domingo , 24 novembro , 2024

Crítica | A Máfia dos Tigres – Conheça o novo FENÔMENO da Netflix

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O documentárioA Máfia dos Tigres’, de sete episódios com pouco menos de 50 minutos cada, já é forte candidato a uma possível indicação ao Globo de Ouro 2021.

Partindo de uma história real, os diretores Rebecca Chaiklin e Eric Goode buscam reconstruir os episódios da vida de Joe Exotic enquanto a história ainda se desenrola. Só que, partindo da vida deste indivíduo, os diretores desmascaram a verdadeira máfia estadunidense de contrabando e exploração de tigres e outros animais silvestres.



Joe Exotic é, como diz seu nome, exótico. Mas não de uma maneira positiva. Ele começou como um mero amante dos animais, com um gosto bastante peculiar por grandes felinos e animais silvestres. Então, partindo de um tigrinho, em poucos anos ele criou um zoológico com mais de 227 tigres de todas as espécies, além de babuínos, leões, cobras, panteras, leopardo-das-neves etc. Não bastasse isso, a renda principal do zoológico é baseada nas fotos vendidas aos visitantes (onde as pessoas podem tirar foto literalmente com o rosto colado ao de um tigre) e com a procriação em massa de filhotes de tigres, que são imediatamente afastados da mãe no momento de seu nascimento, pois somente assim, segundo o próprio Joe, é que os animais se tornam domesticáveis.

Tudo isso já seria o bastante para a gente ficar com raiva, mas tem mais.

Ao apresentar a trajetória de Joe Exotic, os diretores trazem ao público outros personagens fundamentais: Bhagavan “Doc” Antle, que foi uma espécie de mentor para Joe e também possui um espaço ao qual ele chama de santuário para os tigres; e Carole Baskin, a antagonista de Joe, desenhada como a salvadora dos animais em perigo nas mãos dos homens maus, cuja única intenção é proteger os bichinhos dos humanos terríveis. Porém, o que ‘A Máfia dos Tigres’ conclui é que os três – e todos aqueles que trabalham com ou para eles, ou que se envolvem diretamente com esses indivíduos – são tudo farinha do mesmo saco, verdadeiras peças da dita máfia.

Enquanto produto fílmico, a série documental da Netflix é bem produzida, tecendo a história de maneira clara, evolutiva e, acima de tudo, conduzindo o espectador a tirar suas próprias conclusões sobre os personagens-chave, entregando-lhe todas as informações disponíveis para tal. Assim, temos coisas boas e ruins sobre todo mundo, e o julgamento sobre quem está certo ou errado (se é que há!) fica com o espectador,embora a série busque simpatizar seus personagens, torná-los agradáveis em suas bizarrices.

Mesclando depoimentos do passado com atuais, cenas gravadas com e sem autorização, apresentando provas, relatos e com um tom de trama policial, ‘A Máfia dos Tigres’ revela ao mundo a sordidez do cidadão estadunidense que se acha acima das leis do mundo e acima do bem e do mal, convicto de que somente a sua razão é válida e que só pode haver um. Através do e em nome do dinheiro, os animais silvestres são livremente traficados, reproduzidos em cativeiros, assassinados e explorados – tudo com o disfarce dos santuários, das boas intenções e das aparências. É assim que, ao refletirmos, conseguimos lembrar de tigres participando de diversas produções cinematográficas, como em ‘The Walking Dead’, ‘Dr. Dolittle’, ‘Se Beber Não Case’, etc.  É assim também que os Estados Unidos é, hoje, o país com o maior número de tigres em cativeiro no mundo, muito embora eles não sejam originalmente um animal das Américas. E tudo isso só acontece porque o ego e a vaidade humana continuam acima de tudo, e, como diz a própria série conclui, “se você tem o dinheiro, você está do lado certo da razão”.

A Máfia dos Tigres’ é uma ótima série documental que provoca a reflexão sobre um tema que já há tempo demais é tratado como entretenimento, mas que é um verdadeiro crime: a exploração dos animais pelo ser humano.

