sábado , 21 dezembro , 2024

Crítica | A Noite Devorou o Mundo – ‘Eu Sou a Lenda’ francês e intimista

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O Último Homem da Terra

Desde que cimentou na cultura pop mundial a forma que os mortos-vivos seriam representados, o lendário George Romero – pai do marco A Noite dos Mortos-Vivos (1968) – inadvertidamente dava vida a um subgênero que despertaria paixões décadas a fio. Cambaleantes, nada inteligentes, incapazes de falar e guiados puramente pelo instinto de devorar carne humana, os zumbis (como viriam a ficar conhecidos estes seres carcomidos no pós-morte) nunca renderam grandes antagonistas na sétima arte, vide Drácula e Frankenstein, estes sim personagens trágicos – como sempre afirmou o grande crítico Roger Ebert.

O que Ebert e muitos não poderiam imaginar é que os zumbis se popularizariam ao ponto de protagonizarem todo e qualquer produto licenciado dentro do terreno do entretenimento. No cinema, as criaturas inclusive permeiam diferentes estilos e subgêneros dentro de seu universo. Temos, por exemplo, longas mais voltados ao humor, outros para uma atmosfera mais megalômana e ainda os que apostam no clima mais minimalista. Dentro do último segmento se encontra este A Noite Devorou o Mundo, obra francesa baseada no livro de Pit Agarmen.



O filme, parte do acervo encorpado do Festival Varilux 2018, coincidentemente tem roteiro assinado por dois autores de obras que igualmente passaram pelo maior evento de cinema francês no Brasil. Jérémie Guez e Guillaume Lemans, os escritores deste longa, respectivamente assinaram também o thriller dramático familiar Carnívoras e a ficção com doses de horror O Último Suspiro – este segundo guardando inúmeras semelhanças estruturais com A Noite Devorou o Mundo. A direção é de Dominique Rocher, estreante no comando de longas, que entrega um primeiro passo satisfatório.

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Partindo de uma premissa simples, a história acompanha Sam (Anders Danielsen Lie, de Personal Shopper), um rapaz vivendo um dos piores dias de sua vida, no qual precisa ir a uma festa organizada pela ex-namorada a fim de pegar seus pertences restantes, ainda com ela após a separação. No local, o sujeito vive uma noite deprimente. O que ele não sabia é que a data só pioraria na manhã seguinte, quando irrompe uma epidemia que devasta o mundo. Agora, tudo o que resta é ele, um prédio vazio e a vizinhança repleta dos famosos mortos-vivos.

Como citado, a aposta do diretor Rocher é por uma pegada mais psicológica, não enfatizando muito no quesito terror. Este é quase um drama de sobrevivência, no qual o protagonista precisa lutar para manter a sanidade em meio a solidão extrema. Lie segura bem a projeção nas costas e o diretor não se alonga, criando sequências dinâmicas para ocuparem precisamente os curtos 90 minutos de duração. E quando já havíamos esquecido de seu nome nos créditos, nos 45 do segundo tempo chega o reforço mais que bem-vindo da musa Golshifteh Farahani como Sarah, a Alice Braga da vez, cuja personagem guarda uma curiosa reviravolta.

Embora não tenha qualquer pretensão de reinventar a roda, A Noite Devorou o Mundo é filme de zumbi refinado e de qualidade, que procura se distanciar ao máximo das armadilhas e convenções do gênero, ou seja, sustos fáceis e previsibilidade em sua confecção.

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O que Ebert e muitos não poderiam imaginar é que os zumbis se popularizariam ao ponto de protagonizarem todo e qualquer produto licenciado dentro do terreno do entretenimento. No cinema, as criaturas inclusive permeiam diferentes estilos e subgêneros dentro de seu universo. Temos, por exemplo, longas mais voltados ao humor, outros para uma atmosfera mais megalômana e ainda os que apostam no clima mais minimalista. Dentro do último segmento se encontra este A Noite Devorou o Mundo, obra francesa baseada no livro de Pit Agarmen.

O filme, parte do acervo encorpado do Festival Varilux 2018, coincidentemente tem roteiro assinado por dois autores de obras que igualmente passaram pelo maior evento de cinema francês no Brasil. Jérémie Guez e Guillaume Lemans, os escritores deste longa, respectivamente assinaram também o thriller dramático familiar Carnívoras e a ficção com doses de horror O Último Suspiro – este segundo guardando inúmeras semelhanças estruturais com A Noite Devorou o Mundo. A direção é de Dominique Rocher, estreante no comando de longas, que entrega um primeiro passo satisfatório.

Partindo de uma premissa simples, a história acompanha Sam (Anders Danielsen Lie, de Personal Shopper), um rapaz vivendo um dos piores dias de sua vida, no qual precisa ir a uma festa organizada pela ex-namorada a fim de pegar seus pertences restantes, ainda com ela após a separação. No local, o sujeito vive uma noite deprimente. O que ele não sabia é que a data só pioraria na manhã seguinte, quando irrompe uma epidemia que devasta o mundo. Agora, tudo o que resta é ele, um prédio vazio e a vizinhança repleta dos famosos mortos-vivos.

Como citado, a aposta do diretor Rocher é por uma pegada mais psicológica, não enfatizando muito no quesito terror. Este é quase um drama de sobrevivência, no qual o protagonista precisa lutar para manter a sanidade em meio a solidão extrema. Lie segura bem a projeção nas costas e o diretor não se alonga, criando sequências dinâmicas para ocuparem precisamente os curtos 90 minutos de duração. E quando já havíamos esquecido de seu nome nos créditos, nos 45 do segundo tempo chega o reforço mais que bem-vindo da musa Golshifteh Farahani como Sarah, a Alice Braga da vez, cuja personagem guarda uma curiosa reviravolta.

Embora não tenha qualquer pretensão de reinventar a roda, A Noite Devorou o Mundo é filme de zumbi refinado e de qualidade, que procura se distanciar ao máximo das armadilhas e convenções do gênero, ou seja, sustos fáceis e previsibilidade em sua confecção.

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