Os espectadores e leitores que curtem histórias de ficção científica sabem (e de certa forma até entendem) que as pessoas que escrevem ou criam essas histórias acabam bebendo nas mesmas fontes que nós, consumidores, encontramos nosso entretenimento. Em outras palavras: os criadores e escritores também leem e/ou veem os mesmos filmes e livros que os consumidores, de modo que o universo da ficção científica é mais ou menos conhecido por todos aqueles que gostam do gênero. Até aí, tudo bem, porque todo mundo gosta de encontrar easter eggs e referências de obras que gostamos, como ocorre no longa ‘A Linha da Extinção’, o mais novo filme desse tipo e que chega a partir de hoje no circuito nacional.
Num futuro não definido, o planeta foi invadido por criaturas que surgiram do subterrâneo. São verdadeiros monstros, que aniquilaram a maior parte da população humana da face da Terra. Os poucos sobreviventes se refugiaram nas partes mais altas do planeta – acima da 2.400 metros de altura, que é uma distância onde os monstros não conseguem atingir. Dentre os sobreviventes, estão o viúvo Will (Anthony MacKie, o novo ‘Capitão América’) e seu filho, Hunter (Danny Boyd Jr.); a jovem viúva Katie (Maddie Hasson, de ‘Maligno’) e Nina (Morena Baccarin, de ‘Deadpool’). Mas Hunter tem um problema respiratório e, com frequência, tem crises, precisando de um cilindro de oxigênio. Quando os tubos estão prestes a acabar, Will decide enfrentar as criaturas numa jornada a pé até Culver, cidade na Califórnia, onde está certo de que o hospital local possui o medicamento. Para enfrentar essa jornada, ele contará com a companhia e o apoio de Katie e Nina, cada uma com seu próprio motivo para topar a empreitada.
Mesmo com uma hora e meia de duração, ‘A Linha da Extinção’ passa a sensação de durar mais, pois tudo o que estamos vendo dá a sensação de já termos visto antes em algum lugar. Por exemplo, as tais criaturas – monstrengos meio escorpião, meio cachorrão – e o fato de elas não ultrapassarem 2.400 metros de altura, a forma como os personagens interagem com essa informação lembra muito como ‘Um Lugar Silencioso’ é construído. O fato de Hunter, uma criança, ter um problema de saúde que impulsiona os personagens ao perigo também já vimos (algumas vezes) nas dezenas de episódios de ‘The Walking Dead’.
Até aí, tudo estaria bem, mas o roteiro de John Glenn, Jacob Roman e Kenny Ryan não traz elementos novos para preencher o enredo. Aí, se por um lado os elementos-chave já são conhecidos do público, por outro todo o resto é super previsível, sejam os personagens, sejam as situações.
Mesmo com tudo isso, o filme entretém, a seu modo. O diretor George Nolfi não se furta em usar bastante tomadas aéreas e planos bem abertos, para reforçar a ideia de imensidão apocalíptica com a ausência humana no mundo. Todo o segundo arco do longa se mostra mais interessante, pois o diretor imprime uma pegada mais de videogame na realização, e é a parte do filme que mais prende o espectador.
Meio pós-apocalíptico, meio ficção científica, ‘A Linha da Extinção’ é um filme para o público geral sem grandes explicações, bem-realizado e sem trazer desafios na compreensão. É como ver um live-action de videogame com uma história simples em que os personagens só precisam cumprir uma missão.