segunda-feira , 23 dezembro , 2024

Crítica| After – Romance inspirado em fanfic é morno e sem carisma

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Depois de conquistar mais de 1 bilhão de leitores na plataforma Wattpad, a fanfic escrita por Anna Todd e inspirada nos integrantes da banda One Direction virou uma série de livros de sucesso no mundo literário adolescente. Mas o seu auge não parou por aí: assim como aconteceu com 50 Tons de Cinza, que também surgiu de uma fanfic inspirada em Crepúsculo, a história de amor entre Tessa Young e Hardin Scott fisgou o audiovisual e foi adaptada para os cinemas. Com direção de Jenny Gage e protagonizado por Josephine Langford e Hero Fiennes-Tiffin, o filme segue à risca a fórmula para conquistar o público teen; no entanto, para quem já é acostumado com os subtextos do gênero, não tem lá muito a acrescentar por não sair do lugar comum e apresentar personagens desinteressantes.

A protagonista da história, Tessa Young (Josephine Langford, irmã de Katherine Langford – a Hannah Baker de 13 Reasons Why) segue o estereótipo que outros 543123 filmes adolescentes já mostraram: o da garota estudiosa, sem muito estilo e certinha, que tem todo o futuro brilhante planejado pela frente. A jovem – que mantém o clássico rabo de cavalo das mocinhas que não se importam muito com a aparência – tem um namorado doce e pacato que ainda está no Ensino Médio (Noah, vivido por Dylan Arnold) e vive para atender às expectativas da mãe (Selma Blair). No entanto, ao entrar na faculdade, a influência de sua roommate tatuada e com piercing e a atração instantânea pelo bad boy Hardin Scott (Hero Fiennes-Tiffin) fazem com que ela questione suas escolhas e se permita “sair da linha” para experimentar um novo universo (e qualquer semelhança com quem já viveu isso ao entrar na universidade, provavelmente, não é mera coincidência).



A princípio, também seguindo a fórmula de tantos outros romances do tipo, Tessa e Hardin não se dão bem. Embora fique claro que a atração entre os dois é mútua desde a primeira cena em que aparecem juntos, a irritação com o jeito do outro é um forte elemento da história –  naquele estilo onde todo mundo sabe no que vai resultar, mesmo que vá assistir ao filme sem nunca ter ouvido falar na fanfic e nos livros. Lembrando um pouco a dinâmica entre Rory Gilmore e Jess Mariano na série Gilmore Girls, Hardin – apesar do jeito durão de quem não tem tempo para esse tipo de hobby – divide com Tessa a mesma paixão pelos livros; por isso, no decorrer do longa, romances clássicos como Orgulho e Preconceito e O Morro dos Ventos Uivantes são citados e têm importante papel na trama do casal.

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E para quem torcia pelo personagem de Milo Ventimiglia no enredo das garotas Gilmore, vale dizer que as semelhanças com o protagonista de After não param no gosto pela literatura: apesar de ser assumidamente inspirado no estilo de Harry Styles (um dos principais integrantes da banda One Direction), a personalidade do protagonista tem a mesma mistura de desapego e romance de Jess, embora a autora Anna Todd nunca tenha mencionado qualquer inspiração no bad boy do seriado de Amy-Sherman Palladino. Tessa, por sua vez, também pode remeter à Rory (Alexis Bledel) se levarmos em conta seu jeito certinho, o foco nos estudos e a confusão emocional em que ela entra ao se ver com uma atração incontrolável por outro garoto enquanto namora (quem não lembra do triângulo Dean-Rory-Jess na segunda temporada?). No entanto, ainda que ambos possam ser comparados com dois personagens tão interessantes, o que falta em After é personalidade. Da protagonista ao coadjuvante, todo mundo parece já ter sido visto em algum filme ou série e não tem um desenvolvimento que faça com que nos importemos tanto com seus destinos.

