segunda-feira , 23 dezembro , 2024

Crítica 3 | Mulher-Maravilha – Um filmes pacifista…

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…E DE MUITAS QUALIDADES

 

Mulher-Maravilha (Wonder Woman) é o filme mais comentado do ano no Twitter nos EUA. As razões vão além do aspecto artístico da obra. O ineditismo de um filme de super-heroína e a capacidade dos grupos feministas de pautarem a internet tem um peso significativo nesta repercussão. E já que o filme ainda está bombando – e deve continuar assim até o mês que vem, quando estreia Homem-Aranha: De Volta ao Lar (ou vocês acham que Baywacth tem essa força?!) – vou deixar aqui os meus dois centavos.



O caso da Mulher-Maravilha é um feliz encontro de crítica e público. Depois de sucessivos filmes problemáticos, a Warner e a DC acertaram a mão. Muitos falaram que é o melhor filme da casa desde a trilogia Batman do Nolan. Realmente, Mulher-Maravilha conseguiu tirar a DC do atoleiro, mas, isto não significa que o filme chegue perto de obras como Batman – O Cavaleiro das Trevas (para mim, o melhor filme de herói já feito). O que temos aqui é um filme muito bem feito, que consegue ser eficiente para alcançar seus objetivos (e isto significa arriscar pouco) e também consegue inovar um pouco no gênero.

Em muitos sentidos, Mulher-Maravilha aproxima-se da fórmula Marvel. Bem menos sombrio do que Batman vs Superman, o filme da Diana (Gal Gadot) consegue aquele equilíbrio entre ação, aventura, humor e drama que a Marvel estabeleceu. Neste ponto, Mulher-Maravilha é um filme conservador, que prefere seguir por caminhos conhecidos. Contudo, a diretora Patty Jenkins não deixa o filme virar um passeio no parque, afinal, estamos falando de um filme de guerra. E aqui começam as duas contribuições do filme. Primeiro, o filme consegue, em certos momentos, um tom mais grave, raro de se ver nos filme da concorrente (recentemente, só Logan conseguiu isso, e nem é dos estúdios Marvel). E, claro, a maior contribuição, é colocar a primeira heroína nas telas.

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Muito já se falou do lado feminista do filme. O texto é evidente do começo ao filme. A diretora produz uma mise-en-scène que consegue problematizar muitos clichês, seja quando Diana lidera a tropa no campo de batalha, seja no enquadramento que valorizam a personagem sem apelar para seu lado sexual. A sexualização das personagens femininas é uma marca dos quadrinhos que pode ser notado, em menor grau, nos filmes. E Jenkins segue outro caminho, mostrando uma Diana dona de si, e não objeto – e não estou aqui fazendo nenhuma condenação aos diretores que adotam a sexualização, apenas constatando que Jenkins opta por captar a sua protagonista de forma pouco usual no universo dos heróis.

Mas, como muito já se falou sobre o feminismo e Mulher-Maravilha, dirijo minha atenção para outras qualidades do longa.

Estamos diante de um filme pacifista. A câmera de Jenkins consegue captar a tristeza da guerra e contrastá-la com os momentos de alegria após a libertação de uma vila pelos aliados. Este contraste, lá pelo meio do segundo ato, deixa bem claro que Mulher-Maravilha carrega um subtexto antibelicista.

Outro aspecto que me agradou muito foi o arco dramático da protagonista. Diana começa com uma visão idealista-inocente do mundo, acreditando que Ares é o único culpado pela guerra e que a humanidade é boa. E, quando começamos a nos cansar da insistência de Diana na sua busca por Ares, já estamos perto do ponto no qual ela perceberá as contradições humanas e compreenderá a sua verdadeira missão. O carisma que Gal Gadot empresta para a personagem é responsável por fazer o público embarcar nessa jornada.

Este lado humano de uma deusa pode parecer absurdo para alguns, mas é bastante compreensível quando pensamos que os deuses gregos eram criaturas poderosas e com sérios problemas de caráter.

Outro ponto que merece palmas para o filme é a fotografia. A diretora Patty Jenkins e o diretor de fotografia Metthew Jensen conseguiram extrair personalidade de uma estética estabelecida por Zack Snyder para o Universo DC no cinema. Nas cenas em Temiscira, há um fotografia sutil em tons de azul, vermelho e dourado (cores do uniforme da heroína) para marcar o aspecto mítico do lugar. A partir do segundo ato, Londres e os campos de batalha abraçam a paleta mais acinzentada e escura que caracterizou BvS. Aqui, porém, essa estética dialogou com o cenário de guerra.

