quinta-feira , 21 novembro , 2024

Crítica | 3% Segunda Temporada – bem produzida, mas conveniências do roteiro incomodam

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Por Nívia Passos

Desde que foi anunciada como a primeira série brasileira produzida pela Netflix, 3% ganhou a atenção do público, para o bem e para o mal. Muitos, antes mesmo de assistir, preferiram virar a cara para o programa – porque, afinal, “quem esse povo br está pensando que é para fazer ficção científica”, não é mesmo?. Já outros, mais otimistas, ficaram animados com a novidade e esperaram o seriado de braços – e mente! – abertos; mais focados na inovação de ver o Brasil na plataforma de streaming que em procurar falhas para mostrar que sabiam desde o início que essa história não daria certo…



Pois bem. A primeira temporada foi lançada com 8 episódios e, como esperado, manteve essa divisão ame/odeie. Por fim, mesmo com algumas críticas bem negativas, foi renovada para mais uma season – para a alegria de quem queria poder conferir o que, de fato, acontecia no Maralto; saber mais sobre a Causa; e continuar acompanhando a trajetória de Michele, Fernando, Joana e Rafael. Mas será que essa continuação  realmente funcionou ou quem achava que a história não vingaria estava mesmo certo? Vamos lá!

Pelo teaser de 30 segundos divulgado pela Netflix no final do ano passado, já tinha ficado claro que a segunda temporada viria muito mais bem produzida que a primeira – e, sim, isso realmente acontece. Logo no primeiro episódio, a gente percebe uma fotografia diferente, pensada com mais cuidado. Tudo bem que o recurso de usar cores mais vibrantes no Maralto e mais escuras no Continente é meio óbvia, mas funciona por acompanhar a proposta de mostrar a diferença gritante entre esses dois mundos. E o mesmo acontece com o figurino, que também apresenta uma melhora significativa – e juro que não falo isso só por ter ficado desejando todos aqueles macacões incríveis que Michele (Bianca Comparato) desfilou pelo Maralto; mas, sim, porque a série mostrou uma certa identidade visual que não existia na primeira temporada . Lembra do recurso batido de caracterizar as pessoas do lado pobre com a cara suja e a roupa toda rasgada? Então, deram uma amenizada e não incomoda tanto mais. Ponto para a continuação!

A história, por sua vez, não começa acompanhando essa melhora do visual e deixa a desejar. Depois da season finale – com os aprovados no Processo, Michele renegando a Causa, descobrindo que o irmão está vivo e outras reviravoltas -, o primeiro episódio tinha tudo para ser incrível, só que acaba sendo um dos mais desinteressantes entre os dez novos. Ele até começa curioso, mostrando o Trio Fundador do Maralto (interpretado por Fernanda Vasconcellos, Maria Flor e Sílvio Guindane) em um flashback sem muitas explicações, e as diferenças gritantes entre os dois lados através das rotinas de Michele e Joana (Vaneza Oliveira). Mas, depois, preocupado em deixar bem claro quais serão os conflitos da vez e reapresentar os personagens, peca no ritmo. Ah, e o excesso de palavrões também incomoda – e não falo isso por puritanismo, longe de mim. O problema é que eles parecem ter sido colocados no diálogo para passar uma naturalidade que não acompanha o texto, e isso faz com que acabem soando falsos (embora as atuações, um dos maiores problemas da primeira temporada, tenham apresentado certa melhora).

Outro problema, que aparece desde o início e persiste ao longo dos episódios, é a quantidade de conveniências do roteiro e atitudes que não condizem com a personalidade dos personagens para que a história tome determinada direção. Isso sem falar no clichê dos clichês de todo mundo, quase que literalmente, sempre esbarrar em algo que precisa ser descoberto (e eu juro que perdi a conta de quantas vezes isso aconteceu na temporada). Por exemplo: se Rafael (Rodolfo Valente) está desconfiado de Michele, ele vai estar caminhando lindamente pelo Maralto quando, praticamente, irá tropeçar na menina conversando de maneira suspeita com Ezequiel (João Miguel) – e isso vai acontecer quantas vezes acharem necessário para criar conflito ou chocar com alguma cena de ameaça/revelação. E o mesmo acontece com o recurso de mostrar algo trágico através de simulação ou sonho, sem que o telespectador saiba que se trata disso, para entregar mais tensão à narrativa. Na primeira vez, funcionou muito bem; mas  esse truque acabou ficando tão repetitivo que chega um certo ponto em que a gente para de se importar se a cena realmente aconteceu ou não – assim como a 43234ª tentativa de plot twist, quase sempre relacionado à personalidade ou relação de um personagem com outro, também deixa de convencer pelo excesso e por parecer que só foi colocada ali para tentar empolgar com uma reviravolta, e não por uma construção narrativa planejada.