Além disso, mesmo considerando o público a que se destina, também não dá para ignorar as atuações medianas (principalmente de Hero Fiennes-Tiffin, com suas caras de revoltado/sofrido para lá de questionáveis), os diálogos fracos e alguns caminhos nada originais do roteiro. Por mais que o longa não tenha a intenção de ser um romance reflexivo e profundo, ele apresenta alguns detalhes da narrativa que já estão mais do que saturados no gênero – como a menina rejeitada que arma um plano à la vilã de Malhação para separar o casal protagonista (com direito à caras e bocas quando vê os dois passando juntos) e o velho recurso do discurso “as coisas eram assim antes de eu te conhecer, mas depois tudo mudou” (que deixo no ar para evitar spoiler). Isso sem falar em algumas cenas que tentam criar um clímax sem muito sentido – como na sequência em que Hardi deixa Tessa sozinha para encontrar os amigos no Bob’s depois de uma briga, ou quando a protagonista para em frente ao espelho (ao som de uma versão mais melódica de Complicated, de Avril Lavigne) e começa a se maquiar e a separar roupas diferentes do seu estilo para, no fim das contas, não dar em absolutamente nada. A impressão que fica é que essa cena só existe porque queriam um momento para dar destaque à música e pronto, como um videoclipe no meio do filme.

Declarações que seguem a linha “Edward e Bella em Crepúsculo” também podem incomodar quem prefere diálogos com menos açúcar e promessas de amor eterno, mas a tentativa de cenas um pouco mais picantes entre o casal até consegue tornar a dinâmica menos melosa e mais próxima de um relacionamento jovem comum. Mesmo assim, quando o filme acaba de forma abrupta – dando a entender que virão adaptações de outras sequências por aí -, difícil superar o excesso de pieguice em alguns momentos e a sensação de que acabamos de ver um compilado de tudo o que já foi reproduzido em romances adolescentes do tipo. Não de um jeito nostálgico, como aconteceu com produções como A Barraca do Beijo e Para Todos os Garotos que Já Amei da Netflix, já que o problema aqui é a falta de originalidade, mesmo (e o excesso de slow motions apoiados em trilha sonora pop para emocionar).  Tudo bem que não chega a ser uma experiência desagradável passar quase 2 horas acompanhando o desenrolar de Tessa e Hardi – e, muito provavelmente, parte do público adolescente vibre com esse shipp -,  mas não se espante se você se esquecer do suposto amor intenso dos protagonistas pouco depois de assistir ao longa…

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A protagonista da história, Tessa Young (Josephine Langford, irmã de Katherine Langford – a Hannah Baker de 13 Reasons Why) segue o estereótipo que outros 543123 filmes adolescentes já mostraram: o da garota estudiosa, sem muito estilo e certinha, que tem todo o futuro brilhante planejado pela frente. A jovem – que mantém o clássico rabo de cavalo das mocinhas que não se importam muito com a aparência – tem um namorado doce e pacato que ainda está no Ensino Médio (Noah, vivido por Dylan Arnold) e vive para atender às expectativas da mãe (Selma Blair). No entanto, ao entrar na faculdade, a influência de sua roommate tatuada e com piercing e a atração instantânea pelo bad boy Hardin Scott (Hero Fiennes-Tiffin) fazem com que ela questione suas escolhas e se permita “sair da linha” para experimentar um novo universo (e qualquer semelhança com quem já viveu isso ao entrar na universidade, provavelmente, não é mera coincidência).

A princípio, também seguindo a fórmula de tantos outros romances do tipo, Tessa e Hardin não se dão bem. Embora fique claro que a atração entre os dois é mútua desde a primeira cena em que aparecem juntos, a irritação com o jeito do outro é um forte elemento da história –  naquele estilo onde todo mundo sabe no que vai resultar, mesmo que vá assistir ao filme sem nunca ter ouvido falar na fanfic e nos livros. Lembrando um pouco a dinâmica entre Rory Gilmore e Jess Mariano na série Gilmore Girls, Hardin – apesar do jeito durão de quem não tem tempo para esse tipo de hobby – divide com Tessa a mesma paixão pelos livros; por isso, no decorrer do longa, romances clássicos como Orgulho e Preconceito e O Morro dos Ventos Uivantes são citados e têm importante papel na trama do casal.

