domingo , 22 dezembro , 2024

Crítica | A Médium – Novo Terror sobre Possessão é PERTURBADOR!

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As histórias sobre possessões demoníacas ou de outros espíritos menos malignos têm povoado o imaginário da indústria cinematográfica há décadas. Desde a virada do milênio, porém, um novo estilo de narrativa foi agregado a esse subgênero, encabeçado pela produção ‘A Bruxa de Blair’ que o tornou bastante popular: o estilo “found footage”, ou, em outras palavras, uma história que surge a partir de gravações encontradas, antigas, abandonadas, desconhecidas, e que revelam determinada verdade sobre o mistério de quem a gravou e desapareceu. De lá para cá, são mais de vinte anos de sucesso desse subgênero, cujo mais novo representante é ‘A Médium’, longa de terror que chega com exclusividade nos cinemas brasileiros esta semana.



Nim (Sawanee Utoomma) é uma médium bastante respeitada em uma cidade pequena no interior da Tailândia. De acordo com suas palavras, ela costuma receber o espírito da divindade Bayan, que protege e cura as pessoas na região. Essa bendição é, também, uma maldição em sua família, uma vez que a divindade escolhe quem será sua receptora, mesmo que à revelia da vontade da pessoa. E sempre escolhe as mulheres da família de Nim, tendo passado de sua avó para sua tia no passado. Porém, quando chegou a vez de sua irmã mais velha, Noi (Sirani Yankittikan), ela recusou o chamado, obrigando, automaticamente, que Nim assumisse a função. Agora, sua filha, Mink (Narilya Gulmongkolpech), parece apresentar os mesmos sintomas de quando a divindade a escolheu, e tudo isso está sendo registrado por uma equipe de filmagem que queria documentar os médiuns da região. Porém, coisas estranhas começam a acontecer com a jovem Mink, e não tem nada a ver com o espírito de Bayan

Em pouco mais de duas horas de duração, a extensão da produção é seu ponto mais prejudicial, uma vez que cento e vinte minutos de câmera balançando e pessoas em seu cotidiano acaba dando uma cansada, especialmente nos primeiros quarenta minutos, em que a história ainda está sendo situada e a coisa toda parece ainda se tratar de um documentário sobre médiuns. Por outro lado, o novo filme de Banjong Pisanthanakun explora bem sua localização – a Tailândia – para usar como ferramenta de suporte a cultura e o misticismo local, contando com o alheiamento do espectador sobre o país de modo a transformar cerimônias ritualísticas comuns em algo fantasmagórico aos olhos de quem assiste.

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Dirigido pelo mesmo diretor da franquia ‘Espíritos’ (duologia que fez sucesso no início do milênio), o roteiro de Chantavit Dhanasevi e Siwawut Sewatanon para a história de Na Hong-jin consegue fazer bem a transição do comum ao paranormal, criando uma ótima ambientação de terror sobrenatural até o fim (e principalmente no fim). O elenco é bastante competente e transparece o horror que deveria estar sentindo nas situações, convencendo-nos, especialmente a jovem Narilya Gulmongkolpech, dotada de um contorcionismo e uma expressão facial assustadoras, que consegue construir uma personagem que vai do comum ao bizarro em poucas cenas.

Numa pegada bem ‘Atividade Paranormal’ com ‘Espíritos: A Morte Está a Seu Lado’, o terrorA Médium’ traz frescor ao subgênero found footage, abraçado por uma cultura bastante desconhecida do grande público, que oferece certo fascínio em quem assiste. ‘A Médium’ é para ser assistido durante o dia, pois, à noite, pode ser perturbador.

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Janda Montenegrohttp://cinepop.com.br
Escritora, autora de 6 livros, roteirista, assistente de direção. Doutora em Literatura Brasileira Indígena UFRJ.

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As histórias sobre possessões demoníacas ou de outros espíritos menos malignos têm povoado o imaginário da indústria cinematográfica há décadas. Desde a virada do milênio, porém, um novo estilo de narrativa foi agregado a esse subgênero, encabeçado pela produção ‘A Bruxa de Blair’ que o tornou bastante popular: o estilo “found footage”, ou, em outras palavras, uma história que surge a partir de gravações encontradas, antigas, abandonadas, desconhecidas, e que revelam determinada verdade sobre o mistério de quem a gravou e desapareceu. De lá para cá, são mais de vinte anos de sucesso desse subgênero, cujo mais novo representante é ‘A Médium’, longa de terror que chega com exclusividade nos cinemas brasileiros esta semana.

Nim (Sawanee Utoomma) é uma médium bastante respeitada em uma cidade pequena no interior da Tailândia. De acordo com suas palavras, ela costuma receber o espírito da divindade Bayan, que protege e cura as pessoas na região. Essa bendição é, também, uma maldição em sua família, uma vez que a divindade escolhe quem será sua receptora, mesmo que à revelia da vontade da pessoa. E sempre escolhe as mulheres da família de Nim, tendo passado de sua avó para sua tia no passado. Porém, quando chegou a vez de sua irmã mais velha, Noi (Sirani Yankittikan), ela recusou o chamado, obrigando, automaticamente, que Nim assumisse a função. Agora, sua filha, Mink (Narilya Gulmongkolpech), parece apresentar os mesmos sintomas de quando a divindade a escolheu, e tudo isso está sendo registrado por uma equipe de filmagem que queria documentar os médiuns da região. Porém, coisas estranhas começam a acontecer com a jovem Mink, e não tem nada a ver com o espírito de Bayan

Em pouco mais de duas horas de duração, a extensão da produção é seu ponto mais prejudicial, uma vez que cento e vinte minutos de câmera balançando e pessoas em seu cotidiano acaba dando uma cansada, especialmente nos primeiros quarenta minutos, em que a história ainda está sendo situada e a coisa toda parece ainda se tratar de um documentário sobre médiuns. Por outro lado, o novo filme de Banjong Pisanthanakun explora bem sua localização – a Tailândia – para usar como ferramenta de suporte a cultura e o misticismo local, contando com o alheiamento do espectador sobre o país de modo a transformar cerimônias ritualísticas comuns em algo fantasmagórico aos olhos de quem assiste.

Dirigido pelo mesmo diretor da franquia ‘Espíritos’ (duologia que fez sucesso no início do milênio), o roteiro de Chantavit Dhanasevi e Siwawut Sewatanon para a história de Na Hong-jin consegue fazer bem a transição do comum ao paranormal, criando uma ótima ambientação de terror sobrenatural até o fim (e principalmente no fim). O elenco é bastante competente e transparece o horror que deveria estar sentindo nas situações, convencendo-nos, especialmente a jovem Narilya Gulmongkolpech, dotada de um contorcionismo e uma expressão facial assustadoras, que consegue construir uma personagem que vai do comum ao bizarro em poucas cenas.

Numa pegada bem ‘Atividade Paranormal’ com ‘Espíritos: A Morte Está a Seu Lado’, o terrorA Médium’ traz frescor ao subgênero found footage, abraçado por uma cultura bastante desconhecida do grande público, que oferece certo fascínio em quem assiste. ‘A Médium’ é para ser assistido durante o dia, pois, à noite, pode ser perturbador.

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