No entanto, felizmente, não é só de pontos negativos que é feita essa segunda temporada. Por mais que o enredo acabe não sendo tão interessante quanto o da primeira – principalmente por não ter mais todas aquelas provas curiosas do Processo -, ele apresenta críticas mais maduras e está ainda mais próximas da nossa realidade. A reflexão sobre a desigualdade está ainda mais ácida, tem cena fazendo referência à intervenção militar, e rola até uma alfinetada nas religiões através de uma metáfora em que o Casal Fundador (ou Trio Fundador, como você vai entender quando assistir) é mencionado como se representasse a figura de Deus. Quem ataca essa parte, claro, é Fernando (Michel Gomes), que ainda continua em conflito com seu pai pastor pelo fato de ter desistido do Processo – que, aqui, é quase um sinônimo do céu prometido nas pregações da vida real. As frases de efeito também estão mais marcantes, e por mais que apareçam meio mecanizadas nos diálogos, fazem refletir – como a que Joana fala logo no primeiro episódio, por exemplo; que lembra um dos quotes mais memoráveis do recente Pantera Negra. Ela diz “Eu prefiro morrer tentando mudar alguma coisa do que continuar me escondendo”, e a gente assiste daqui quase gritando um “Go, girl! Vai lá e acaba com tudo!”.

Mas, ainda assim, a história custa a engrenar porque parece presa em um ciclo repetitivo. Por mais que até tenham algumas ideias interessantes em alguns episódios – como o Prosexo, que faz referência a aplicativos como Tinder -, ela perde muito tempo em Ezequiel ameaçando Michele (que, agora, ao ver que o irmão está mesmo vivo, fica ainda mais nas mãos dele) e nos conflitos internos da Causa (com direito a uma tensão sexual entre dois personagens que é esquecida sem resolução, e o embate sobre jogar ou não uma bomba para acabar com o Processo 105). Até que chega o episódio 6 e tudo melhora – e não só pela participação superespecial que só vou revelar na parte de spoilers para não estragar a surpresa. A mudança positiva que acontece aqui se deve ao fato dos personagens começarem a despertar um interesse que, até então, estava quase inexistente para mim. Glória, uma das novas integrantes da trama, vivida pela atriz Cynthia Senek, mostrou que é cheia de camadas ao falar sobre o relacionamento abusivo da mãe – que, até então, só sabíamos por alto – e da culpa que ela carrega dentro de si desde a infância. Michele, por sua vez, se mostra mais como a personagem interessante que conhecemos na primeira temporada, com a personalidade dúbia que nos faz duvidar de qualquer palavra que ela fale (e, sim, Bianca Comparato continua sendo uma das melhores do elenco. O texto engessado é que nem sempre favorece sua atuação).

Depois disso, é só elogios? Errr… não. Pelo texto, você já deve ter percebido que a história sobe e desce a todo momento. E, sim, quando finalmente achei que a temporada tinha encontrado seu rumo, eles voltam a tomar decisões questionáveis e inverossímeis – como o retorno de um determinado personagem que, além de não acrescentar em nada, não teve sentido algum (você vai saber de quem estou falando assim que ele aparecer na tela. Assim não dá para te defender, 3%!).

Por outro lado, compensando toda essa bagunça, a season finale é boa e a última cena – ao som de um clássico de Cartola interpretado por Liniker – deixa o interesse pela terceira temporada lá em cima. Agora, é só torcer para que a continuação venha com todos esses pontos negativos ajustados para que, parafraseando o próprio Processo, hater nenhum diga que a série continua viva por sorte e não merecimento. Sigo na torcida.

SPOILERS:

Este espaço aqui é reservado para breves comentários sobre acontecimentos da temporada. Se ainda não fez a maratona, leia por sua conta e risco (depois não diga que não avisei):

1 – Ezequiel (João Miguel) estava tão apagado nessa temporada que, sinceramente, nem dá para sentir direito a morte dele. Não que ele seja um personagem querido, mas a intenção era impactar e estou com a séria suspeita de que ninguém vai ligar muito…

2 – Reclamei da quantidade de vezes em que recorrem à simulações/sonhos para criar tensão, certo? Mas a que digo que funciona é a que acontece logo no segundo episódio, em que Elisa (Thais Lago) é assassinada pelo fato de Rafael não revelar que é um infiltrado da causa.

