quarta-feira , 20 novembro , 2024

Crítica | A Família Addams – Volta dos icônicos personagens ao cinema é tímida

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Sem Sustos ou Surpresas

Desde sua criação ainda na década de 1930, a ideia envolvendo A Família Addams é satirizar os costumes da família tradicional, a subvertendo de ponta cabeça. Foi assim que o cartunista Charles Addams os concebeu, e tal premissa vem sendo mantida em todos os formatos pelos quais os personagens já passaram: seja na charges do New Yorker, na série de TV com atores reais na década de 1960, nas animações da Hanna-Barbera na década seguinte, até seu auge nas produções cinematográficas da década de 1990 – quando os Addams verdadeiramente atingiram status de superestrelas.

A sinopse cômica de se ter uma família macabra, totalmente alheia ao fato de serem assustadores e bizarros para o “cidadão comum”, já falava sobre aceitação das diferenças. Porém, tal recado já foi dado ao longo de todas as encarnações dos Addams, se mostrando necessário entregar algo mais para público além do que todos já sabem e esperam do conceito.



Justamente por isso vale destacar os criativos roteiros dos longas para o cinema dos 90s, nos quais entraram em jogo a desestruturação da família por elementos externos, seja no plano para roubar sua fortuna, a dúvida sobre a legitimidade de um de seus membros ou a introdução de um personagem mais sádico disposto a destruí-los. Tais tramas adicionam muito à mitologia por apresentarem situações inéditas no repertório deste universo, sem descaracterizá-los em momento algum. A ida de Wandinha e Feioso a uma colônia de férias no segundo filme, por exemplo, é uma jogada de gênio, e um momento que ficará para sempre na história dos personagens.

É justamente nisso que o novo longa levando a marca da Família Addams erra. Pela primeira vez na forma de uma animação para os cinemas (toda criada em cima dos traços originais de Charles Addams) – onde as possibilidades poderiam ser maiores, sem as amarras de um pseudo realismo de carne e osso -, o novo filme faz pouco com a ideia dos Addams, nada que já não tenha sido visto antes, inúmeras vezes. Por exemplo, a família é tratada como aberração que precisa ser expulsa da vizinhança pelos moradores de uma pequena cidade. E na abertura, o longa começa da mesma forma, como no típico filme de monstros, nos quais aldeões com tochas e ancinhos perseguem criaturas clássicas em seu castelo. A graça dos Addams está em serem tratados como uma família exótica, peculiar, e constranger os que com eles interagem. Nunca como monstros rechaçados. A ideia é que eles não notem a possível rejeição.

No lado positivo, o início é bom, apresentando uma espécie de Família Addams Begins, mostrando o casamento de Gomez e Morticia, sua procura por uma nova casa, e como conheceram o mordomo Tropeço. Mais uma vez, tais elementos são criativos por serem inéditos, e talvez o longa devesse ter investido só neles, fazendo do novo filme uma pré-sequência (as tão populares prequels). Ou ao menos uma trama passada em duas linhas temporais distintas. Mas uma vez apresentado o prelúdio, seguimos para o mais do mesmo.

E se a rebeldia da Wandinha não cola, a cerimônia da entrada na vida adulta de Feioso é mais legal e funciona. Já a vilã diretamente saída de um programa de reformas de casa – muito em voga atualmente – corre o risco de datar a animação com rapidez. A mensagem ao final é o que todos conhecem bem de início: a excentricidade está em todos nós, em diferentes níveis, e que devemos nos aceitar do jeito que somos. Como porta de introdução dos Addams para a nova geração de crianças funciona mais do que como adendo aos fãs antigos (para estes os créditos serão nostálgicos ao reprisarem a abertura do seriado sessentista).

O novo A Família Addams é leve, entretém e consegue tirar graça. Porém, a intenção se mostra mais recomendada aos novos adeptos deste mundo macabro e cômico do que aos fãs raiz. O desejo é que na continuação os roteiristas deixem a história mais afiada.

