Depois de muito adiamento por conta da pandemia, os filmes que abordam as perspectivas diferentes dos acusados de matar o casal von Richthofen finalmente chegam ao público brasileiro em estreia exclusiva na Amazon Prime. Trazendo a narrativa de Daniel Cravinhos sobre o ocorrido, conheçam ‘A Menina Que Matou os Pais’.
Em um dia comum, Daniel Cravinhos (Leonardo Bittencourt) é abordado por uma senhora que busca um professor de aeromodelo para seu filho, Andreas (Kauan Ceglio), mas seus olhos se voltam mesmo para a irmã do rapaz, Suzane von Richthofen (Carla Diaz). A paixão avassaladora que sente pela moça faz com que o namoro dos dois se torne sério demais para a faixa etária deles – de 15 e 20 anos. De classes sociais distantes, Daniel constantemente sofre críticas severas dos pais da namorada, que fazem de tudo para afastar o casal. Com o passar dos anos, Suzane vai cada vez mais demonstrando interesse em acabar com a vida dos pais, pois acredita que só assim poderá ser feliz com o namorado. Cegamente apaixonado, Daniel não só topa realizar a vontade da amada, como também convence o irmão Cristian (Allan Souza Lima) a participar do crime.
Em pouco mais de uma hora e vinte de duração, ‘A Menina Que Matou os Pais’ apresenta a narrativa de Daniel sobre a evolução dos eventos que culminaram no assassinato dos pais de Suzane. Assim como o outro filme, este repete a mesma fórmula construtiva: baseado nos depoimentos dos réus durante o julgamento, intercala a história com episódios ocorridos em anos diferentes até o dia em que o crime é cometido.
Diferentemente do outro filme, ‘A Menina Que Matou os Pais’ chega em sua versão final um bocado picotado, faltando lacunas inteiras no enredo, o que nos leva a crer que talvez isso seja proposital para que o espectador seja obrigado a ver aos dois filmes, para somente assim ter todas as informações da produção. Tal obrigatoriedade gera confusão, uma vez que um filme acaba ficando com todas as explicações dos eventos, enquanto ‘A Menina Que Matou os Pais’ fica tão somente com a rápida (até demais) evolução de Suzane de adolescente a psicopata e a fatídica cena do assassinato – que é exatamente o que fica faltando no outro filme. Em vez de criar um filme muito bom e o outro retalhado, o diretor Maurício Eça poderia apenas ter juntado este final com o filme anterior e ter construído um filmaço único.
Em ambas as produções se destaca a incrível capacidade de transformação da atriz Carla Diaz, de uma jovem inocente de 15 anos a uma mulher fria e calculista cheia de ódio pela própria família. Carlinha dá um show de atuação, totalmente à altura da dificuldade de se interpretar um papel tão difícil quanto o de uma personagem dúbia de um caso tão macabro da história do país. É muito bom ver produções que dão espaço e a possibilidade para jovens atrizes mostrarem todo o seu potencial, como esta.
Em suma, ‘A Menina Que Matou os Pais’ dá a sensação de ser apenas o complemento de ‘O Menino Que Matou Meus Pais’, acrescentando pouca coisa e sem muita continuidade. Vale a pena pelo crime em si, que ficou faltando no outro suspense.