3 – Falando em Elisa e Rafael: gostei da ideia de colocarem um romance para humanizar o personagem – que, nessa temporada, está muito mais agradável que na primeira. Mas alguém também pensou “que isso, já está amando?” quando ele começou a mostrar toda aquela paixão pela médica? A construção do relacionamento dos dois não me convenceu tanto.

4 – O Maralto, pelo jeito, é praticamente uma “Casa da Mãe Joana”. Todo mundo entra e sai das salas secretas, incluindo a do Ezequiel, quando bem quer. Menos, conveniência de roteiro, beeeeeem menos!

5 – Ótimo a entrada de uma personagem trans para a história – a Ariel.  A série é toda representativa, com tantas mulheres poderosas e negros, mas estava faltando isso. E muito bom terem colocado justo ela para encabeçar o protesto quando o Processo 105 estava prestes a não acontecer…

6 – Amo o episódio de Mel Fronckowiak – a esposa de Ezequiel – na primeira temporada e irei defendê-lo. Por isso, adorei quando vi mais flashbacks com ela nessa segunda parte. Mandem mais que ainda está pouco! A atriz é ótima e se destaca entre tantas atuações medianas.

7 – Alguém me explica como e por que o Marco (Rafael Lozano) voltou? O cara foi partido ao meio na primeira temporada, gente! E o melhor é o diálogo fraquíssimo entre Fernando e Joana sobre isso. É algo como: “Você não vai acreditar! Ouvi a voz de um cara que parece o Marco”/ “Sim, ele tá vivo!”. E aí Fernando, sem surpresa nenhuma, só responde: “Que doideira!”. Ok.

8 – Muito boa a sacada de colocarem Joana, de novo, à prova. No final da primeira temporada, a jovem desiste de ir para o Maralto para não matar um homem inocente – e, agora, ela entra mais uma vez nesse embate quando a Causa decide jogar uma bomba para destruir o Processo 105. Ou seja, mesmo quando o motivo é nobre, esse ato não tem justificativa.

9 – Para fechar, não posso deixar de comentar a participação maravilhosa de Liniker. Em uma sequência que faz referência ao carnaval de rua – cheio de cores, música e dança -, a cantora aparece bem plena cantando “Preciso Me Encontrar”, do Cartola. E é essa mesma música que toca na última cena da season finale; então, se prepare para ficar com os versos “Vou por aí a procurar, sorrir pra não chorar…” por um tempo na cabeça.

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Pois bem. A primeira temporada foi lançada com 8 episódios e, como esperado, manteve essa divisão ame/odeie. Por fim, mesmo com algumas críticas bem negativas, foi renovada para mais uma season – para a alegria de quem queria poder conferir o que, de fato, acontecia no Maralto; saber mais sobre a Causa; e continuar acompanhando a trajetória de Michele, Fernando, Joana e Rafael. Mas será que essa continuação  realmente funcionou ou quem achava que a história não vingaria estava mesmo certo? Vamos lá!

Pelo teaser de 30 segundos divulgado pela Netflix no final do ano passado, já tinha ficado claro que a segunda temporada viria muito mais bem produzida que a primeira – e, sim, isso realmente acontece. Logo no primeiro episódio, a gente percebe uma fotografia diferente, pensada com mais cuidado. Tudo bem que o recurso de usar cores mais vibrantes no Maralto e mais escuras no Continente é meio óbvia, mas funciona por acompanhar a proposta de mostrar a diferença gritante entre esses dois mundos. E o mesmo acontece com o figurino, que também apresenta uma melhora significativa – e juro que não falo isso só por ter ficado desejando todos aqueles macacões incríveis que Michele (Bianca Comparato) desfilou pelo Maralto; mas, sim, porque a série mostrou uma certa identidade visual que não existia na primeira temporada . Lembra do recurso batido de caracterizar as pessoas do lado pobre com a cara suja e a roupa toda rasgada? Então, deram uma amenizada e não incomoda tanto mais. Ponto para a continuação!

