domingo , 22 dezembro , 2024

Crítica | A Vigilante do Amanhã – Ghost in the Shell – impressiona pelo visual

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Androides sonham com ovelhas elétricas?

A Vigilante do Amanhã, nova superprodução da Paramount Pictures estrelada pela musa atual do cinema Scarlett Johansson, é baseado em uma animação japonesa de 1995, intitulada Ghost in the Shell (no Brasil, O Fantasma do Futuro). O Anime, como são chamadas as animações japonesas, que por sua vez é baseado num manga (histórias em quadrinho japonesas) criado Masamune Shirow e publicado originalmente a partir de 1989, ganhou o mundo, uma legião de fãs, se transformando em uma verdadeira franquia – rendendo continuações e séries de TV animadas.

Tirando do caminho sua base e referência, uma produção cinematográfica precisa ser muito mais, e isso requer entendimento e boa vontade dos fãs mais hardcore. Hoje, vivemos numa era na qual as maiores e mais rentáveis superproduções são baseadas em histórias de quadrinhos de super-heróis e isso trouxe toda uma nova gama de aficionados para os cinemas. Pessoas que antes não se dariam ao trabalho de sair de casa para assistir a mais de um filme por ano, agora correm toda vez que o novo projeto com seu herói favorito é anunciado. E isso é ótimo, quanto mais melhor, afinal a indústria precisa prosperar.



O que os fãs precisam entender é que cinema é mais. Cinema é mais do que apenas a adaptação de seu super-herói preferido, mesmo no filme deles. Precisa falar com uma audiência maior, precisa abranger um grande número de pessoas, superior ao número de fãs daquele material inclusive. Se formos pensar, a verdade é que um filme desses é feito muito mais para quem não é fã (mas sim fã de cinema) do que para quem de fato é. O que não significa em hipótese alguma que os fãs não serão agradados – isso é um fator que Hollywood aprendeu a levar em conta e a respeitar, através dos erros do passado.

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Ou seja, o que quero apontar aqui é que um filme não deve ser avaliado meramente pelo quesito de fidelidade em relação ao seu material fonte, já que existe em seu próprio âmbito, se tornando um animal totalmente diferente, mais forte e maior. Um dos argumentos mais furados que ouço constantemente é: ele não pode avaliar isso, não conhece os quadrinhos, o livro ou o que quer que seja. É trabalho de um jornalista pesquisar sobre o que escreve, e talvez assim tenha mais propriedade para falar sobre o assunto por não estar emocionalmente envolvido com a obra, como um fã estaria.

A missão de um filme como A Vigilante do Amanhã é apresentar o universo que se propõe a retratar para o público, em especial os que não estão familiarizados com ele, para que assim possam ser avaliados todos os itens que o compõem como produção cinematográfica – nunca esquecendo que um filme é primeiramente um filme e todo o resto vem depois. Na trama, Scarlett Johansson interpreta Major, uma androide criada com a mais alta tecnologia, tendo seu cérebro humano como único elo com quem uma vez foi. Ela é uma espécie de Robocop, muito mais ágil e arrojada.

A história passada no futuro, no Japão, apresenta a protagonista como primeira de sua espécie, um híbrido entre ser humano e máquina, que é a última linha de defesa de uma equipe de policiais especiais, chamada Seção 9. Ao enfrentar um novo inimigo onipresente, a protagonista irá descobrir revelações sobre seu passado que mudarão para sempre seu entendimento de mundo, incluindo a quem deve lealdade. A trama é intrincada, digna das maiores conspirações, e o longa-metragem faz um bom trabalho em apresentar de uma forma dinâmica e explicada.

O grande chamariz de A Vigilante do Amanhã é seu visual. Cada detalhe deste admirável novo mundo é perpassado e nós, o público, conseguimos vislumbra-lo de forma satisfatória, o que não ocorre na maioria dos blockbusters ultra-acelerados atuais. A direção de arte, fotografia e efeitos especiais conseguiram até mesmo despertar o imaginário numa espécie de prévia do que poderá ser Blade Runner 2049 – se não soubéssemos, poderíamos imaginar que se passam no mesmo universo.

Os atores estão bem em geral, com Juliette Binoche se saindo melhor aqui em sua participação na pele de uma cientista dúbia, do que no blockbuster Godzilla (2014). Scarlett Johnasson, como esperado, vive outra badass, protótipo da mulher forte e heroína extrema do cinema, a estrela cai como uma luva neste tipo de personagem. Apontaria ainda as participações do dinamarquês Pilou Asbaek, como Batou, o parceiro de Major, e do lendário ´Beat´ Takeshi Kitano, como o chefe da Seção 9.

O maior problema de A Vigilante do Amanhã é seu roteiro, adaptado por Jamie Moss (Os Reis da Rua) e William Wheeler (Rainha de Katwe). Se encontra no fato de contar uma história muito comum e familiarizada a esta altura, por todo tipo de público. Sim, ela foi original há 20, 30 anos, mas hoje, depois de diversas outras grandes produções abordarem o tema, soa como refluxo de tantas, como Matrix, por exemplo – o que é irônico já que o citado bebeu na fonte original de Ghost in the Shell também.

