domingo , 22 dezembro , 2024

Crítica | A Última Noite – Grande Elenco Estrela Suspense Ácido Natalino com História de Mau Gosto

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A pandemia do corona vírus atingiu a todas as criaturas vivas do planeta. Muitos de nós perdeu parentes, amigos, conhecidos; milhares de pessoas pegaram o vírus e até hoje sofrem com as sequelas da doença; milhões não se contaminaram, entretanto, ainda sentem os impactos psicológicos, sociais e econômicos que levarão anos para se resolverem. Felizmente, a vacina deu uma dose de esperança no mundo, protegeu as pessoas e fez com que a vida conseguisse seguir em frente, mesmo que ainda com muitos cuidados. Porém, o principal motivo pelo qual a pandemia ainda não terminou após dois anos tem a ver com o negacionismo de pessoas que se recusam a se vacinar – por isso o vírus continua circulando e se modificando. Considerando que permanecemos nesse preocupante contexto mundial (e agora com uma nova variante, a ômicrom), a estreia nas salas de cinema brasileiras do filme ‘A Última Noite’ ocorre em um momento muito delicado e soa com um terrível mau gosto.



Nell (Keira Knightley) e Simon (Matthew Goode) – e seus filhos Art (Roman Griffin Davis), Thomas (Gilby Griffin Davis) e Hardy (Hardy Griffin Davis) – estão prestes a receber parentes e amigos para a aguardada noite de Natal. Porém, esta não é apenas uma reunião comum: é, na verdade, a última noite que passarão juntos, pois todos irão morrer. Entre bebidas e comidas, algumas verdades são reveladas, velhos ressentimentos vêm à tona e a certeza da morte iminente faz com que todos temam a terrível nuvem de gás tóxico que se aproxima da casa, matando a todos pelo caminho.

Com a licença do spoiler, enquanto o grupo se reúne para compartilhar uma refeição juntos momentos antes da tal onda de gás mortal atingir a todos, os personagens também discutem a decisão que tomaram, baseada nas diretrizes dadas pelo governo britânico para lidar com a situação: uma pílula suicida que as pessoas deveriam tomar para morrerem em paz, sem sentir as dores que o tal gás faz com quem o inala. Só que, dado a tal “moral da história” ao final do filme – e considerando o atual contexto em que vivemos, com tantos negacionistas se recusando a tomar a vacina e a pandemia voltando a crescer com a nova variante – é, no mínimo, insensível lançar um filme comercialmente que incentive o questionamento da ciência e aplauda aqueles que são contrários a fazer sua parte para o bem do coletivo.

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Com um custo bem baixo e um elenco famosinho (que inclui o protagonista de ‘Jojo Rabbit’, que carregou seus dois irmãos de verdade para o filme), ‘A Última Noite’ é um filme problemático, tanto em seu conceito quanto em sua execução, uma vez que, para criar um clima de suspense, a diretora Camille Griffin contextualiza sua história já às vésperas do grande acontecimento, como se o espectador soubesse do que trata a ameaça (e, até que seja dito isso, lá pela metade do filme, ficamos sem saber o porquê de tanto auê nesse encontro). Funcionaria melhor como telefilme, lançado depois que a pandemia tivesse passado. Agora, simplesmente passa a mensagem errada.

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Janda Montenegrohttp://cinepop.com.br
Escritora, autora de 6 livros, roteirista, assistente de direção. Doutora em Literatura Brasileira Indígena UFRJ.

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A pandemia do corona vírus atingiu a todas as criaturas vivas do planeta. Muitos de nós perdeu parentes, amigos, conhecidos; milhares de pessoas pegaram o vírus e até hoje sofrem com as sequelas da doença; milhões não se contaminaram, entretanto, ainda sentem os impactos psicológicos, sociais e econômicos que levarão anos para se resolverem. Felizmente, a vacina deu uma dose de esperança no mundo, protegeu as pessoas e fez com que a vida conseguisse seguir em frente, mesmo que ainda com muitos cuidados. Porém, o principal motivo pelo qual a pandemia ainda não terminou após dois anos tem a ver com o negacionismo de pessoas que se recusam a se vacinar – por isso o vírus continua circulando e se modificando. Considerando que permanecemos nesse preocupante contexto mundial (e agora com uma nova variante, a ômicrom), a estreia nas salas de cinema brasileiras do filme ‘A Última Noite’ ocorre em um momento muito delicado e soa com um terrível mau gosto.

Nell (Keira Knightley) e Simon (Matthew Goode) – e seus filhos Art (Roman Griffin Davis), Thomas (Gilby Griffin Davis) e Hardy (Hardy Griffin Davis) – estão prestes a receber parentes e amigos para a aguardada noite de Natal. Porém, esta não é apenas uma reunião comum: é, na verdade, a última noite que passarão juntos, pois todos irão morrer. Entre bebidas e comidas, algumas verdades são reveladas, velhos ressentimentos vêm à tona e a certeza da morte iminente faz com que todos temam a terrível nuvem de gás tóxico que se aproxima da casa, matando a todos pelo caminho.

Com a licença do spoiler, enquanto o grupo se reúne para compartilhar uma refeição juntos momentos antes da tal onda de gás mortal atingir a todos, os personagens também discutem a decisão que tomaram, baseada nas diretrizes dadas pelo governo britânico para lidar com a situação: uma pílula suicida que as pessoas deveriam tomar para morrerem em paz, sem sentir as dores que o tal gás faz com quem o inala. Só que, dado a tal “moral da história” ao final do filme – e considerando o atual contexto em que vivemos, com tantos negacionistas se recusando a tomar a vacina e a pandemia voltando a crescer com a nova variante – é, no mínimo, insensível lançar um filme comercialmente que incentive o questionamento da ciência e aplauda aqueles que são contrários a fazer sua parte para o bem do coletivo.

Com um custo bem baixo e um elenco famosinho (que inclui o protagonista de ‘Jojo Rabbit’, que carregou seus dois irmãos de verdade para o filme), ‘A Última Noite’ é um filme problemático, tanto em seu conceito quanto em sua execução, uma vez que, para criar um clima de suspense, a diretora Camille Griffin contextualiza sua história já às vésperas do grande acontecimento, como se o espectador soubesse do que trata a ameaça (e, até que seja dito isso, lá pela metade do filme, ficamos sem saber o porquê de tanto auê nesse encontro). Funcionaria melhor como telefilme, lançado depois que a pandemia tivesse passado. Agora, simplesmente passa a mensagem errada.

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Janda Montenegrohttp://cinepop.com.br
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