sexta-feira , 6 dezembro , 2024

Crítica| A Caminho de Casa – Como não se emocionar com histórias de cachorros?

Filmes sobre animais de estimação em geral – especialmente cachorros – aparecem entre as grandes apostas dos estúdios quando o objetivo principal é emocionar o público. Marley & Eu (2008) e o ainda mais dramático Sempre Ao Seu Lado (2009) estão entre os principais exemplos do gênero que, neste ano, tem como seu representante a adaptação A Caminho de Casa (do livro homônimo do autor W. Bruce Cameron). Ainda que não tenha o mesmo peso dos dois longas já citados e apresente uma história com um viés mais infantil, A Dog’s Way Home (no título original) consegue trabalhar bem com os sentimentos do espectador para que, no fim das contas, seja difícil sair da sala de cinema sem limpar ao menos uma tímida lágrima.

Só pela sinopse da história, já dá para perceber como o filme dirigido por Charles Martin Smith promete afetar qualquer pessoa que tenha o mínimo apreço por pets. É que a estrela principal do enredo – a carismática e fofa cachorrinha Bella – vai parar a milhas de distância de seu dono Lucas (Jonah Hauer-King) após ser obrigada a passar uma temporada em outra casa para fugir da perseguição de um policial da cidade que insistia em dizer que a doce vira-lata era um “pitbull” que oferecia riscos para os moradores. A separação inicial – que se dá quando a cadelinha passa só uma noite em um abrigo após ser capturada pelo oficial de justiça – já causa aperto no coração; mas isso só aumenta quando vemos Bella se afastar cada vez mais da casa de Lucas e embarcar em uma jornada de riscos enquanto, inocentemente, tenta obedecer um dos comandos ensinados por seu dono – o “vai para casa”.



Representado pela voz de ninguém menos que Bryce Dallas Howard, é o pensamento de Bella que nos guia durante toda essa jornada de aventura, encontros e desencontros. Tudo é narrado de acordo com sua visão, e por isso o filme ganha um ar infantil que, a princípio, pode incomodar quem erroneamente esperava um longa com uma pegada mais dramática. No entanto, no decorrer da história, o tom da narrativa acaba conquistando e consegue gerar emoção nos momentos certos, causar tensão nas horas de perigo e nos fazer rir com as travessuras da pet durante seu retorno para casa (ainda que recursos como quedas inesperadas, como na sequência do supermercado, já estejam para lá de batidos e revelem um roteiro nem tão inspirado assim).

A trilha sonora instrumental de Mychael Danna – que trabalhou no excelente 500 Dias Com Ela (2009) – e outras músicas pop que aparecem ao longo do enredo também são importantes aliadas para mexer com as emoções do público. Mas, como em todo filme sobre animais de estimação, o maior recurso do diretor para causar comoção com a narrativa são os closes que conseguem capturar toda a doçura dos cachorros que fazem parte da história. Do olhar triste de Bella quando é levada para outra casa aos momentos de excitação por estar perto de quem gosta – passando, ainda, pelo cachorrinho que tinha um dono não tão merecedor assim do seu amor – , não tem para ninguém: eles definitivamente são as estrelas do longa, ainda mais quando nenhuma atuação ganha tanto destaque assim. Além de Jonah Hauer-King, nem mesmo Ashley Judd e Alexandra Shipp, nomes já bem conhecidos do grande público, conseguem se sobressair com o que têm para fazer na trama. Apenas cumprem seus papeis de forma justa e se despedem sem nenhuma cena memorável.

E por falar em cena memorável, também não dá para deixar de citar que outro detalhe bonito de se ver no longa é a amizade entre Bella e a “gatona” – uma tigresa que, no filme, é representada por computação gráfica. Longe de Lucas e do restante de sua família, a cachorrinha forma com ela um segundo lar e não a abandona mesmo nos momentos de adversidade, reforçando que a lealdade e o companheirismo são, sem dúvidas, as maiores qualidades de um cachorro. Ponto para o filme! No entanto, ainda que consiga usar e abusar de recursos para causar lágrimas – com arcos como este, a trilha e o slow motion em uma das cenas mais tocantes da narrativa -, difícil não se incomodar com as conveniências de roteiro na parte final. Mesmo considerando o público a que se destina, o desfecho soa preguiçoso demais; como se não houvesse mais tempo para resolver o conflito principal e qualquer solução que aparecesse fosse suficiente para fechar a trama – o que, inevitavelmente, faz o longa perder pontos.