As reviravoltas são percebidas a quilômetros de distância e não existe nada que seja de fato original ou surpreendente. Seja como for, o cineasta Rupert Sanders (Branca de Neve e o Caçador), um especialista em cinema visualmente chamativo, entrega um filme correto e linear. A verdade é que uma ficção científica moderna e atual precisa sempre refletir o hoje, pensando em como será o amanhã a partir deste ponto de partida. Pense na maravilha exuberante e complexa que é a série Black Mirror. Ghost in the Shell segue como visão do futuro sob o aspecto de vinte, trinta anos atrás.

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Tirando do caminho sua base e referência, uma produção cinematográfica precisa ser muito mais, e isso requer entendimento e boa vontade dos fãs mais hardcore. Hoje, vivemos numa era na qual as maiores e mais rentáveis superproduções são baseadas em histórias de quadrinhos de super-heróis e isso trouxe toda uma nova gama de aficionados para os cinemas. Pessoas que antes não se dariam ao trabalho de sair de casa para assistir a mais de um filme por ano, agora correm toda vez que o novo projeto com seu herói favorito é anunciado. E isso é ótimo, quanto mais melhor, afinal a indústria precisa prosperar.

O que os fãs precisam entender é que cinema é mais. Cinema é mais do que apenas a adaptação de seu super-herói preferido, mesmo no filme deles. Precisa falar com uma audiência maior, precisa abranger um grande número de pessoas, superior ao número de fãs daquele material inclusive. Se formos pensar, a verdade é que um filme desses é feito muito mais para quem não é fã (mas sim fã de cinema) do que para quem de fato é. O que não significa em hipótese alguma que os fãs não serão agradados – isso é um fator que Hollywood aprendeu a levar em conta e a respeitar, através dos erros do passado.

Ou seja, o que quero apontar aqui é que um filme não deve ser avaliado meramente pelo quesito de fidelidade em relação ao seu material fonte, já que existe em seu próprio âmbito, se tornando um animal totalmente diferente, mais forte e maior. Um dos argumentos mais furados que ouço constantemente é: ele não pode avaliar isso, não conhece os quadrinhos, o livro ou o que quer que seja. É trabalho de um jornalista pesquisar sobre o que escreve, e talvez assim tenha mais propriedade para falar sobre o assunto por não estar emocionalmente envolvido com a obra, como um fã estaria.

A missão de um filme como A Vigilante do Amanhã é apresentar o universo que se propõe a retratar para o público, em especial os que não estão familiarizados com ele, para que assim possam ser avaliados todos os itens que o compõem como produção cinematográfica – nunca esquecendo que um filme é primeiramente um filme e todo o resto vem depois. Na trama, Scarlett Johansson interpreta Major, uma androide criada com a mais alta tecnologia, tendo seu cérebro humano como único elo com quem uma vez foi. Ela é uma espécie de Robocop, muito mais ágil e arrojada.

A história passada no futuro, no Japão, apresenta a protagonista como primeira de sua espécie, um híbrido entre ser humano e máquina, que é a última linha de defesa de uma equipe de policiais especiais, chamada Seção 9. Ao enfrentar um novo inimigo onipresente, a protagonista irá descobrir revelações sobre seu passado que mudarão para sempre seu entendimento de mundo, incluindo a quem deve lealdade. A trama é intrincada, digna das maiores conspirações, e o longa-metragem faz um bom trabalho em apresentar de uma forma dinâmica e explicada.

O grande chamariz de A Vigilante do Amanhã é seu visual. Cada detalhe deste admirável novo mundo é perpassado e nós, o público, conseguimos vislumbra-lo de forma satisfatória, o que não ocorre na maioria dos blockbusters ultra-acelerados atuais. A direção de arte, fotografia e efeitos especiais conseguiram até mesmo despertar o imaginário numa espécie de prévia do que poderá ser Blade Runner 2049 – se não soubéssemos, poderíamos imaginar que se passam no mesmo universo.

Os atores estão bem em geral, com Juliette Binoche se saindo melhor aqui em sua participação na pele de uma cientista dúbia, do que no blockbuster Godzilla (2014). Scarlett Johnasson, como esperado, vive outra badass, protótipo da mulher forte e heroína extrema do cinema, a estrela cai como uma luva neste tipo de personagem. Apontaria ainda as participações do dinamarquês Pilou Asbaek, como Batou, o parceiro de Major, e do lendário ´Beat´ Takeshi Kitano, como o chefe da Seção 9.

O maior problema de A Vigilante do Amanhã é seu roteiro, adaptado por Jamie Moss (Os Reis da Rua) e William Wheeler (Rainha de Katwe). Se encontra no fato de contar uma história muito comum e familiarizada a esta altura, por todo tipo de público. Sim, ela foi original há 20, 30 anos, mas hoje, depois de diversas outras grandes produções abordarem o tema, soa como refluxo de tantas, como Matrix, por exemplo – o que é irônico já que o citado bebeu na fonte original de Ghost in the Shell também.

As reviravoltas são percebidas a quilômetros de distância e não existe nada que seja de fato original ou surpreendente. Seja como for, o cineasta Rupert Sanders (Branca de Neve e o Caçador), um especialista em cinema visualmente chamativo, entrega um filme correto e linear. A verdade é que uma ficção científica moderna e atual precisa sempre refletir o hoje, pensando em como será o amanhã a partir deste ponto de partida. Pense na maravilha exuberante e complexa que é a série Black Mirror. Ghost in the Shell segue como visão do futuro sob o aspecto de vinte, trinta anos atrás.

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