domingo , 22 dezembro , 2024

Crítica | 8º episódio de ‘O Senhor dos Anéis: Os Anéis de Poder’ conclui a temporada de forma bastante satisfatória

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Cuidado: muitos spoilers à frente.

Depois de oito semanas de uma temporada recheada de potencial e de acontecimentos instigantes, O Senhor dos Anéis: Os Anéis de Poder’ conclui seu ciclo de estreia com exatamente o que esperávamos de um season finale: respostas acerca dos múltiplos e estranhos personagens que apareceram nos capítulos predecessores, o encerramento de um arco que há muito vinha sendo prometido e a abertura de um futuro brilhante que tem o necessário para, inclusive, podar eventuais erros de ritmo e de roteiro. E, diferente do que muitos vinham dizendo desde a estreia, a última iteração apenas reitera o que vinha dizendo há dois meses: a adaptação da Amazon Studios é uma carta de amor a J.R.R. Tolkien e uma ótima adição à mitologia da Terra-Média.



Na semana passada, o show lidou com as consequências de um ardiloso plano encabeçado por Adar e seus asseclas, que culminou na criação definitiva de Mordor. Entretanto, por mais que as intenções estivessem lá, o episódio veio como um esquecível filler que apenas confirmou coisas das quais sabíamos há bastante tempo – o que me deixou um pouco preocupado para o capítulo desta semana, devo dizer. Felizmente, se J.D. Payne e Patrick McKay tropeçaram aqui e ali, a dupla retornou com força avassaladora com um roteiro que beira a perfeição e que só desliza ao esquecer de alguns elementos que gostaríamos de ver aqui. E, à medida que a história leva o tempo necessário para se concluir e deixar os esperados ganchos para a próxima temporada, a direção de Wayne Che Yip é também certeira ao prestar homenagem tanto aos filmes originais quanto aos jogos.

O foco do episódio, intitulado “A Liga”, divide-se em dois veios principais: o primeiro deles acompanha a chegada de Galadriel (Morfydd Clark) e Halbrand (Charlie Vickers) em Eregion que, diferente de Lindon, é uma imponente cidade élfica que emula Valinor – e onde Celebrimbor (Charles Edwards) trabalha em um projeto secreto. Ao chegarem lá, a dupla se reúne tanto com o Elfo ferreiro quanto com Elrond (Robert Aramayo), que retornou de mãos vazias de Khazad-dûn depois de tentar escavar o mithril para salvar seu povo e, consequentemente, a Terra-Média. Entretanto, o grupo ainda tem um pedaço do curioso metal e o utiliza para forjar um objeto que possa servir como arauto da compreensão, da paz e da cura (e é claro que conseguimos imaginar o que esses objetos são antes de chegarmos aos créditos finais).

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O segundo veio nos transporta para a misteriosa concepção que se abate sobre o Estranho (Daniel Weyman) que caiu do céu e que cruzou caminho com os adoráveis Pés-peludos. Pouco depois de ter se afastado do grupo de criaturinhas, o Estranho se vê frente a frente com a Habitante, a Ascética e a Nômade (vividas por Bridie Sisson, Kali Kopae e Edith Poor, respectivamente). O trio encapuzado revela que ele é, na verdade, Sauron, cuja identidade foi usurpada apenas para que ele se reencontrasse e desse início à dominação e à purificação da Terra-Média. Mas, como ficamos sabendo pouco depois, o Estranho, na verdade, é um personagem de coração puro que não se deixa levar pela escuridão – e que utiliza o poder que carrega para salvar Nori (Markella Kavenagh) e os outros.

Ainda que separados por grandes eventos, os focos acima mencionados são unidos por uma vibrante e tensa atmosfera que nos prepara para revelações chocantes (e que serão analisadas em matérias à parte deste texto). A condução de Yip é majestosa, conseguindo capturar cada um dos elementos necessários para que possamos compreender o que o destino reserva para os protagonistas e coadjuvantes. Há um jogo de luz e sombra que não apenas pega elementos emprestados dos épicos de fantasia, mas que menciona brevemente um estilo neo-noir, contribuindo para os segredos que Galadriel, Elrond, Halbrand e tantos outros escondem.

Um outro aspecto que precisa ser destacado e que, mais vezes do que o normal, é subestimado, é a potente trilha sonora de Bear McCreary. Nas críticas anteriores, devo ter pontuado o belíssimo arranjo de cordas comandado pelo compositor, mas “A Liga” parece permitir que McCreary invista ainda mais esforços em suas habilidades aplaudíveis, arquitetando território familiar, mas sem se deixar levar pelo comodismo da imitação. É óbvio que ele mantém diálogo com Howard Shore, mas a ideia por trás da série é o mistério – motivo pelo qual ele avança para uma tétrica progressão que ganha vida à medida que nos envolvemos com a trama.

