quarta-feira , 20 novembro , 2024

Crítica | A Possessão do Mal

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Sem metáfora, eufemismo ou qualquer tipo de rodeio afirmo logo de cara que este filme é ruim. É um daqueles que usa truques baratos como aumento súbito de volume, algo que até um chipanzé saberia fazer caso fosse colocado diante de uma mesa de som, sem pudor algum. Este e outros, mais recentes, que utilizam desta técnica sem nenhum bom senso soam como montanhas russas. Filmes com o único propósito de causar sustos até que o jeito encontrado para incluí-los na história se torne tão ridículo que provoque risos nos espectadores. ‘Possessão do Mal‘ é um desses filmes, mas, curiosamente, toca em aspectos interessantes das religiões que se baseiam na bíblia (Igreja católica, protestante, evangélica, etc…).

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A narrativa se desenrola a partir de Michael King (Shane Johnson) que, após perder a esposa em um trágico (e ridículo) acidente, decide fazer um documentário para provar a não existência de forças sobrenaturais. Ele é cético e acredita piamente que mesmo o mais forte dos rituais não irá afeta-lo. Isso resulta em uma pequena jornada que o leva a realizar dois procedimentos que envolvem entidades sobrenaturais e fazem com que Michael perca a sanidade pouco a pouco.

Nesse sentido, o filme sucede em criar esta atmosfera, mesmo que nunca seja forte, de algo inevitável. Guardadas as devidas as proporções (guardadas mesmo), esta atmosfera é semelhante a do filme ‘O Bebê de Rosemery‘ (Roman Polanski, 1968), em que o perigo é presente, mas não há nada que possamos fazer para ajudar. Quando Michael pede aos demônios que saiam e estes respondem que irão “foder com ele” (We’re gonna fuck you up!), nos sentimos impotentes, restando apenas observar aquilo acontecer. Embora presente, esta atmosfera não consegue resultar em algo consistente, já que se dá, quase sempre, por linhas de diálogo e algumas situações que ocorrem.

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A única atmosfera realmente sólida que este filme consegue construir é a de confusão na cabeça do espectador. No estilo vemos duas tendências, majoritariamente. Uma simulação de câmeras de segurança, que ficam presas num canto alto da casa filmando de longe e em câmera alta (de cima para baixo) e o uso de closes que revelam a presença de decupagem (divisão do roteiro). Estes dois estilos brigam entre si durante a totalidade da duração do longa.

Enquanto percebe-se uma tentativa clara de adicionar uma camada de evento real ao filme, evidenciado pelas inúmeras vezes que o Michael conversa diretamente com câmera, assim como os pequenos trechos que simulam uma câmera amadora, de área menor na tela, os closes e efeitos sonoros que não são parte daquele universo (não diegéticos), como quando ouvimos as vozes que Michael ouve, tratam de arrancar esta camada “evento real” do filme. Passamos a não acreditar que aquilo, supostamente, aconteceu.

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As atuações junto com a fraqueza dos personagens, ajudam a fazer com que essa atmosfera e outros aspectos do filme nunca tenham força. É impressionante, de uma forma muito negativa, como Michael nunca perece abatido ou minimamente desiludido com a morte da esposa. Para o protagonista, se compõe um personagem que, pouco tempo depois do falecimento da esposa, parece satisfeito e até feliz com a situação que vive. Muito por isso, os personagens perdem força, mas, além disso, há uma falta de exposição aos personagens e seu relacionamento. Nunca fica claro como são aquelas pessoas no dia-a-dia e como é sua personalidade, eles parecem reagir ao bel-prazer de quem os dirige e isso afeta, além de outras coisas, o importar-se com esses personagens.

A única coisa que se salva neste filme é a abordagem de temas ligados a religião que são tratados, curiosamente, com certa sensibilidade. É revelador como Michael quer disprovar a existência de eventos sobrenaturais através do Diabo e não de Deus. Para ele, parece ser muito mais fácil de o Diabo existir, já que ele se manifesta com muito mais frequência. Deus, por outro lado, quase nunca se mostra, mesmo quando sua ajuda é implorada e nunca dá sequer uma prova de sua existência.

possessaodomal_2

Embora o filme acabe soando como um alerta moralista, como quem diz: “cuidado, isto pode acontecer com você!”, quando traz estes acontecimentos a uma pessoa que não tem crença, como um tipo de punição, este aspecto é minimamente interessante e nos faz pensar sobre o tipo de Deus que se convencionou, pelo menos no cristianismo.

