ponto de vista) em criar bons personagens, desenvolvê-los, dar-lhes motivações convincentes e criar conflitos interessantes e identificáveis o suficiente, para depois encaixar as situações inacreditáveis. Isso é mais do que podemos dizer da maioria dos blockbusters, que apenas criam fábricas de frases feitas, sem qualquer conexão humana em seus personagens.

Na trama, Toretto (Vin Diesel) vira renegado e se volta contra o que mais valoriza no mundo, sua família. O motivo é a chegada da vilã hipnótica Cipher (Charlize Theron), uma cyber terrorista temida mundialmente, ao ponto de ser considerada apenas uma lenda, que está na cola do troglodita careca há muito tempo. Ela chantageia o sujeito e o faz trair as pessoas que mais ama, para concluir sua missão. O motivo… Bem, não cabe contar aqui e vocês terão que assistir ao filme. A partir daí, como em todos os filmes da série, tudo se torna apenas uma desculpa para as mais estrondosas cenas de ação, conectadas por um ótimo timing cômico, personagens cativantes, e a adição de nomes pra lá de inusitados ao elenco.

As adições mais surpreendentes e chamativas aqui são Charlize Theron, a Dama Helen Mirren e o novato Scott Eastwood, filho do lendário Clint Eastwood. A musa Theron, como dito, vive Cipher, a primeira vilã da franquia e titereira mestra por trás do oitavo longa. Se me dissessem há dez anos que a vencedora do Oscar estaria neste filme, seria difícil acreditar. Mas aqui está ela. Apesar de não haver muito esforço para tentarmos entender quem é de fato a personagem misteriosa, ou olharmos por trás de sua fachada, se mostra como ponto a favor ela ser uma vilã inteligente, afastada da usual chuva de sopapos que permeia a série. Theron a interpreta de forma calma e minimalista, diferente da deliciosa canastrice over the top confeccionada para a Rainha Ravenna de Branca de Neve e o Caçador (2012) – sua outra vilã. Cipher está mais para Vickers, de Prometheus (2012).

Scott Eastwood entra na pele do Ninguenzinho, agente federal sidekick do Sr. Ninguém (Kurt Russell), cuja proposta parece ser ocupar o lugar deixado pelo saudoso Paul Walker e seu Brian O´Connor. E veterana Helen Mirren, igualmente vencedora do Oscar, vive… Revelar seu papel talvez seja entregar uma das reviravoltas mais divertidas aqui. Vale dizer que sua ajuda é necessária, e que Toretto a procura em um momento de desespero, muito útil para a resolução do grande dilema.

O clima cartoon impera aqui. Velozes e Furiosos 8 se assume mais como galhofa, como um desenho animado, no qual os personagens não morrem de verdade ou sequer sangram. Adentrar uma sessão do filme é estar disposto a aceitar que carros possam ser controlados à distância, realizando façanhas que talvez um motorista experiente não conseguisse. É aceitar que carros possam correr lado a lado com um imenso submarino, se comportando como uma baleia faminta e assassina. É aceitar que alguém possa duelar à base de tiros com um bebê no colo e tudo acabar bem. É aceitar que mocinhos virem bandidos e criminosos altamente cruéis virem amistosos aliados como quem troca de roupa. É aceitar que Velozes e Furiosos chegou ao seu oitavo exemplar com mais fôlego do que nunca e pronto para novas incursões. E que venha Os Furiosos Espaciais.

 

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