Os poucos pontos fracos do filme são a sua galeria de vilões e o ato final, especialmente a parte da batalha, com um CGI fraco e uma composição de imagens pouco inspirada. E o fato do filme ter se aproximado da fórmula de sucesso da Marvel pode tanto soar como elogio quanto crítica. Pessoalmente, preferiria que a DC seguisse por outros caminhos, dando maior diversidade ao gênero de heróis, mas isto fica para outro texto.

E aí, gostou do filme? Curtiu a batalha final? O que achou da dinâmica entre Diana e Steve Trevor? Vamos, comente, compartilhe e curta nossas redes sociais:

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O caso da Mulher-Maravilha é um feliz encontro de crítica e público. Depois de sucessivos filmes problemáticos, a Warner e a DC acertaram a mão. Muitos falaram que é o melhor filme da casa desde a trilogia Batman do Nolan. Realmente, Mulher-Maravilha conseguiu tirar a DC do atoleiro, mas, isto não significa que o filme chegue perto de obras como Batman – O Cavaleiro das Trevas (para mim, o melhor filme de herói já feito). O que temos aqui é um filme muito bem feito, que consegue ser eficiente para alcançar seus objetivos (e isto significa arriscar pouco) e também consegue inovar um pouco no gênero.

Em muitos sentidos, Mulher-Maravilha aproxima-se da fórmula Marvel. Bem menos sombrio do que Batman vs Superman, o filme da Diana (Gal Gadot) consegue aquele equilíbrio entre ação, aventura, humor e drama que a Marvel estabeleceu. Neste ponto, Mulher-Maravilha é um filme conservador, que prefere seguir por caminhos conhecidos. Contudo, a diretora Patty Jenkins não deixa o filme virar um passeio no parque, afinal, estamos falando de um filme de guerra. E aqui começam as duas contribuições do filme. Primeiro, o filme consegue, em certos momentos, um tom mais grave, raro de se ver nos filme da concorrente (recentemente, só Logan conseguiu isso, e nem é dos estúdios Marvel). E, claro, a maior contribuição, é colocar a primeira heroína nas telas.

Muito já se falou do lado feminista do filme. O texto é evidente do começo ao filme. A diretora produz uma mise-en-scène que consegue problematizar muitos clichês, seja quando Diana lidera a tropa no campo de batalha, seja no enquadramento que valorizam a personagem sem apelar para seu lado sexual. A sexualização das personagens femininas é uma marca dos quadrinhos que pode ser notado, em menor grau, nos filmes. E Jenkins segue outro caminho, mostrando uma Diana dona de si, e não objeto – e não estou aqui fazendo nenhuma condenação aos diretores que adotam a sexualização, apenas constatando que Jenkins opta por captar a sua protagonista de forma pouco usual no universo dos heróis.

Mas, como muito já se falou sobre o feminismo e Mulher-Maravilha, dirijo minha atenção para outras qualidades do longa.

Estamos diante de um filme pacifista. A câmera de Jenkins consegue captar a tristeza da guerra e contrastá-la com os momentos de alegria após a libertação de uma vila pelos aliados. Este contraste, lá pelo meio do segundo ato, deixa bem claro que Mulher-Maravilha carrega um subtexto antibelicista.

Outro aspecto que me agradou muito foi o arco dramático da protagonista. Diana começa com uma visão idealista-inocente do mundo, acreditando que Ares é o único culpado pela guerra e que a humanidade é boa. E, quando começamos a nos cansar da insistência de Diana na sua busca por Ares, já estamos perto do ponto no qual ela perceberá as contradições humanas e compreenderá a sua verdadeira missão. O carisma que Gal Gadot empresta para a personagem é responsável por fazer o público embarcar nessa jornada.

Este lado humano de uma deusa pode parecer absurdo para alguns, mas é bastante compreensível quando pensamos que os deuses gregos eram criaturas poderosas e com sérios problemas de caráter.

Outro ponto que merece palmas para o filme é a fotografia. A diretora Patty Jenkins e o diretor de fotografia Metthew Jensen conseguiram extrair personalidade de uma estética estabelecida por Zack Snyder para o Universo DC no cinema. Nas cenas em Temiscira, há um fotografia sutil em tons de azul, vermelho e dourado (cores do uniforme da heroína) para marcar o aspecto mítico do lugar. A partir do segundo ato, Londres e os campos de batalha abraçam a paleta mais acinzentada e escura que caracterizou BvS. Aqui, porém, essa estética dialogou com o cenário de guerra.

Os poucos pontos fracos do filme são a sua galeria de vilões e o ato final, especialmente a parte da batalha, com um CGI fraco e uma composição de imagens pouco inspirada. E o fato do filme ter se aproximado da fórmula de sucesso da Marvel pode tanto soar como elogio quanto crítica. Pessoalmente, preferiria que a DC seguisse por outros caminhos, dando maior diversidade ao gênero de heróis, mas isto fica para outro texto.

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