domingo , 22 dezembro , 2024

Crítica | 7º episódio de ‘O Senhor dos Anéis: Os Anéis de Poder’ é um grande amontoado de obviedades

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Cuidado: muitos spoilers à frente.

Na semana passada, O Senhor dos Anéis: Os Anéis de Poder’ encantou o público com um episódio impecável do começo ao fim – o primeiro a realmente trazer uma batalha entre as forças do bem e do mal. Mas isso não foi tudo: para além da ótima ação coreografada por Charlotte Brändström e sua equipe criativa, tivemos reviravoltas chocantes com eventos que viriam a definir o destino da Terra-Média, principalmente com a criação de Mordor, a terra das sombras dominada por Sauron e seus asseclas. Agora, estamos de volta com mais um capítulo que, no geral, é uma grande decepção e vem recheado de redundâncias e obviedades.



Era apenas natural que Brändström ficasse a encargo do episódio que se seguiria aos potentes acontecimentos de “Udûn” – e era quase automático imaginarmos que as coisas dariam um passo para trás e diminuiriam o ritmo. Afinal, diferente do que muito acreditavam, os mocinhos não estão vencendo e os perigosos Orcs e seus mestres continuam a arquitetar artimanhas mortais para garantir que Sauron, Morgoth e todos os perigosos antagonistas do universo tolkieniano voltem à vida. Aqui, a diretora, acompanhando o roteiro de Jason Cahill, acerta em cheio ao tomar o tempo necessário para que os sobreviventes sejam resgatados e para que a melancolia e a angústia que vêm após a derrota seja explorada de várias maneiras.

De um lado, temos Galadriel (Morfydd Clark) em um quieto desespero que se mantém fiel à personagem construída até então. Ela busca por aqueles que conhece e o pânico é visível em seus olhos azuis – mas ela se recusa a deixar transparecer, visto que outros precisam de sua ajuda. Além disso, a Elfa guerreira cruza caminho com Theo (Tyroe Muhafidin) e ambos mergulham em um arco de amadurecimento dentro de suas próprias limitações e como modo de premeditar a reformação da aliança entre humanos e elfos. Enquanto isso, Elendil (Lloyd Owen) sofre com a aparente morte do filho, Isildur (Maxim Baldry), enquanto a rainha-regente Míriel (Cynthia Addai-Robinson) sofre com os corolários e fica cega, negando-se a perder a pose para guiar seu povo de volta a Númenor e se preparar para a guerra que está por vir.

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Enquanto as coisas na Terra do Sul parecem derradeiras, algo similar acontece com os Pés-Peludos. Depois de uma longa migração que já vinha se estendendo por inúmeros episódios, Nori (Markella Kavenagh), sua família e o restante da comunidade chegam ao lugar destinado apenas para descobrir que ele foi destruído – e que os alimentos que buscavam encontrar lá se foram. O misterioso homem que caiu do céu (Daniel Weyman) tenta ajudá-los, mas, depois de quase ferir Nori e a irmã, segue seu caminho em busca de outras pessoas que possam ajudá-lo a “encontrar as estrelas”. Mas isso não é tudo: as três misteriosas personagens conhecidas como a Habitante, a Ascética e a Nômade retornam às telinhas apenas para provarem que estão trabalhando para o lado das trevas.

É notável como o novo episódio, intitulado “The Eye”, tem todas as engrenagens funcionando a todo vapor – e como isso não é o suficiente para nos fornecer nada de novo. Em críticas anteriores, lembro-me de ter defendido o ritmo mais comedido da história, considerando que as múltiplas subtramas deveriam se desenrolar para culminarem em uma espetacular explosão de cor; porém, retornar ao ritmo que tínhamos no passado já não é uma jogada muito sagaz, o que transforma o mais recente capítulo em um filler pincelado com considerações óbvias e revelações que já eram premeditadas há muito (e o que indica que “Udûn”, talvez, deveria ter sido deixado para compor o season finale).

Nem mesmo as cenas entre Elrond (Robert Aramayo) e Durin IV (Owain Arthur) trazem a divertida nostalgia à la Legolas e Gimli da trilogia original. Aramayo está ótimo como sempre em uma restrita atuação que dialoga com a mitologia impregnada nos elfos, mas é Arthur quem nos rouba a atenção por “salvar” o episódio com uma rendição adornada com camadas e que até o leva a enfrentar o pai e rei de Khazad-dûn. Elrond e Durin continuam a fazer de tudo para levar o mithril para Lindon, e não deixam que os obstáculos afetem a amizade que possuem – mas a conclusão dessa trama na iteração apenas confirma o que já sabíamos há muito tempo: que uma força maligna se esconde nas minas e que, agora, está desperta (um temível Balrog).

‘Os Anéis de Poder’ retorna esta semana com o coração no lugar certo, mas meio perdida em relação ao que fazer depois de um espetacular capítulo como “Udûn”. Com apenas uma semana para o fechamento da temporada de estreia, só podemos esperar que a fraca narrativa de “The Eye” tenha sido um deslize momentâneo – e que a atmosfera filler consolidada aqui seja apenas uma efêmera sensação de que algo muito maior está chegando.

