segunda-feira , 23 dezembro , 2024

Crítica | A Comédia dos Pecados subverte Decamerão com Alison Brie e Aubrey Plaza

YouTube video

É difícil determinar o que primeiro chama a atenção nos minutos iniciais de A Comédia dos Pecados. Aubrey Plaza (‘Parks & Recreation’), vestida com seus trajes de freira, caminha por um campo resgatando uma burra que havia fugido dos estábulos do convento. Logo em sequência, sua personagem — Fernanda — está cuidando das tarefas diárias junto a outras duas freiras, Alessandra (Alison Brie) e Genevra (Kate Micucci) quando um camponês passa por elas, diz um cordial “bom dia, irmãs” e é respondido com insultos típicos de adolescentes que permeiam o Tik Tok e o Instagram. A diferença é que este filme se ambienta no Século 14. 

The Little Hours estreou no Festival de Sundance de 2017, e sua comédia absurda e desbocada ganha pontos para além de sua premissa simples, sobretudo, por se transformar em um desfile de talentos da comédia despejando seus melhores tiques enquanto notoriamente se divertem em cena. Nick Offerman, John C. Reilly, Molly Shannon, Fred Armisen, Paul Reiser, Adam Pally, entre outros, compõem o cenário de forma que uma insanidade após a outra mantenham o público atento a qualquer coisa que vá acontecer em seguida.



A trama, inspirada no primeiro conto do terceiro dia de ‘Decamerão’, de Giovanni Boccaccio, acompanha estas três freiras e o que acontece quando o Padre Tommasso resgata o jovem Massetto (Dave Franco) para ajudar nas atividades do convento. Fugindo de seu antigo lorde, Brunno (Offerman), o rapaz precisa fingir ser surdo e mudo em sua nova tarefa.

Assista também:
YouTube video


É a partir disso que a comédia de situação vai se amplificando, e o que já era uma situação atípica fica ainda mais fora de controle quando Alessandra, Fernanda e Genevra decidem explorar suas liberdades sexuais, e Massetto torna-se uma espécie de alvo. As personagens são muito próximas ao que as três atrizes fazem de forma mais confortável e habitual, e os traços de April (de ‘Parks & Recreation’) e Annie (de Community) em Plaza e Brie são  evidentes. Isso está longe de ser um problema, e pelo menos para alguns fãs é praticamente doce na boca de criança, mas o trejeito estridente e enérgico de Micucci toma o centro das atenções com muita frequência, o que se torna excessivo lá para o terceiro ato do filme.

Este é o terceiro longa do diretor e roteirista Jeff Baena, e aqui ele está mais próximo ao que fez na comédia zumbi ‘Vida Após Beth’ do que do trabalho seguinte, ‘Joshy’. A justaposição entre ser uma história de época ambientada em um convento e um comentário sobre o despertar sexual eventualmente tem menos a dizer do que deveria para preencher seus 90 minutos, e neste sentido há uma certa imaturidade da história e pouca vontade de ir além da superfície com temas mais sensíveis, como sexualidade e desejos reprimidos. Em determinados momentos, há uma tentativa de olhar com mais delicadeza para os personagens, mas é justamente neste ponto que o diretor demonstra pouca habilidade para balancear a seriedade sem perder o ritmo da piada. 

Neste sentido, A Comédia dos Pecados funciona mais como um ótimo exercício de forma, inspirado muito em comédias físicas e o trabalho de Monty Python, com a histeria sendo a sua principal arma. Não é muito profundo, mas este talvez jamais fosse o ponto do diretor — mas cumpre ao propósito de boas risadas. 

YouTube video

Mais notícias...

Laysa Zanettihttps://cinepop.com.br
Repórter, Crítica de Cinema e TV formada em Twin Peaks, Fringe, The Leftovers e The Americans. Já vi Laranja Mecânica mais vezes que você e defendo o final de Lost.

Siga-nos!

