quinta-feira , 26 dezembro , 2024

Crítica | Abigail e a Cidade Proibida – Filme russo mistura Harry Potter e Jogos Vorazes

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A Arte da Reciclagem

Sempre que um filme faz sucesso, logo surgem dezenas de imitadores. Mas para cada acerto dentro do gol, tantos outros batem na trave. Porque até mesmo para reciclar é preciso talento. Na arte nada se cria, tudo se copia. É um fato muito sabido que ideias originais são raras e cada vez mais extintas. A bem da verdade é que não se precisa ter o mais original dos roteiros desde que trabalhado de forma empenhada, acrescentando e entregando frescor ao retirar o fruto de sua árvore. Figurativamente é tirar um limão para fazer uma limonada. Você não estará criando o limão, mas ainda assim pode render algo delicioso.

Para cada sucesso como Harry Potter e Jogos Vorazes, diversas outras obras ficaram esquecidas pelo caminho, sequer conseguindo emplacar uma continuação em sua muito almejada franquia cinematográfica. Agora quem tenta é uma produção longe de Hollywood, saída diretamente da Rússia – país que tem conseguido exportar suas obras moldadas na estrutura narrativa da citada maior meca do cinema mundial. Em anos recentes o país confeccionou filmes de terror e até mesmo de super-heróis (A Noiva, A Sereia: Lago dos Mortos e Os Guardiões).



Agora é a vez dos russos darem sua versão para um filme jovem adulto de ficção e fantasia. Para enfatizar ainda mais o desejo de penetração em outros mercados, a produção é toda falada em inglês, mesmo que a maioria dos atores principais tenha sobrenome impronunciável aos brasileiros.

A trama aqui é centrada num futuro distópico, onde uma cidade sofre com o regime autoritário de seu governo. Devido a uma epidemia grave causada por um vírus, uma quarentena é montada restringindo os moradores a espaços específicos da localidade. Quando seu pai é levado, após ser diagnosticado com a doença, Abigail (Tinatin Dalakishvili) faz de sua missão encontrá-lo. O rosto mais conhecido por estes lados do globo é o do britânico Eddie Marsan, que interpreta Jonathan Foster, o pai da protagonista. Suas cenas ocorrem todas através de flashback, quando Abigail ainda é interpretada por Marta Timofeeva (e dublada em inglês por Kaitlyn McCormick).

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Toda esta interferência ditatorial do Estado ecoa clássicos da ficção como 1984, de George Orwell – que por sua vez ganhou uma nova roupagem jovem nas formas da franquia Jogos Vorazes, que é de onde Abigail e a Cidade Proibida tira grande parte de sua verve. Em sua incessante busca pelo pai, mesmo que para isso tenha que desafiar as autoridades, a menina descobre que o tal local proibido na verdade abriga bruxos e feiticeiros, rebeldes lutando por uma causa, se opondo ao Governo e prontos para dar um golpe. A tal doença nada mais é do que o dom especial de algumas pessoas: a magia. E você acertou se imaginou que nossa heroína é a escolhida para liderar esta rebelião, além de possuir o mesmo dom adormecido. E sim, ela irá treinar para desenvolvê-lo como nas melhores jornadas do herói.

Por esta sinopse dá para perceber as fortes influências no filme juvenil do diretor Aleksandr Boguslavskiy, que também escreve o roteiro. Com toda pompa de livro voltado a este tipo de público, Abigail e a Cidade Proibida é na verdade uma história “original”, saída da mente do cineasta. Caso fosse uma produção americana, o filme seria recebido com sete pedras na mão e facilmente se juntaria às imitações jogadas no fundo do poço criativo de Hollywood. Por se tratar de uma obra russa, o esforço é um pouco mais louvável pelo fato do país não ser especialista neste tipo de cinema espetáculo.

O problema é o mesmo das obras citadas acima, em especial os filmes de terror. Tudo é criado na mais afinada estética, realmente soando como alguma produção de um estúdio norte-americano. A fotografia, direção de arte, figurinos e até mesmo os efeitos visuais não ficam devendo nada em matéria de qualidade. O único ponto que os russos ainda não conseguiram reproduzir é mesmo o roteiro. Bem, e as atuações. Apesar de seus predicados, que prometem ecoar com os desavisados e a criançada menos exigente, Abigail carece de bons desempenhos, em especial da robótica protagonista, certamente prejudicada por ter que atuar em uma língua que não é a sua primeira. Falta carisma e profundidade aos personagens.

O calcanhar de Aquiles, no entanto, é verdadeiramente esta marmita requentada que se passa pelo roteiro do filme. Uma salada que joga tudo na mistura – todos os ingredientes que estavam há mais de uma semana na geladeira, a ponto de estragar. A má notícia é que o molho que iria salvar como o diferencial do sabor, está em falta.

