quinta-feira , 21 novembro , 2024

Crítica | A Sentinela – Netflix erra novamente com filme de ação horroroso

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Em tempos em que representação e representatividade anda sendo bastante discutido em todas as esferas da sociedade, não basta simplesmente uma produção achar que é só substituir um homem por uma mulher que tá tudo certo, já fez sua parte. Mas é exatamente essa a sensação que temos ao ver ‘A Sentinela’, novo filme de ação da Netflix.



Klara (Olga Kurylenko) é uma militar destacada em algum lugar do Sahel (região meridional da África), onde as tropas francesas combatem o terrorismo e o extremismo na região. Após presenciar uma explosão, ela é enviada de volta para casa, em Paris, onde passa a patrulhar as ruas no combate ao terrorismo na capital francesa. Então, após uma festa com sua irmã, Tania (Marilyn Lima), Klara recebe uma ligação dizendo que sua irmã sofrera uma violência e que estava em coma no hospital. Assim começa a sede de vingança da militar, que vai até Nice para fazer justiça com as próprias mãos.

Sim, a história de ‘A Sentinela’ é só isso mesmo, e por isso é tão sonolenta, embora se proponha um filme de ação/suspense. Em uma hora e vinte de duração (e podia ser até menos que isso), boa parte do longa não tem nem diálogo, é só a protagonista indo pra lá e pra cá, de carrinho ou patrulhando a pé, fazendo carão e segurando um fuzil. Aquela parte lá do início, em que ela está no Sahel, não serve para absolutamente nada no desenrolar da trama, apenas para causar um “trauma” – que, já que não é retomado, poderia ter sido apenas mencionado no filme. No final das contas, serviu apenas para gastar orçamento.

Escrito por Matthieu Serveau e Julien Leclerq (e dirigido por este), não fosse o fato de ser estrelado por Olga KurylenkoA Sentinela’ seria uma história escrita para um homem no papel principal: o protagonista, além de ser militar e não expressar emoções, em determinado momento tem relações sexuais com uma mulher – reforçando o estereótipo de que mulher no exército e/ou em filme de ação só pode ser lésbica e durona. A personagem Klara (cujo nome só é mencionado uma vez) não tem nenhuma característica feminina, mostrando-se uma versão de Steven Seagal em ação. Considerando que o público-alvo do longa é o masculino, a inserção da cena de sexo lésbico não é só gratuita, posto que também não colabora na história, mas também tendenciosa, para satisfazer as fantasias desse público.

Mesmo afastando tudo isso para o lado, ‘A Sentinela’ continua sendo um filme bem ruim. O roteiro coloca os elementos em cena sem desenvolvê-los, como soluções fáceis para um filme sem motivação mas cujos empecilhos precisam ser resolvidos rapidamente. Enquanto entretenimento, as cenas de ação são reduzidas e pouco convincentes – um adversário por vez, todos eles com inteligência limitada. Tem coisa melhor na Netflix para quem está procurando um filme de ação pra ver.

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Janda Montenegrohttp://cinepop.com.br
Escritora, autora de 6 livros, roteirista, assistente de direção. Doutora em Literatura Brasileira Indígena UFRJ.

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Klara (Olga Kurylenko) é uma militar destacada em algum lugar do Sahel (região meridional da África), onde as tropas francesas combatem o terrorismo e o extremismo na região. Após presenciar uma explosão, ela é enviada de volta para casa, em Paris, onde passa a patrulhar as ruas no combate ao terrorismo na capital francesa. Então, após uma festa com sua irmã, Tania (Marilyn Lima), Klara recebe uma ligação dizendo que sua irmã sofrera uma violência e que estava em coma no hospital. Assim começa a sede de vingança da militar, que vai até Nice para fazer justiça com as próprias mãos.

Sim, a história de ‘A Sentinela’ é só isso mesmo, e por isso é tão sonolenta, embora se proponha um filme de ação/suspense. Em uma hora e vinte de duração (e podia ser até menos que isso), boa parte do longa não tem nem diálogo, é só a protagonista indo pra lá e pra cá, de carrinho ou patrulhando a pé, fazendo carão e segurando um fuzil. Aquela parte lá do início, em que ela está no Sahel, não serve para absolutamente nada no desenrolar da trama, apenas para causar um “trauma” – que, já que não é retomado, poderia ter sido apenas mencionado no filme. No final das contas, serviu apenas para gastar orçamento.

Escrito por Matthieu Serveau e Julien Leclerq (e dirigido por este), não fosse o fato de ser estrelado por Olga KurylenkoA Sentinela’ seria uma história escrita para um homem no papel principal: o protagonista, além de ser militar e não expressar emoções, em determinado momento tem relações sexuais com uma mulher – reforçando o estereótipo de que mulher no exército e/ou em filme de ação só pode ser lésbica e durona. A personagem Klara (cujo nome só é mencionado uma vez) não tem nenhuma característica feminina, mostrando-se uma versão de Steven Seagal em ação. Considerando que o público-alvo do longa é o masculino, a inserção da cena de sexo lésbico não é só gratuita, posto que também não colabora na história, mas também tendenciosa, para satisfazer as fantasias desse público.

Mesmo afastando tudo isso para o lado, ‘A Sentinela’ continua sendo um filme bem ruim. O roteiro coloca os elementos em cena sem desenvolvê-los, como soluções fáceis para um filme sem motivação mas cujos empecilhos precisam ser resolvidos rapidamente. Enquanto entretenimento, as cenas de ação são reduzidas e pouco convincentes – um adversário por vez, todos eles com inteligência limitada. Tem coisa melhor na Netflix para quem está procurando um filme de ação pra ver.

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