quarta-feira , 20 novembro , 2024

Crítica | A Fuga das Galinhas: A Ameaça dos Nuggets – Sequência Diverte, Mas Não Inspira Tanto Quanto Filme Original

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No início do milênio, cinéfilos do mundo inteiro foram presenteados com um longa de animação com traços e coração muito único: tratava-se do filme ‘A Fuga das Galinhas’, dos estúdios Aardman. A história era simples e, talvez por isso, revolucionária, pois contava o cotidiano de um galinheiro até o dia em que as galinhas que nele viviam descobrem que a dona do estabelecimento fazia tortas de frango com a carne delas. Decididas a lutar por suas vidas e por suas liberdades, as galinhas se unem para, juntas, escaparem da fazenda. Por seu tom mais político, o longa original ganhou o coração dos cinéfilos, que fizeram campanha por ele na disputa pelo Oscar de Melhor Filme naquele ano, porém, o filme ficou de fora, mas foi responsável por uma mudança brusca na Academia: a partir de então, passou a existir um Oscar para Melhor Longa de Animação. Toda essa trajetória fez com que a expectativa fosse altíssima para a aguardada sequência, ‘A Fuga das Galinhas: A Ameaça dos Nuggets’, promessa de filme de fim de ano da Netflix e que chegou hoje à plataforma.



Depois de escaparem da fazenda, Ginger (na voz original de Thandiwe Newton), Rocky (Zachary Levi) e todas as outras galinhas vivem em harmonia em uma pequena ilha nas proximidades. Tudo vai super bem, e Ginger e Rocky agora são pais da pequena Molly (Bella Ramsey), que desde a infância demonstra ter puxado a mãe no espírito aventureiro. Certo dia, tremores abalam a paz da comunidade, e Ginger percebe o asfaltamento e a posterior passagem de caminhões por uma estrada ali perto – caminhões que diziam pertencer a uma espécie de paraíso galináceo, onde todas as galinhas sorriem e são felizes. Isso desperta um gatilho forte em Ginger, que proíbe Molly de sequer olhar para a estrada, mas isso só faz com que a jovem tenha ainda mais interesse em descobrir como é a vida fora da ilha. Depois que Molly foge e decide ir numa aventura até ao paraíso galináceo, Ginger, Rocky e todas as outras se juntarão aos primos ratos para salvar Molly… e todas as outras galinhas que conhecerem no caminho.

Com vinte minutos a mais do que o projeto anterior, ‘A Fuga das Galinhas: A Ameaça dos Nuggets’ tem uma boa ideia, mas sem o mesmo valor do anterior. Se antes as galinhas precisavam deixar suas desavenças de lado para juntas conseguirem lutar por suas vidas e fugir dos maus tratos, agora o mote é uma mãe medrosa que precisa superar seu medo e ir atrás da filha fujona, fazendo com que seus amigos e marido vá atrás, e, uma vez lá, decida salvar as outras galinhas do local, num ato de heroísmo altruísta. Assim, o espectador não se conecta com a causa, que fica em segundo plano no enredo.

O experiente diretor Sam Fell (de ‘ParaNorman’ e ‘Por Água Abaixo’) mostra sua competência em conferir expressão facial às personagens, especialmente aos olhos, e na mistura de técnicas necessárias para a realização do projeto – majoritariamente em stop-motion com utilização de argila e massinha e fundo em 2D. Não é fácil encabeçar um projeto desses, e o resultado é tecnicamente bem realizado.

Mesmo sem o mesmo vigor do anterior, ‘A Fuga das Galinhas: A Ameaça dos Nuggets’ comprova que ainda tem muito assunto para trazer para o debate público (dessa vez, com crítica às chamadas fazendas felizes, onde as galinhas supostamente são bem tratadas para serem abatidas menos estressadas, formando, assim, um paradoxo). E, tudo indica a criação efetiva de uma franquia das galinhas corredoras, com possível nova continuação. Tomara!

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Janda Montenegrohttp://cinepop.com.br
Escritora, autora de 6 livros, roteirista, assistente de direção. Doutora em Literatura Brasileira Indígena UFRJ.

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Depois de escaparem da fazenda, Ginger (na voz original de Thandiwe Newton), Rocky (Zachary Levi) e todas as outras galinhas vivem em harmonia em uma pequena ilha nas proximidades. Tudo vai super bem, e Ginger e Rocky agora são pais da pequena Molly (Bella Ramsey), que desde a infância demonstra ter puxado a mãe no espírito aventureiro. Certo dia, tremores abalam a paz da comunidade, e Ginger percebe o asfaltamento e a posterior passagem de caminhões por uma estrada ali perto – caminhões que diziam pertencer a uma espécie de paraíso galináceo, onde todas as galinhas sorriem e são felizes. Isso desperta um gatilho forte em Ginger, que proíbe Molly de sequer olhar para a estrada, mas isso só faz com que a jovem tenha ainda mais interesse em descobrir como é a vida fora da ilha. Depois que Molly foge e decide ir numa aventura até ao paraíso galináceo, Ginger, Rocky e todas as outras se juntarão aos primos ratos para salvar Molly… e todas as outras galinhas que conhecerem no caminho.

Com vinte minutos a mais do que o projeto anterior, ‘A Fuga das Galinhas: A Ameaça dos Nuggets’ tem uma boa ideia, mas sem o mesmo valor do anterior. Se antes as galinhas precisavam deixar suas desavenças de lado para juntas conseguirem lutar por suas vidas e fugir dos maus tratos, agora o mote é uma mãe medrosa que precisa superar seu medo e ir atrás da filha fujona, fazendo com que seus amigos e marido vá atrás, e, uma vez lá, decida salvar as outras galinhas do local, num ato de heroísmo altruísta. Assim, o espectador não se conecta com a causa, que fica em segundo plano no enredo.

O experiente diretor Sam Fell (de ‘ParaNorman’ e ‘Por Água Abaixo’) mostra sua competência em conferir expressão facial às personagens, especialmente aos olhos, e na mistura de técnicas necessárias para a realização do projeto – majoritariamente em stop-motion com utilização de argila e massinha e fundo em 2D. Não é fácil encabeçar um projeto desses, e o resultado é tecnicamente bem realizado.

Mesmo sem o mesmo vigor do anterior, ‘A Fuga das Galinhas: A Ameaça dos Nuggets’ comprova que ainda tem muito assunto para trazer para o debate público (dessa vez, com crítica às chamadas fazendas felizes, onde as galinhas supostamente são bem tratadas para serem abatidas menos estressadas, formando, assim, um paradoxo). E, tudo indica a criação efetiva de uma franquia das galinhas corredoras, com possível nova continuação. Tomara!

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Escritora, autora de 6 livros, roteirista, assistente de direção. Doutora em Literatura Brasileira Indígena UFRJ.

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