quinta-feira , 21 novembro , 2024

Crítica | Adoráveis Mulheres – Greta Gerwig se aprimora como diretora no comando de clássico

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Adoráveis Mulheres (Little Women), livro escrito por Louisa May Alcott e publicado em 1868, é um destes textos clássicos que talvez guarde o recorde de obras mais vezes adaptas ao cinema (ou audiovisual em geral). A primeira transposição se deu ainda nos primórdios da sétima arte, em 1918, num filme de 1h de duração, dirigido por Harley Knoles e protagonizado por Dorothy Bernard como Jo. E claro, esta versão é muda, já que o advento do som no cinema ocorreria só na década seguinte.

Depois disso, As Quatro Irmãs (1933), de George Cuckor, trouxe Katharine Hepburn como a protagonista Jo, a indicação ao Oscar de melhor filme e a vitória na categoria de roteiro. Seguiram Quatro Destinos (1949), vencedor do Oscar de direção e arte, e uma versão com Winona Ryder, Susan Sarandon, Christian Bale e Kirsten Dusnt (1994) – indicada para três Oscar: melhor atriz (Ryder), figurino e música. Isso sem contar com minisséries em 1970, 1978 e 2017, uma animação japonesa (!!!), de 1987, e até mesmo uma modernizada no conto, passada nos dias atuais (2018).



Tudo isso para chegarmos até sua versão mais moderna, comandada pela promissora atriz transformada em diretora, Greta Gerwig. A cineasta marcou presença na época de premiações no ano passado quando viu seu Lady Bird (sua estreia no comando de uma obra) ser indicado para 5 Oscar, incluindo melhor filme e direção para a própria. Agora, Gerwig dá seu passo mais ambicioso, ainda mais se levarmos em conta ser apenas o seu segundo trabalho na direção.

A cineasta adapta o texto e através de seu roteiro dá um sabor todo especial para a obra, fazendo realmente seu próprio Adoráveis Mulheres. Gerwig usa e abusa de técnicas narrativas, como cronologias fragmentadas, e até mesmo metalinguagem, para entregar um filme verdadeiramente adorável (com o perdão do trocadilho).

Grande parte do êxito também está na escalação de um dos melhores elencos da temporada – o qual desempenha uma entrega tão determinada que prometem sair no tapa por indicações. Muito é resultado da harmonização entre o comando de uma diretora segura, que guia seu elenco com maestria, e intérpretes que vendem talento. Todos, desde Laura Dern como a matriarca, passando por Emma Watson como a sofredora Meg, até o astro francês Louis Garrel e, é claro, a veterana Meryl Streep, estão em sua melhor forma.

O destaque, no entanto, neste terreno deve ser dado a três atores especificamente. Primeiro, para a protagonista Saoirse Ronan que, aos 25 anos, demonstra o talento de uma veterana dominando a cena, e fazendo a atuação parecer fácil, tamanha naturalidade com que transita por sentimentos e os exala da tela. Certamente Ronan cavará sua quarta indicação ao Oscar aqui (já estando indicada ao Globo de Ouro). Caminho próximo, se houver justiça, deverá seguir a revelação Florence Pugh, de 23 anos, que trava um delicioso embate com a protagonista Jo (Ronan), na pele de sua irmã ciumenta Amy. Pugh apareceu este ano em Midsommar e estará ano que vem em Viúva Negra, da Marvel.

Completando a trinca de atuações sobressalentes está o jovem Timothée Chalamet (indicado ao Oscar pelo sucesso Me Chame Pelo seu Nome), na pele do apaixonado Laurie. Na trama, um quarteto de irmãs bem diferentes, mas muito unidas, se vêm as voltas com questões que variam desde encontrar o amor, ou um companheiro, a Guerra que levou seu pai, independência, e outros tópicos em voga numa era pré-internet, canais de streaming ou sequer televisão. Sim, se vivia bem sem isso. Há quem diga, até melhor. Apesar destes pequenos detalhes, o texto de Alcott segue superatual, acredite!

Adoráveis Mulheres é sem dúvida um atestado feminista, embora muitos não gostem do termo. E está a par, definitivamente, com as obras de Simone de Beauvoir e Jane Austen, por exemplo. Seu poderoso discurso ecoa e se mescla numa simbiose perfeita com os tempos atuais. Adoráveis Mulheres, de Greta Gerwig, entrega a mesma potência, pegando para si estes diálogos e acrescentando muito frescor. O resultado é uma das melhores produções do ano, facilmente cobrando seu lugar dentre os possíveis candidatos ao Oscar. A confecção aqui é impecável, e Gerwig demonstra que chegou para ficar como uma das cineastas mais interessantes da atualidade.