O episódio final da temporada de estreia de O Senhor dos Anéis: Os Anéis de Poder’ é satisfatório do começo ao fim – por mais que tenhamos sentido falta de algumas coisas. A escolha de restringir o roteiro para as incursões mais importantes revelou o apreço que Payne e McKay têm de deixar o melhor para o final – e, agora, podemos apenas esperar numa angústia quase tirânica pelo próximo ciclo.

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Thiago Nollahttps://www.editoraviseu.com.br/a-pedra-negra-prod.html
Em contato com as artes em geral desde muito cedo, Thiago Nolla é jornalista, escritor e drag queen nas horas vagas. Trabalha com cultura pop desde 2015 e é uma enciclopédia ambulante sobre divas pop (principalmente sobre suas musas, Lady Gaga e Beyoncé). Ele também é apaixonado por vinho, literatura e jogar conversa fora.

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Na semana passada, o show lidou com as consequências de um ardiloso plano encabeçado por Adar e seus asseclas, que culminou na criação definitiva de Mordor. Entretanto, por mais que as intenções estivessem lá, o episódio veio como um esquecível filler que apenas confirmou coisas das quais sabíamos há bastante tempo – o que me deixou um pouco preocupado para o capítulo desta semana, devo dizer. Felizmente, se J.D. Payne e Patrick McKay tropeçaram aqui e ali, a dupla retornou com força avassaladora com um roteiro que beira a perfeição e que só desliza ao esquecer de alguns elementos que gostaríamos de ver aqui. E, à medida que a história leva o tempo necessário para se concluir e deixar os esperados ganchos para a próxima temporada, a direção de Wayne Che Yip é também certeira ao prestar homenagem tanto aos filmes originais quanto aos jogos.

O foco do episódio, intitulado “A Liga”, divide-se em dois veios principais: o primeiro deles acompanha a chegada de Galadriel (Morfydd Clark) e Halbrand (Charlie Vickers) em Eregion que, diferente de Lindon, é uma imponente cidade élfica que emula Valinor – e onde Celebrimbor (Charles Edwards) trabalha em um projeto secreto. Ao chegarem lá, a dupla se reúne tanto com o Elfo ferreiro quanto com Elrond (Robert Aramayo), que retornou de mãos vazias de Khazad-dûn depois de tentar escavar o mithril para salvar seu povo e, consequentemente, a Terra-Média. Entretanto, o grupo ainda tem um pedaço do curioso metal e o utiliza para forjar um objeto que possa servir como arauto da compreensão, da paz e da cura (e é claro que conseguimos imaginar o que esses objetos são antes de chegarmos aos créditos finais).

O segundo veio nos transporta para a misteriosa concepção que se abate sobre o Estranho (Daniel Weyman) que caiu do céu e que cruzou caminho com os adoráveis Pés-peludos. Pouco depois de ter se afastado do grupo de criaturinhas, o Estranho se vê frente a frente com a Habitante, a Ascética e a Nômade (vividas por Bridie Sisson, Kali Kopae e Edith Poor, respectivamente). O trio encapuzado revela que ele é, na verdade, Sauron, cuja identidade foi usurpada apenas para que ele se reencontrasse e desse início à dominação e à purificação da Terra-Média. Mas, como ficamos sabendo pouco depois, o Estranho, na verdade, é um personagem de coração puro que não se deixa levar pela escuridão – e que utiliza o poder que carrega para salvar Nori (Markella Kavenagh) e os outros.

Ainda que separados por grandes eventos, os focos acima mencionados são unidos por uma vibrante e tensa atmosfera que nos prepara para revelações chocantes (e que serão analisadas em matérias à parte deste texto). A condução de Yip é majestosa, conseguindo capturar cada um dos elementos necessários para que possamos compreender o que o destino reserva para os protagonistas e coadjuvantes. Há um jogo de luz e sombra que não apenas pega elementos emprestados dos épicos de fantasia, mas que menciona brevemente um estilo neo-noir, contribuindo para os segredos que Galadriel, Elrond, Halbrand e tantos outros escondem.

Um outro aspecto que precisa ser destacado e que, mais vezes do que o normal, é subestimado, é a potente trilha sonora de Bear McCreary. Nas críticas anteriores, devo ter pontuado o belíssimo arranjo de cordas comandado pelo compositor, mas “A Liga” parece permitir que McCreary invista ainda mais esforços em suas habilidades aplaudíveis, arquitetando território familiar, mas sem se deixar levar pelo comodismo da imitação. É óbvio que ele mantém diálogo com Howard Shore, mas a ideia por trás da série é o mistério – motivo pelo qual ele avança para uma tétrica progressão que ganha vida à medida que nos envolvemos com a trama.

O episódio final da temporada de estreia de O Senhor dos Anéis: Os Anéis de Poder’ é satisfatório do começo ao fim – por mais que tenhamos sentido falta de algumas coisas. A escolha de restringir o roteiro para as incursões mais importantes revelou o apreço que Payne e McKay têm de deixar o melhor para o final – e, agora, podemos apenas esperar numa angústia quase tirânica pelo próximo ciclo.

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