terça-feira , 5 novembro , 2024

Crítica | A Odisseia dos Tontos – Ricardo Darín é o destaque em boa comédia dramática argentina

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Poucos países fazem comédias dramáticas como a Argentina. E muitas delas, ou pelo menos as melhores, são protagonizadas por Ricardo Darín. Há uma certa melancolia no cinema do país hermano que funciona muito bem, conseguindo emocionar e divertir ao mesmo tempo. Foi assim em obras magistrais como O Filho da Noiva e Clube da Lua, e agora acontece o mesmo com A Odisseia dos Tontos.

A trama gira em torno de uma pequena cidade no interior da Argentina. Quase falida, a cidade decide apostar num novo negócio, capitaneado Fermín (Darín), um ex-jogador de futebol que é ídolo local. Acontece que a aposta financeira acontece ao mesmo tempo em que uma crise no mercado coloca o país em uma recessão, com uma grande desvalorização do peso. Mesmo com a população da cidade entendendo que foi algo maior, Fermín se culpa por colocar todos naquela situação. Ao mesmo tempo, ele descobre que teve muita gente ganhando dinheiro com a crise. É aí que a população local, formada por um grupo de “tontos”, decide se unir para retomar o que lhes cabia de direito.

Dirigido por Sebastián Borensztein (Um Conto Chinês), o filme tem momentos bem tocantes, mostrando bem o drama dos personagens e o impacto da crise no país, mas também diverte ao abraçar a loucura de seguir uma história de vingança/golpe. Em uma narrativa relativamente simples, o cineasta possui o mérito de comandar uma série de personagens humildes e atrapalhados, mas muito humanos. Tal humanidade gera uma aproximação fundamental por parte do público. 

Ainda que não levante bandeiras, salvo uma piada anarquista aqui e acolá, A Odisseia dos Tontos também funciona como uma espécie de válvula de escape em que o oprimido se revolta contra o opressor, em que o cidadão comum, sempre prejudicado, encontra seu momento do “não mais”.

Além de Ricardo Darín, o elenco conta com as ótimas presenças de Luis Brandoni, Chino Darín (filho do protagonista), Rita Cortese e Daniel Aráoz. Temos ainda Andrés Parra como uma espécie de antagonista, numa atuação que talvez seja a menos interessante do longa, caindo quase sempre no estereótipo do vilão exagerado.

Representante da Argentina na corrida pelo Oscar de Melhor Filme Internacional em 2020, La Odisea de los Giles (no original) é mais uma obra recente a centrar sua atenção em “heróis perdedores”. De certa forma, conversa muito com o público latino-americano, incluindo o brasileiro. É uma produção que diverte e emociona. E isso já é o bastante para torná-la algo especial.

Filme visto durante a cobertura da 43ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo

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Poucos países fazem comédias dramáticas como a Argentina. E muitas delas, ou pelo menos as melhores, são protagonizadas por Ricardo Darín. Há uma certa melancolia no cinema do país hermano que funciona muito bem, conseguindo emocionar e divertir ao mesmo tempo. Foi assim em obras magistrais como O Filho da Noiva e Clube da Lua, e agora acontece o mesmo com A Odisseia dos Tontos.

A trama gira em torno de uma pequena cidade no interior da Argentina. Quase falida, a cidade decide apostar num novo negócio, capitaneado Fermín (Darín), um ex-jogador de futebol que é ídolo local. Acontece que a aposta financeira acontece ao mesmo tempo em que uma crise no mercado coloca o país em uma recessão, com uma grande desvalorização do peso. Mesmo com a população da cidade entendendo que foi algo maior, Fermín se culpa por colocar todos naquela situação. Ao mesmo tempo, ele descobre que teve muita gente ganhando dinheiro com a crise. É aí que a população local, formada por um grupo de “tontos”, decide se unir para retomar o que lhes cabia de direito.

Dirigido por Sebastián Borensztein (Um Conto Chinês), o filme tem momentos bem tocantes, mostrando bem o drama dos personagens e o impacto da crise no país, mas também diverte ao abraçar a loucura de seguir uma história de vingança/golpe. Em uma narrativa relativamente simples, o cineasta possui o mérito de comandar uma série de personagens humildes e atrapalhados, mas muito humanos. Tal humanidade gera uma aproximação fundamental por parte do público. 

Ainda que não levante bandeiras, salvo uma piada anarquista aqui e acolá, A Odisseia dos Tontos também funciona como uma espécie de válvula de escape em que o oprimido se revolta contra o opressor, em que o cidadão comum, sempre prejudicado, encontra seu momento do “não mais”.

Além de Ricardo Darín, o elenco conta com as ótimas presenças de Luis Brandoni, Chino Darín (filho do protagonista), Rita Cortese e Daniel Aráoz. Temos ainda Andrés Parra como uma espécie de antagonista, numa atuação que talvez seja a menos interessante do longa, caindo quase sempre no estereótipo do vilão exagerado.

Representante da Argentina na corrida pelo Oscar de Melhor Filme Internacional em 2020, La Odisea de los Giles (no original) é mais uma obra recente a centrar sua atenção em “heróis perdedores”. De certa forma, conversa muito com o público latino-americano, incluindo o brasileiro. É uma produção que diverte e emociona. E isso já é o bastante para torná-la algo especial.

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