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Sempre que um filme faz sucesso, logo surgem dezenas de imitadores. Mas para cada acerto dentro do gol, tantos outros batem na trave. Porque até mesmo para reciclar é preciso talento. Na arte nada se cria, tudo se copia. É um fato muito sabido que ideias originais são raras e cada vez mais extintas. A bem da verdade é que não se precisa ter o mais original dos roteiros desde que trabalhado de forma empenhada, acrescentando e entregando frescor ao retirar o fruto de sua árvore. Figurativamente é tirar um limão para fazer uma limonada. Você não estará criando o limão, mas ainda assim pode render algo delicioso.

Para cada sucesso como Harry Potter e Jogos Vorazes, diversas outras obras ficaram esquecidas pelo caminho, sequer conseguindo emplacar uma continuação em sua muito almejada franquia cinematográfica. Agora quem tenta é uma produção longe de Hollywood, saída diretamente da Rússia – país que tem conseguido exportar suas obras moldadas na estrutura narrativa da citada maior meca do cinema mundial. Em anos recentes o país confeccionou filmes de terror e até mesmo de super-heróis (A Noiva, A Sereia: Lago dos Mortos e Os Guardiões).

Agora é a vez dos russos darem sua versão para um filme jovem adulto de ficção e fantasia. Para enfatizar ainda mais o desejo de penetração em outros mercados, a produção é toda falada em inglês, mesmo que a maioria dos atores principais tenha sobrenome impronunciável aos brasileiros.

A trama aqui é centrada num futuro distópico, onde uma cidade sofre com o regime autoritário de seu governo. Devido a uma epidemia grave causada por um vírus, uma quarentena é montada restringindo os moradores a espaços específicos da localidade. Quando seu pai é levado, após ser diagnosticado com a doença, Abigail (Tinatin Dalakishvili) faz de sua missão encontrá-lo. O rosto mais conhecido por estes lados do globo é o do britânico Eddie Marsan, que interpreta Jonathan Foster, o pai da protagonista. Suas cenas ocorrem todas através de flashback, quando Abigail ainda é interpretada por Marta Timofeeva (e dublada em inglês por Kaitlyn McCormick).

Toda esta interferência ditatorial do Estado ecoa clássicos da ficção como 1984, de George Orwell – que por sua vez ganhou uma nova roupagem jovem nas formas da franquia Jogos Vorazes, que é de onde Abigail e a Cidade Proibida tira grande parte de sua verve. Em sua incessante busca pelo pai, mesmo que para isso tenha que desafiar as autoridades, a menina descobre que o tal local proibido na verdade abriga bruxos e feiticeiros, rebeldes lutando por uma causa, se opondo ao Governo e prontos para dar um golpe. A tal doença nada mais é do que o dom especial de algumas pessoas: a magia. E você acertou se imaginou que nossa heroína é a escolhida para liderar esta rebelião, além de possuir o mesmo dom adormecido. E sim, ela irá treinar para desenvolvê-lo como nas melhores jornadas do herói.

Por esta sinopse dá para perceber as fortes influências no filme juvenil do diretor Aleksandr Boguslavskiy, que também escreve o roteiro. Com toda pompa de livro voltado a este tipo de público, Abigail e a Cidade Proibida é na verdade uma história “original”, saída da mente do cineasta. Caso fosse uma produção americana, o filme seria recebido com sete pedras na mão e facilmente se juntaria às imitações jogadas no fundo do poço criativo de Hollywood. Por se tratar de uma obra russa, o esforço é um pouco mais louvável pelo fato do país não ser especialista neste tipo de cinema espetáculo.

O problema é o mesmo das obras citadas acima, em especial os filmes de terror. Tudo é criado na mais afinada estética, realmente soando como alguma produção de um estúdio norte-americano. A fotografia, direção de arte, figurinos e até mesmo os efeitos visuais não ficam devendo nada em matéria de qualidade. O único ponto que os russos ainda não conseguiram reproduzir é mesmo o roteiro. Bem, e as atuações. Apesar de seus predicados, que prometem ecoar com os desavisados e a criançada menos exigente, Abigail carece de bons desempenhos, em especial da robótica protagonista, certamente prejudicada por ter que atuar em uma língua que não é a sua primeira. Falta carisma e profundidade aos personagens.

O calcanhar de Aquiles, no entanto, é verdadeiramente esta marmita requentada que se passa pelo roteiro do filme. Uma salada que joga tudo na mistura – todos os ingredientes que estavam há mais de uma semana na geladeira, a ponto de estragar. A má notícia é que o molho que iria salvar como o diferencial do sabor, está em falta.

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