terça-feira , 3 dezembro , 2024

Crítica | A Vida em Si – Enredo emociona, mas repete fórmula e exagera na pieguice

Depois do sucesso de This is Us, já era de se esperar que o criador Dan Fogelman logo investisse em outra produção. Assim o fez, mas, em vez de série, preferiu filme – e o resultado foi A Vida em Si, que leva sua assinatura no roteiro e na direção. Assim como na trama protagonizada por Mandy Moore e Milo Ventimiglia, o longa apresenta um enredo em que entrelaça histórias, para alguns, de um jeito inesperado; no entanto, diferentemente do programa do canal NBC, não soa tão original por fazer isto seguindo exatamente a mesma fórmula do seriado. Não é à toa que Life Itself, no título em inglês, recebeu o apelido de “This is Us – O Filme”. E já me adianto em dizer que quem chamou assim não está errado.

Em seu início promissor e empolgante, A Vida em Si é narrado por ninguém menos que Samuel L. Jackson, que nos apresenta quem poderia ser o herói ou heroína da história que está prestes a começar. Depois de um personagem complicado demais para ser o protagonista, a voz inconfundível do ator decide colocar a Dr. Kate Morris (vivida por Annette Bening) para comandar o enredo – no entanto, um terrível acidente coloca tudo a perder já no começo: ela é atropelada por um ônibus após se distrair ao cumprimentar um fã na rua – e até Jackson desiste de narrar a trama por ser pesada demais. Quando ele sai de cena, descobrimos que, na verdade, esse início era um roteiro escrito por Will Dempsey (Oscar Isaac) em uma cafeteria, e o momento em que o narrador abandona a história representa a hora em que ele também fecha o computador desistindo de escrever.



A partir daí, o filme começa de fato. E descobrimos que o roteiro não era apenas ficção, já que todos os elementos que faziam parte dele tinham alguma relação com a vida real de Will. A heroína que aparece morta pelo ônibus, por exemplo, é sua psicóloga – e os demais elementos vão se destrinchando de maneira inesperada no filme. O que dá para adiantar sem spoilers é que os primeiros minutos da trama se passam na terapia de Will, onde ele visivelmente perturbado, após passar um bom tempo internado em uma clínica psiquiátrica, tenta lidar com o fim do relacionamento com a esposa Mary Dempsey (Olivia Wilde). O que aconteceu para que eles terminassem não descobrimos de cara, mas, através de flashbacks, fica claro que os dois eram uma espécie de casal perfeito (exatamente como Jack e Rebecca em This is Us).

A segunda história é sobre uma menina de cabelos vermelhos e atitude rebelde (Olivia Cooke) – que, em um certo momento, chega a sair aos socos com outra garota em uma briga de bar -, e a terceira, que conta com Antonio Banderas, é sobre um triângulo amoroso entre um um funcionário, sua esposa e seu patrão – e, ao longo da narrativa e no fim, todas se entrelaçam daquela maneira que só o criador de This is Us sabe fazer. Tanto que soa até repetitivo. Por mais que as histórias do filme e da série sejam, em tese, bem diferentes, todos os personagens têm alguma característica dos que já conhecemos do seriado ou uma mistura de dois deles – o que nos faz até prever certas atitudes por já se tratar de uma fórmula conhecida.

Mas, mesmo com essas semelhanças, até a metade, com a criativa história do roteiro e o ótimo arco dramático das duas primeiras tramas (incluindo a relação com a música Make You Feel My Love, do Bob Dylan, e a tese de Mary sobre a vida como narrador não-confiável), o filme emociona e promete entregar algo mais original e consistente – tanto que é aqui que as lágrimas pegam a maioria. Porém, a partir do terceiro enredo, ele se perde.  Além de não ser tão interessante quanto os dois primeiros e, ainda assim, durar mais tempo do que deveria – a ponto do final ficar muito corrido -, também pesa a mão no melodrama, com diálogos extremamente piegas e clichês. É claro que a primeira parte também tem sua dose de drama, mas na medida certa; aqui, é como se A Vida em Si tivesse virado outro filme, nos fazendo até esquecer seus primeiros minutos bem-sucedidos.

Para quem gosta de filmes açucarados e dramas à la Nicholas Sparks é um prato cheio, pois tem todos os elementos de sucesso desse tipo de trama. Mas, para quem gosta de histórias mais consistentes, menos açúcar no que já é doce e fórmulas originais (como o piloto de This is Us), é quase certo que a nova produção de Fogelman decepcione, por mais que não deixe de ter seus méritos. Eu fico com o segundo time.

