quarta-feira , 18 dezembro , 2024

Crítica | 4º episódio de ‘Percy Jackson e os Olimpianos’ tem bons momentos, mas desperdiça um potencial gigantesco

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Percy Jackson e os Olimpianos’ nos entregou o melhor episódio de sua primeira temporada na semana passada ao levar o trio de heróis protagonista a enfrentar uma das criaturas mais temidas da mitologia greco-romana, Medusa. E, depois de conseguirem se livrar das garras tanto da perigosa Górgona quanto de Alecto, a Fúria que vinha lhes caçando desde o capítulo de estreia, Percy (Walker Scobell), Annabeth (Leah Sava Jeffries) e Grover (Aryan Simhadri) continuam sua jornada para encontrar a entrada para o submundo e reaver o raio de Zeus e a mãe do personagem titular, que foi levada para os domínios de Hades pelo Minotauro.

No quarto episódio, intitulado “Meu Mergulho para a Morte”, os heróis seguem viagem e conseguem respirar um pouco antes de enfrentarem o próximo obstáculo, ainda que Percy seja atormentado por visões perturbadoras que envolvem a figura misteriosa que lhe vem trazendo avisos agourentos desde o momento em que foi expulso de sua escola e descobriu que era um semideus. Todavia, os breves momentos de calmaria logo se desvanecem quando o trio é acusado de ter destruído um dos vagões do trem em que estão – uma artimanha que foi arquitetada por ninguém menos que Equidna (Suzanne Cryer), a Mãe dos Monstros, que resolveu se vingar com as próprias mãos do trio após eles destruírem inúmeros de seus filhos. Ela, então, invade o trem e leva consigo uma Quimera, uma criatura que se alimenta do medo e que coloca Percy, Annabeth e Grover como alvos.



Toda a premissa é muito promissora; entretanto, as coisas não saem da maneira como esperávamos e, mesmo não se configurando como um grande erro, é notável como o capítulo soa como um filler desgastante e recheado de cenas desperdiçada e diálogos autoexplicativos. Nem Anders Engström, que guiou com tanto esmero a iteração da semana passada, parece ter a inspiração necessária para fugir dos convencionalismos, apesar de notarmos um potencial gigantesco. É claro que, como toda série, era apenas questão de tempo até que as incursões encontrassem um ponto cego ou um beco sem saída – e, por mais que não seja ideal, era melhor que esses equívocos ocorressem em meados do ciclo e não próximo a seu encerramento.

O elemento de maior problema é, sem sombra de dúvida, o roteiro assinado por Jonathan E. Steinberg e Joe Tracz. O primeiro ato caminha de forma sólida até culminar na primeira reviravolta, em que Equidna revela quem realmente é de modo cínico e calculista, preparando os heróis para os eventos seguintes. Cryer faz um bom trabalho como a icônica personagem mitológica, afastando-se de inflexões exageradas e permanecendo em uma unidimensionalidade angustiante que, ainda que não tenha o peso necessário de Jessica Parker Kennedy como Medusa ou de Megan Mullally como Alecto, nos envolve. Todavia, as coisas começam a desandar quando boa parte das sequências se transfigura em um amontoado de falas redundantes e que explicam com detalhes o que irá acontecer, sem deixar um gostinho de mistério que possa ser saboreado pelo público.

Algo similar acontece ao trio protagonista: como imaginávamos, Scobell, Jeffries e Simhadri roubam os holofotes em atuações comprometidas aos próprios personagens, mas não há muito o que possam fazer ao se depararem com um roteiro mediano, em seu melhor. Jeffries, inclusive, é “presenteada” com um breve monólogo que explica sua conexão com a mãe, Atena, e de que forma as construções espalhadas pela jornada que enfrentam podem emergir como santuários aos deuses (uma investida que mais parece ter saído de uma página de pesquisa online do que dos escritos de Rick Riordan, que assinou a saga de romances). Os momentos de maior tensão insurgem apenas nos minutos finais, em que a ação toma conta das telinhas e somos preparados para um ótimo cliffhanger que deve ter seus corolários no próximo episódio.

Enquanto notamos um desperdício significativo de linhas narrativas que, mesmo dentro da categoria de fillers, poderiam trazer aspectos interessantes para os fãs, o breve embate entre Percy, Equidna e a Quimera é forte o suficiente para ofuscar alguns dos erros – por exemplo, quando o jovem semideus é forçado a “se sacrificar” para salvar os amigos e permitir que eles continuem a importante busca pelo raio de Zeus. Temos, aliás, um cândido momento em que Poseidon, pai de Percy, mostra sua presença ao salvá-lo e ao tranquilizá-lo após uma experiência de quase morte.

O quarto episódio de Percy Jackson e os Olimpianos’ é um tiro no escuro que se desequilibra em meio a acertos pontuais e deslizes profusos. Não é possível julgar a qualidade da temporada como um todo apenas por um percalço estético e criativo, porém, esperamos que a próxima semana traga uma melhora significativa – principalmente no tocante ao roteiro.

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Thiago Nollahttps://www.editoraviseu.com.br/a-pedra-negra-prod.html
Em contato com as artes em geral desde muito cedo, Thiago Nolla é jornalista, escritor e drag queen nas horas vagas. Trabalha com cultura pop desde 2015 e é uma enciclopédia ambulante sobre divas pop (principalmente sobre suas musas, Lady Gaga e Beyoncé). Ele também é apaixonado por vinho, literatura e jogar conversa fora.