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Janda Montenegrohttp://cinepop.com.br
Escritora, autora de 6 livros, roteirista, assistente de direção. Doutora em Literatura Brasileira Indígena UFRJ.

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Partindo de uma história real, os diretores Rebecca Chaiklin e Eric Goode buscam reconstruir os episódios da vida de Joe Exotic enquanto a história ainda se desenrola. Só que, partindo da vida deste indivíduo, os diretores desmascaram a verdadeira máfia estadunidense de contrabando e exploração de tigres e outros animais silvestres.

Joe Exotic é, como diz seu nome, exótico. Mas não de uma maneira positiva. Ele começou como um mero amante dos animais, com um gosto bastante peculiar por grandes felinos e animais silvestres. Então, partindo de um tigrinho, em poucos anos ele criou um zoológico com mais de 227 tigres de todas as espécies, além de babuínos, leões, cobras, panteras, leopardo-das-neves etc. Não bastasse isso, a renda principal do zoológico é baseada nas fotos vendidas aos visitantes (onde as pessoas podem tirar foto literalmente com o rosto colado ao de um tigre) e com a procriação em massa de filhotes de tigres, que são imediatamente afastados da mãe no momento de seu nascimento, pois somente assim, segundo o próprio Joe, é que os animais se tornam domesticáveis.

Tudo isso já seria o bastante para a gente ficar com raiva, mas tem mais.

Ao apresentar a trajetória de Joe Exotic, os diretores trazem ao público outros personagens fundamentais: Bhagavan “Doc” Antle, que foi uma espécie de mentor para Joe e também possui um espaço ao qual ele chama de santuário para os tigres; e Carole Baskin, a antagonista de Joe, desenhada como a salvadora dos animais em perigo nas mãos dos homens maus, cuja única intenção é proteger os bichinhos dos humanos terríveis. Porém, o que ‘A Máfia dos Tigres’ conclui é que os três – e todos aqueles que trabalham com ou para eles, ou que se envolvem diretamente com esses indivíduos – são tudo farinha do mesmo saco, verdadeiras peças da dita máfia.

Enquanto produto fílmico, a série documental da Netflix é bem produzida, tecendo a história de maneira clara, evolutiva e, acima de tudo, conduzindo o espectador a tirar suas próprias conclusões sobre os personagens-chave, entregando-lhe todas as informações disponíveis para tal. Assim, temos coisas boas e ruins sobre todo mundo, e o julgamento sobre quem está certo ou errado (se é que há!) fica com o espectador,embora a série busque simpatizar seus personagens, torná-los agradáveis em suas bizarrices.

Mesclando depoimentos do passado com atuais, cenas gravadas com e sem autorização, apresentando provas, relatos e com um tom de trama policial, ‘A Máfia dos Tigres’ revela ao mundo a sordidez do cidadão estadunidense que se acha acima das leis do mundo e acima do bem e do mal, convicto de que somente a sua razão é válida e que só pode haver um. Através do e em nome do dinheiro, os animais silvestres são livremente traficados, reproduzidos em cativeiros, assassinados e explorados – tudo com o disfarce dos santuários, das boas intenções e das aparências. É assim que, ao refletirmos, conseguimos lembrar de tigres participando de diversas produções cinematográficas, como em ‘The Walking Dead’, ‘Dr. Dolittle’, ‘Se Beber Não Case’, etc.  É assim também que os Estados Unidos é, hoje, o país com o maior número de tigres em cativeiro no mundo, muito embora eles não sejam originalmente um animal das Américas. E tudo isso só acontece porque o ego e a vaidade humana continuam acima de tudo, e, como diz a própria série conclui, “se você tem o dinheiro, você está do lado certo da razão”.

A Máfia dos Tigres’ é uma ótima série documental que provoca a reflexão sobre um tema que já há tempo demais é tratado como entretenimento, mas que é um verdadeiro crime: a exploração dos animais pelo ser humano.

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