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Thiago Nollahttps://www.editoraviseu.com.br/a-pedra-negra-prod.html
Em contato com as artes em geral desde muito cedo, Thiago Nolla é jornalista, escritor e drag queen nas horas vagas. Trabalha com cultura pop desde 2015 e é uma enciclopédia ambulante sobre divas pop (principalmente sobre suas musas, Lady Gaga e Beyoncé). Ele também é apaixonado por vinho, literatura e jogar conversa fora.

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Na semana passada, O Senhor dos Anéis: Os Anéis de Poder’ encantou o público com um episódio impecável do começo ao fim – o primeiro a realmente trazer uma batalha entre as forças do bem e do mal. Mas isso não foi tudo: para além da ótima ação coreografada por Charlotte Brändström e sua equipe criativa, tivemos reviravoltas chocantes com eventos que viriam a definir o destino da Terra-Média, principalmente com a criação de Mordor, a terra das sombras dominada por Sauron e seus asseclas. Agora, estamos de volta com mais um capítulo que, no geral, é uma grande decepção e vem recheado de redundâncias e obviedades.

Era apenas natural que Brändström ficasse a encargo do episódio que se seguiria aos potentes acontecimentos de “Udûn” – e era quase automático imaginarmos que as coisas dariam um passo para trás e diminuiriam o ritmo. Afinal, diferente do que muito acreditavam, os mocinhos não estão vencendo e os perigosos Orcs e seus mestres continuam a arquitetar artimanhas mortais para garantir que Sauron, Morgoth e todos os perigosos antagonistas do universo tolkieniano voltem à vida. Aqui, a diretora, acompanhando o roteiro de Jason Cahill, acerta em cheio ao tomar o tempo necessário para que os sobreviventes sejam resgatados e para que a melancolia e a angústia que vêm após a derrota seja explorada de várias maneiras.

De um lado, temos Galadriel (Morfydd Clark) em um quieto desespero que se mantém fiel à personagem construída até então. Ela busca por aqueles que conhece e o pânico é visível em seus olhos azuis – mas ela se recusa a deixar transparecer, visto que outros precisam de sua ajuda. Além disso, a Elfa guerreira cruza caminho com Theo (Tyroe Muhafidin) e ambos mergulham em um arco de amadurecimento dentro de suas próprias limitações e como modo de premeditar a reformação da aliança entre humanos e elfos. Enquanto isso, Elendil (Lloyd Owen) sofre com a aparente morte do filho, Isildur (Maxim Baldry), enquanto a rainha-regente Míriel (Cynthia Addai-Robinson) sofre com os corolários e fica cega, negando-se a perder a pose para guiar seu povo de volta a Númenor e se preparar para a guerra que está por vir.

Enquanto as coisas na Terra do Sul parecem derradeiras, algo similar acontece com os Pés-Peludos. Depois de uma longa migração que já vinha se estendendo por inúmeros episódios, Nori (Markella Kavenagh), sua família e o restante da comunidade chegam ao lugar destinado apenas para descobrir que ele foi destruído – e que os alimentos que buscavam encontrar lá se foram. O misterioso homem que caiu do céu (Daniel Weyman) tenta ajudá-los, mas, depois de quase ferir Nori e a irmã, segue seu caminho em busca de outras pessoas que possam ajudá-lo a “encontrar as estrelas”. Mas isso não é tudo: as três misteriosas personagens conhecidas como a Habitante, a Ascética e a Nômade retornam às telinhas apenas para provarem que estão trabalhando para o lado das trevas.

É notável como o novo episódio, intitulado “The Eye”, tem todas as engrenagens funcionando a todo vapor – e como isso não é o suficiente para nos fornecer nada de novo. Em críticas anteriores, lembro-me de ter defendido o ritmo mais comedido da história, considerando que as múltiplas subtramas deveriam se desenrolar para culminarem em uma espetacular explosão de cor; porém, retornar ao ritmo que tínhamos no passado já não é uma jogada muito sagaz, o que transforma o mais recente capítulo em um filler pincelado com considerações óbvias e revelações que já eram premeditadas há muito (e o que indica que “Udûn”, talvez, deveria ter sido deixado para compor o season finale).

Nem mesmo as cenas entre Elrond (Robert Aramayo) e Durin IV (Owain Arthur) trazem a divertida nostalgia à la Legolas e Gimli da trilogia original. Aramayo está ótimo como sempre em uma restrita atuação que dialoga com a mitologia impregnada nos elfos, mas é Arthur quem nos rouba a atenção por “salvar” o episódio com uma rendição adornada com camadas e que até o leva a enfrentar o pai e rei de Khazad-dûn. Elrond e Durin continuam a fazer de tudo para levar o mithril para Lindon, e não deixam que os obstáculos afetem a amizade que possuem – mas a conclusão dessa trama na iteração apenas confirma o que já sabíamos há muito tempo: que uma força maligna se esconde nas minas e que, agora, está desperta (um temível Balrog).

‘Os Anéis de Poder’ retorna esta semana com o coração no lugar certo, mas meio perdida em relação ao que fazer depois de um espetacular capítulo como “Udûn”. Com apenas uma semana para o fechamento da temporada de estreia, só podemos esperar que a fraca narrativa de “The Eye” tenha sido um deslize momentâneo – e que a atmosfera filler consolidada aqui seja apenas uma efêmera sensação de que algo muito maior está chegando.

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