A história, por sua vez, não começa acompanhando essa melhora do visual e deixa a desejar. Depois da season finale – com os aprovados no Processo, Michele renegando a Causa, descobrindo que o irmão está vivo e outras reviravoltas -, o primeiro episódio tinha tudo para ser incrível, só que acaba sendo um dos mais desinteressantes entre os dez novos. Ele até começa curioso, mostrando o Trio Fundador do Maralto (interpretado por Fernanda Vasconcellos, Maria Flor e Sílvio Guindane) em um flashback sem muitas explicações, e as diferenças gritantes entre os dois lados através das rotinas de Michele e Joana (Vaneza Oliveira). Mas, depois, preocupado em deixar bem claro quais serão os conflitos da vez e reapresentar os personagens, peca no ritmo. Ah, e o excesso de palavrões também incomoda – e não falo isso por puritanismo, longe de mim. O problema é que eles parecem ter sido colocados no diálogo para passar uma naturalidade que não acompanha o texto, e isso faz com que acabem soando falsos (embora as atuações, um dos maiores problemas da primeira temporada, tenham apresentado certa melhora).

Outro problema, que aparece desde o início e persiste ao longo dos episódios, é a quantidade de conveniências do roteiro e atitudes que não condizem com a personalidade dos personagens para que a história tome determinada direção. Isso sem falar no clichê dos clichês de todo mundo, quase que literalmente, sempre esbarrar em algo que precisa ser descoberto (e eu juro que perdi a conta de quantas vezes isso aconteceu na temporada). Por exemplo: se Rafael (Rodolfo Valente) está desconfiado de Michele, ele vai estar caminhando lindamente pelo Maralto quando, praticamente, irá tropeçar na menina conversando de maneira suspeita com Ezequiel (João Miguel) – e isso vai acontecer quantas vezes acharem necessário para criar conflito ou chocar com alguma cena de ameaça/revelação. E o mesmo acontece com o recurso de mostrar algo trágico através de simulação ou sonho, sem que o telespectador saiba que se trata disso, para entregar mais tensão à narrativa. Na primeira vez, funcionou muito bem; mas  esse truque acabou ficando tão repetitivo que chega um certo ponto em que a gente para de se importar se a cena realmente aconteceu ou não – assim como a 43234ª tentativa de plot twist, quase sempre relacionado à personalidade ou relação de um personagem com outro, também deixa de convencer pelo excesso e por parecer que só foi colocada ali para tentar empolgar com uma reviravolta, e não por uma construção narrativa planejada.

No entanto, felizmente, não é só de pontos negativos que é feita essa segunda temporada. Por mais que o enredo acabe não sendo tão interessante quanto o da primeira – principalmente por não ter mais todas aquelas provas curiosas do Processo -, ele apresenta críticas mais maduras e está ainda mais próximas da nossa realidade. A reflexão sobre a desigualdade está ainda mais ácida, tem cena fazendo referência à intervenção militar, e rola até uma alfinetada nas religiões através de uma metáfora em que o Casal Fundador (ou Trio Fundador, como você vai entender quando assistir) é mencionado como se representasse a figura de Deus. Quem ataca essa parte, claro, é Fernando (Michel Gomes), que ainda continua em conflito com seu pai pastor pelo fato de ter desistido do Processo – que, aqui, é quase um sinônimo do céu prometido nas pregações da vida real. As frases de efeito também estão mais marcantes, e por mais que apareçam meio mecanizadas nos diálogos, fazem refletir – como a que Joana fala logo no primeiro episódio, por exemplo; que lembra um dos quotes mais memoráveis do recente Pantera Negra. Ela diz “Eu prefiro morrer tentando mudar alguma coisa do que continuar me escondendo”, e a gente assiste daqui quase gritando um “Go, girl! Vai lá e acaba com tudo!”.

Mas, ainda assim, a história custa a engrenar porque parece presa em um ciclo repetitivo. Por mais que até tenham algumas ideias interessantes em alguns episódios – como o Prosexo, que faz referência a aplicativos como Tinder -, ela perde muito tempo em Ezequiel ameaçando Michele (que, agora, ao ver que o irmão está mesmo vivo, fica ainda mais nas mãos dele) e nos conflitos internos da Causa (com direito a uma tensão sexual entre dois personagens que é esquecida sem resolução, e o embate sobre jogar ou não uma bomba para acabar com o Processo 105). Até que chega o episódio 6 e tudo melhora – e não só pela participação superespecial que só vou revelar na parte de spoilers para não estragar a surpresa. A mudança positiva que acontece aqui se deve ao fato dos personagens começarem a despertar um interesse que, até então, estava quase inexistente para mim. Glória, uma das novas integrantes da trama, vivida pela atriz Cynthia Senek, mostrou que é cheia de camadas ao falar sobre o relacionamento abusivo da mãe – que, até então, só sabíamos por alto – e da culpa que ela carrega dentro de si desde a infância. Michele, por sua vez, se mostra mais como a personagem interessante que conhecemos na primeira temporada, com a personalidade dúbia que nos faz duvidar de qualquer palavra que ela fale (e, sim, Bianca Comparato continua sendo uma das melhores do elenco. O texto engessado é que nem sempre favorece sua atuação).