 

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A narrativa se desenrola a partir de Michael King (Shane Johnson) que, após perder a esposa em um trágico (e ridículo) acidente, decide fazer um documentário para provar a não existência de forças sobrenaturais. Ele é cético e acredita piamente que mesmo o mais forte dos rituais não irá afeta-lo. Isso resulta em uma pequena jornada que o leva a realizar dois procedimentos que envolvem entidades sobrenaturais e fazem com que Michael perca a sanidade pouco a pouco.

Nesse sentido, o filme sucede em criar esta atmosfera, mesmo que nunca seja forte, de algo inevitável. Guardadas as devidas as proporções (guardadas mesmo), esta atmosfera é semelhante a do filme ‘O Bebê de Rosemery‘ (Roman Polanski, 1968), em que o perigo é presente, mas não há nada que possamos fazer para ajudar. Quando Michael pede aos demônios que saiam e estes respondem que irão “foder com ele” (We’re gonna fuck you up!), nos sentimos impotentes, restando apenas observar aquilo acontecer. Embora presente, esta atmosfera não consegue resultar em algo consistente, já que se dá, quase sempre, por linhas de diálogo e algumas situações que ocorrem.

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A única atmosfera realmente sólida que este filme consegue construir é a de confusão na cabeça do espectador. No estilo vemos duas tendências, majoritariamente. Uma simulação de câmeras de segurança, que ficam presas num canto alto da casa filmando de longe e em câmera alta (de cima para baixo) e o uso de closes que revelam a presença de decupagem (divisão do roteiro). Estes dois estilos brigam entre si durante a totalidade da duração do longa.

Enquanto percebe-se uma tentativa clara de adicionar uma camada de evento real ao filme, evidenciado pelas inúmeras vezes que o Michael conversa diretamente com câmera, assim como os pequenos trechos que simulam uma câmera amadora, de área menor na tela, os closes e efeitos sonoros que não são parte daquele universo (não diegéticos), como quando ouvimos as vozes que Michael ouve, tratam de arrancar esta camada “evento real” do filme. Passamos a não acreditar que aquilo, supostamente, aconteceu.

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As atuações junto com a fraqueza dos personagens, ajudam a fazer com que essa atmosfera e outros aspectos do filme nunca tenham força. É impressionante, de uma forma muito negativa, como Michael nunca perece abatido ou minimamente desiludido com a morte da esposa. Para o protagonista, se compõe um personagem que, pouco tempo depois do falecimento da esposa, parece satisfeito e até feliz com a situação que vive. Muito por isso, os personagens perdem força, mas, além disso, há uma falta de exposição aos personagens e seu relacionamento. Nunca fica claro como são aquelas pessoas no dia-a-dia e como é sua personalidade, eles parecem reagir ao bel-prazer de quem os dirige e isso afeta, além de outras coisas, o importar-se com esses personagens.

A única coisa que se salva neste filme é a abordagem de temas ligados a religião que são tratados, curiosamente, com certa sensibilidade. É revelador como Michael quer disprovar a existência de eventos sobrenaturais através do Diabo e não de Deus. Para ele, parece ser muito mais fácil de o Diabo existir, já que ele se manifesta com muito mais frequência. Deus, por outro lado, quase nunca se mostra, mesmo quando sua ajuda é implorada e nunca dá sequer uma prova de sua existência.

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Embora o filme acabe soando como um alerta moralista, como quem diz: “cuidado, isto pode acontecer com você!”, quando traz estes acontecimentos a uma pessoa que não tem crença, como um tipo de punição, este aspecto é minimamente interessante e nos faz pensar sobre o tipo de Deus que se convencionou, pelo menos no cristianismo.

 

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