2,000,000FãsCurtir
372,000SeguidoresSeguir
1,620,000SeguidoresSeguir
195,000SeguidoresSeguir
162,000InscritosInscrever

ÚLTIMAS NOTÍCIAS

MATÉRIAS

CRÍTICAS

Crítica | A Comédia dos Pecados subverte Decamerão com Alison Brie e Aubrey Plaza

É difícil determinar o que primeiro chama a atenção nos minutos iniciais de A Comédia dos Pecados. Aubrey Plaza (‘Parks & Recreation’), vestida com seus trajes de freira, caminha por um campo resgatando uma burra que havia fugido dos estábulos do convento. Logo em sequência, sua personagem — Fernanda — está cuidando das tarefas diárias junto a outras duas freiras, Alessandra (Alison Brie) e Genevra (Kate Micucci) quando um camponês passa por elas, diz um cordial “bom dia, irmãs” e é respondido com insultos típicos de adolescentes que permeiam o Tik Tok e o Instagram. A diferença é que este filme se ambienta no Século 14. 

The Little Hours estreou no Festival de Sundance de 2017, e sua comédia absurda e desbocada ganha pontos para além de sua premissa simples, sobretudo, por se transformar em um desfile de talentos da comédia despejando seus melhores tiques enquanto notoriamente se divertem em cena. Nick Offerman, John C. Reilly, Molly Shannon, Fred Armisen, Paul Reiser, Adam Pally, entre outros, compõem o cenário de forma que uma insanidade após a outra mantenham o público atento a qualquer coisa que vá acontecer em seguida.

A trama, inspirada no primeiro conto do terceiro dia de ‘Decamerão’, de Giovanni Boccaccio, acompanha estas três freiras e o que acontece quando o Padre Tommasso resgata o jovem Massetto (Dave Franco) para ajudar nas atividades do convento. Fugindo de seu antigo lorde, Brunno (Offerman), o rapaz precisa fingir ser surdo e mudo em sua nova tarefa.

É a partir disso que a comédia de situação vai se amplificando, e o que já era uma situação atípica fica ainda mais fora de controle quando Alessandra, Fernanda e Genevra decidem explorar suas liberdades sexuais, e Massetto torna-se uma espécie de alvo. As personagens são muito próximas ao que as três atrizes fazem de forma mais confortável e habitual, e os traços de April (de ‘Parks & Recreation’) e Annie (de Community) em Plaza e Brie são  evidentes. Isso está longe de ser um problema, e pelo menos para alguns fãs é praticamente doce na boca de criança, mas o trejeito estridente e enérgico de Micucci toma o centro das atenções com muita frequência, o que se torna excessivo lá para o terceiro ato do filme.

Este é o terceiro longa do diretor e roteirista Jeff Baena, e aqui ele está mais próximo ao que fez na comédia zumbi ‘Vida Após Beth’ do que do trabalho seguinte, ‘Joshy’. A justaposição entre ser uma história de época ambientada em um convento e um comentário sobre o despertar sexual eventualmente tem menos a dizer do que deveria para preencher seus 90 minutos, e neste sentido há uma certa imaturidade da história e pouca vontade de ir além da superfície com temas mais sensíveis, como sexualidade e desejos reprimidos. Em determinados momentos, há uma tentativa de olhar com mais delicadeza para os personagens, mas é justamente neste ponto que o diretor demonstra pouca habilidade para balancear a seriedade sem perder o ritmo da piada. 

Neste sentido, A Comédia dos Pecados funciona mais como um ótimo exercício de forma, inspirado muito em comédias físicas e o trabalho de Monty Python, com a histeria sendo a sua principal arma. Não é muito profundo, mas este talvez jamais fosse o ponto do diretor — mas cumpre ao propósito de boas risadas. 

YouTube video
Laysa Zanettihttps://cinepop.com.br
Repórter, Crítica de Cinema e TV formada em Twin Peaks, Fringe, The Leftovers e The Americans. Já vi Laranja Mecânica mais vezes que você e defendo o final de Lost.

Siga-nos!

2,000,000FãsCurtir
372,000SeguidoresSeguir
1,620,000SeguidoresSeguir
195,000SeguidoresSeguir
162,000InscritosInscrever

ÚLTIMAS NOTÍCIAS

MATÉRIAS

CRÍTICAS