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Crítica | 4º episódio de ‘Percy Jackson e os Olimpianos’ tem bons momentos, mas desperdiça um potencial gigantesco

Percy Jackson e os Olimpianos’ nos entregou o melhor episódio de sua primeira temporada na semana passada ao levar o trio de heróis protagonista a enfrentar uma das criaturas mais temidas da mitologia greco-romana, Medusa. E, depois de conseguirem se livrar das garras tanto da perigosa Górgona quanto de Alecto, a Fúria que vinha lhes caçando desde o capítulo de estreia, Percy (Walker Scobell), Annabeth (Leah Sava Jeffries) e Grover (Aryan Simhadri) continuam sua jornada para encontrar a entrada para o submundo e reaver o raio de Zeus e a mãe do personagem titular, que foi levada para os domínios de Hades pelo Minotauro.

No quarto episódio, intitulado “Meu Mergulho para a Morte”, os heróis seguem viagem e conseguem respirar um pouco antes de enfrentarem o próximo obstáculo, ainda que Percy seja atormentado por visões perturbadoras que envolvem a figura misteriosa que lhe vem trazendo avisos agourentos desde o momento em que foi expulso de sua escola e descobriu que era um semideus. Todavia, os breves momentos de calmaria logo se desvanecem quando o trio é acusado de ter destruído um dos vagões do trem em que estão – uma artimanha que foi arquitetada por ninguém menos que Equidna (Suzanne Cryer), a Mãe dos Monstros, que resolveu se vingar com as próprias mãos do trio após eles destruírem inúmeros de seus filhos. Ela, então, invade o trem e leva consigo uma Quimera, uma criatura que se alimenta do medo e que coloca Percy, Annabeth e Grover como alvos.

Toda a premissa é muito promissora; entretanto, as coisas não saem da maneira como esperávamos e, mesmo não se configurando como um grande erro, é notável como o capítulo soa como um filler desgastante e recheado de cenas desperdiçada e diálogos autoexplicativos. Nem Anders Engström, que guiou com tanto esmero a iteração da semana passada, parece ter a inspiração necessária para fugir dos convencionalismos, apesar de notarmos um potencial gigantesco. É claro que, como toda série, era apenas questão de tempo até que as incursões encontrassem um ponto cego ou um beco sem saída – e, por mais que não seja ideal, era melhor que esses equívocos ocorressem em meados do ciclo e não próximo a seu encerramento.

O elemento de maior problema é, sem sombra de dúvida, o roteiro assinado por Jonathan E. Steinberg e Joe Tracz. O primeiro ato caminha de forma sólida até culminar na primeira reviravolta, em que Equidna revela quem realmente é de modo cínico e calculista, preparando os heróis para os eventos seguintes. Cryer faz um bom trabalho como a icônica personagem mitológica, afastando-se de inflexões exageradas e permanecendo em uma unidimensionalidade angustiante que, ainda que não tenha o peso necessário de Jessica Parker Kennedy como Medusa ou de Megan Mullally como Alecto, nos envolve. Todavia, as coisas começam a desandar quando boa parte das sequências se transfigura em um amontoado de falas redundantes e que explicam com detalhes o que irá acontecer, sem deixar um gostinho de mistério que possa ser saboreado pelo público.

Algo similar acontece ao trio protagonista: como imaginávamos, Scobell, Jeffries e Simhadri roubam os holofotes em atuações comprometidas aos próprios personagens, mas não há muito o que possam fazer ao se depararem com um roteiro mediano, em seu melhor. Jeffries, inclusive, é “presenteada” com um breve monólogo que explica sua conexão com a mãe, Atena, e de que forma as construções espalhadas pela jornada que enfrentam podem emergir como santuários aos deuses (uma investida que mais parece ter saído de uma página de pesquisa online do que dos escritos de Rick Riordan, que assinou a saga de romances). Os momentos de maior tensão insurgem apenas nos minutos finais, em que a ação toma conta das telinhas e somos preparados para um ótimo cliffhanger que deve ter seus corolários no próximo episódio.

Enquanto notamos um desperdício significativo de linhas narrativas que, mesmo dentro da categoria de fillers, poderiam trazer aspectos interessantes para os fãs, o breve embate entre Percy, Equidna e a Quimera é forte o suficiente para ofuscar alguns dos erros – por exemplo, quando o jovem semideus é forçado a “se sacrificar” para salvar os amigos e permitir que eles continuem a importante busca pelo raio de Zeus. Temos, aliás, um cândido momento em que Poseidon, pai de Percy, mostra sua presença ao salvá-lo e ao tranquilizá-lo após uma experiência de quase morte.

O quarto episódio de Percy Jackson e os Olimpianos’ é um tiro no escuro que se desequilibra em meio a acertos pontuais e deslizes profusos. Não é possível julgar a qualidade da temporada como um todo apenas por um percalço estético e criativo, porém, esperamos que a próxima semana traga uma melhora significativa – principalmente no tocante ao roteiro.

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Em contato com as artes em geral desde muito cedo, Thiago Nolla é jornalista, escritor e drag queen nas horas vagas. Trabalha com cultura pop desde 2015 e é uma enciclopédia ambulante sobre divas pop (principalmente sobre suas musas, Lady Gaga e Beyoncé). Ele também é apaixonado por vinho, literatura e jogar conversa fora.

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