Depois disso, é só elogios? Errr… não. Pelo texto, você já deve ter percebido que a história sobe e desce a todo momento. E, sim, quando finalmente achei que a temporada tinha encontrado seu rumo, eles voltam a tomar decisões questionáveis e inverossímeis – como o retorno de um determinado personagem que, além de não acrescentar em nada, não teve sentido algum (você vai saber de quem estou falando assim que ele aparecer na tela. Assim não dá para te defender, 3%!).

Por outro lado, compensando toda essa bagunça, a season finale é boa e a última cena – ao som de um clássico de Cartola interpretado por Liniker – deixa o interesse pela terceira temporada lá em cima. Agora, é só torcer para que a continuação venha com todos esses pontos negativos ajustados para que, parafraseando o próprio Processo, hater nenhum diga que a série continua viva por sorte e não merecimento. Sigo na torcida.

SPOILERS:

Este espaço aqui é reservado para breves comentários sobre acontecimentos da temporada. Se ainda não fez a maratona, leia por sua conta e risco (depois não diga que não avisei):

1 – Ezequiel (João Miguel) estava tão apagado nessa temporada que, sinceramente, nem dá para sentir direito a morte dele. Não que ele seja um personagem querido, mas a intenção era impactar e estou com a séria suspeita de que ninguém vai ligar muito…

2 – Reclamei da quantidade de vezes em que recorrem à simulações/sonhos para criar tensão, certo? Mas a que digo que funciona é a que acontece logo no segundo episódio, em que Elisa (Thais Lago) é assassinada pelo fato de Rafael não revelar que é um infiltrado da causa.

3 – Falando em Elisa e Rafael: gostei da ideia de colocarem um romance para humanizar o personagem – que, nessa temporada, está muito mais agradável que na primeira. Mas alguém também pensou “que isso, já está amando?” quando ele começou a mostrar toda aquela paixão pela médica? A construção do relacionamento dos dois não me convenceu tanto.

4 – O Maralto, pelo jeito, é praticamente uma “Casa da Mãe Joana”. Todo mundo entra e sai das salas secretas, incluindo a do Ezequiel, quando bem quer. Menos, conveniência de roteiro, beeeeeem menos!

5 – Ótimo a entrada de uma personagem trans para a história – a Ariel.  A série é toda representativa, com tantas mulheres poderosas e negros, mas estava faltando isso. E muito bom terem colocado justo ela para encabeçar o protesto quando o Processo 105 estava prestes a não acontecer…

6 – Amo o episódio de Mel Fronckowiak – a esposa de Ezequiel – na primeira temporada e irei defendê-lo. Por isso, adorei quando vi mais flashbacks com ela nessa segunda parte. Mandem mais que ainda está pouco! A atriz é ótima e se destaca entre tantas atuações medianas.

7 – Alguém me explica como e por que o Marco (Rafael Lozano) voltou? O cara foi partido ao meio na primeira temporada, gente! E o melhor é o diálogo fraquíssimo entre Fernando e Joana sobre isso. É algo como: “Você não vai acreditar! Ouvi a voz de um cara que parece o Marco”/ “Sim, ele tá vivo!”. E aí Fernando, sem surpresa nenhuma, só responde: “Que doideira!”. Ok.

8 – Muito boa a sacada de colocarem Joana, de novo, à prova. No final da primeira temporada, a jovem desiste de ir para o Maralto para não matar um homem inocente – e, agora, ela entra mais uma vez nesse embate quando a Causa decide jogar uma bomba para destruir o Processo 105. Ou seja, mesmo quando o motivo é nobre, esse ato não tem justificativa.

9 – Para fechar, não posso deixar de comentar a participação maravilhosa de Liniker. Em uma sequência que faz referência ao carnaval de rua – cheio de cores, música e dança -, a cantora aparece bem plena cantando “Preciso Me Encontrar”, do Cartola. E é essa mesma música que toca na última cena da season finale; então, se prepare para ficar com os versos “Vou por aí a procurar, sorrir pra não chorar…” por um tempo na cabeça.

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