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Crítica | A Espiã que Sabia de Menos


Bond, Ryan, Hunt, Bourne e… McCarthy

Melissa McCarthy é a comediante sensação da atualidade nos EUA. Os brasileiros talvez não entendam o grande apelo que a atriz possui. Para simplificar, podemos dizer que ela é o Leandro Hassum de saias. Como nasceu nos EUA, seus filmes movimentam centenas de milhões de dólares ao redor do mundo, e a moça tem uma indicação ao Oscar a legitimando. Ela também trabalha dentro de uma indústria como Hollywood, que funciona, em sua maioria, de forma coesa e eficiente.

Mas também não é dizer que a comediante é à prova de falhas e só entrega sucessos. Ano passado, McCarthy provou o gosto do fracasso com Tammy, o qual confeccionou de forma íntima ao lado do marido, o ator e diretor Ben Falcone. Agora, McCarthy volta às boas com o sucesso, com esta grande produção, que funciona como boa sátira aos filmes de espiões.

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McCarthy interpreta Susan Cooper, funcionária de escritório da CIA, que trabalha como os olhos e ouvidos do superagente Bradley Fine, papel de Jude Law (claramente inspirado no espião James Bond). A abertura de A Espiã que Sabia de Menos é diretamente tirada da franquia do agente secreto mais famoso da sétima arte, 007. São diversas referências ao longo da jornada. Todos os clichês e momentos esperados de filmes assim são explorados, subvertidos e satirizados aqui.

O motivo do sucesso do filme, que tem uma das maiores aprovações do ano no agregador Rotten Tomatoes, é se tratar da nova parceria entre McCarthy e o diretor Paul Feig. Conhecido como um “diretor de mulheres”, Feig utiliza sempre protagonistas femininas em seus filmes, dando voz e força para elas e mostrando que podem fazer tudo igual ou melhor do que os homens. Foi assim em seus dois grandes sucessos Missão Madrinha de Casamento (considerado uma obra-prima do humor pelos americanos) e As Bem-Armadas (novo sucesso de Sandra Bullock, que vai gerar uma continuação).

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Feig emplaca seu terceiro sucesso, e o melhor, com a aprovação dos especialistas. O legal do roteiro, escrito pelo próprio Feig, é que não se trata de um texto preguiçoso, como geralmente ganhamos em comédias assim – sempre apostando no mais baixo denominador comum. Em “A Espiã”, Feig se esforça para entregar um presente aos cinéfilos e fãs de filmes do gênero. Susan Cooper é uma personagem bem escrita, inteligente e capaz, que ao ser criada de tal forma não subestima o público do filme.

A grande sacada da trama é que Susan sempre ficou nos bastidores, quando na verdade era capaz de realizar as mesmas façanhas de Fine (Law). Depois que o sujeito sai de cena, a protagonista vê a grande oportunidade de mostrar serviço e a agarra. Seu maior inimigo é a falta de autoestima. McCarthy usa a metralhadora giratória que chama de boca a seu favor e a favor do filme.

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A Dupla Feig e McCarthy cria um filme politicamente incorreto, violento, ácido e sacana. Que surpreendentemente ganhou censura alta nos EUA, justamente por tais elementos, eliminando assim grande parte de seu público alvo. Outra jogada corajosa, no entanto, arriscada.

O filme ainda arruma tempo para brincar com a persona durona de Jason Statham, subvertida num personagem bem engraçado, e com a vilã da petit Rose Byrne. O preconceito pode imperar, já que esta é uma comédia norte-americana, protagonizada por McCarthy. No entanto, A Espiã que Sabia de Menos merece a chance de te surpreender, assim como fez com este que vos fala.

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Pablo R. Bazarello
Crítico, cinéfilo dos anos 80, membro da ACCRJ, natural do Rio de Janeiro. Apaixonado por cinema e tudo relacionado aos anos 80 e 90. Cinema é a maior diversão. A arte é o que faz a vida valer a pena. 15 anos na estrada do CinePOP e contando...
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