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Depois do sucesso de This is Us, já era de se esperar que o criador Dan Fogelman logo investisse em outra produção. Assim o fez, mas, em vez de série, preferiu filme – e o resultado foi A Vida em Si, que leva sua assinatura no roteiro e na direção. Assim como na trama protagonizada por Mandy Moore e Milo Ventimiglia, o longa apresenta um enredo em que entrelaça histórias, para alguns, de um jeito inesperado; no entanto, diferentemente do programa do canal NBC, não soa tão original por fazer isto seguindo exatamente a mesma fórmula do seriado. Não é à toa que Life Itself, no título em inglês, recebeu o apelido de “This is Us – O Filme”. E já me adianto em dizer que quem chamou assim não está errado.

Em seu início promissor e empolgante, A Vida em Si é narrado por ninguém menos que Samuel L. Jackson, que nos apresenta quem poderia ser o herói ou heroína da história que está prestes a começar. Depois de um personagem complicado demais para ser o protagonista, a voz inconfundível do ator decide colocar a Dr. Kate Morris (vivida por Annette Bening) para comandar o enredo – no entanto, um terrível acidente coloca tudo a perder já no começo: ela é atropelada por um ônibus após se distrair ao cumprimentar um fã na rua – e até Jackson desiste de narrar a trama por ser pesada demais. Quando ele sai de cena, descobrimos que, na verdade, esse início era um roteiro escrito por Will Dempsey (Oscar Isaac) em uma cafeteria, e o momento em que o narrador abandona a história representa a hora em que ele também fecha o computador desistindo de escrever.

A partir daí, o filme começa de fato. E descobrimos que o roteiro não era apenas ficção, já que todos os elementos que faziam parte dele tinham alguma relação com a vida real de Will. A heroína que aparece morta pelo ônibus, por exemplo, é sua psicóloga – e os demais elementos vão se destrinchando de maneira inesperada no filme. O que dá para adiantar sem spoilers é que os primeiros minutos da trama se passam na terapia de Will, onde ele visivelmente perturbado, após passar um bom tempo internado em uma clínica psiquiátrica, tenta lidar com o fim do relacionamento com a esposa Mary Dempsey (Olivia Wilde). O que aconteceu para que eles terminassem não descobrimos de cara, mas, através de flashbacks, fica claro que os dois eram uma espécie de casal perfeito (exatamente como Jack e Rebecca em This is Us).

A segunda história é sobre uma menina de cabelos vermelhos e atitude rebelde (Olivia Cooke) – que, em um certo momento, chega a sair aos socos com outra garota em uma briga de bar -, e a terceira, que conta com Antonio Banderas, é sobre um triângulo amoroso entre um um funcionário, sua esposa e seu patrão – e, ao longo da narrativa e no fim, todas se entrelaçam daquela maneira que só o criador de This is Us sabe fazer. Tanto que soa até repetitivo. Por mais que as histórias do filme e da série sejam, em tese, bem diferentes, todos os personagens têm alguma característica dos que já conhecemos do seriado ou uma mistura de dois deles – o que nos faz até prever certas atitudes por já se tratar de uma fórmula conhecida.

Mas, mesmo com essas semelhanças, até a metade, com a criativa história do roteiro e o ótimo arco dramático das duas primeiras tramas (incluindo a relação com a música Make You Feel My Love, do Bob Dylan, e a tese de Mary sobre a vida como narrador não-confiável), o filme emociona e promete entregar algo mais original e consistente – tanto que é aqui que as lágrimas pegam a maioria. Porém, a partir do terceiro enredo, ele se perde.  Além de não ser tão interessante quanto os dois primeiros e, ainda assim, durar mais tempo do que deveria – a ponto do final ficar muito corrido -, também pesa a mão no melodrama, com diálogos extremamente piegas e clichês. É claro que a primeira parte também tem sua dose de drama, mas na medida certa; aqui, é como se A Vida em Si tivesse virado outro filme, nos fazendo até esquecer seus primeiros minutos bem-sucedidos.

Para quem gosta de filmes açucarados e dramas à la Nicholas Sparks é um prato cheio, pois tem todos os elementos de sucesso desse tipo de trama. Mas, para quem gosta de histórias mais consistentes, menos açúcar no que já é doce e fórmulas originais (como o piloto de This is Us), é quase certo que a nova produção de Fogelman decepcione, por mais que não deixe de ter seus méritos. Eu fico com o segundo time.

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