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Depois disso, As Quatro Irmãs (1933), de George Cuckor, trouxe Katharine Hepburn como a protagonista Jo, a indicação ao Oscar de melhor filme e a vitória na categoria de roteiro. Seguiram Quatro Destinos (1949), vencedor do Oscar de direção e arte, e uma versão com Winona Ryder, Susan Sarandon, Christian Bale e Kirsten Dusnt (1994) – indicada para três Oscar: melhor atriz (Ryder), figurino e música. Isso sem contar com minisséries em 1970, 1978 e 2017, uma animação japonesa (!!!), de 1987, e até mesmo uma modernizada no conto, passada nos dias atuais (2018).

Tudo isso para chegarmos até sua versão mais moderna, comandada pela promissora atriz transformada em diretora, Greta Gerwig. A cineasta marcou presença na época de premiações no ano passado quando viu seu Lady Bird (sua estreia no comando de uma obra) ser indicado para 5 Oscar, incluindo melhor filme e direção para a própria. Agora, Gerwig dá seu passo mais ambicioso, ainda mais se levarmos em conta ser apenas o seu segundo trabalho na direção.

A cineasta adapta o texto e através de seu roteiro dá um sabor todo especial para a obra, fazendo realmente seu próprio Adoráveis Mulheres. Gerwig usa e abusa de técnicas narrativas, como cronologias fragmentadas, e até mesmo metalinguagem, para entregar um filme verdadeiramente adorável (com o perdão do trocadilho).

Grande parte do êxito também está na escalação de um dos melhores elencos da temporada – o qual desempenha uma entrega tão determinada que prometem sair no tapa por indicações. Muito é resultado da harmonização entre o comando de uma diretora segura, que guia seu elenco com maestria, e intérpretes que vendem talento. Todos, desde Laura Dern como a matriarca, passando por Emma Watson como a sofredora Meg, até o astro francês Louis Garrel e, é claro, a veterana Meryl Streep, estão em sua melhor forma.

O destaque, no entanto, neste terreno deve ser dado a três atores especificamente. Primeiro, para a protagonista Saoirse Ronan que, aos 25 anos, demonstra o talento de uma veterana dominando a cena, e fazendo a atuação parecer fácil, tamanha naturalidade com que transita por sentimentos e os exala da tela. Certamente Ronan cavará sua quarta indicação ao Oscar aqui (já estando indicada ao Globo de Ouro). Caminho próximo, se houver justiça, deverá seguir a revelação Florence Pugh, de 23 anos, que trava um delicioso embate com a protagonista Jo (Ronan), na pele de sua irmã ciumenta Amy. Pugh apareceu este ano em Midsommar e estará ano que vem em Viúva Negra, da Marvel.

Completando a trinca de atuações sobressalentes está o jovem Timothée Chalamet (indicado ao Oscar pelo sucesso Me Chame Pelo seu Nome), na pele do apaixonado Laurie. Na trama, um quarteto de irmãs bem diferentes, mas muito unidas, se vêm as voltas com questões que variam desde encontrar o amor, ou um companheiro, a Guerra que levou seu pai, independência, e outros tópicos em voga numa era pré-internet, canais de streaming ou sequer televisão. Sim, se vivia bem sem isso. Há quem diga, até melhor. Apesar destes pequenos detalhes, o texto de Alcott segue superatual, acredite!

Adoráveis Mulheres é sem dúvida um atestado feminista, embora muitos não gostem do termo. E está a par, definitivamente, com as obras de Simone de Beauvoir e Jane Austen, por exemplo. Seu poderoso discurso ecoa e se mescla numa simbiose perfeita com os tempos atuais. Adoráveis Mulheres, de Greta Gerwig, entrega a mesma potência, pegando para si estes diálogos e acrescentando muito frescor. O resultado é uma das melhores produções do ano, facilmente cobrando seu lugar dentre os possíveis candidatos ao Oscar. A confecção aqui é impecável, e Gerwig demonstra que chegou para ficar como uma das cineastas mais interessantes da atualidade.

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