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Desde sua criação ainda na década de 1930, a ideia envolvendo A Família Addams é satirizar os costumes da família tradicional, a subvertendo de ponta cabeça. Foi assim que o cartunista Charles Addams os concebeu, e tal premissa vem sendo mantida em todos os formatos pelos quais os personagens já passaram: seja na charges do New Yorker, na série de TV com atores reais na década de 1960, nas animações da Hanna-Barbera na década seguinte, até seu auge nas produções cinematográficas da década de 1990 – quando os Addams verdadeiramente atingiram status de superestrelas.

A sinopse cômica de se ter uma família macabra, totalmente alheia ao fato de serem assustadores e bizarros para o “cidadão comum”, já falava sobre aceitação das diferenças. Porém, tal recado já foi dado ao longo de todas as encarnações dos Addams, se mostrando necessário entregar algo mais para público além do que todos já sabem e esperam do conceito.

Justamente por isso vale destacar os criativos roteiros dos longas para o cinema dos 90s, nos quais entraram em jogo a desestruturação da família por elementos externos, seja no plano para roubar sua fortuna, a dúvida sobre a legitimidade de um de seus membros ou a introdução de um personagem mais sádico disposto a destruí-los. Tais tramas adicionam muito à mitologia por apresentarem situações inéditas no repertório deste universo, sem descaracterizá-los em momento algum. A ida de Wandinha e Feioso a uma colônia de férias no segundo filme, por exemplo, é uma jogada de gênio, e um momento que ficará para sempre na história dos personagens.

É justamente nisso que o novo longa levando a marca da Família Addams erra. Pela primeira vez na forma de uma animação para os cinemas (toda criada em cima dos traços originais de Charles Addams) – onde as possibilidades poderiam ser maiores, sem as amarras de um pseudo realismo de carne e osso -, o novo filme faz pouco com a ideia dos Addams, nada que já não tenha sido visto antes, inúmeras vezes. Por exemplo, a família é tratada como aberração que precisa ser expulsa da vizinhança pelos moradores de uma pequena cidade. E na abertura, o longa começa da mesma forma, como no típico filme de monstros, nos quais aldeões com tochas e ancinhos perseguem criaturas clássicas em seu castelo. A graça dos Addams está em serem tratados como uma família exótica, peculiar, e constranger os que com eles interagem. Nunca como monstros rechaçados. A ideia é que eles não notem a possível rejeição.

No lado positivo, o início é bom, apresentando uma espécie de Família Addams Begins, mostrando o casamento de Gomez e Morticia, sua procura por uma nova casa, e como conheceram o mordomo Tropeço. Mais uma vez, tais elementos são criativos por serem inéditos, e talvez o longa devesse ter investido só neles, fazendo do novo filme uma pré-sequência (as tão populares prequels). Ou ao menos uma trama passada em duas linhas temporais distintas. Mas uma vez apresentado o prelúdio, seguimos para o mais do mesmo.

E se a rebeldia da Wandinha não cola, a cerimônia da entrada na vida adulta de Feioso é mais legal e funciona. Já a vilã diretamente saída de um programa de reformas de casa – muito em voga atualmente – corre o risco de datar a animação com rapidez. A mensagem ao final é o que todos conhecem bem de início: a excentricidade está em todos nós, em diferentes níveis, e que devemos nos aceitar do jeito que somos. Como porta de introdução dos Addams para a nova geração de crianças funciona mais do que como adendo aos fãs antigos (para estes os créditos serão nostálgicos ao reprisarem a abertura do seriado sessentista).

O novo A Família Addams é leve, entretém e consegue tirar graça. Porém, a intenção se mostra mais recomendada aos novos adeptos deste mundo macabro e cômico do que aos fãs raiz. O desejo é que na continuação os roteiristas deixem a história mais afiada.

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