Mas, mesmo com esses defeitos, volto à pergunta que intitula o texto: como não se emocionar com histórias de cachorros? Assim, mesmo com uma história pouco verossímil e não tão memorável como a de outros exemplares do gênero,  A Caminho de Casa tem o mérito de cumprir seu principal objetivo – que é o de  conseguir mexer com os sentimentos do espectador -, e certamente termina como uma experiência agradável para quem se deixa tocar pelo amor incondicional dos cães. Se esse é o seu caso, já fica a dica: leve alguns lencinhos!

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Só pela sinopse da história, já dá para perceber como o filme dirigido por Charles Martin Smith promete afetar qualquer pessoa que tenha o mínimo apreço por pets. É que a estrela principal do enredo – a carismática e fofa cachorrinha Bella – vai parar a milhas de distância de seu dono Lucas (Jonah Hauer-King) após ser obrigada a passar uma temporada em outra casa para fugir da perseguição de um policial da cidade que insistia em dizer que a doce vira-lata era um “pitbull” que oferecia riscos para os moradores. A separação inicial – que se dá quando a cadelinha passa só uma noite em um abrigo após ser capturada pelo oficial de justiça – já causa aperto no coração; mas isso só aumenta quando vemos Bella se afastar cada vez mais da casa de Lucas e embarcar em uma jornada de riscos enquanto, inocentemente, tenta obedecer um dos comandos ensinados por seu dono – o “vai para casa”.

Representado pela voz de ninguém menos que Bryce Dallas Howard, é o pensamento de Bella que nos guia durante toda essa jornada de aventura, encontros e desencontros. Tudo é narrado de acordo com sua visão, e por isso o filme ganha um ar infantil que, a princípio, pode incomodar quem erroneamente esperava um longa com uma pegada mais dramática. No entanto, no decorrer da história, o tom da narrativa acaba conquistando e consegue gerar emoção nos momentos certos, causar tensão nas horas de perigo e nos fazer rir com as travessuras da pet durante seu retorno para casa (ainda que recursos como quedas inesperadas, como na sequência do supermercado, já estejam para lá de batidos e revelem um roteiro nem tão inspirado assim).

A trilha sonora instrumental de Mychael Danna – que trabalhou no excelente 500 Dias Com Ela (2009) – e outras músicas pop que aparecem ao longo do enredo também são importantes aliadas para mexer com as emoções do público. Mas, como em todo filme sobre animais de estimação, o maior recurso do diretor para causar comoção com a narrativa são os closes que conseguem capturar toda a doçura dos cachorros que fazem parte da história. Do olhar triste de Bella quando é levada para outra casa aos momentos de excitação por estar perto de quem gosta – passando, ainda, pelo cachorrinho que tinha um dono não tão merecedor assim do seu amor – , não tem para ninguém: eles definitivamente são as estrelas do longa, ainda mais quando nenhuma atuação ganha tanto destaque assim. Além de Jonah Hauer-King, nem mesmo Ashley Judd e Alexandra Shipp, nomes já bem conhecidos do grande público, conseguem se sobressair com o que têm para fazer na trama. Apenas cumprem seus papeis de forma justa e se despedem sem nenhuma cena memorável.

E por falar em cena memorável, também não dá para deixar de citar que outro detalhe bonito de se ver no longa é a amizade entre Bella e a “gatona” – uma tigresa que, no filme, é representada por computação gráfica. Longe de Lucas e do restante de sua família, a cachorrinha forma com ela um segundo lar e não a abandona mesmo nos momentos de adversidade, reforçando que a lealdade e o companheirismo são, sem dúvidas, as maiores qualidades de um cachorro. Ponto para o filme! No entanto, ainda que consiga usar e abusar de recursos para causar lágrimas – com arcos como este, a trilha e o slow motion em uma das cenas mais tocantes da narrativa -, difícil não se incomodar com as conveniências de roteiro na parte final. Mesmo considerando o público a que se destina, o desfecho soa preguiçoso demais; como se não houvesse mais tempo para resolver o conflito principal e qualquer solução que aparecesse fosse suficiente para fechar a trama – o que, inevitavelmente, faz o longa perder pontos.

Mas, mesmo com esses defeitos, volto à pergunta que intitula o texto: como não se emocionar com histórias de cachorros? Assim, mesmo com uma história pouco verossímil e não tão memorável como a de outros exemplares do gênero,  A Caminho de Casa tem o mérito de cumprir seu principal objetivo – que é o de  conseguir mexer com os sentimentos do espectador -, e certamente termina como uma experiência agradável para quem se deixa tocar pelo amor incondicional dos cães. Se esse é o seu caso, já fica a dica: leve alguns lencinhos!

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