E para quem torcia pelo personagem de Milo Ventimiglia no enredo das garotas Gilmore, vale dizer que as semelhanças com o protagonista de After não param no gosto pela literatura: apesar de ser assumidamente inspirado no estilo de Harry Styles (um dos principais integrantes da banda One Direction), a personalidade do protagonista tem a mesma mistura de desapego e romance de Jess, embora a autora Anna Todd nunca tenha mencionado qualquer inspiração no bad boy do seriado de Amy-Sherman Palladino. Tessa, por sua vez, também pode remeter à Rory (Alexis Bledel) se levarmos em conta seu jeito certinho, o foco nos estudos e a confusão emocional em que ela entra ao se ver com uma atração incontrolável por outro garoto enquanto namora (quem não lembra do triângulo Dean-Rory-Jess na segunda temporada?). No entanto, ainda que ambos possam ser comparados com dois personagens tão interessantes, o que falta em After é personalidade. Da protagonista ao coadjuvante, todo mundo parece já ter sido visto em algum filme ou série e não tem um desenvolvimento que faça com que nos importemos tanto com seus destinos.

Além disso, mesmo considerando o público a que se destina, também não dá para ignorar as atuações medianas (principalmente de Hero Fiennes-Tiffin, com suas caras de revoltado/sofrido para lá de questionáveis), os diálogos fracos e alguns caminhos nada originais do roteiro. Por mais que o longa não tenha a intenção de ser um romance reflexivo e profundo, ele apresenta alguns detalhes da narrativa que já estão mais do que saturados no gênero – como a menina rejeitada que arma um plano à la vilã de Malhação para separar o casal protagonista (com direito à caras e bocas quando vê os dois passando juntos) e o velho recurso do discurso “as coisas eram assim antes de eu te conhecer, mas depois tudo mudou” (que deixo no ar para evitar spoiler). Isso sem falar em algumas cenas que tentam criar um clímax sem muito sentido – como na sequência em que Hardi deixa Tessa sozinha para encontrar os amigos no Bob’s depois de uma briga, ou quando a protagonista para em frente ao espelho (ao som de uma versão mais melódica de Complicated, de Avril Lavigne) e começa a se maquiar e a separar roupas diferentes do seu estilo para, no fim das contas, não dar em absolutamente nada. A impressão que fica é que essa cena só existe porque queriam um momento para dar destaque à música e pronto, como um videoclipe no meio do filme.

Declarações que seguem a linha “Edward e Bella em Crepúsculo” também podem incomodar quem prefere diálogos com menos açúcar e promessas de amor eterno, mas a tentativa de cenas um pouco mais picantes entre o casal até consegue tornar a dinâmica menos melosa e mais próxima de um relacionamento jovem comum. Mesmo assim, quando o filme acaba de forma abrupta – dando a entender que virão adaptações de outras sequências por aí -, difícil superar o excesso de pieguice em alguns momentos e a sensação de que acabamos de ver um compilado de tudo o que já foi reproduzido em romances adolescentes do tipo. Não de um jeito nostálgico, como aconteceu com produções como A Barraca do Beijo e Para Todos os Garotos que Já Amei da Netflix, já que o problema aqui é a falta de originalidade, mesmo (e o excesso de slow motions apoiados em trilha sonora pop para emocionar).  Tudo bem que não chega a ser uma experiência desagradável passar quase 2 horas acompanhando o desenrolar de Tessa e Hardi – e, muito provavelmente, parte do público adolescente vibre com esse shipp -,  mas não se espante se você se esquecer do suposto amor intenso dos protagonistas pouco depois de assistir ao longa…

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