sábado , 21 dezembro , 2024

Crítica | A Cozinha – Johnny Massaro estreia na Direção com Thriller Impactante

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Filme assistido no Festival do Rio 2022.

Pelo que temos visto, o caminho cada vez mais natural para os atores brasileiros na última década é, eventualmente, enveredar para o outro lado das lentes: dando pequenas pausas nas atuações para ir para a direção de longas-metragens. Foi assim com Lázaro Ramos, Murilo Benício, Caio Blat e, mais recentemente, com o jovem Johnny Massaro, que, em sua estreia na direção, conseguiu que seu filme tivesse sessões esgotadas no Festival do Rio desse ano, precisando, inclusive, de sessão extra, que também se esgotou. Foi, sem dúvida, um dos filmes mais procurados dessa edição do festival e se justifica: é um filme e tanto!



Miguel (Felipe Haiut) é um artista em crise de ansiedade, sofrendo bloqueio de criatividade e sem saber o que quer e para onde vai na vida. Nessa noite, ele recebe a visita de Letícia (Julia Stockler), com quem teve um relacionamento no passado e que, voluntariamente, pega uma garrafa de vinho e a abre, sem se importar com os protestos de Miguel, que alega estar guardando-a para a visita de um amigo de infância, por quem está esperando. Nesse momento chega Rodrigo (Saulo Arcoverde), que, para a surpresa de Miguel, traz Carla (Catharina Caiado), sua noiva. Com os quatro na cozinha da casa, o clima de tensão é instaurado à medida que a conversa entre eles se desenrola, agradando e desagradando a todos.

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Inspirada na peça de teatro homônima de Felipe Haiut, a adaptação cinematográfica, com roteiro do próprio, ganhou exata uma hora de duração. Talvez esses vinte, trinta minutos que faltam fossem exatamente a ambientação da história/personagens no início da trama ao espectador – e não há muito possivelmente porque ‘A Cozinha, como tantos outros filmes, foi concebido e filmado durante a pandemia, o que limita qualquer tipo de expansão.

Se por um lado falta uma introdução, por outro o longa vai direto ao assunto, que é transformar essa cozinha numa espécie de lavanderia da casa, onde literalmente toda a roupa suja é atirada para que os personagens deem conta da lavação a seus modos. Essa grande metáfora é explanada na última cena, quando as letrinhas já estão subindo, reafirmando o quanto o comedouro em ‘A Cozinha’ é onde a sujeira é despejada e limpada – mas não tanto.

Transpondo a pegada teatral para as telonas, a potência do longa reside nas intensas atuações do quarteto, ora uns se sobressaindo, ora outros surpreendendo com reações inesperadas. Também a técnica de direção de Johnny Massaro espanta, demonstrando segurança e eficiência em fazer uso do tamanho do set a seu favor, seja enquadrando objetos para aprimorar a fotografia (desde a primeira cena, com foco no molho de tomate e diálogos ao fundo), seja, a partir da deficiência (a ausência de espaço para locomoção de câmeras/maquinário/equipe), em utilizá-la em favor da película, fechando em close a imagem para, com isso, se valer das atuações o que faltava em espaço físico no set. Johnny demonstra, assim, sólida experiência em seu primeiro longa como diretor.

Do drama ao thriller em poucos minutos, ‘A Cozinha’ é um filme que atropela o espectador com duas importantes viradas de mesa que faz com que o jogo de cadeiras dos quatro personagens seja indefinido até o fim. Faz jus ao burburinho que causou no festival e merece todos os elogios que está recebendo, demonstrando a potência do teatro brasileiro.

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Janda Montenegrohttp://cinepop.com.br
Escritora, autora de 6 livros, roteirista, assistente de direção. Doutora em Literatura Brasileira Indígena UFRJ.

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Miguel (Felipe Haiut) é um artista em crise de ansiedade, sofrendo bloqueio de criatividade e sem saber o que quer e para onde vai na vida. Nessa noite, ele recebe a visita de Letícia (Julia Stockler), com quem teve um relacionamento no passado e que, voluntariamente, pega uma garrafa de vinho e a abre, sem se importar com os protestos de Miguel, que alega estar guardando-a para a visita de um amigo de infância, por quem está esperando. Nesse momento chega Rodrigo (Saulo Arcoverde), que, para a surpresa de Miguel, traz Carla (Catharina Caiado), sua noiva. Com os quatro na cozinha da casa, o clima de tensão é instaurado à medida que a conversa entre eles se desenrola, agradando e desagradando a todos.

Inspirada na peça de teatro homônima de Felipe Haiut, a adaptação cinematográfica, com roteiro do próprio, ganhou exata uma hora de duração. Talvez esses vinte, trinta minutos que faltam fossem exatamente a ambientação da história/personagens no início da trama ao espectador – e não há muito possivelmente porque ‘A Cozinha, como tantos outros filmes, foi concebido e filmado durante a pandemia, o que limita qualquer tipo de expansão.

Se por um lado falta uma introdução, por outro o longa vai direto ao assunto, que é transformar essa cozinha numa espécie de lavanderia da casa, onde literalmente toda a roupa suja é atirada para que os personagens deem conta da lavação a seus modos. Essa grande metáfora é explanada na última cena, quando as letrinhas já estão subindo, reafirmando o quanto o comedouro em ‘A Cozinha’ é onde a sujeira é despejada e limpada – mas não tanto.

Transpondo a pegada teatral para as telonas, a potência do longa reside nas intensas atuações do quarteto, ora uns se sobressaindo, ora outros surpreendendo com reações inesperadas. Também a técnica de direção de Johnny Massaro espanta, demonstrando segurança e eficiência em fazer uso do tamanho do set a seu favor, seja enquadrando objetos para aprimorar a fotografia (desde a primeira cena, com foco no molho de tomate e diálogos ao fundo), seja, a partir da deficiência (a ausência de espaço para locomoção de câmeras/maquinário/equipe), em utilizá-la em favor da película, fechando em close a imagem para, com isso, se valer das atuações o que faltava em espaço físico no set. Johnny demonstra, assim, sólida experiência em seu primeiro longa como diretor.

Do drama ao thriller em poucos minutos, ‘A Cozinha’ é um filme que atropela o espectador com duas importantes viradas de mesa que faz com que o jogo de cadeiras dos quatro personagens seja indefinido até o fim. Faz jus ao burburinho que causou no festival e merece todos os elogios que está recebendo, demonstrando a potência do teatro brasileiro.

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